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PROTOCOLO DE ATIVIDADE

“Educação Sexual”
“Educaçã o Sexual” é uma atividade da Estaçã o Biologia destinada a alunes do ensino
fundamental II e ensino médio, que tem como objetivo apresentar informaçõ es de cunho
bioló gico e social e discutir tabus referentes a gênero e sexualidade na nossa sociedade.
A atividade tem uma duraçã o de cerca de 1 hora e 40 minutos e é dividida em 4 dinâ micas:
Etiquetas, Luvas, Conhecendo o pró prio corpo e Jogo-narrativa.

Sugestões para aplicação


1. Quando separar es alunes em grupos, sugerimos fazê-lo de forma aleató ria para evitar
tumulto e brincadeiras excessivas acerca do tema.
2. É importante salientar que em nossa língua, bem como muitas outras, termos de sentido
bioló gico e social se misturam, como por exemplo, “masculino” e “feminino”, que podem
designar tanto o sexo bioló gico quanto o gênero da pessoa, o que é importante de lembrar
na hora de tentar explicar a diferença entre esses conceitos.
3. Avisar com antecedência aes alunes sobre o tema da atividade e os assuntos que serã o
abordados.
4. As atividades podem ser realizadas de forma separadas, caso seja do interesse de
professore e desde que haja uma introduçã o adequada acerca do tema, embora seja
interessante aplicá -las em conjunto, em uma possível aula dupla.

Materiais:
● Folha sulfite
● Caneta/lá pis
● Fita crepe
● Luvas descartá veis
● Tinta guache
● Impressora (Opcional)
● Materiais e modelos - ex. Camisinha masculina, feminina, absorvente etc. (Opcional)
● Projetor ou computador para mostrar imagens e vídeos
● Tabuleiro disponibilizado pela EB (Opcional)

ETIQUETAS

Nessa primeira dinâ mica, a duraçã o sugerida é de 30 minutos, incluindo a explicaçã o


inicial. O objetivo é discutir preconceitos e tabus da sociedade, levantando e esclarecendo as
dú vidas que surgirem e questionando os estudantes sobre os diversos aspectos ligados à
sexualidade e gênero. Para isso, a ideia é deixar os estudantes falarem livremente, com o intuito
de deixá -los expor suas ideias e possíveis preconceitos a respeito dos temas abordados nessa
atividade, e a partir disso tentar discutir e desconstruir esses preconceitos.
Para dar início à dinâ mica, sã o distribuídas uma etiqueta para cada alune, que deve ser
colada na testa. As etiquetas podem ser escritas um pedaço de papel e coladas na testa des
alunes com algum tipo de fita, ou mesmo impressas caso seja possível. E professore deverá
explicar aos estudantes que eles nã o devem tentar ler o que está escrito na pró pria testa até o
final da dinâ mica. Também deverá enfatizar que tais frases nã o fazem referência à s pessoas que
as carregam e que sã o coladas ao acaso, independente das características da pessoa.
É importante, no entanto, que as etiquetas sejam distribuídas de forma a abordar em
todas as mesas pelo menos uma de cada uma das categorias descritas abaixo (orientaçã o sexual,
puberdade, sexo, AIDS, etc.).

Exemplos de frases e perguntas:


a) Orientação sexual, gênero e sexismo:
● Gosto/Tenho vontade de beijar meninos(as)
● Gosto/Tenho vontade de beijar meninos e meninas
● Nã o sinto atraçã o por ninguém
● Sou homossexual/gay
● Nã o gosto de gays/homossexuais
● Gosto de me maquiar
● Gosto de usar vestido/saia
● Eu pinto as unhas
● Evito sair de roupa curta
● Eu ajudo nas tarefas domésticas
● Sou travesti
Perguntas sugeridas: Pela reaçã o das pessoas, você acha que é uma coisa positiva, negativa ou
neutra? Você acha isso normal? Você concorda com o que tem sido discutido na mídia sobre esse
assunto (casamento homoafetivo, gays sofrendo violência na rua, etc..)? Se algum amigo ou amiga
seu te confessasse isso, o que você faria? Se alguém dá em cima de você, sua reaçã o é a mesma se
é uma mulher ou se é um homem? Caso você se descobrisse gay, você gostaria de ser rejeitado?
Mas ser gay é uma escolha? A pessoa está errada em querer ser feliz, ela está fazendo algum mal
pra alguém? Existem atitudes que sã o consideradas “coisas de menino” e “coisas de menina”? Por
quê? Precisamos, necessariamente, atender a esses padrõ es?

b) Puberdade:
● Eu me masturbo
● Nã o me depilo
● Tenho pinto pequeno/grande
● Estou menstruada
● Eu assisto pornô
Perguntas sugeridas: Isso que está escrito na etiqueta é normal? Mas é normal tanto para as
meninas quanto para os meninos? Se nã o, por quê? Vocês acham que isso é preconceito? Alguém
escolhe se vai ter pinto grande ou pequeno? Isso realmente importa? O desenvolvimento sexual
(surgimento de pelos, crescimento de mamas, menstruaçã o, etc..) acontece ao mesmo tempo para
todo mundo? Por que as pessoas se importam tanto com a vida alheia e nã o com as suas
pró prias? Isso é da sua conta? É normal assistir pornô ? É algo que todo mundo gosta? Tem algum
problema nisso? Aquilo que aparece no pornô é de verdade? Será que todo mundo faz sexo igual
ao que a gente vê na internet? As pessoas que aparecem no pornô costumam ser diferentes umas
das outras, ou sã o bem parecidas? Por quê? Você acha que o corpo das pessoas que a gente vê no
pornô é igual ao de todo mundo?*

c) Sexo e primeiras vezes:


● Sou B.V.
● Sou virgem
● Nã o sou virgem
● Faço sexo anal
● Estou grá vida
● Minha namorada engravidou
● Fiquei com 5 pessoas ontem na festa
● Sou prostituta
● Eu brochei
Perguntas sugeridas: Existe uma idade certa para essas coisas acontecerem? Por que? Rola uma
pressã o dos outros em cima disso? Vocês acham que isso faz sentido? Rola um preconceito com
quem passa por essas coisas mais “tarde”? E com quem isso acontece mais “cedo”? Isso varia se a
pessoa é mulher ou homem? Toda gravidez é planejada? Se você ficasse grá vida, o que mudaria
na sua vida? Dá para evitar esse tipo de coisa? Você se considera preparado(a) para ser mã e ou
ser pai? Se uma menina fica com muitas pessoas em uma noite e se um menino fica com muitas
pessoas, há alguma diferença?

d) Aids e preconceitos relacionados:


● Tenho AIDS
● Sou HIV+
● Uso camisinha
● Nã o uso camisinha
Perguntas sugeridas: Há tratamento para isso? Essa doença tem cura? É uma doença grave? As
pessoas que estã o infectadas necessariamente parecem infectadas? Há algum perigo em conviver
socialmente com pessoas com AIDS? Devemos ter preconceito? O que você faria se um amigo te
contasse que tem AIDS? O que pode acontecer com pessoas que nã o utilizam camisinha? Você
beijaria alguém com AIDS?

A questão da pornografia: A pornografia é um tema importante e que pode ser relevante de


conversar a respeito em diversos momentos. Apesar de existir uma grande variedade de
materiais pornográ ficos, feitos para agradar diferentes audiências, algumas generalizaçõ es
podem ser feitas a respeito deles. A pornografia tem como objetivo o entretenimento, sem ter
nenhuma responsabilidade ou obrigaçã o de retratar a realidade das relaçõ es sexuais,
desenvolvendo uma percepçã o das relaçõ es sexuais e do corpo humano que nã o condiz com a
realidade.

As relaçõ es sexuais demonstradas tipicamente sã o inteiramente focadas no ato sexual, deixando


de lado aspectos essenciais da vida real, que ocorrem antes, durante e depois do sexo. Alguns
exemplos sã o:
- Diá logo: na vida real, a comunicaçã o é uma parte importante da relaçã o com outras
pessoas (inclusive fora do contexto sexual), por exemplo para determinar o que cada uma
delas gosta ou nã o gosta, estabelecer limites, para comunicar um ao outro quando algo
está bom ou ruim durante o sexo, etc.
- Segurança: o uso de métodos de proteçã o contra ISTs, tal como a camisinha, é essencial
para garantir a saú de das pessoas que se relacionam sexualmente, algo que nã o é
abordado pela pornografia. Ao contrá rio, nã o é incomum ver relaçõ es sexuais
desprotegidas em materiais pornográ ficos.
- Intimidade: para algumas pessoas, nã o há necessidade de intimidade, enquanto outras
consideram esse um aspecto importante para a relaçã o. Diferentes pessoas podem ter
maior ou menor gosto pela intimidade (física e/ou emocional) durante a relaçã o sexual, e
também fora dela. Como tudo abordado até entã o, há uma grande diversidade daquilo que
agrada diferentes pessoas.
- Preparaçã o: nem todas as pessoas gostam de iniciar a relaçã o sexual abruptamente. É
comum que elas necessitem de algum tempo para se preparar fisicamente, e também
emocionalmente. Para algumas pessoas, o relaxamento é importante para uma
experiência sexual prazerosa. Um exemplo comum é o de pessoas com vagina que
necessitam da excitaçã o durante algum tempo antes do ato sexual para atingir a
lubrificaçã o e relaxamento muscular necessá rios para uma experiência prazerosa,
especialmente se ela envolver penetraçã o.

Outros aspectos a levar em consideraçã o sobre a pornografia sã o:


- Legalidade: existem leis que regulam o que é permitido na produçã o de materiais
pornográ ficos, como por exemplo a idade mínima requerida para que pessoas possam
aparecer nesse tipo de conteú do. No entanto, nã o é sempre que a lei é obedecida, e dessa
forma existe a produçã o de pornografia ilegal, como aquela envolvendo crianças e
adolescentes; vídeos e imagens sexuais vazados, publicados sem o consentimento das
pessoas retratadas; e aquela que põ e em risco a saú de das pessoas envolvidas (por
exemplo, expondo pessoas a situaçõ es que possibilitam a contaminaçã o com ISTs durante
sua produçã o).
- É tica: mesmo quando a produçã o de materiais pornográ ficos é realizada dentro dos
limites da lei, ainda há questõ es sobre a ética do processo, como por exemplo o fato de
muitas pessoas serem recrutadas para essa indú stria ainda jovens, muitas delas ainda sem
ter uma compreensã o adequada das implicaçõ es sociais de trabalhar na pornografia, como
por exemplo a dificuldade de conseguir emprego fora dessa indú stria apó s ter trabalhado
nela, e o preconceito sofrido por pessoas nesse tipo de trabalho (incluindo a exclusã o por
parte de amigos e família; a violência física, psicoló gica e sexual cometida por muitas
pessoas na sociedade contra esse grupo; e em alguns casos até mesmo a perda de direitos
dentro da sociedade).
- Vício: existe muito debate sobre se a pornografia é capaz de gerar vício nas pessoas ou
nã o, com diversos estudos contradizendo uns aos outros. No entanto, é possível listar
alguns pontos importantes que sã o debatidos:
- Pessoas que se acostumam durante muito tempo a se excitar com a realidade
distorcida dos materiais pornográ ficos (como o tipo de prá ticas sexuais retratadas,
os padrõ es estéticos estritos com base em que as pessoas sã o selecionadas, as
representaçõ es estereotipadas de prazer, etc.) podem vir a ter dificuldades em se
excitar com o sexo da vida real, especialmente para aquelas que desenvolveram a
sua percepçã o inicial sobre sexo desde muito cedo através da pornografia.
- É possível que a exposiçã o prolongada à representaçã o idealizada do sexo violento,
normalizado e apresentado como prazeroso, possa levar pessoas a considerar essa
prá tica como padrã o nas relaçõ es sexuais, sem considerar as reais implicaçõ es e
riscos desse tipo de comportamento sexual e sem compreender o quã o difícil é
para pessoas no mundo real acharem tais prá ticas confortá veis.

LUVAS

Na dinâ mica das Luvas, a duraçã o estimada é de 20 minutos. Inicia-se essa parte da
atividade falando sobre vírus e DSTs, destacando a diferença entre DSTs e ISTs. DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis) sã o os sintomas clínicos causados por uma infecçã o transmitida por
via sexual. IST (Infecçã o Sexualmente Transmissível) se refere aos agentes bioló gicos causadores
dessas doenças. Uma pessoa que esteja infectada com um microrganismo causador de doença
nã o vai necessariamente desenvolver os sintomas de DST, podendo permanecer assintomá tica
por muito tempo, até mesmo a vida toda. No entanto, em muitos desses casos a pessoa
assintomá tica continua sendo capaz de transmitir o microorganismo infeccioso.
Em seguida, a turma pode ser separada em 3 grupos, sendo um grupo composto por
pessoas sem luvas, um grupo com metade das pessoas com luvas e a outra metade sem e o ú ltimo
grupo, com todas as pessoas de luva. A atividade tem 3 rodadas. Na 1ª rodada, e professore suja
sua mã o com tinta e cumprimenta com a mã o direita um estudante de cada grupo, que deve
cumprimentar somente com a mã o direita duas pessoas de seu grupo.
Enquanto a rodada acontece, e professore desenha na lousa três grá ficos - um grá fico por
grupo - (figura 1) em que no eixo X estã o as rodadas e no Y o nú mero de estudantes com mã os
sujas. Entã o, ao fim da rodada é marcado no grá fico o ponto referente à s mã os sujas na primeira
rodada.
A ú nica diferença da segunda rodada para a anterior é que somente no grupo 2 os
estudantes que estavam com luvas ficam sem e os que estavam sem passam a usá -las. Em
seguida, começam todos os cumprimentos de novo e no fim da rodada colocam-se nos grá ficos
um segundo ponto.
Na terceira rodada, repete-se o mesmo da segunda, trocando as luvas da mesa 2 mais uma
vez.

Figura 1 - Exemplo de grá ficos com o resultado da dinâ mica

Observaçõ es:
Antes de contar as mã os sujas de tinta pela ú ltima vez, pedir que todos tirem as luvas.
Jogar as luvas da mesa 2 fora apó s usar (mesmo as que nã o sujaram)!
IMPORTANTE: E professore deve tentar garantir que es alunes cumprimentem o nú mero
certo de pessoas

Ao fim da dinâ mica, o(a) professor(a) deve perguntar para es alunes o que a dinâ mica e as
luvas representam. A luva seria o preservativo, a tinta ISTs, e os grupos (1) pessoas que nunca
usam preservativo, (2) pessoas que em algumas relaçõ es usam preservativo e em outras nã o, (3)
pessoas que sempre usam preservativo. Tendo discutido que a luva representa o preservativo e a
tinta ISTs, ressalta-se entã o que a camisinha é importante na prevençã o de ISTs além de atuar
como um contraceptivo.
Na aná lise dos grá ficos, é interessante que seja discutido se ao fim das duas rodadas a
quantidade de mã os sujas entre os grupos 1 e 2 foi muito diferente ou nã o. Espera-se que seja
parecido, ou seja, usar preservativo só as vezes nã o é eficiente na proteçã o contra ISTs. Também
pode-se ressaltar que cada alune cumprimentou, no má ximo, duas pessoas por rodada, e mesmo
assim o nú mero de pessoas infectadas nos grupos 1 e 2 foi alto.
Por fim, é importante destacar e conversar sobre testes para ISTs, que podem e devem ser
feitos com frequência, principalmente quando há um contato sexual sem proteçã o. É possível
fazer o teste rá pido (pronto em 30 minutos) ou o laboratorial (coleta de sangue e envio de
amostra para laborató rio, demora mais) para HIV, Sífilis e Hepatites B e C, nas unidades bá sicas
de saú de, postos de saú de e nos Centros de Testagem e Aconselhamento do SUS. Os testes sã o
gratuitos e anô nimos, e caso algum dê positivo é possível seguir com mais testes e tratamento
nesses locais. Os Centros de Testagem e Aconselhamento também realizam aconselhamento
sobre como entender os resultados dos exames e como buscar tratamento e acompanhamento
psicoló gico também.
Em alguns centros de serviços de saú de pú blica também é possível encontrar
gratuitamente a PEP, Profilaxia Pó s exposiçã o. É um conjunto de medicamentos para reduzir a
chance de infecçã o por HIV caso a pessoa esteja em uma situaçã o de risco de infecçã o (Abuso
sexual, acidente com objetos cortantes ou contato com material bioló gico possivelmente
contaminado e relaçõ es sexuais desprotegidas). Esta é uma medida de emergência apó s uma
possível exposiçã o e deve ser tomada o mais rá pido possível, de preferência até 2 horas depois da
exposiçã o e no má ximo 72 horas depois dela. Também existe a PrEP (Profilaxia Pré exposiçã o),
ela tem uma utilizaçã o diferente que falaremos direitinho mais pra frente da atividade.
No caso da HPV existe uma outra forma de prevençã o, a vacina, que para alguns grupos é
dada pelo SUS. Quem pode tomar pelo SUS (dado de 2017): Meninos de 11 a 14 anos e meninas
de 9 a 14; Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam
transplante de ó rgã os, de medula ó ssea e pessoas em tratamento contra o câ ncer.

CONHECENDO O PRÓPRIO CORPO

A terceira dinâ mica tem a duraçã o estimada de 30 minutos e pode acontecer


simultaneamente em menores grupos. Um de seus objetivos trabalhar a separaçã o do conceito de
sexo biológico e de gênero, sendo uma discussã o que visa dar uma base aes alunes acerca de
diversos temas relacionados à sexualidade. Além disso, essa atividade permite aes alunes tirar
vá rias dú vidas, o que normalmente faz com que se sintam mais à vontade e participem mais
durante as atividades.
O sexo é um conceito da biologia, que se refere primariamente à troca de material genético
entre organismos, tipicamente como parte do processo reprodutivo. Quando a reproduçã o de
uma espécie envolve a troca de material genético entre indivíduos, diz-se que essa reproduçã o é
sexuada. Os termos macho e fêmea normalmente se referem ao tipo de célula reprodutiva
produzida pelos indivíduos, sendo normalmente chamado de fêmea o indivíduo que produz
gametas maiores e imó veis, enquanto que aquele que produz gametas menores e mó veis é
chamado de macho. Nos animais, é comum a ocorrência de dimorfismo sexual, que é a
diferença corporal entre machos e fêmeas da mesma espécie. O modelo de apenas dois sexos é o
mais comumente encontrado na natureza, porém nã o é o ú nico; há espécies que podem
apresentar 3, ou até mais. Apesar de ser frequentemente ligado à reproduçã o, o sexo pode
acontecer independentemente dela em algumas espécies, por exemplo em algumas bactérias, que
podem trocar material genético entre si sem gerar novos indivíduos.
É de extrema importâ ncia que seja destacado aes alunes, como uma conversa inicial, por
que é importante falar acerca desses assuntos. E professore deve destacar que conhecer a
aparência e o funcionamento do corpo é fundamental para poder cuidar dele, para perceber
alteraçõ es que podem indicar doenças ou distú rbios; também é importante para saber o que você
gosta ou nã o gosta de fazer com seu corpo. Entender a diversidade de corpos também nos ajuda a
compreender e interagir melhor com outras pessoas, incluindo possíveis parceires sexuais. É
importante lembrar que esse conhecimento nã o só afeta a nó s mesmes, mas também as pessoas
ao nosso redor: podem haver pessoas que conhecemos, como amiges, familiares etc., que podem
precisar dessas informaçõ es, por diversos motivos; ou podemos um dia vir a ter filhes nosses,
que também vã o precisar dessas informaçõ es para poder compreender e cuidar do pró prio
corpo.
Antes do início da dinâ mica, cabe sempre enfatizar que não existe bonito/feio,
certo/errado e sim diversidade! Para isso serã o mostrados modelos didá ticos e imagens, de
diferentes aparências, idades, etc.
Durante a dinâ mica, e professore irá apresentar os seguintes tó picos aes alunes para
estimular uma discussã o:
● Desambiguaçã o (prazer, excitação, estímulo sexual, orgasmo, etc)
● Sistema reprodutor feminino e masculino;
○ Estruturas e ó rgã os anexos
○ Ereçã o
○ Esperma e secreçõ es
○ Puberdade
○ Fertilidade
○ Orgasmo
○ Outras partes do corpo;
■ Mamas
■ Â nus
○ Câ ncer de mama, pró stata e testículo - Importâ ncia de exames e auto exames
● Genética;
○ Interssexualidade e síndromes
○ Explicar bem o que é interssexualidade para desconstruir a visã o biná ria de sexo e
gênero
● Embriogênese;
● Menstruaçã o e gravidez
● Camisinhas
● Métodos contraceptivos
● Aborto
● ISTs

Nessa discussã o, é interessante que e professore se utilize de imagens e esquemas, e se


possível materiais, que possam exemplificar de forma visual os temas abordados para es alunes,
sem que se tenha vergonha pois es alunes precisam aprender sobre o tema. Além disso, é
importante fugir da educaçã o puramente heterossexual.

Materiais (Conhecendo o próprio corpo)


● Folhas sulfites com imagens (Opcional)
● Materiais para mostrar aes alunes - ex. Camisinha masculina, feminina, absorvente etc. (Opcional)
● Projetor ou computador para mostrar as imagens e vídeos
● Materiais baratos que e professore pode levar, por exemplo, camisinha e camisinha feminina
JOGO-NARRATIVA

O jogo-narrativa é uma dinâ mica de contaçã o de histó ria que pode durar 30 minutos. Es
alunes vã o representar uma ú nica personagem, e acompanhá -la desde o nascimento até a
adolescência. No começo da dinâ mica, a personagem nã o tem uma identidade definida. A partir
dos eventos que forem acontecendo na sua vida, determinados pelas cartas que es alunes
sorteiam, sua histó ria e sua identidade vã o se delineando, e ao final, devem ser apresentadas ao
resto da turma. Es monitores podem usar os eventos retratados nas cartas para puxar discussõ es
sobre gênero, sexualidade, adolescência, puberdade, tabus, pressõ es sociais etc.
Para dar início a dinâ mica, e professore deve distribuir aos alunes cartas específicas para
cada momento da vida da personagem, sendo possível utilizar uma dinâ mica de rodadas,
passando para a pró xima apó s todos es alunes receberem uma carta:

Nascimento → Gênero atribuído → Infância → Fundamental 1 → Pré-adolescência (I) →


Pré-adolescência (II) → Adolescência (I) → Adolescência (II) → Apresentação

Tabuleiro Exemplos de cartas

Percorrendo o tabuleiro: a personagem começa na casa Nascimento, onde deve tirar uma carta,
que falará sobre seu corpo ao nascer. A seguir, vai para a casa Gênero atribuído, a ú nica onde nã o
há cartas para tirar. Nessa casa, es professores vã o fazer o papel da sociedade, e atribuir um
gênero à personagem com base nas características do seu corpo. Entã o, a personagem segue pelo
caminho das casas, parando em cada uma para sortear o nú mero de cartas assinalado no verso
do monte. Cada casa corresponde a um momento da vida, e as cartas sorteadas nela representam
eventos que aconteceram com a personagem nesse momento. Na ú ltima casa, Apresentaçã o, es
alunes devem pensar em como apresentar sua personagem para o resto da turma, considerando
sua histó ria.

● Nascimento: Essa casa fala sobre o corpo da personagem ao nascer. Algumas cartas
(“Você nasceu com uma vagina”/”Você nasceu com um pênis”) apresentam corpos que sã o
socialmente enquadrados no padrã o para sexo feminino/sexo masculino. Outras trazem
corpos que sã o considerados intersexo, seja essa intersexualidade vísivel externamente
(“Você nasceu com um pênis e uma vagina”) ou nã o (“Você nasceu com um pênis e um
ú tero”/”Você nasceu com uma vagina e testículos internos”). Independente do sexo
bioló gico da personagem da mesa, es professores podem aproveitar essa casa para falar
sobre o que é sexo bioló gico, intersexualidade, e discutir como o sexo bioló gico nã o é um
biná rio, e sim um espectro.

● Gênero atribuído: Nessa casa, e professore representa a sociedade, por exemplo o


médico que fez o parto da personagem, e atribui um gênero a ela. A ideia é discutir como
gêneros sã o impostos com base no julgamento e nas expectativas da sociedade sobre o
corpo do bebê. Dá para falar sobre como pessoas intersexo muitas vezes sã o submetidas a
cirurgias arriscadas assim que nascem, para adequar sua genitá lia ao padrã o socialmente
esperado dentro de um sexo bioló gico biná rio. Se a mesa quiser, pode dar um nome à
personagem nessa casa.

● Casas gerais (Infância, Fundamental 1, Pré-adolescência (I), Adolescência (I): Essas


casas abordam diversas vivências possíveis relativas ao corpo, identidade de gênero,
expectativas e pressõ es sociais que experienciamos ao crescer, associadas a cada faixa
etá ria. Dependendo das cartas sorteadas e das reaçõ es des alunes a elas, e professore pode
ir puxando essas discussõ es. É importante também observar como cada nova carta
interage com as cartas tiradas anteriormente para compor a histó ria da personagem. Para
as cartas, é sempre interessante incentivar reflexõ es relacionando aquele evento com a
vivência específica da personagem. Por exemplo, se a carta fala sobre inseguranças com o
corpo, é interessante explorar esse tema por diferentes â ngulos dependendo se a
personagem for intersexo ou nã o, trans ou cis, ou qual for seu gênero.

No geral, as cartas dessas casas tem um dos seguintes perfis:

○ Gostos e atividades: essas cartas relatam gostos e desgostos pessoais por


brinquedos, brincadeiras, atividades etc. É legal ver se es alunes reagem diferente
quando a personagem tem um gosto comumente associado ao seu gênero ou a
outro. Mesmo que es alunes nã o tenham uma reaçã o de estranhamento, é
interessante perguntar o que acham que seria a reaçã o das pessoas ao redor da
personagem, e se essa reaçã o seria diferente se a personagem tivesse outro gênero.
Outra questã o importante é falar sobre como os gostos de alguém sã o
independentes de sua identidade de gênero. Por exemplo, um menino nã o se
identifica necessariamente com o gênero feminino por gostar de maquiagem ou
usar saia.
■ Exemplos de carta:
- “Pedi uma boneca de presente”
- “Nã o gostava de brincar de casinha”
- “Queria muito fazer balé”

○ Pressõ es e julgamentos sociais: essas cartas contam como as pessoas ao redor da


personagem reagem a características dela ou tentam impor algum comportamento.
Podem ser tanto pressõ es vindas de adultos (exs: forçar que a criança
cumprimente com beijinho, repreensã o por comportamentos dissidentes em
relaçã o ao padrã o de gênero) quanto de pares (ex: sofrer zoaçõ es na escola por
gostar de algo associado a outro gênero, ou por ser BV/virgem). Dá para discutir
sobre como as expectativas de performance de padrõ es rígidos de gênero sã o
violentas para as pessoas, sobre o excesso de ênfase que a nossa sociedade coloca
em experiências sexuais e româ nticas, sobre como cada pessoa tem seu pró prio
tempo para desenvolver ou nã o alguma vontade e vivenciar ou nã o alguma
experiência, e sobre como diferentes corpos sã o policiados de diferentes formas.
■ Exemplos de carta:
- “Levei uma bronca por chorar”
- “Me zoaram por causa dos desenhos que eu gostava”
- “Me zoaram porque eu era virgem”.

○ Inseguranças com o corpo: essas cartas abordam situaçõ es em que a personagem


sente vergonha/insegurança sobre seu corpo ou sobre interagir com ele. É
interessante falar sobre puberdade, padrõ es estéticos e como eles afetam a
autoestima e as relaçõ es das pessoas, o papel da pornografia e da mídia nesses
padrõ es, e tabus relativos ao corpo, como masturbaçã o, sempre considerando as
especificidades dessa questã o para pessoas de diferentes gêneros e corpos. É bom
reforçar também que corpos sã o diversos, se desenvolvem de formas e em tempos
diferentes.
■ Exemplos de cartas:
- “Meu corpo nã o é igual aos que eu vejo no pornô ”,
- “Fiquei com vergonha dos meus pêlos”
- “Nã o me senti confortá vel em fazer sexo por causa da forma
da minha genitá lia”.
○ Experiências trans: essas cartas apresentam experiências específicas que podem
acontecer com pessoas que nã o se identificam com seu gênero atribuído, por
exemplo nã o se sentirem seguras para usar nenhum banheiro, ou serem
tratadas/agrupadas pelo gênero errado. Dependendo do quã o familiarizades es
alunes estiverem com a vivência de pessoas trans, pode ser mais ou menos difícil
fazerem essa associaçã o sozinhes, entã o é importante que e professore esteja
atente caso apareça alguma carta de vivência trans para puxar essa reflexã o. É
interessante abordar o que quer dizer ser uma pessoa trans, e esclarecer eventuais
confusõ es des alunes, por exemplo se misturarem identidade de gênero e
orientaçã o sexual ou expressã o de gênero. Se a mesa concluir que sua personagem
é trans, e professore pode convidá -les a escolher um novo nome para ela.
■ Exemplos de cartas:
- “Me chamaram pelo gênero errado”
- “O professor de Educaçã o Física dividiu meninos e meninas e
me obrigou a ficar no grupo errado”
- “Nã o me senti confortá vel em usar nenhum dos dois
banheiros na escola”.

● Casas de atração (Pré-adolescência (II) e Adolescência (II)): Essas cartas tratam de


situaçõ es que envolvem algum tipo de atraçã o/açã o física (beijos, sexo) e/ou afetiva
(crushes, namoro) entre a personagem e outras pessoas. Podem ser tanto eventos em que
a personagem sentiu algum tipo de atraçã o por alguém, quanto em que havia uma
expectativa de que sentisse e nã o sentiu. As experiências com outras pessoas podem ser
positivas ou negativas. Muitas das cartas incluem o gênero da pessoa pela qual a
personagem se atrai, e isso pode dar margem para discutir como diferentes pessoas
sentem atraçã o por diferentes gêneros, mas sempre lembrando também que as cartas
retratam eventos e nã o essências, entã o é possível que a personagem experimente
relaçõ es diversas sem que isso defina sua identidade. É o momento para falar sobre
orientaçã o sexual/afetiva e esclarecer os termos mais comuns (heterossexualidade,
bissexualidade, homossexualidade, assexualidade). Também é importante falar sobre
como nem todas as pessoas sentem as mesmas atraçõ es, tem gente que nã o vai sentir
atraçã o por ninguém de forma sexual e/ou “româ ntica”. Esse é um bom gancho para falar
sobre o peso muito desproporcional que a nossa sociedade coloca em relaçõ es sexuais e
româ nticas em comparaçã o com outros tipos de afetividade igualmente importantes, e
como isso gera pressõ es ruins na vida das pessoas, inclusive relativas a consentimento.
Algumas cartas tratam também de situaçõ es que quebram a expectativa de que atraçõ es
venham sempre em um pacote específico, de achar alguém bonite - querer beijar - querer
namorar. Essas sã o as ú nicas casas em que a personagem deve tirar uma só carta em vez
de duas.
○ Exemplos de cartas:
- “Quis namorar com o meu amigo”
- “Fiquei com uma menina e nã o gostei”
- “Minha namorada me pressionou para transar, mas eu nã o queria, e nã o
gostei”.

● Apresentação: Nessa casa, es alunes devem refletir sobre tudo que a personagem passou
na sua vida até agora e pensar em como vã o apresentá -la para o resto da turma. E
professore pode orientar es alunes a lembrar os gostos da personagem, sua identidade de
gênero, se ela é cis ou trans, se é intersexo, e que tipos de experiência de atraçã o ela teve.

Depois que todes concluíram o percurso, cada pessoa/grupo deve apresentar sua
personagem para o resto da turma, relatando brevemente quem ela é e como foi sua infâ ncia e
adolescência. E professore pode fazer uma fala final ressaltando a diversidade de identidades e
histó rias apresentadas, e como isso se reflete na realidade des alunes, que podem viver ou se
deparar com pessoas que vivem essas diversas existências em todos os espaços que frequentam.
É legal ressaltar como seres humanos sã o diversos em tudo, incluindo em termos de gênero e
sexualidade, e que essa diversidade precisa ser respeitada para todo mundo conviver bem.
Também é interessante chamar a atençã o para como a identidade é sempre construída ao longo
da vida - inclusive as identidades que a sociedade tem como naturalizadas, por exemplo ser cis e
hétero. O nosso entendimento de gênero e sexualidade nem sempre foi o que temos atualmente,
ele está sempre se adaptando conforme a cultura vai mudando, além de variar muito entre
culturas diferentes; mas isso nã o quer dizer que nã o ser cishétero é uma invençã o moderna,
sempre houveram pessoas que chamaríamos assim, mas a sociedade pensava sobre elas com
nomes e perspectivas diferentes dos atuais. Isso tudo ressalta como a percepçã o de sexo, gênero
e sexualidade é totalmente cultural e portanto construída, e nã o consiste em verdades naturais
imutá veis.

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