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“Educação Sexual”
“Educaçã o Sexual” é uma atividade da Estaçã o Biologia destinada a alunes do ensino
fundamental II e ensino médio, que tem como objetivo apresentar informaçõ es de cunho
bioló gico e social e discutir tabus referentes a gênero e sexualidade na nossa sociedade.
A atividade tem uma duraçã o de cerca de 1 hora e 40 minutos e é dividida em 4 dinâ micas:
Etiquetas, Luvas, Conhecendo o pró prio corpo e Jogo-narrativa.
Materiais:
● Folha sulfite
● Caneta/lá pis
● Fita crepe
● Luvas descartá veis
● Tinta guache
● Impressora (Opcional)
● Materiais e modelos - ex. Camisinha masculina, feminina, absorvente etc. (Opcional)
● Projetor ou computador para mostrar imagens e vídeos
● Tabuleiro disponibilizado pela EB (Opcional)
ETIQUETAS
b) Puberdade:
● Eu me masturbo
● Nã o me depilo
● Tenho pinto pequeno/grande
● Estou menstruada
● Eu assisto pornô
Perguntas sugeridas: Isso que está escrito na etiqueta é normal? Mas é normal tanto para as
meninas quanto para os meninos? Se nã o, por quê? Vocês acham que isso é preconceito? Alguém
escolhe se vai ter pinto grande ou pequeno? Isso realmente importa? O desenvolvimento sexual
(surgimento de pelos, crescimento de mamas, menstruaçã o, etc..) acontece ao mesmo tempo para
todo mundo? Por que as pessoas se importam tanto com a vida alheia e nã o com as suas
pró prias? Isso é da sua conta? É normal assistir pornô ? É algo que todo mundo gosta? Tem algum
problema nisso? Aquilo que aparece no pornô é de verdade? Será que todo mundo faz sexo igual
ao que a gente vê na internet? As pessoas que aparecem no pornô costumam ser diferentes umas
das outras, ou sã o bem parecidas? Por quê? Você acha que o corpo das pessoas que a gente vê no
pornô é igual ao de todo mundo?*
LUVAS
Na dinâ mica das Luvas, a duraçã o estimada é de 20 minutos. Inicia-se essa parte da
atividade falando sobre vírus e DSTs, destacando a diferença entre DSTs e ISTs. DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis) sã o os sintomas clínicos causados por uma infecçã o transmitida por
via sexual. IST (Infecçã o Sexualmente Transmissível) se refere aos agentes bioló gicos causadores
dessas doenças. Uma pessoa que esteja infectada com um microrganismo causador de doença
nã o vai necessariamente desenvolver os sintomas de DST, podendo permanecer assintomá tica
por muito tempo, até mesmo a vida toda. No entanto, em muitos desses casos a pessoa
assintomá tica continua sendo capaz de transmitir o microorganismo infeccioso.
Em seguida, a turma pode ser separada em 3 grupos, sendo um grupo composto por
pessoas sem luvas, um grupo com metade das pessoas com luvas e a outra metade sem e o ú ltimo
grupo, com todas as pessoas de luva. A atividade tem 3 rodadas. Na 1ª rodada, e professore suja
sua mã o com tinta e cumprimenta com a mã o direita um estudante de cada grupo, que deve
cumprimentar somente com a mã o direita duas pessoas de seu grupo.
Enquanto a rodada acontece, e professore desenha na lousa três grá ficos - um grá fico por
grupo - (figura 1) em que no eixo X estã o as rodadas e no Y o nú mero de estudantes com mã os
sujas. Entã o, ao fim da rodada é marcado no grá fico o ponto referente à s mã os sujas na primeira
rodada.
A ú nica diferença da segunda rodada para a anterior é que somente no grupo 2 os
estudantes que estavam com luvas ficam sem e os que estavam sem passam a usá -las. Em
seguida, começam todos os cumprimentos de novo e no fim da rodada colocam-se nos grá ficos
um segundo ponto.
Na terceira rodada, repete-se o mesmo da segunda, trocando as luvas da mesa 2 mais uma
vez.
Observaçõ es:
Antes de contar as mã os sujas de tinta pela ú ltima vez, pedir que todos tirem as luvas.
Jogar as luvas da mesa 2 fora apó s usar (mesmo as que nã o sujaram)!
IMPORTANTE: E professore deve tentar garantir que es alunes cumprimentem o nú mero
certo de pessoas
Ao fim da dinâ mica, o(a) professor(a) deve perguntar para es alunes o que a dinâ mica e as
luvas representam. A luva seria o preservativo, a tinta ISTs, e os grupos (1) pessoas que nunca
usam preservativo, (2) pessoas que em algumas relaçõ es usam preservativo e em outras nã o, (3)
pessoas que sempre usam preservativo. Tendo discutido que a luva representa o preservativo e a
tinta ISTs, ressalta-se entã o que a camisinha é importante na prevençã o de ISTs além de atuar
como um contraceptivo.
Na aná lise dos grá ficos, é interessante que seja discutido se ao fim das duas rodadas a
quantidade de mã os sujas entre os grupos 1 e 2 foi muito diferente ou nã o. Espera-se que seja
parecido, ou seja, usar preservativo só as vezes nã o é eficiente na proteçã o contra ISTs. Também
pode-se ressaltar que cada alune cumprimentou, no má ximo, duas pessoas por rodada, e mesmo
assim o nú mero de pessoas infectadas nos grupos 1 e 2 foi alto.
Por fim, é importante destacar e conversar sobre testes para ISTs, que podem e devem ser
feitos com frequência, principalmente quando há um contato sexual sem proteçã o. É possível
fazer o teste rá pido (pronto em 30 minutos) ou o laboratorial (coleta de sangue e envio de
amostra para laborató rio, demora mais) para HIV, Sífilis e Hepatites B e C, nas unidades bá sicas
de saú de, postos de saú de e nos Centros de Testagem e Aconselhamento do SUS. Os testes sã o
gratuitos e anô nimos, e caso algum dê positivo é possível seguir com mais testes e tratamento
nesses locais. Os Centros de Testagem e Aconselhamento também realizam aconselhamento
sobre como entender os resultados dos exames e como buscar tratamento e acompanhamento
psicoló gico também.
Em alguns centros de serviços de saú de pú blica também é possível encontrar
gratuitamente a PEP, Profilaxia Pó s exposiçã o. É um conjunto de medicamentos para reduzir a
chance de infecçã o por HIV caso a pessoa esteja em uma situaçã o de risco de infecçã o (Abuso
sexual, acidente com objetos cortantes ou contato com material bioló gico possivelmente
contaminado e relaçõ es sexuais desprotegidas). Esta é uma medida de emergência apó s uma
possível exposiçã o e deve ser tomada o mais rá pido possível, de preferência até 2 horas depois da
exposiçã o e no má ximo 72 horas depois dela. Também existe a PrEP (Profilaxia Pré exposiçã o),
ela tem uma utilizaçã o diferente que falaremos direitinho mais pra frente da atividade.
No caso da HPV existe uma outra forma de prevençã o, a vacina, que para alguns grupos é
dada pelo SUS. Quem pode tomar pelo SUS (dado de 2017): Meninos de 11 a 14 anos e meninas
de 9 a 14; Homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam
transplante de ó rgã os, de medula ó ssea e pessoas em tratamento contra o câ ncer.
O jogo-narrativa é uma dinâ mica de contaçã o de histó ria que pode durar 30 minutos. Es
alunes vã o representar uma ú nica personagem, e acompanhá -la desde o nascimento até a
adolescência. No começo da dinâ mica, a personagem nã o tem uma identidade definida. A partir
dos eventos que forem acontecendo na sua vida, determinados pelas cartas que es alunes
sorteiam, sua histó ria e sua identidade vã o se delineando, e ao final, devem ser apresentadas ao
resto da turma. Es monitores podem usar os eventos retratados nas cartas para puxar discussõ es
sobre gênero, sexualidade, adolescência, puberdade, tabus, pressõ es sociais etc.
Para dar início a dinâ mica, e professore deve distribuir aos alunes cartas específicas para
cada momento da vida da personagem, sendo possível utilizar uma dinâ mica de rodadas,
passando para a pró xima apó s todos es alunes receberem uma carta:
Percorrendo o tabuleiro: a personagem começa na casa Nascimento, onde deve tirar uma carta,
que falará sobre seu corpo ao nascer. A seguir, vai para a casa Gênero atribuído, a ú nica onde nã o
há cartas para tirar. Nessa casa, es professores vã o fazer o papel da sociedade, e atribuir um
gênero à personagem com base nas características do seu corpo. Entã o, a personagem segue pelo
caminho das casas, parando em cada uma para sortear o nú mero de cartas assinalado no verso
do monte. Cada casa corresponde a um momento da vida, e as cartas sorteadas nela representam
eventos que aconteceram com a personagem nesse momento. Na ú ltima casa, Apresentaçã o, es
alunes devem pensar em como apresentar sua personagem para o resto da turma, considerando
sua histó ria.
● Nascimento: Essa casa fala sobre o corpo da personagem ao nascer. Algumas cartas
(“Você nasceu com uma vagina”/”Você nasceu com um pênis”) apresentam corpos que sã o
socialmente enquadrados no padrã o para sexo feminino/sexo masculino. Outras trazem
corpos que sã o considerados intersexo, seja essa intersexualidade vísivel externamente
(“Você nasceu com um pênis e uma vagina”) ou nã o (“Você nasceu com um pênis e um
ú tero”/”Você nasceu com uma vagina e testículos internos”). Independente do sexo
bioló gico da personagem da mesa, es professores podem aproveitar essa casa para falar
sobre o que é sexo bioló gico, intersexualidade, e discutir como o sexo bioló gico nã o é um
biná rio, e sim um espectro.
● Apresentação: Nessa casa, es alunes devem refletir sobre tudo que a personagem passou
na sua vida até agora e pensar em como vã o apresentá -la para o resto da turma. E
professore pode orientar es alunes a lembrar os gostos da personagem, sua identidade de
gênero, se ela é cis ou trans, se é intersexo, e que tipos de experiência de atraçã o ela teve.
Depois que todes concluíram o percurso, cada pessoa/grupo deve apresentar sua
personagem para o resto da turma, relatando brevemente quem ela é e como foi sua infâ ncia e
adolescência. E professore pode fazer uma fala final ressaltando a diversidade de identidades e
histó rias apresentadas, e como isso se reflete na realidade des alunes, que podem viver ou se
deparar com pessoas que vivem essas diversas existências em todos os espaços que frequentam.
É legal ressaltar como seres humanos sã o diversos em tudo, incluindo em termos de gênero e
sexualidade, e que essa diversidade precisa ser respeitada para todo mundo conviver bem.
Também é interessante chamar a atençã o para como a identidade é sempre construída ao longo
da vida - inclusive as identidades que a sociedade tem como naturalizadas, por exemplo ser cis e
hétero. O nosso entendimento de gênero e sexualidade nem sempre foi o que temos atualmente,
ele está sempre se adaptando conforme a cultura vai mudando, além de variar muito entre
culturas diferentes; mas isso nã o quer dizer que nã o ser cishétero é uma invençã o moderna,
sempre houveram pessoas que chamaríamos assim, mas a sociedade pensava sobre elas com
nomes e perspectivas diferentes dos atuais. Isso tudo ressalta como a percepçã o de sexo, gênero
e sexualidade é totalmente cultural e portanto construída, e nã o consiste em verdades naturais
imutá veis.