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SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

Lucas G. L. Portes*
Milena Menck Guimarães**

RESUMO

Por tempos, muitos pais deixaram de dialogar com seus filhos sobre a sexualidade
dos mesmos, e devido a era tecnológica em que estamos vivendo, a gama de
informações livres para serem pesquisadas pelos adolescentes no que diz respeito à
sexualidade, é muito grande, e por haver a necessidade do adolescente em ser
aceito na sociedade como adulto, gera neles a curiosidade das coisas que dizem
respeito aos adultos. Levamos em conta que os hormônios estão mais acentuados e
cada vez mais cedo os adolescentes passam a ter transformações no seu corpo,
gerando neles o desejo de firmar sua sexualidade mediante a família e sociedade.
Devido o adolescente não ter informações suficientes sobre a sexualidade, passa a
agir de maneira errada, atraindo para si um risco de contrair DST’s como por
exemplo a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; uma gravidez não
planejada devido a falta de proteção, conflitos mediante a sociedade que não
consegue apresentar o sexo como um ato de amor e afeto, e também conflito com
seus pais, que perdem sua figura de pais infalíveis mostrando sua fragilidade, devido
sua passagem para uma nova fase de desenvolvimento que lhes apresentará uma
nova realidade.

PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade, Adolescente, Consequência, DST’s, Iniciação


Sexual

1 INTRODUÇÃO

“A criança desenvolve-se, amadurece e fica apta para usufruir sua sexualidade,


firmando sua identidade sexual” [...] (PARISOTTO, L. 2001).

Neste artigo abordamos o assunto Sexualidade na Adolescência: Possíveis


Consequências; visto que a sociedade sofre mutações no decorrer dos anos, temos
encontrado a necessidade de focar nossa atenção e levar em conta a quantidade de
adolescentes que passam a viver sua sexualidade de maneira desenfreada,
podendo assim gerar consequências físicas, emocionais, sociais, e familiar;
posteriormente acarretará conflitos na futura geração de filhos que se tornarão pais.

*Acadêmicos do curso de psicologia, do terceiro período A, da Faculdade União de Campo Mourão (UNICAMPO), 16/06/2014.
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Há uma breve explanação sobre essa problemática levantada, pois uma


pesquisa mais minuciosa dependeria de um tempo maior e levantamentos de dados
mais atuais, pois algumas informações não tão detalhadas estão limitadas, no que
diz respeito às consequências emocionais, sociais e familiares.
Tivemos contato com artigos de outros autores que abordam este mesmo
tema, levando em conta que cada um levantou dados em contextos diferentes da
nossa contemporaneidade. Mesmo assim, elaboramos este artigo para conscientizar
o leitor de que existe uma necessidade dos pais analisarem a conduta de seus filhos
mediante a internet, amizades, informações de livre acesso para o adolescente,
estando próximos quanto à sua educação sexual para evitar possíveis transtornos
como uma gravidez indesejada, DSTs, problemas emocionais, de ordem social ou
dentro do próprio âmbito familiar.

2 DESENVOLVIMENTO

“Tem sido observado nos últimos cinquenta anos um aumento dramático na


atividade sexual na adolescência, com consequente aumento no número de
gestações e na prevalência de doenças sexualmente transmissíveis.” (COUNCIL ON
SCIENTIFIC AFFAIRS, 1993 apud TAQUETTE, S. R. 1997).

“Uma das grandes preocupações dos pais através dos tempos sempre foi a
vida sexual dos filhos. Só que até a algumas décadas esse assunto era resolvido
com grande dose de repressão e mantendo crianças e jovens no desconhecimento
[...]”. (ZAGURY, T. 2009, p. 189)

Ao observar o comportamento de pré-adolescentes e adolescentes, vemos a


semelhança em suas condutas, pois a criança que está entrando na adolescência
está cercada de conhecimentos que a geração passada não tinha ao alcance,
devido ao avanço da ciência e da tecnologia a geração atual tem acesso constante à
informações, notícias, músicas, filmes, imagens, um mundo de informações livres.

Segundo Arruda (2011), em 1994, a internet finalmente sai do nicho


acadêmico e passa a ser comercializada para o público em geral. No Brasil, a
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EMBRATEL lança o Serviço Internet Comercial [...]. Cinco mil usuários foram
escolhidos para testar o serviço.

Ao possuírem um fácil acesso à Internet, os alunos, por exemplo,


não se detêm mais a irem à uma biblioteca em busca de livros, pois
basta acessar a rede e já encontram o que procuram. Nunca se teve
tanta coisa num mesmo lugar. Nesse sentido, a Internet é um espaço
no qual o jovem se comunica com seus amigos, faz os trabalhos da
escola, escuta música através das rádios on-line, entre outras coisas.
Os adolescentes de hoje foram criados em meio à globalização e são
extremamente ligados à tecnologia, se comunicam com rapidez,
executam várias tarefas ao mesmo tempo. Para eles, assistir TV,
ouvir música e navegar na internet ao mesmo tempo é
absolutamente normal. (OLIVEIRA. G. M., 2010).

“Os pais não conversam mais com os filhos, que buscavam se informar como
conseguiam: lendo escondido livros e revistas que encontravam, conversando com
amigos, irmãos mais velhos etc.” (ZAGURY, T. 2009, p. 189).

“Mas, alguns pais relatam que não conseguem dialogar com os filhos sobre
sexo, visto que eles reagem alegando que já possuem conhecimento prévio sobre o
assunto e que não são mais crianças.” (UNESCO, 2004, p. 114)

É importante compreender que a adolescência é o momento do


despertar para o sexo. É da vida, é da idade. Os hormônios estão a
mil, a beleza da idade atrai. É muito importante, portanto, conversar,
conversar, conversar... esclarecer – para diminuir os riscos. Temos
que considerar também um outro fenômeno. Alguns pais querem
conversar, e são os filhos que não querem. (ZAGURY, T. 2009, p.
191).

“A criança desenvolve-se, amadurece e fica apta para usufruir sua


sexualidade, firmando sua identidade sexual e buscando um par, já com a
possibilidade de gerar filhos.” (PARISOTTO, L. 2001. Não paginado)

Segundo Parisotto (2001), A fase à qual é citada, chama-se puberdade, fase


de grandes conflitos devido às transformações físicas e emocionais importantes, que
servem para preparar a criança para que assim, assuma seu novo papel perante a
família e a sociedade. Em sua fala, ela acrescenta sobre o amadurecimento da
menina ser anterior ao do menino, aproximadamente dois anos antes. Os rapazes,
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diferente das moças, buscam a iniciação sexual com mais ansiedade, e nisto
passam a persuadir as moças para se relacionarem com elas. O adolescente
buscava experimentar sensações sexuais sem ter propriamente dito, o ato sexual.

Na adolescência geralmente acontecem as primeiras relações


sexuais com envolvimento genital e, na atualidade, elas têm ocorrido
em idades precoces e com mais variabilidade de parceiros,
contribuindo para o aumento da ocorrência de gestações não
esperadas e de doenças sexualmente transmissíveis (DST). As DST
favorecem a contaminação pelo vírus HIV, e o maior número de
casos de AIDS notificados ao Ministério da Saúde se encontra na
faixa etária entre 20 e 34 anos, sendo a via sexual o principal meio
de transmissão (4). Como o tempo de latência da doença é longo,
chegando a 11 anos, podemos inferir que grande parte dos
portadores deve ter se infectado na adolescência. (TAQUETTE;
VILHENA; PAULA, v.1 n°3, 2004)

Para Kinsey (1948) apud Taquette (1997), no decorrer dos anos, a primeira
relação sexual vem ocorrendo cada vez mais cedo, diminuindo a faixa etária dos que
se relacionam sexualmente com seu parceiro (a). Sendo este um parceiro habitual
ou de primeiro encontro, não há critérios para impedir que o ato ocorra, já que para
os adolescentes se envolverem, precisa-se haver interesse, curiosidade, desejo,
cumplicidade, aceitação, e uma pequena parcela de confiança.
Hoje os adolescentes passam a se relacionar não só com um parceiro, mas
um relacionamento com vários parceiros durante a adolescência, pois assim terão
experiência para todas às vezes em que forem se relacionar com um novo parceiro
ou para quando encontrarem a pessoa a qual firmará um compromisso mais
duradouro. Há uma importância para eles a aceitação dentro dos grupos que já se
envolveram sexualmente com um ou mais parceiros, para que não sejam tachados
como inaptos a fazerem parte de uma ideologia grupal.

“Entre 1938 e 1950 aproximadamente 7% das mulheres brancas nos EUA


tinham atividade sexual aos dezesseis anos”. (KINSEY, 1948 apud TAQUETTE, S.
R. 1997, p. 17)

“A conversa sobre sexualidade com os filhos, para alguns autores, seria um


tabu na cultura brasileira, principalmente no que diz respeito à educação das moças”
(PARKER, 1991/2000; ZAMPIERI, 1996 apud UNESCO, 2004, p.110).
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“Em 1960, 20% dos homens e 12% das mulheres de 15 a 19 anos tinham
atividade sexual. Na década de 70 esse percentual subiu para 55% para os homens
e 46% para as mulheres (STRASBURGER, 1985b; CURTIS et al., 1988 apud
TAQUETTE, S. R. 1997, p. 17).

A iniciação sexual na adolescência funciona como um rito de


passagem da infância para a idade adulta. Muitas são as razões
relatadas pelos adolescentes para iniciar o sexo: curiosidade,
urgência física, pressão grupal, prova de amor ao parceiro,
expressão de rebelião parental, social ou religiosa. (WENSTEIN &
ROSEN, 1991; TIBA, 1993 apud TAQUETTE, 1997, p. 17 ).

Mas é somente com a chegada da puberdade, com o


desenvolvimento físico, que o ser humano se torna apto a
efetivamente concretizar a sua sexualidade plena, através do ato
sexual genital propriamente dito, que permite ao ser, tanto obter um
prazer erótico como procriar. O surgimento do interesse sexual é
concomitante ao surgimento dos caracteres sexuais secundários.
Esse interesse é influenciado pelas profundas alterações hormonais
desse período da vida e pelo contexto psicossocial.
(KATCHADOURIAN, 1980, apud TAQUETTE, S. R. 1997).

Segundo Parisotto (2001), hoje em dia o ato de adolescentes que se


envolvem com outros adolescentes para experimentar as sensações sexuais tem o
termo ficar. Para os jovens e adolescentes, a questão de perder ou não sua
virgindade, gera muitas vezes um desconforto, pois a virgindade ainda é tida como
algo importante para estes.
Após a perda da identidade infantil; assunto o qual já vimos um pouco a
respeito, “fica apta para usufruir sua sexualidade, firmando sua identidade sexual e
buscando um par, já com a possibilidade de gerar filhos”, pode causar desde o
orgulho pela perda da sua virgindade, obtendo uma aceitação nos grupos,
transgressão de uma moratória imposta pela sociedade ou pelos pais, e podendo
gerar também o sentimento de culpa excessiva por ter perdido sua virgindade,
acarretando muitos problemas diante da sociedade, família, religião, escola ou um
grupo de amigos.
Muitas vezes o adolescente poderá ser reconhecido como tendo uma atitude
ambivalente, que de alguma forma busca acrescer uma identidade adulta perante a
sociedade ou de quem quer que seja, porém os conflitos existenciais pós-perda de
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virgindade, causa sentimento de luto e o nascimento de uma fase de iniciação


sexual onde houve uma entrega para seu parceiro (a), que poderá gerar
arrependimento. No decorrer do tempo, passarão a não mais viverem em grupos
somente, mas a se sentirem afetivamente envolvidos com uma pessoa do sexo
oposto.

Até o início deste século, casava-se para formar um lar e lançar as


bases de uma realidade social nitidamente definida. Não existia uma
relação direta entre amor e casamento. A partir da década de 30
começou a haver algumas mudanças. O amor passou a ser
valorizado sob todos os aspectos, principalmente o sexual, ainda que
a sexualidade continuasse vinculada à procriação. Porém a opinião
pública mostrava-se mais tolerante em relação à sexualidade pré-
nupcial, desde que os noivos se amassem e quisessem levar uma
vida a dois, mas continuava a reprovar as mães solteiras. Os
costumes, aos poucos, vão se modificando, a contracepção feminina
se generaliza e a sexualidade se dissocia da procriação (ARIÈS &
DUBY, 1995, apud TAQUETTE, S. R. 1997 ).

Sintetizando o pensamento de Parisotto (2001) “[...] há pouca censura nos


meios de comunicação de massa, há um apelo sexual frequente e precoce, expondo
os jovens a situações ainda não bem compreendidas por eles.” Sabemos que os
adolescentes estão desejosos de serem reconhecidos como adultos, através da fala,
comportamento, direitos, e de certo modo ter uma vida como tal.
Mas o fato destes estarem vivendo uma nova fase, onde o corpo lhes é
apresentado com transformações que aparentam ter aspectos adultos, ainda lhes
falta experiência de vida, ter responsabilidades perante a sociedade e claro o
verdadeiro significado do ato sexual. Essa inexperiência pode gerar na vida do
adolescente diversos fatores de risco como: - Gravidez Indesejada – DST –
Problemas de Ordem Emocional, Social e Familiar. Sendo estes os principais
problemas que serão abordados nos próximos tópicos.

3 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002),


houve um aumento no numero de mães menores de 20 anos que se observou ao
longo da década 90, quando os percentuais passaram de 16,38% em 1991 para
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21,34% em 2000, despertando assim inúmeras questões sobre a gravidez na


adolescência, mas ha consequências tanto biológicas como sociais e psicológicos.

Ela é, antes de tudo, um fenômeno social, um nome que se dá a um


período do desenvolvimento no qual certa expectativa social recai
sobre os indivíduos e configuram um modo de ser adolescente, fruto
da conjugação de transformações biológicas, cognitivas, emocionais
e sociais pelas quais passam as pessoas. Sendo a gravidez um
fenômeno social, os contornos da adolescência não podem ser
definidos em termos absolutos, uma vez que tal definição depende
do lugar que a sociedade atribui ao adolescente em um dado
momento histórico. (TEIXEIRA & DIAS, 2004 apud DIAS, A. C. G., &
TEIXEIRA, M. A. P. 2010, p. 123)

“Em função disso, a gravidez na adolescência passou a ser vista como uma
situação de risco biopsicossocial, capaz de trazer consequências negativas não
apenas para as adolescentes, mas para toda a sociedade.” (DIAS, A. C. G., &
TEIXEIRA, M. A. P. 2010, p. 124)

Assim, estabeleceu-se uma ideia implícita de adolescência na qual a


gestação não está incluída como experiência normativa. Pelo
contrário, ela é vista como um desvio de percurso, um evento
supostamente não desejado pelas adolescentes e cujas
consequências frustram o que seria considerada uma “boa”
adolescência (OLIVEIRA, 2008 apud DIAS, A. C. G. & TEIXEIRA, M.
A. P. 2010, p. 124).

“Observa-se que o fenômeno esta concentrado entre as adolescentes das


classes menos favorecidas economicamente.” (ESTAT. REG. CIV., Rio de Janeiro,
v.29, p.23, 2002)

As conseqüências biopsicossociais podem ser descritas como:


tentativas de abortamento, anemia, desnutrição, sobrepeso,
hipertensão, (pré)eclampsia, desproporção céfalo-pélvica,
hipertensão e depressão pós-parto estão associadas à experiência
de gravidez na adolescência” (BELARMINO e et al, 2009; FREITAS
& BOTEGA, 2002; FURLAN E COLS., 2003; MICHELAZZO E
COLS., 2004; SILVEIRA, OLIVEIRA, & FERNANDES, 2004; YZALLE
E COLS., 2002 apud DIAS, A. C. G., & TEIXEIRA, M. A. P. 2010)
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“A consequência mais marcante e concreta do aumento da atividade sexual


na adolescência é o aumento do número de gestações e cada vez em idades mais
precoces.” (TAQUETTE, S. R. 1997, p. 25)

“Há que se considerar a vulnerabilidade em termos biológicos e relação com a


sobrevivência das crianças. Sabe-se que a gravidez em idade muito jovem eleva os
riscos de mortalidade para a mulher e seus filhos.” (ESTAT. REG. CIV., Rio de
Janeiro, v.29, p.23, 2002).

4 DST

Segundo Taquette (1997) há muitas consequências que surgem nos dias


atuais relacionadas a atividade sexual de maneira insegura, onde adolescentes
pensam que existe uma imunidade suficiente para não se ter consequências
vindouras do pós ato sexual. Há um grande avanço do número de DST¹ devido o
número de adolescentes se relacionarem sexualmente com parceiros portadores de
doenças que necessitam de alguns cuidados importantes e outras que podem ser
consideradas como de zona de risco para saúde sexual.

É-nos explanado ainda, por Pinheiro (2014), que as DSTs não são
necessariamente, transmitidas pela via sexual. Como sendo a principal doença,
encontra-se a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), porém devido o
avanço da ciência, é possível alguns tratamentos que impedem a ação do vírus e
em muitos casos é possível alcançar a cura.

As DSTs podem ser diagnosticadas por meio da anamnese e dos


sinais e sintomas clínicos e/ou de exames laboratoriais que
identificam o agente etiológico. Entretanto algumas DSTs, para
serem definidas do ponto de vista etiológico, requerem técnicos
especializados e equipamentos sofisticados de laboratório, nem
sempre disponíveis. O Ministério da Saúde preconiza, para
diagnóstico precoce e tratamento imediato, o uso da abordagem
sindrômica, que se baseia em fluxogramas de conduta [...]. Alguns
fatores contribuem para o aumento da incidência de DSTs em
adolescentes. Entre eles podemos destacar o uso irregular de
preservativos, o grande número de portadores assintomáticos, a
automedicação, a variedade de parceiros e questões mais subjetivas
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como a violência de sexo. Além disso, características próprias desse


período da vida, como a falta de pensamento abstrato dos
adolescentes, que muitas vezes os impede de prever as
consequências de seus atos, tornam-nos mais vulneráveis. Outros
fatores podem aumentar essa vulnerabilidade, como, no caso das
meninas, a maior exposição do epitélio cilíndrico do colo uterino, o
que favorece a infecção por clamídias e gonococos. Em geral, a
atividade sexual na adolescência não é planejada e, frequentemente,
é escondida, o que dificulta o uso de medidas de prevenção às
DSTs. (TAQUETTE, S. R. 2007)

5 CONSEQUÊNCIA EMOCIONAL

“A pouca maturidade sexual e psicológica pode levar a uma frustração,


gerando problemas para os relacionamentos futuros. O resultado pode ser a
contínua troca de parceiros, contribuindo para a descartabilidade das relações.”
(MAC-CORMICK, W. 2013)

“Alguns estudos indicam que o desenvolvimento sexual feminino


precoce pode implicar em maior probabilidade de depressão, agressividade,
rebeldia, isolamento e baixo rendimento escolar.” (BALLONE G.J. 2009)

Jovens que se tornam sexualmente ativos são vulneráveis a danos


emocionais e psicológicos tanto quanto são vulneráveis às DST’s.
Muitas garotas dizem experimentar arrependimento ou culpa depois
da primeira relação sexual. Nas palavras de uma médica, que
recorda os efeitos de sua própria experiência sexual na
adolescência, “A ferida mais difícil de cicatrizar e mais profunda que
causei a mim mesma foi sentida no coração; aquele sentimento
horrível de ter dado uma parte preciosa de mim – minha alma a tatás
pessoas e por tão pouco, isso ainda me dói. Nunca imaginei que
pagaria tão caro e por tanto tempo.” Além disso, a atividade sexual
precoce pode afetar negativamente a habilidade dos jovens de
formar relacionamentos estáveis em um casamento futuro.
(PINHEIRO, D. 2009, não paginado)

6 CONSEQUÊNCIA SOCIAL

“Para a jovem, tem-se [...] proibições: não deve sair sozinha, não pode transar
com o namorado entre outros. Mas para o rapaz, tudo é permitido e até estimulado:
sair só, beber, fumar, voltar para casa de madrugada, ter relações sexuais.” (Marçal,
E. 2013, não paginado)
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A sexualidade integra a própria condição humana. É um direito


humano fundamental que acompanha o ser humano desde o seu
nascimento, pois decorre de sua própria natureza. Como direito do
indivíduo, é um direito natural, inalienável e imprescritível. Ninguém
pode realizar-se como ser humano, se não tiver assegurado o
respeito ao exercício da sexualidade, conceito que compreende a
liberdade sexual, albergando a liberdade da livre orientação sexual.
O direito de tratamento igualitário independente da tendência sexual.
A sexualidade é um elemento integrante da própria natureza humana
e abrange a dignidade humana. Todo ser humano tem o direito de
exigir respeito ao livre exercício da sexualidade Sem liberdade sexual
o indivíduo não se realiza, tal como ocorre quando lhe falta qualquer
outra das chamadas liberdades ou direitos fundamentais. (DIAS, M.
B. 2007, p. 3)

As distintas possibilidades de se vivenciar desejos corporais são


sempre anunciadas socialmente, hoje com mais frequência e de
forma explícita, o que interfere, direta ou indiretamente, no modo de
viver e na construção de novas identidades de gênero e sexuais.”
(Silva, N. F., 2007, p. 34)

“O sexo tornou-se um dos assuntos mais discutidos nos tempos modernos,


embora Freud, já nos fins do século passado, tenha escrito e debatido muitas
questões relativas à sexualidade e ao comportamento sexual.” (CANO, M. A. T.;
FERRIANI, M. das G. C., 2000, p. 18)

Segundo Tiba (1986 apud Cano; Ferriani, 2000), os adultos dessa época se
consideram psicologizados, sabendo-se que nem sempre os adolescentes levam em
conta as regras da sociedade. Querendo que seus filhos sejam felizes e realizem
tudo que desejam, mas não sabem como falar e esclarecer suas duvidas com eles
sobre essa problemática.

“Essa banalização da sexualidade tem dificultado a tarefa de educar,


de associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde.” (CANO, M. A. T.;
FERRIANI, M. das G. C., 2000, p. 22).

“[...] a família ainda ocupa um lugar chave na socialização das novas


gerações no que diz respeito ao sexo.” (HEILBORN, M. L., 2004, paginação
irregular).
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Devido aos movimentos feminista e homossexual, o cenário da


sexualidade contemporânea se encontra mais simétrico, porém, não
ocupa um lugar de liberação sexual já que os constrangimentos
sociais relacionados à sexualidade foram tanto modificados quanto
acomodados às antigas prescrições de gênero. (HEILBORN, M. L.,
2004, não paginado).

Por muitas razões (falta de comunicações, cobrança dos


grupos, mensagens transmitidas e incentivadas pelos meios de
comunicação de massa, falta de diálogo com os pais, solidão,
etc.), é frequente o início de uma vida sexual precoce.
(RAPPAPORT, 1995 apud CANO, M. A. T.; FERRIANI, M. das G. C.,
2000, p. 22).

7 CONSEQUÊNCIA FAMILIAR

Para Thomé e Hensel (2011), essa fase de tantas mudanças ocorridas na


criança ao adentrar em sua fase de inúmeros conflitos; dentre eles conflitos com
seus pais, os adolescentes passam a enxerga-los de uma maneira diferente, onde
as figuras paternas perdem uma identidade de super-heróis, pessoas insubstituíveis
e passam a viver sob um olhar crítico de seus filhos.
Todos têm defeitos e qualidades, porém na fase da adolescência é onde o
adolescente começa a visualizar de maneira crítica os seus pais, como pessoas
comuns, onde neles há defeitos e qualidades que lhes são próprios. Ao se
depararem com tais olhares e concepções de seus filhos mediante suas
identificações, resolvem de alguma forma controlá-los de maneira exagerada que
por muitas vezes vem a ser um pensamento de poder, de alguma forma, tê-los como
crianças no âmbito da inocência ou de pureza propriamente dita. Este pensamento
paterno vem devido os pais não aceitarem a perda do conceito identificatório que os
filhos tinham deles.

Os adolescentes costumam relatar o primeiro contato sexual para um


amigo em razão da falta de cobranças. Os pais escutam as
novidades e instantaneamente acrescentam as broncas. “Foi bem
melhor que a mãe tomou a iniciativa de falar sobre esses assuntos,
pois se fosse por mim, não falaria tão cedo, antes contaria para os
amigos e não falaria para a mãe, pois tenho vergonha.” THOMÉ, C.
L. e HENSEL, D. 2011, p. 85)
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“Os jovens falam muito em liberdade, o que eles já têm. Querendo ou não,
não se pode deixar de dizer a eles que a liberdade vai até aonde começa a do outro,
que pode ser inclusive essa nova vida.” (ZAGURY; ZALUAR, 2000, apud THOMÉ,
C. L. e HENSEL, D. 2011, p. 86)

“[...] alguns pais têm receio de que, ao conversar sobre sexo, estarão
despertando os filhos para uma vida sexual. Ao contrário. A falta de
informação, a ignorância que aumentam a curiosidade e empurram o
jovem para aprender apenas através da experiência, nem sempre
bem orientada e consciente. É importante que esses pais percebam
que uma conversa, inclusive sobre as intimidades no namoro, vai
orientar e diminuir a angústia do adolescente. (SUPLICY, 1998, p.
36, apud THOMÉ, C. L. e HENSEL, D. 2011, p. 83 ).

8 CONCLUSÃO

Como conclusão, buscamos como alunos de psicologia, levantar esse


assunto que é elaborado em cima de grandes transformações vividas pelo
adolescente, levando em consideração que ocorre grandes transformações também
para as pessoas que estão a sua volta.
É preciso conscientizar essas pessoas de que esse período é
inevitável. Devemos nos preparar para lidar com o adolescente diante de tantos
conflitos, dúvidas, curiosidades, imaturidade e ações desencadeadas pela fase do
adolescente. Vejo esse assunto muito importante para que as famílias se
mantenham estruturadas e estejam prontas a lidar com esse tabu; que para muitos
pais, é o assunto sexualidade de seus filhos.

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