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SEXUALIDADE NOS JOVENS – RISCOS A EVITAR

A adolescência é uma fase da vida em que ocorrem grandes oportunidades, mas


também alguns comportamentos de risco. As primeiras paixões despertam na fase
da adolescência. O amor, a atração e o desejo são vividos de uma forma intensa.

Com o início da puberdade, há hormonas que se tornam ativas e dão origem a um


conjunto de alterações, quer a nível fisiológico, quer a nível emocional. O corpo
muda a cada dia, a voz altera-se, a sudação é maior. Surgem os primeiros pelos
púbicos e também pilosidade em zonas como as axilas, pernas, braços e rosto. Nos
rapazes os ombros alargam, surgem as primeiras ereções e ejaculações. Nas
raparigas ocorre a menarca (primeira menstruação), as ancas alargam, o peito
desenvolve-se. Começam a ter ciclos menstruais, durante os quais ocorre a
ovulação e a menstruação. Começam a produzir o muco cervical.

Na fase de início da vida sexual é importante o aconselhamento junto de pessoas


com mais experiência, como familiares, amigos, professores, técnicos de saúde.

Alguns riscos que podem ser evitados:

• O risco de uma gravidez não desejada: é possível evitá-lo


procurando informação correta e segura sobre contraceção, optando pelo
método mais adequado a cada pessoa;
• O risco de uma infeção sexualmente transmissível: o uso de preservativo
em todas as práticas sexuais (oral, vaginal, anal).

O preservativo deve ser utilizado sempre e desde o início da relação sexual para
proteção de infeções sexualmente transmissíveis (IST) ou da gravidez. Um único
contacto sexual sem preservativo pode conduzir a uma IST (existem várias, não
apenas o VIH/ SIDA).

É certo que os riscos existem na Internet, mas haverá possibilidade de os jovens


aprenderem sobre a sexualidade de uma forma segura? Que papel devem
desempenhar os pais e educadores? As questões estiveram em destaque no mais
recente webinar promovido pelo Consórcio do Centro Internet Segura.
A pandemia de COVID-19 mudou muitos aspetos da nossa vida, transpondo-os
ainda mais para o mundo digital, e os relacionamentos e a sexualidade não foram
uma exceção à regra. Na data em que se assinala o Dia da Internet mais Segura a
nível internacional a forma como os jovens encaram a temática esteve em
destaque num webinar promovido pelo Consórcio do Centro Internet Segura, com
um especial foco para a questão dos riscos que existem no mundo online.

Para os pais e educadores nem sempre é fácil perceber os motivos pelos quais os
jovens acabam por ter certos tipos de comportamentos online, muitos dos quais
acarretam riscos. De acordo com a psicóloga Rosário Carmona Costa é preciso
compreender em primeiro lugar que, na nossa vida, estamos num contínuo onde
de um lado temos a nossa força de vontade e de outro a impulsividade.
Na fase da adolescência este é um autêntico campo de batalha, onde o cérebro
por um lado diz “controla-te, concentra-te e faz o que está certo” e por outro diz
“Faz o que te sabe bem e fá-lo agora”.

A psicóloga sublinha que é também preciso compreender que, na interação dos


jovens com as tecnologias, não há uma só sexualidade e é possível observarmos
várias situações. Por um lado, podemos ter casos onde há um maior equilíbrio com
adolescentes com bons relacionamentos pessoais e que de facto veem
pornografia sem entrar em comportamentos arriscados.

Assim, que papel devem desempenhar os pais e educadores? Para a psicóloga, é


importante que reflitam sobre as suas atitudes em relação aos mais novos e que
se esforcem para conhecê-los verdadeiramente. Ao ter um maior entendimento é
possível “levantar o véu” em relação ao que está por trás de determinados
problemas.

Os pais devem dar significado às situações que estão a acontecer e falar aberta e
calmamente com os seus filhos para encontrar um motivo para o que está a
acontecer. O estabelecimento de limites é também importante, mas os pais não
se podem esquecer de saber “liderar por exemplo”, ou seja, se dizem aos jovens
que devem passar menos tempo em frente aos ecrãs, devem também esforçar-se
por ter bons hábitos.

“ÀS VEZES, A SEXUALIDADES E COMPORTAMENTOS QUE IDENTIFICAMOS


FOGEM-NOS DAQUILO QUE IMAGINÁVAMOS PARA OS NOSSOS FILHOS, MAS É
PRECISO SABER ENCARAR ESTAS SITUAÇÕES”, ENFATIZA ROSÁRIO COSTA.
Segundo a psicóloga, os pais e educadores não devem diabolizar, por exemplo, as
redes sociais ou as plataformas online. “Devemos sim é informar as crianças e
jovens dos riscos que existem, da mesma forma que os informaríamos em relação
aos riscos da vida real”.

Muitas vezes, os jovens têm medo de revelar certos problemas aos pais porque
têm medo de receber um castigo, como que lhes seja tirado o smartphone ou que
o seu acesso à Internet seja limitado. Rosário Costa defende que os pais têm de
ser um “porto seguro” e que não podem simplesmente castigar ou impor limites
sem antes compreender com os jovens o que se está a verdadeiramente a passar.

Compreender, educar e prevenir riscos em família

Já num debate onde a sexualidade e comportamentos de risco online estiveram


no centro da mesa de discussão, Cristina Ponte, Coordenadora do EU Kids online
em Portugal, começa por dar a conhecer que as práticas dos mais novos no mundo
digital são uma preocupação crescente e, recentemente, as Nações Unidas
aprovaram uma atualização ao documento sobre direitos de crianças e
adolescentes que espelham essas questões.
De acordo com a sua experiência no projeto EU KIDS Online, a responsável indica
que é necessário saber de distinguir entre risco e dano. O risco não é
necessariamente algo que leve a uma situação negativa, aliás, existem casos em
que pode ser também uma oportunidade para aprender, para ganhar resiliência ou
para saber lidar com uma determinada situação.

É importante compreender que tudo depende de como é que o próprio ambiente


digital se apresenta, das características das crianças ou dos jovens e das suas
competências digitais.

Por exemplo, é muito diferente uma criança de 9-10 anos andar a navegar e ir
parar a uma imagem com um cariz sexual e um adolescente de 16-17 anos andar
mesmo à procura desse tipo de conteúdo porque quer ter esse tipo de informação.

Segundo os dados do estudo relativos a Portugal e que dizem respeito à


visualização de conteúdos sexuais no contexto online, metade dos inquiridos com
idades entre os 9 e os 17 anos dizem que ao se depararem com o mesmo não se
sentiram nem incomodados nem contentes. Já um terço indicou que se sentiu
contente, significando que este conteúdo ia ao encontro dos seus interesses, isto
numa lógica de satisfação de curiosidade.

Importa realçar que há uma clara diferença entre género e idade: geralmente são
os rapazes mais velhos que vão ativamente à procura deste tipo de conteúdo.
Além disso, no que toca às crianças até aos 10 anos, a maioria sente mais
incómodo perante estas situações.

Já Pedro Verdelho, coordenador do Gabinete de Cibercrime da Procuradoria-


Geral da República, assim como Ricardo Vieira, Inspetor da Polícia Judiciária,
realça alguns aspetos que tanto pais como educadores devem ter em conta.

Aplicando a velha máxima do “prevenir é melhor do que remediar”, Pedro


Verdelho lembra que todos os dias há novidades no mundo online, assim como
novos desafios tanto para miúdos como para graúdos Os pais e os filhos precisam
de ter consciência dos perigos que existem, para que em conjunto possam
aprender a não cair nas “armadilhas” ou a entrar nas zonas verdadeiramente
perigosas da Internet.

Ricardo Vieira apela em especial aos jovens para que tenham atenção em relação
à informação partilhada nas plataformas online, particularmente em relação à
idade, pois “Mentir sobre a idade pode levar a situações de perigo”, e no que toca
às fotografias que colocam, por exemplo, nas redes sociais.

O inspetor da PJ relembra que “temos de começar a fazer uma prevenção muito


cedo”, uma missão que cabe principalmente aos pais, mas também às escolas, pois
todo este trabalho é também uma forma de ajudar as autoridades.
Em linha com os restantes oradores do painel, Vânia Beliz, Sexóloga e Psicóloga,
alerta para as várias problemáticas que podem ocorrer no mundo online e que
decorrem de situações, como por exemplo, a sexualização das crianças, em
particular, das raparigas.

A sexualidade é uma temática vasta e, para a psicóloga, é muito importante que


as crianças e jovens aprendam realmente o que são relações saudáveis. “Os pais
não devem ter medo de falar sobre estes assuntos com os filhos”. Além disso,
Vânia Beliz defende que “é urgente que os currículos de educação sexual se
reformulem, assim como a educação para a cidadania”, de modo a se adaptarem
aos crescentes desafios do mundo digital.

Fontes:

ipdj.gov.pt

tek.sapo.pt

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