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Sexualidade é algo normal

O escritor Gabito Nunes disse: “É proibido. É um tabu social. É uma contravenção. É


contra o mundo. Tudo, nossas afinidades, nossos passeios distraídos, nossos telefonemas
escondidos, nossos pequenos encontros em ruas desertas, nossas canções dedicadas, nossos
beijos no escuro do cinema depois de comprarmos os ingressos e enfrentarmos a fila
estrategicamente separados, paranóicos e suarentos de nervoso. Putz, o que a gente vai fazer
agora?”. Essa frase reflete o funcionamento da sociedade, onde coisas naturais da vida dos
seres humanos se tornaram coisas proibidas de falar e que agora estão voltando a ser pauta,
mas ainda não da forma que precisaria ser. Sexo um grande tabu na sociedade, mas todo
mundo sabe que é uma coisa normal no ciclo da vida, não é atoa que estamos todos vivos.
Esse ponto e tantos outros são muito importantes, e são colocados “protagonistas” na vida dos
adolescentes, porque nessa idade a onde a sexualidade se aflora, e só agora, nesses últimos
anos a pequena mídia está tentando implantar esse assunto no cotidianos das pessoas

A educação sexual tem como principal efeito, ajudar pessoas, de qualquer gênero, a se
relacionarem de forma segura e acima de tudo respeitarem os limites de seus corpos e dos
corpos de seus parceiros, porém, o que muito se prega na sociedade é que a educação sexual
serve para ensinar crianças e adolescentes a fazerem sexo. Essa realidade pregada pela
sociedade, que falam que se for implantado nas escolas, as crianças vão começar a receber os
“kits” gays e vão assistir vídeos de pessoas fazendo sexo, o que em pleno século 21, é um
pensamento de certa forma atrasado. Esse tipo de pensamento gera muitas consequências, e
é que impede que muitos que precisam, não tenham acesso a esse tipo educação básica e por
causa disso as taxas de ists e gravidez na adolescência tem crescido tanto. Alguns dados que
foram coletados do PrEP 15-19 Minas – projeto desenvolvido pela Faculdade de Medicina da
UFMG para avaliar o uso da Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP) nessa população-chave
entre 15 e 19 anos – mostrou que dos 214 participantes recrutados de 2019 a junho de 2021,
13,64% fizeram teste para a infecção sífilis, e o maior percentual encontrado era exatamente
entre as idades de 15 à 19 anos. O infectologista e professor de Medicina na UFMG (Faculdade
Federal de Minas Gerais), Mateus Westin falou, “Em outros estudos, essa prevalência entre
HSH fica entre 5% a 10%, o que mostra que estamos recrutando uma população ainda mais
vulnerável, com risco acrescido para práticas desprotegidas, múltiplas parcerias,
vulnerabilidades raciais, econômicas, entre outras”, e, “Os números chamam atenção por
refletirem relações sexuais desprotegidas e que veiculam infecções que facilitam a efetivação
da infecção pelo HIV, seja por úlceras ou inflamações das células do canal uretral, anal ou
vaginal”. E com isso se mostra que por mais que jovens terem muita informação, e como ainda
é pouco conversado em suas casas e escolas, essas informações são de certa forma ignoradas,
gerando inúmeras consequências e fazendo com adolescentes busquem de forma cada vez
mais rápida dessas informações na internet, mas o que muitos buscam, para saberem alguma
coisa, é a pornografia, que além de ser bem mais “prático” é muito visual.

A pornografia, além de ser um “ mundo” extremamente misógino, e ter diversos níveis


de problemas, ela age como um deseducador sexual, e muitos de seus cenários são muito fora
da realidade de um corpo real, o que faz muitos jovens terem uma distorção de seus corpos
muito grande. Em um relatório do Comitê Britânico de Classificação de Filmes sobre a
necessidade de proteger crianças e jovens da pornografia online revelou que cerca de 18% dos
adolescentes com mais de 16 anos que são ativos em sua vida sexual foram solicitados a fazer
cenas que se passam filmes pornôs, a pesquisa que foi feita com cerca de adolescentes entre
11 à 17 anos, ainda relatou que 29% dos participantes já se sentiram mal em relação ao
próprio corpo diante dos esteriótipos retratadas na pornografia, e que cerca de 30% dos
adolescentes com mais de 16 anos disseram que o sexo não correspondeu às expectativas
retratadas na pornografia. Com toda a distorção dos corpos que os filmes trazem, a busca por
cirurgia íntima aumentou de forma significativa, e o Brasil foi apontado em primeiro lugar,
onde mulheres buscam esse tipo de procedimento para se encaixar em um único padrão. O
cirurgião plástico Wendell Uguetto, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica), relatou que houve um aumento de 30% na procura de cirurgias genitais entre as
mulheres nos últimos três anos, e infelizmente muitas procuram esse tipo de procedimento
somente para agradar seus parceiros.

Em grande parte dos filmes pornográficos, muitas mulheres são extremamente


violentadas e colocadas são uma situação aonde sempre estão prontas e com isso são forçadas
a fazerem um sexo extremamente fora da realidade e que ignora completamente o prazer da
mulher. Como muitos homens usam isso como fonte informação para saberem como se darem
melhor na cama e fazerem uma “grande” performance, reproduzem o que viram, e também
como consequência disso fazem a separação de a mulher para casar e a mulher para transar,
pois na pornografia as mulheres são altamente sexualizadas. A indústria pornográfica não é
focada no prazer das mulheres, somente no prazer dos homens, e faz com que muitas
mulheres se colocam em situações muitas vezes humilhantes e acabam nem tendo um
orgasmo, ou até mesmo, acabam não tendo nenhum tipo de prazer. Uma pesquisa liderada
por Edward Laumann, que é uma Universidade de Chicago, concluiu que apenas 29% das
mulheres disseram realmente ser capazes de atingir o orgasmo com seus parceiros, já 61%
delas disseram ser capazes de chegar ao ápice do prazer se masturbando. Além dessa
pesquisa, muitas outras foram feitas, e mostram que com o uso da pornografia, os homens
tem quase um sexo com sigo mesmo, por mais que eles tem uma parceira na sua frente. Em
um vídeo feito para o tiktok, 4 homens foram selecionados para identificar o clitóris e o ponto
G -ponto máximo de prazer de uma mulher- e nenhum deles obtiveram algum resultado, o que
fez repensar se nas aulas de biologia, aonde estamos o sistema reprodutor feminino, eles
estavam prestando atenção ou somente fazendo piadinhas.

Todos os pontos que foram citados até agora, são para servir de exemplo de como a
sociedade acaba vendo sexualidade e educação sexual -que são duas coisas ao mesmo tempo
tão diferentes, mas tão ligadas- como coisas vergonhosas e que não se podem falar nas escolas
e até mesmo nas próprias casas. As ações uma vez feitas não tem mais volta, e as
consequências da falta da educação sexual e do uso da pornografia como educador, iram
surgir com cada vez mais força mos próximos anos. Além disso as relações vão cada vez se
tornar cada vez mais superficiais, pois até o sexo, que é um ato tão íntimo é falso, os outros
passos dos relacionamentos vão seguir esse mesmo fluxo. Por isso esses temas não tem que
ser vistos com tabus, mas sim como assuntos que precisam ser conversados de uma forma
natural, até porque há sexualidade é algo normal.

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