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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE RENO – ESTADO DE


NEVADA.

Processo n° 00000000-54.2017.8.06.0000

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, querelado
já qualificada nos autos do feito em epígrafe, inconformado com a
respeitável decisão constante dos autos, vem a Vossa Excelência, com
acato, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, nos termos do art. 82 da Lei
n° 9.099/95, requerendo seja o recurso recebido e processado, remetendo-
se-o, após as contrarrazões, à Turma Recursal Criminal do Estado de
Nevada-USA.

Preenchidos os requisitos legais, junto à presente


suas razões do recurso, bem como a guia do depósito recursal.

Pede deferimento.

Reno- NV, aos 23 de outubro de 2017.

XXXXXXXXXXXXXXXXX

OAB-NV nº 00000000

 
 

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO RELATOR DA


COLENDA ____ TURMA RECURSAL CRIMINAL – RENO-NV

 
 
 

Razões de Apelação pelo Querelado – XXXXXXXXXXXXX

Processo N.° 0000000-00.2017.8.00.0000


Origem – Juizado Especial Cível e Criminal da Reno - NV
 

Colenda Turma Recursal

Eméritos Julgadores

1.0.FATOS;  

 Trata-se o feito vertente de ação penal privada proposta por


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em desfavor de
XXXXXXXXXXXXXXXXX, aqui apelante, imputando-lhe a prática de
fatos criminosos, injúria e difamação, arts. 139 e 140 do CPB .

Segundo consta na queixa crime, que no dia 28 de maio de 2016, em


um programa jornalístico de rádio da cidade de Icó, que é veiculado na
emissora “Papagaio FM”, o apelante teria ofendido a honra do querelante,
afirmando que o mesmo “estava feito galo de campina batendo nos peitos”,
e que era uma “pena que as mulheres não se reuniram lá para dar uma
escabada de vassoura na cabeça dele, porque ele é de peia”. E que segundo
a peça acusatória, a conduta do querelado visaria ofender o apelado na
condição de Procurador Geral do Município de Icó, em face de sua conduta
funcional no caso da “apreensão de animais – cachorros”, por pessoal da
municipalidade;

Assim, o querelante/apelado pugna pela condenação do réu nas


sanções dos arts. 139 e 140 do CPB.
Conforme documento id 2486213 o querelado não possuía os
requisitos autorizadores para transação penal, pelo que foi marcada
audiência de instrução e julgamento.

Na audiência de instrução o querelado apresentou resposta a queixa


crime, vide doc id 2506514, contendo preliminar de nulidade de
representação, haja vista que a procuração do querelante não preenche os
requisitos legais, a incompetência do juizado especial para processar o
presente feito, haja vista existir a necessidade de perícia para observar se a
fala contida na mídia anexada aos autos pertence ao querelado e, no mérito,
a inexistência de crime na conduta do réu.

Não obstante presente a costumeira proficiência do douto


magistrado, inclusive no que tange o afastamento da ocorrência do crime
de difamação, ocorreu contradição nas considerações constante da decisão
em tablado, no tocante a possível constatação por parte do magistrado
sentenciante ao ouvir a fala do querelado, por meio de mídia junta aos
autos, que segundo mesmo confirmaria por meio da dicção as frases
descritas na queixa crime, e tidas como ofensivas contra a honra do
querelante.

Entendeu o magistrado que a prova oral ratificou os termos da


queixa, SEM CONTUDO DESCREVER COMO ISSO OCORREU, já que
o autor não se valeu da mesma, e nem se quer arrolou testemunhas para
tanto, e as únicas testemunhas arroladas foram por parte do querelado, de
forma uníssona, testificam que os fatos foram motivados pelo modo de agir
da figura do Procurador Geral do Município de Icó, que no caso era o
querelante, e que desconhecem o teor da entrevista prestada pelo querelado,
e que entendem, mesmo sem terem ouvido a entrevista, que as palavras
ditas pelo querelado apenas expressou a indignação dos membros da
sociedade icoense com o fato, objeto da denuncia de maus tratos dos
animais por parte de servidores da municipalidade, e contra o modo de agir
do querelante.

Consta também da sentença que as declarações prestadas pelo réu


foram dúbias, sem, contudo justificar como se chegou a essa divergência,
pois o apelante reconheceu como sendo sua a voz constante do áudio,
porém, modificada em seu contexto, mesmo admitindo ser a sua voz no
áudio, o apelante DENUNCIOU em juízo a existência de ‘possível edição’
já que a sua fala estava fora de contexto e que as suas palavras, como
verdadeiramente foram ditas, não davam o sentido necessário para a
configuração do delito constante da sentença.
No mesmo diapasão são as afirmativas do prolator do decisum no
tocante a audição da mídia, em conjunto com as provas orais produzidas, a
ensejar a sua convicção de que as frases foram ditas pelo apelante, mesmo
que o magistrado admita ter o apelante denunciado ‘a existência de edição’,
com fins de retirar sua fala do contexto real, dando a exata conotação
constante da peça inaugural. Nesse sentido, entendeu o prolator da decisão
que as alegações do apelante foram vazias a ensejar a necessária pericia na
mídia, sem, contudo, também, esclarecer por qual razão as mesmas foi
consideradas vazias, já que nenhuma outra prova foi produzida no feito a
contrariar o dito pelo querelado.

Nesse sentido, o juiz sentenciante resolveu condenar o apelante pelas


tenazes do artigo 140 do Código Penal, que transcrevemos a seguir:

PROCESSO nº 000000-54.2017.8.06.0090

AÇÃO PENA PRIVADA

INFRAÇÃO: Arts. 139 e 140 do CPB

QUERELANTE : RAIMUNDO WGERLESS


BESERRA MAIA

QUERELADO: FRANCISCO LEITE


GUIMARÃES NUNES

-SENTENÇA-

 
Vistos etc.
 
Trata-se de ação penal privada proposta por
RAIMUNDO WGERLESS BESERRA MAIA em face
de FRANCISCO LEITE GUIMARÃES NUNES,
imputando-lhe a prática de fatos criminosos, injúria e
difamação, arts. 139 e 140 do CPB .
Afirma-se na exordial, que no dia 28.05.2015, em
programa de rádio local, denominado “Espaço Livre”,
veiculado, diariamente, na rádio “Papagaio FM”, às
13:00hs, nesta urbe, o querelado teria ofendido a honra
do querelante, afirmando que o mesmo “estava feito
galo de campina batendo nos peitos”, e que era uma
“pena que as mulheres não se reuniram lá para dar uma
escabada de vassoura na cabeça dele, porque ele é de
peia”.
Segundo a peça acusatória, a conduta do querelado
visaria ofender o querelante na condição de Procurador
Geral do Município de Icó.
Assim, o querelado pugna pela condenação do réu nas
sanções dos arts. 139 e 140 do CPB .
Queixa crime, id 1574714, contendo ainda procuração
ad judicia, e portaria de nomeação do querelante no
cargo de Procurador Geral do Município.
No id1574726 há degravação da fala do querelado no
programa de rádio, assim como comprovante de
endereço do querelante.
Há despacho deste juízo, designando audiência
preliminar, id1967896
Há realização de audiência preliminar, em que
frustrada a tentativa de composição civil, assim como
inviável a proposta de transação penal, em virtude da
ausência dos requisitos subjetivos do querelado, nos
termos das certidões, id 2458675 e id2486207.
No id 2502455, há certidão atestando a existência de
mídia contendo a gravação da entrevista citada na
queixa crime, ocasião em que teria ocorrido a suposta
prática criminosa.
Designada audiência de instrução, id 2506514, com
apresentação de defesa preliminar escrita, em que fora
alegada preliminar de incompetência absoluta deste
juízo, vício na procuração, e a consequente decadência,
e no mérito, alega ausência de dolo de ofender a honra
do querelante.
Em seguida, foi prolatada decisão interlocutória,
rejeitando a preliminar de incompetência, e de vício na
procuração e a prejudicial de decadência.
Adiante, foi realizada a oitiva de testemunhas, e razões
finais orais apresentadas em audiência, em que as
partes reiteraram os termos da queixa crime e defesa
preliminar.
Avançando, o membro do MP, apresenta parecer
pugnando pela condenação do querelado nas sanções
do art. 139, injúria, mas absolvição quanto ao delito de
difamação.
Dispensado o relatório, art. 81. §3ºdda lei nº 9.099/95.
Como medida de economia processual, e considerando
o vetor informalismo e simplicidade, a regrar a lei nº
9.099/95, entendo prescindível reiterar apreciação das
preliminar de incompetência, e de vício na procuração
e a prejudicial de decadência, visto que já apreciadas
em termo de audiência de instrução e julgamento.
Inexistindo qualquer nulidade, analiso o mérito.
Da Imputação de Difamação
Inicialmente, julgo improcedente a imputação de
prática de delito de difamação.
Inexiste na queixa crime qualquer narrativa imputando
ao querelado o suposto comportamento criminoso
consistente em atribuir ao querelante a prática de uma
conduta específica de caráter imoral, mas sim uma
adjetivação negativa.
Tal como o próprio querelante afirma em audiência de
instrução, o querelado não lhe imputou a prática de
conduta apta a ofender-lhe a honra, mas sim teria dito
que o mesmo estava feito galo de campina batendo nos
peitos”, e que era uma “pena que as mulheres não se
reuniram lá para dar uma escabada de vassoura na
cabeça dele, porque ele é de peia”
Da mesma forma, a queixa crime em momento algum
descreve conduta apta a caracterizar a difamação.
Sobre o tema, o CP atesta:
 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
ofensivo à sua reputação:
 
O tipo penal tutela a honra objetiva, isto é, acusação de
prática de fato ofensivo à reputação, imputando a
prática de certa conduta desairosa, diversamente da
injúria, a qual tutela a honra subjetiva.
Pelo exposto, e com fulcro no parecer ministerial,
absolvo o querelado da imputação de prática de
difamação.
Da Imputação de Injúria
De início, ressalte-se que após a audição da mídia em
anexo, feita em audiência de instrução,
especificamente na parte em que teria ocorrido a
prática das condutas imputadas, foi constatado por este
magistrado a fala do querelado, na condição de
entrevistado, assim como a dicção das frases descritas
na queixa crime, e tidas como ofensivas à honra do
querelante.
Em depoimento, o querelante, RAIMUNDO
WGERLESS BESERRA MAIA, em síntese, afirmou o
seguinte.
 
De início, reiterou os termos contidos na queixa crime,
afirmando que o querelado teria dito que o mesmo
merecia receber “uma escabada de vassoura na cabeça
dele, porque ele é de peia”.
 
O querelante afirmara, ainda, que após a entrevista
formulada pelo querelado, teria sido abordado por
diversos populares sobre tal fato, o que teria causado-
lhe constrangimento no meio social em que convive,
afirmando, ainda que o comportamento do querelado
decorreria de tentativa de denegrir-lhe a imagem
enquanto Procurador Geral do Município.
Entendo que tal prova oral ratifica os termos da queixa
crime.
A testemunha Marconiza Maria Lima Brasil, afirmou
em síntese, em termos gerais, que esteve na véspera do
fato imputado na delegacia de Icó, na condição de
representante legal de entidade protetora de animais,
buscando informações sobre denúncia de maus tratos a
animais, supostamente praticado por ato de preposto
do município, ocasião em que a mesma teria
encontrado o querelante, atuando na condição de
Procurador Geral do Município, ocasião em que o
mesmo teria agido de forma abusiva com a testemunha
e demais populares presentes.
A citada testemunha afirmara, ainda, que não ouvira a
entrevista veiculada na rádio, concedida pelo
querelado, na qual teria ocorrido a prática do fato
criminoso imputado, mas atestara que soube que a
citada entrevista teve considerável repercussão local.
Entendo que a citada testemunha pouco contribuiu para
o deslinde do fato, pois tal como a mesma atesta,
sequer ouvira a entrevista formulada pelo querelado.
A testemunha José Narcélio Cardoso Cavalcante
afirmou em síntese, em termos gerias, que na véspera
do fato imputado, esteve na delegacia de Icó, na
condição de radialista, buscando informações sobre
denúncia de maus tratos a animais.
A citada testemunha afirma não recordar das frases
imputadas na queixa crime, a caracterizar
demonstrando pouca lembrança sobre o mérito da lide,
atestando ainda que a rádio tem ampla audiência nesta
urbe e cidades vizinhas.
A citada testemunha aduz ainda que os comentários
feitos pelo querelado sobre o querelante trataram da
conduta do mesmo na condição de Procurador Geral
do Município e não da pessoa natural do querelado.
Em interrogatório, o querelado Francisco Leite
Guimarães Nunes, reconhece expressamente a voz na
mídia ouvida em audiência, afirmando, porém, que
haveria suposta edição.
O réu em interrogatório tem declarações dúbias,
afirmando que se está gravado teria dito, afirmando,
ainda, que teria dito as frases contidas na queixa crime,
mas seria em outro contexto.
 Após a audição da mídia, e provas orais, resta provado
que o mesmo afirmou as frases imputadas na queixa
crime.
A simples alegação vazia de suposta fraude na mídia
não merece guarida.
A parte querelada em momento algum especifica o
momento da suposta fraude na mídia, assim como a
parte em que teria dito a montagem, assim como não
impugna de forma específica o teor da degravação
anexa aos autos.
Ressalte-se, ainda, que a prática de injúria imputada
não permite a exceção da verdade, o que torna
despicienda a busca da defesa do querelado em trazer à
tona fato ocorrido na véspera, na delegacia de Icó, em
que o querelante, na condição de Procurador Geral do
Município, teria adotado comportamento o qual teria
desagradado em tese os presentes.
Sobre o tema, o escólio:
 
(...)
 
A condição de político, ex-detentor de mandato
eletivo, pessoa pública nesta urbe, permite ao
querelado, assim como a qualquer outro cidadão, o
direito de exercer a liberdade de expressão, emitindo
críticas à gestão pública municipal, nos termos do art.
220, caput, da CF/88.
Ademais, o querelante, na condição de agente público,
está sujeito à críticas à atuação funcional do mesmo.
Todavia, o exercício de tal liberdade de expressão deve
ser exercido de forma a se harmonizar com demais
direitos tutelados pelo ordenamento jurídico, entre os
quais a honra, art. 5, inc. X da Lei Maior, visto que
diante de direitos de estatura constitucional, o
exercício deve ocorrer pautado pelo princípio da
concordância prática, harmonizando-os.
Consoante o inciso IV do art. 5º da CR/88, é livre a
manifestação do pensamento, mas tal liberdade de
expressão não é ilimitada, pois não há carta branca
para se falar o que quiser, pois os limites à liberdade de
expressão são impostos pelos direitos da
personalidade.
Nesse sentido, a manifestação feita não pode exorbitar
de um aspecto crítico para invadir a honra de terceiros,
tal como ocorrera no caso em apreço, visto que não se
admite no direito brasileiro a figura do hate speech.
Sobre o tema menciona Edilsom Pereira de Farias:
 
(...)
 
No caso em apreço não vislumbro qualquer excludente
do crime presente no art. 141 do Código Penal,
Nesse sentido, comparar a atuação de um servidor
público com o comportamento de um animal, “galo de
campina”, assim como sugerir que o mesmo é digno de
receber um corretivo, isto é, uma ““uma escabada de
vassoura na cabeça dele, porque ele é de peia”, são
aptos a ofender a honra subjetiva do querelante.
O delito tem natureza formal, e restou consumado no
caso em apreço, com a ciência da imputação, a tornar
dispensável qualquer resultado naturalístico para fins
de materialidade da consumação.
Observo que a mídia anexa, contendo a entrevista e as
provas orais produzidas em audiência de instrução
estão em sintonia.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, julgo parcialmente procedente os
pedidos contidos na queixa, para absolver o
querelado da imputação de prática de difamação,
art. 139 do CP, nos termos do art. 386, II do CPP, e
condeno FRANCISCO LEITE GUIMARÃES
NUNES, nas sanções do crimes do art. 140, injúria.
Passo a dosimetria.
Analiso os critérios fixados pelo art. 59 do CP.
De início, ressalte-se o teor da Súmula 444, cujo
enunciado afirma que "É vedada a utilização de
inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.
Culpabilidade. Denoto que o querelado agiu com
consciência e normal ao delito;
Antecedentes criminais. O querelado não possui possui
condenação transitada em julgado contra sua pessoa
pela prática de crime;
Conduta social. Não há elementos para desabonar a
conduta social da ré;
Personalidade da ré. Poucos elementos foram carreados
aos autos, impedindo que haja valoração sobre esta;
O motivo do crime. Entendo inato ao tipo, inexistindo
qualquer fato exorbitante a exigir valoração;
As circunstâncias. Entendo que deve ser reconhecida,
visto que a conduta injuriosa ocorrera através de duas
frases ofensivas a honra, isto é, em dois atos ofensivos,
quando o querelado afirmara que o querelante atua
como um “galo de campina”, assim como sugerir que o
mesmo é digno de receber um corretivo, isto é, uma
““uma escabada de vassoura na cabeça dele, porque ele
é de peia”, a revelar uma maior gravidade.
As consequências do crime. Entendo que merece
valoração negativa, pois restou provado pelas provas
orais, que o fato fora praticado em meio, rádio de
elevada audiência na cidade e cidades vizinhas, a
revelar um elevado potencial lesivo, mas deixo de
valorar sob pena de bis in idem, diante da previsão já
contida no CP, art. 141, inc. III.
 
Observo a presença de uma circunstância judicial
desfavorável, e por tal razão fixo a pena inicial em 1
(um) mês e 15 (quinze) dias de detenção.
Não há circunstâncias atenuantes ou agravantes,
fixo a pena intermediária em 2 (dois) meses de
detenção.
Não há causas de diminuição da pena.
Observo duas causas de aumento previstas no CP, art.
141, inc. II e III, visto que restou provado que o fato
ocorrera contra servidor público, em razão das funções
e através de meio que facilite a divulgação, rádio com
considerável audiência na região.
Pela presença de duas majorantes, aumento a pena em
dois terços.
Fixo a pena definitiva em 3 (três)meses de detenção .
A determinação do regime inicial da pena depende de
dois fatores: a quantidade de pena fixada (artigo 33,
parágrafo 2º, do Código Penal) e as condições pessoais
do Condenado (artigo 33, parágrafo 3º, do Código
Penal).
Neste caso, a pena fixada para o Acusado e suas
condições pessoais não o impedem de iniciar o
cumprimento já em regime aberto (artigo 33, parte final
do Código Penal).
A Lei nº 9.714, de 25 de novembro de 1998 alterou as
disposições dos artigos 43 a 47, do artigo 55 e do artigo
77, do Código Penal brasileiro.
A partir da data de sua publicação, as penas privativas
de liberdade não superiores a quatro anos, aplicadas aos
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa (artigo 44, inciso I, do Código Penal), podem ser
substituídas por penas restritivas de direito, previstas no
artigo 43, do Código Penal.
Embora o réu igualmente faça jus ao sursis, a
jurisprudência é firme no sentido de que a substituição
da pena é medida mais benéfica ao réu.
 
(...)
 
No caso em apreço, a pena privativa de liberdade
imposta ao Réu é inferior a quatro anos de reclusão.
Ademais, o réu não é reincidente em crime doloso. O
crimes pelo qual restou condenado, nestes autos, não
fora cometidos com violência contra pessoa.
A conduta social, os antecedentes e a personalidade
deste agente não impedem a substituição da pena
privativa de liberdade ora imposta em penas restritivas
de direitos.
Assim, substituo, portanto, a pena privativa de
liberdade imposta ao Réu em uma penas restritivas de
direitos (parágrafo 2º, do artigo 44, do Código Penal), a
seguir delimitadas:
1. prestação de serviços à comunidade (artigo 46,
Código Penal) – caberá ao Condenado, reunindo
reais condições para tanto, durante seis meses
prestar serviços à comunidade em jornadas de sete
horas semanais, gratuitamente, em local e modo a
serem definidos por ocasião da audiência
admonitória, considerando a aptidão do réu.
A pena restritivas de direitos acima explicitadas, será
convertida em penas aflitivas, quando ocorrer o
descumprimento injustificado da pena imposta no item
1 e poderá ser convertida, também, se sobrevier
condenação do Réu a pena privativa de liberdade, por
outro crime (artigo 44, parágrafos 4º e 5º, do Código
Penal).
Ademais, após o trânsito em julgado, determino como
outros efeitos da condenação
a) Designe-se audiência admonitória;
b) Inclua-se o nome do Réu no Livro de Rol dos
Culpados.
 
Em seguida, extraia-se Guia de Recolhimento, com fiel
observância dos comandos abrigados nos artigo 105 a
107, da Lei n 7.210, de 11 de julho de 1984 para o
acompanhamento do cumprimento da pena imposta.
 

Empós, adotem-se as providências necessárias no que


pertine à suspensão dos direitos políticos do apenado,
nos termos do artigo 15, inciso III, da Constituição
Federal.
e) Condeno o réu ao pagamento das custas, na forma da
lei (art. 804 do CPP), por ser agropecuarista, ex-prefeito
desa cidade em dois mandatos, ex-deputado estadual,
membro de família de elevado poder aquisitivo, fato
público nesta urbe, a revelar considerável poder
aquisitivo.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.
Intime-se o MP, a defesa, o réu e a vítima.
Exp. Nec.
Icó -CE, 18 de agosto de 2016.
Bruno Gomes Benigno Sobral
Juiz de Direito Titular

Eis a síntese da demanda.

Douto Relator, conforme demonstrar-se-á a seguir a


respeitável sentença merece reforma eis que não aplicou o melhor direito
ao caso em questão. Senão Vejamos.

2.0.PRELIMINARMENTE;

2.1.NULIDADE ABSOLUTA – AUSÊNCIA DE


INSTRUMENTO PROCURATÓRIO IDÔNEO PARA
PROPOSITURA DA QUEIXA CRIME – GRAVE
PREJUÍZO A DEFESA – AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DA
AÇÃO;

Douto Relator, é sabido que os crimes contra a honra são


crimes onde ação penal é privada, ou seja, o Estado transfere a legitimidade
para a propositura da ação penal a própria vítima ou ao seu representante
legal, transferindo poderes para exercer a jus persequendi in judicio.

Assim, para a propositura da persectio criminis é necessário


que o querelante transfira poderes ao seu representante legal, de forma
específica conforme estabelece o artigo 44 do Código de Processo Penal,
devendo outorgar poderes ao causídico de forma pormenorizada acerca do
fato delituoso, senão vejamos, verbis:

Art. 44.  A queixa poderá ser dada por procurador com


poderes especiais, devendo constar do instrumento do
mandato o nome do querelante e a menção do fato
criminoso, salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal.

No caso em tablado, o ora recorrido limitou-se a explanar na


procuração que os poderes seriam, em especial:

(...) ingressar com QUEIXA CRIME, pelo crime de


INJÚRIA/DIFAMAÇÃO (art. 139 a 141 do Código
Penal Brasileiro) cometido pelo Sr. FRANCISCO
LEITE GUIMARÃES NUNES, com fulcro artigos 30,
41 e 440 do Código de Processo Penal, bem como nos
artigos 100 §2º e 145 do Código Penal pátrio (...)

Nota-se, douto Relator, que em nenhum momento a


procuração faz menção do fato criminoso, descreve tão e unicamente o tipo
penal do Código Penal o qual propõe a queixa crime, não podendo,
portanto, ser considerada válida.

Noutra banda, é sabido que tal vício poderá ser suprido a


qualquer momento, desde que seja realizado durante o prazo decadencial de
seis meses, o que, no presente caso já restou superado, haja vista que a
queixa fora proposta no último dia do prazo decadencial, inexistindo,
portanto, possibilidade de supressão do erro.

Por outro lado, o eminente magistrado de piso, ao se


manifestar sobre o assunto, data maxima venia, incorre em grave equívoco,
eis que limitou-se a informar que a procuração preenche os requisitos da lei
(vide doc id 2506514 pag. 17-18).
Frise-se que em sua sentença, o douto magistrado, quando
novamente pode manifestar-se acerca da nulidade da procuração, limitou-se
a fazer remissão a decisão proferida durante a audiência de instrução,
conforme transcrevemos a seguir:

Como medida de economia processual, e considerando


o vetor informalismo e simplicidade, a regrar a lei nº
9.099/95, entendo prescindível reiterar apreciação das
preliminar de incompetência, e de vício na procuração
e a prejudicial de decadência, visto que já apreciadas
em termo de audiência de instrução e julgamento.

Com o devido respeito, não compartilhamos do raciocínio


proferido pelo douto magistrado, haja vista que, como dito anteriormente, a
queixa crime revela-se como instrumento hábil a proceder com o jus
persequendi in judicio devendo a referida queixa preencher requisitos
indispensáveis regular andamento do feito, eis que o processo criminal
como um todo é desgastante e aflitivo a pessoa do réu/querelado, eis que se
vê envolto de uma situação que poderá levar ao cerceamento da liberdade
de ir e vir.

É por tais razões que o magistrado deve, ao analisar o petitório


(queixa crime), verificar se o mesmo preenche todos os requisitos legais
para evitar processos levianos e desfundados, aptos a causar
constrangimento e humilhação ao querelado.

No caso em questão, em inconformismo com a respeitável


sentença proferida pelo juízo de piso, observamos que a queixa crime não
preenche os requisitos exigidos pela lei, especialmente no tocante a
representação a que se refere o artigo 44 do Código Penal.

Ademais, diferentemente do que foi externado pelo nobre


magistrado, efetivamente houve prejuízo em favor do querelado, haja vista
que o vício foi observado na primeira oportunidade onde o querelado pode
se manifestar e, naquela ocasião o feito já havia ultrapassado o prazo de
seis meses, decaindo, por via de consequência, no direito de queixa por
parte do querelado.

Gritante o prejuízo sofrido pelo réu/querelado que se teve de


suportar todo um processo criminal, com a representação processual
defeituosa, sendo inclusive condenado! Absurdo.
Nesse trilhar, acerca da necessidade do preenchimento dos
requisitos insculpidos no artigo 44 do Código de Processo Penal,
transcrevemos os seguintes julgados, verbis:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. QUEIXA-


CRIME. INJÚRIA, CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E
DANO. IRREGULARIDADE PROCESSUAL.
PROCURAÇÃO SEM PODERES ESPECIAIS.
AUSÊNCIA DE MENÇÃO AO FATO CRIMINOSO
E DE DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DOS
FATOS NA PEÇA DE INGRESSO. REJEIÇÃO.
PRAZO DECADENCIAL.
Nos termos do artigo 44, do Código de Processo
Penal, o querelante deve conferir ao causídico
poderes especiais para ajuizamento da queixa-
crime, bem como deve constar no instrumento de
mandato a menção aos fatos criminosos, ainda que
sucintamente, o que não ocorreu na espécie. A falha
na representação processual do querelante pode ser
sanada a qualquer tempo, desde que dentro do
prazo decadencial. Precedentes. Havendo mais de um
fundamento para rejeição da queixa-crime, sendo cada
um independente e suficiente entre si, resta prejudicada
a análise dos argumentos recursais quanto à
inadmissão do recurso, com base no artigo 41,
do Código de Processo Penal.
TJ-DF - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:
RSE 20150110595750. ORGÃO JULGADOR: 1ª
TURMA CRIMINAL. PUBLICAÇÃO:
PUBLICADO NO DJE : 10/03/2016 . PÁG.: 84.
JULGAMENTO: 3 DE MARÇO DE 2016.
RELATOR: ESDRAS NEVES

E no mesmo sentido, verbis:

 
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL
PRIVADA. QUEIXA-CRIME. REJEIÇÃO.
PROCURAÇÃO. AUSÊNCIA DE MENÇÃO AO
FATO CRIMINOSO. OMISSÃO NO TOCANTE À
DESCRIÇÃO DAS CONDUTAS DELITUOSAS.
IRREGULARIDADE NÃO SUPRIDA NO PRAZO
DECADENCIAL. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE.
1. Nos termos do disposto no art. 44, do Código de
Processo Penal, o oferecimento de queixa-crime
deve vir acompanhado de regular instrumento de
mandato, passado pelo querelante, contendo todos
os elementos previstos no referido dispositivo legal.
2. In casu, o instrumento procuratório, apesar de
conferir poderes especiais aos mandatários, não faz
qualquer menção ao fato criminoso, omitindo-se no
tocante à descrição das condutas delituosas.
3. A falha na representação processual pode ser
regularizada a qualquer tempo, desde que dentro
do prazo decadencial, sob pena de obstaculizar o
início da ação penal.
4. Queixa-crime rejeitada, em decorrência de vício
de representação, com a conseqüente declaração da
extinção da punibilidade do querelado, com
fundamento no art. 107, inc. IV, do Código Penal,
c/c arts. 38, 44 e 395, II, todos do Código de
Processo Penal. Unanimemente.
TJ-MA - Crimes de Calúnia, Injúria e Difamação de
Competência do Juiz Singular : 0208662011 MA
0004294-62.2011.8.10.0000. Orgão Julgador:
TRIBUNAL PLENO. Partes: Autor: SÔNIA MARIA
AMARAL FERNANDES RIBEIRO, Réu: DOUGLAS
AIRTON FERREIRA AMORIM. Publicação:
13/11/2012. Julgamento: 29 de Agosto de 2012.
Relator: JOSE DE RIBAMAR FROZ SOBRINHO

Seguindo o entendimento do STJ temos:

 
A falta de menção ao fato criminoso ficará superada se
o querelante firmar a inicial juntamente com o
procurador (RJTJSP 117/450)
 
A procuração para o ajuizamento de queixa-crime sem
a menção ao fato criminoso não gera a nulidade da
ação se a descrição consta da representação dirigida à
Autoridade Policial, assinada pelo advogado e pelo
querelante (TJSP: ApCrim 399.930-3/1, Garça, 2ª
CCrim., Rel. Silva Pinto, 17.3.2003, v.u.)
 
A falta de menção ao fato criminoso no instrumento de
mandato pode ser suprida pela assinatura do querelante
na queixa junto à de seu advogado ou pela remissão ao
boletim de ocorrência elaborado pela autoridade
policial (TJSP: RT 819/584)

Aury Lopes Júnior (in Direito processual penal e sua


conformidade constitucional, volume I / Aury Lopes Júnior. – 5. ed. – Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2011. – fls. 409/410) elenca como condições da
ação “a) poderes especiais e menção ao fato criminoso na procuração que
outorga poderes para ajuizar queixa-crime, nos termos do art. 44 do CPP;”,
asseverando que diante do seu não preenchimento, deverá a queixa ser
rejeitada com base no art. 395, II, do CPP.

Assim Exa., observa-se que inexiste condição para exercício


da ação, devendo a queixa ser rejeitada nos termos do artigo 395, II do
Código de Processo Penal, devendo ainda, proceder com o reconhecimento
da extinção da punibilidade em favor do apelante, haja vista que já
ultrapassou o prazo decadencial de seis meses para suprir o vício de
representação.

3.0.DO MÉRITO;

Douto Relator, mesmos certos do acolhimento da preliminar


supra, caso Vossa Excelência entenda de modo diverso, ad argumentantum
tantum, importa ainda demonstrar a total improcedência do feito
3.1.DA INEXISTÊNCIA DO CRIME DE INJÚRIA – AUSÊNCIA DE

ELEMENTO SUBJETIVO – ABSOLVIÇÃO;

Douto Relator, para efeitos de caracterização do delito de injúria, é


necessário restar evidenciado a vontade livre e consciente de injuriar, de
ofender a honra subjetiva do indivíduo.

Nesse diapasão, durante toda a instrução criminal, as testemunhas


trazidas pela defesa destacaram, sem o mínimo de dúvida que ouviram as
palavras do querelado, mas não visualizaram nenhuma conotação injuriosa
em desfavor do querelado.

Inexiste, por via de consequência, qualquer prova acerca do animus


injuriandi por parte do querelado, não há qualquer prova de que houve
ofensa em desfavor do recorrido

Ora, douto Relator, é perfeitamente possível que o querelado tenha,


ao proferir suas palavras, ter agido com animus jocandi ou animus
corrigendi, enfim, não restou evidenciado a prática delitiva por parte do
querelado.

Destaque-se Douto Relator que, a gravação contida nos autos


acarreta diversas dúvidas acerca das circunstâncias onde foram conferidas,
não possuindo condições de auferir a realidade dos fatos, ou, de presumir
que o querelado tinha intenção de ofender a dignidade do querelante.

Destarte, para configuração do delito é necessário vislumbrar, sem o


mínimo de dúvida, que houve a intenção de atingir a honra da vítima, o
que, data vênia, não ocorre no caso sob espeque.

Nesse sentido, assevera a jurisprudência, verbis:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


IMPUTAÇÃO DA PRÁTICA DE CRIME DE
INJÚRIA POR ADVOGADO CONTRA
MAGISTRADO. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
IMUNIDADE PROFISSIONAL. AUSÊNCIA DE
DOLO NA CONDUTA. IMPROPRIEDADE DA VIA
ELEITA. RECURSO DESPROVIDO. 1. O
trancamento da ação penal, através do habeas corpus -
ou do recurso ordinário em habeas corpus - é medida
de exceção, sendo cabível tão-somente quando, de
forma inequívoca, emergirem-se dos autos a
atipicidade da conduta, a inocência do acusado ou,
ainda, quando for impedida a compreensão da
acusação, em flagrante prejuízo à defesa do acusado
(Precedentes). Essas circunstâncias, a propósito, não
podem ser evidenciadas, de plano, da ação penal de
origem. 2. A imunidade profissional de que trata o
art. 7º, § 2º, da Lei nº 8.906/1994 está longe de ser
absoluta. Não há falar em cometimento de eventuais
atos ilícitos sob o amparo da imunidade. Reações
incompatíveis com a dignidade profissional, que
atentem contra os regramentos vigentes, que visam ao
exercício regular e legítimo da profissão, não hão de
ser acobertados pela garantia do Estatuto da
Advocacia (Precedentes). 3. A caracterização da
vontade livre e consciente de injuriar é necessária à
caracterização do delito contra a honra tipificado
no art. 140 do Código Penal. No entanto, a aferição
do dolo específico na conduta do recorrente não há de
ser reconhecida em juízo sumário e sem o devido
processo legal (Precedentes). Por ora, há indícios
suficientes para a deflagração da ação penal. 4.
Recurso desprovido.
STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS : RHC 45167 SC 2014/0025884-9. Orgão
Julgador: T5 - QUINTA TURMA. Publicação: DJe
25/06/2015. Julgamento:18 de Junho de 2015.
Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA

Ora Excelência, repita-se a exaustão, não há nos autos qualquer


prova acerca do animus injuriandi do ora recorrente.

Deveras, o magistrado de piso, com a devida vênia, não colaciona,


em nenhum momento, acerca da existência do animus de ofender a honra
ou o decoro do querelado, sem animus não existe o crime aqui em
discussão.

O radialista ouvido em juízo, assentou que não houve conotação


injuriosa nas palavras do recorrente, assim Conspícuo Relator, não há
qualquer prova do dolo praticado pelo querelado/recorrente, no máximo há
dúvidas.

Destaque-se Exa., que no Processo Penal deve existir prova robusta


para condenação, não podendo existir condenação em provas frágeis,
agitadas tão somente pela acusação/querelante, que não trouxe ao processo
nenhuma testemunha que tenha ao menos ouvido as supostas palavras
verberadas pelo querelado/recorrente.

Nesse diapasão, a jurisprudência vem entendo, verbis:

ESTUPRO DE VULNERÁVEL - AUSÊNCIA DE


PROVA ROBUSTA PARA CONDENAÇÃO -
RECURSO NÃO PROVIDO.
A palavra da vítima somente justifica a condenação
quando segura, coerente, e, se possível, harmônica com
o conjunto probatório, inocorrente no caso, sendo de
rigor a absolvição.
TJ-SP - Apelação : APL 203217120098260477 SP
0020321-71.2009.8.26.0477. Orgão Julgador: 4ª
Câmara de Direito Criminal. Publicação: 19/10/2012.
Julgamento: 16 de Outubro de 2012. Relator: Willian
Campos

E no mesmo sentido, verbis:

APELAÇÃO CRIME. HOMICÍDIO CULPOSO.


ARTIGO 121, § 3º, DO CÓDIGO PENAL.
AUSÊNCIA DE PROVA ROBUSTA PARA
CONDENAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
ELEMENTOS DE QUE A RÉ TENHA
CONCORRIDO PARA INFRAÇÃO PENAL NA
FORMA DESCRITA NA DENÚNCIA.
ABSOLVIÇÃO. 1. A ausência de prova segura de
que a acusada concorreu para a prática do crime
induz à absolvição, nos termos do artigo 386,
inciso V, do Código de Processo Penal. 2. Hipótese
dos autos em que a apelante foi condenada pela prática
do crime de homicídio culposo de sua filha, que
morreu, segundo auto de necropsia, por asfixia, diante
da aspiração de leite, quando estava sob os cuidados de
adolescente. No entanto, no cotejo da prova oral, os
elementos são insuficientes acerca da previsibilidade
do resultado pela acusada, bem como do nexo de
causalidade entre a omissão (negligência) e a morte da
vítima, impondo-se a absolvição. 3. O homicídio é o
crime modelo, em torno do qual desenvolveu-se toda a
teoria geral do delito, e com olhos na figura comissiva
dolosa. O aputo dogmático permite, óbvio, cogitar-se
de crime omissivo impróprio culposo, mass, diante da
extensão típica e abertura da conduta proibida, é
preciso prova mais robusta e, até, imputação mais
clara, sob pena de recair-se, perigosamente, em
responsabilidade penal objetiva. RECURSO
PROVIDO. (Apelação Crime Nº 70060314416,
Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em
17/09/2014).
 
TJ-RS - Apelação Crime : ACR 70060314416 RS.
Julgador: Primeira Câmara Criminal. Publicação:
Diário da Justiça do dia 03/10/2014. Julgamento: 17 de
Setembro de 2014. Relator: Jayme Weingartner Neto
 

O ministro CELSO DE MELO, um dos mais importantes


juristas da atualidade, quando em um dos seus votos em acórdãos da sua
lavra definiu que o ônus da prova recai EXCLUSIVAMENTE ao acusador:

“É sempre importante reiterar – na linha do magistério


jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal
consagrou na matéria – que nenhuma acusação penal
se presume provada. Não compete, ao réu, demonstrar
a sua inocência. Cabe ao contrário, ao Ministério
Público, comprovar, de forma inequívoca, para além
de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do
acusado. Já não mais prevalecem em nosso sistema de
direito positivo, a regra, que, em dado momento
histórico do processo político brasileiro (Estado novo),
criou, para o réu, com a falta de pudor que caracteriza
os regimes autoritários, a obrigação de o acusado
provar a sua própria inocência (Decreto-lei nº. 88, de
20/12/37, art. 20, nº. 5). Precedentes.” (HC
83.947/AM, Rel. Min. Celso de Mello).

Ante o exposto, requer a reforma da decisão do juízo de piso, com a


consequente absolvição do recorrente, nos termos do artigo 386, V do
Código de Processo Penal, eis que inexiste prova suficiente para
condenação.

3.2.DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PELA MULTA –


PREVISIBILIDADE DO TIPO PENAL PREVISTO NO
ARTIGO 140 DO CÓDIGO PENAL – PRINCÍPIO DO INDUBIO

PRO REO;

Douto Relator, mesmos certos da absolvição do acusado, caso Vossa


Excelência entenda de modo diverso, ad argumentatum quantum, pugna o
apelante pela reforma da decisão do juízo de piso no tocante a substituição
da pena, senão vejamos.

O réu fora condenado pelo crime previsto no tipo penal do artigo 140
do Código penal que diz, verbis:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade


ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Note, emérito Julgador que o tipo penal prevê a possibilidade de, em


caso de condenação, que a pena aplicada seja tão somente de multa, ou a
pena restritiva de liberdade.

No caso sob espeque, mostra-se mais favorável ao acusado, caso


Vossa Excelência entenda por bem manter a decisão do magistrado que
condenou o recorrente nas tenazes do artigo 140 do Código Penal, que se
digne a proceder tão somente com a condenação da pena de multa, por
medida de inteira justiça!

3.3.DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO PELA

PENA DE MULTA;

Douto Relator, mesmos certos da absolvição do acusado, caso Vossa


Excelência entenda de modo diverso, ad argumentatum quantum, pugna o
apelante pela reforma da decisão do juízo de piso no tocante a substituição
da pena, senão vejamos.

O artigo 44 do Código Penal estabelece medidas substitutivas as


penas privativas de liberdade, sendo que a jurisprudência entende como
direito subjetivo do réu a sua aplicação.

In casu, o juízo de piso condenou o apelante a uma pena privativa de


liberdade de 03 anos de detenção, como já esposado anteriormente.

Ocorre ínclitos julgadores que, foi reconhecido pelo próprio juízo de


piso que o recorrente não praticou o delito com violência ou grave ameaça,
fazendo jus as disposições contidas no artigo 44 do Código Penal, cujo
transcrevemos a seguir, verbis:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas


e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a
quatro anos e o crime não for cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do condenado, bem como os motivos
e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja
suficiente. 
§ 1o (VETADO)  
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a
substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena
privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.  
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela
Lei nº 9.714, de 1998)
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em
privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será
deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão.  (Incluído pela Lei nº 9.714, de
1998)
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-
la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.(Incluído pela Lei nº 9.714, de
1998)

No caso em tablado Exa., o eminente juízo de piso concedeu o


benefício ao apelante da substituição da pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos, no sentido de que o recorrente preste serviços à
comunidade pelo período de 06 (seis) meses.

No entanto Exa., é sabido e consabido que as penas restritivas de


direitos são espécies de pena alternativa, que buscam eliminar a pena
privativa de liberdade de curta duração. As penas restritivas de direitos
podem ser dividas em reais e pessoais, na primeira, são aquelas referentes a
perda de bens e valores, na segunda, são aquelas referentes a prestação de
serviços à comunidade ou entidade pública.

Não obstante a sentença proferida pelo eminente magistrado ter


substituído a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, incorre
em equívoco ao substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de
direito do tipo pessoal, haja vista que a condenação do apelante restou
fincada em três meses, fazendo jus ao réu a substituição de pena pessoal
pela real, na forma do artigo 44, § 2º primeira parte.
Assim, requer o recorrente na reforma da decisão do juízo de piso,
substituindo a pena restritiva de direito pessoal para restritiva de direito
real, por ser mais benéfico ao apelante.

3.4.DO ERRO DE FUNDAMENTAÇÃO – EXACERBAÇÃO DA PENA SEM


FUNDAMENTAÇÃO LEGAL – IMPERIOSA NECESSIDADE DE

REFORMA;

Douto relator, caso superado a argumentação supra, importa ainda


demonstrar o total equívoco praticado pelo juízo de piso. Senão vejamos.

Durante a dosimetria da pena, o eminente magistrado a quo procedeu


com fixação da pena base em um mês e quinze dias de detenção (sentença
id 2754171).

Ocorre Exa. que, quando da análise das circunstâncias atenuante e


agravantes o magistrado reconhece que INEXISTE circunstâncias
agravante ou atenuante e mesmo assim procede com aumento da pena do
ora recorrente, senão vejamos (fls. 08 doc id 2754171), verbis:

Observo a presença de uma circunstância judicial


desfavorável, e por tal razão fixo a pena inicial em 1
(um) mês e 15 (quinze) dias de detenção.
Não há circunstâncias atenuantes ou agravantes,
fixo a pena intermediária em 2 (dois) meses de
detenção.

Ora emérito Relator, se inexiste circunstância agravante, não poderia


o magistrado a quo proceder com aumento de pena em desfavor do ora
recorrente, é latente o equívoco praticado pelo douto magistrado, pelo que
requer a reforma de decisão nesse aspecto por medida de inteira justiça.

4.0.DOS PEDIDOS;

Ante o exposto e cumprido os requisitos legais, requer o


conhecimento do presente recurso e o seu provimento para reformar a
decisão proferida pelo juízo de piso, para:
I.                   Preliminarmente:

a.       Reconhecer a preliminar de ausência de condição da


ação, haja vista que a procuração não preenche os
requisitos do artigo 44 do CPP, procedendo com a rejeição
da queixa, nos termos do artigo 395, II do Código de
Processo Penal e extinguindo a punibilidade em favor do
apelante.

II.                No mérito:

a.       Requer a absolvição do acusado, nos termos do artigo


386, V do Código de Processo Penal, ante a ausência de
prova suficiente para condenação.

b.      Caso ultrapassado, pugna pela aplicação tão somente da


pena de multa, prevista no artigo 140 do Código Penal;

c.       Caso superando, requer a substituição de pena restritiva


de direito do tipo pessoal para pena restritiva de direito
real;

d.      Por fim, requer a reforma da respeitável decisão, haja


vista que não existe circunstância agravante (já reconhecida
pelo juízo a quo), apta a elevar a pena do recorrente.

Termos em que;

Pede e espera provimento.

Reno-NV, 23 de fevereiro de 2017.

000000000000000000

OAB/PI nº

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