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FAC U LDADES DE TAQ UARA

Disciplina de Técnicas de
Observação do Comportamento
DIÁRIO DE CAMPO

Educanda Cleidinara dos Santos Ferreira


Orientadora Simone Isabel Jung
Nome do observador: Cleidinara dos Santos Ferreira
Data da observação: 26 de abril
Horário da observação – Início: 19 horas e 38 minutos Término: 22 horas e 15 minutos

- Objetivo da observação:

A observação tem como a intenção analisar a população LGBTQIA+. Conhecer os


preconceitos, a violência e as possíveis intervenções dentro da psicologia. Entender um
pouco vivência desta população e de que forma está sendo inserida na sociedade
contemporânea e com o propósito de ampliar os conhecimentos dos alunos que estão
cursando psicologia.

- Descrição do ambiente físico em que ocorreu a observação


Ocorreu uma palestra pelo google meet, de maneira totalmente virtual, A palestrante
estava em um ambiente com paredes claras e com alguns quadros decorativos e quanto
aos outros ambientes dos participantes não apareceu muitos detalhes, inclusive muitos
estavam com as câmeras fechadas.

- Descrição do ambiente social em que ocorreu a observação:

Estavam presentes na sala virtual, duas turmas da faculdade (Faccat), composta por
mais de 100 estudantes, além de mim, duas professoras da instituição Faccat, Simone
Isabel Jung Professora da disciplina Técnica de Observação do Comportamento e Ana
Paula Professora da disciplina de Psicologia e situações de Vulnerabilidade e a
palestrante Priscila Lawrenz (psicóloga), sendo estas três as responsáveis por conduzir o
momento. A apresentação ocorreu com slides, alguns com imagens de “memes”,
imagem de capas de filmes (indicação) e prints de alguns artigos (indicação). Aconteceu
diálogos referente ao tema. Foi oportunizado aos alunos interagirem no momento que
ocorressem as dúvidas ou até mesmo acrescentar algo pertinente, numa forma de
agregar mais informações ao tema apresentado. A faixa etária das pessoas participantes
desta sala virtual eram de aproximadamente de 18 anos a 65 anos.

- Registro descritivo:
A encontro virtual se deu início com boas vindas das professoras ao grupo de estudantes
e a palestrante, onde especificou de como funcionária a interação de todos que estavam
participando da palestra virtual. Antes de começar com o tema a palestrante se
apresentou como psicóloga Clínica atualmente, que estava concluindo seu doutorado no
programa de Pós-Graduação de Psicologia da PUC, e sua coordenada pela profissional
L. R. , que trabalha com esta desde de 2015, desde quando ingressou no mestrado, esse
tema do preconceito, da violência contra população LGBT, mais especificamente contra
homens Homossexuais, que foi o tema que ela escolheu para dissertação do mestrado,
oriundos de um desejo de estudar sobre este assunto, que quando ingressou a professora
L. R. deu todas condições para que acontecesse a pesquisa e começasse a investigar
sobre essa temática. Para contextualizar acrescentou, no doutorado ela mudou um pouco
o tema de estudo, Continuou trabalhando com aspectos relacionados a famílias e
relações familiares, e também com implementação e avaliação de um programa para
prevenir os maus tratos contra as crianças, pode parecer algo diferente, mas para ela
existi uma ligação muito forte entre o que estudou no mestrado e no dourado,
justamente porque em uma das etapas do estudo que ela realizou no mestrado, onde a
intenção foi avaliar o histórico de maus tratos na infância, em homens adultos
homossexuais, onde identificaram índices altos, e também realizaram entrevistas com
estes homens, uma coisa que chamou atenção foi o preconceito que acontecia muito
cedo, e quando surgiu a oportunidade no dourado de trabalhar não só com as famílias
que tem filhos homossexuais, com identidade de gênero diferente, acabou ingressando
neste projeto, ressaltou que foi uma experiência boa e que nos dias atuais está
trabalhando com temáticas diferentes, mas que no final tem uma ligação muito forte. Na
sequência, a palestrante compartilhou sua tela com todos participantes apresentando
seus slides. Ela relatou que separou o material de apresentação a partir de três eixos
principais, e começou a falar a princípio sobre os conceitos básicos relacionados a
orientação sexual, identidade de gênero, sexo designado e expressão de gênero,
que os conceitos abordou na sequência da apresentação, relatou que acha importância,
partir de um ponto em que haja um entendimento entre os assuntos abordados, pois
pode ter momentos que uns tem mais familiaridades com o tema e outros nem tanto.
Que a intenção dela é que todos tirassem as dúvidas e todos colocassem suas opiniões,
contribuindo de certa forma, trazendo até mesmo novas informações que ela pode não
conhecer e assim, ampliar seus conhecimentos, pois é um tema amplo e vem sofrendo
alterações de modo constante na sociedade. Apresentou o título da pauta “População
LGBTQIA+: Preconceito, violência e intervenções”, apresentando como sumário os
conceitos básicos, preconceitos e violência contra a população LGBTQIA+, os eixos
básicos como as intervenções psicológicas e assim, passou para os próximos slides.
Seguiu com explicações sobre “expressão de gênero”, detalhando na sequência a
Identidade de gênero (o sexo que você se identifica, independente do seu sexo
biológico), Orientação Afetiva-Sexual (indica para que você sente atração e para onde a
sua sexualidade está orientada) e Sexo Biológico (o sexo que você nasce). Falou sobre
sexo designado, identidade de gênero, como cada indivíduo se identifica de acordo com
as referências de gênero presentes em cada contexto cultural, pois quando falamos estes
assuntos relacionados aos conceitos e os aspectos LGBT é dificilmente existe uma
clareza, para assim, ficar mais explicado e poder discutir/debater sobre o tema. Falou
sobre o sexo designado, deu exemplo de quando um indivíduo nasceu com pênis é
designado homem e indivíduo nasce com vagina é designada mulher. Explicou que na
identidade de gênero, trata-se da forma como cada indivíduo se identifica enquanto
homem, mulher ou nenhum dos dois, onde os pais já aguardam o resultado do sexo do
bebê no início da gestação (sexo biológico). Deste o nascimento por conta da questão do
órgão genital, as pessoas atribuem além deste órgão outras qualidades, outras
características para este indivíduo que está relacionada ao gênero, que é algo além da
biologia, é como construímos a ideia que temos de sermos homens ou mulheres na
sociedade, mesmo que estamos num momento social e cultural, que se tem pensado
muito nisso, todos pensam numa imagem sobre o que é ser homem e o que é ser mulher
na sociedade, e com isso, todos devem ter escutado algum termo atualmente sobre
cissexualidade (Cis, cisgênero ou cissexual), onde os nascidos com seus respectivos
órgãos se identifica com seus respectivos gêneros ; já na na transexualidade ( trans,
transgênero ou transexual), os indivíduos cuja identidade de gênero é discordante do
sexo designado no seu nascimento. A aluna L. relatou ter uma dúvida sobre identidade
de gênero e identificação de estereotipo que a pessoa tem de homem e mulher? Ou se a
pessoa tem aspectos relacionados a outro gênero? Como identificar? A palestrante
respondeu como sobre se define essas questões, na sequência a participante disse ter
compreendido sobre as explicações. A aluna L. disse não muito conhecimento sobre
expressão de gênero, que até tinha visto, mas não como conceito, quando a palestrante
perguntou se compreendeu as explicações sobre para a aluna L. ela relatou que
esclareceu suas dúvidas sim! No mesmo assunto, a palestrante falou a quanto é
importante ter respeito com todos antes de qualquer outra coisa. A palestrante ressaltou
que os participantes podem interromper a qualquer momento para esclarecer suas
dúvidas, mas também se quiserem acrescentar algo sobre. A palestrante apresentou um
slide com imagens de alguns artistas que no seu dizer representa algumas características
sobre a visão que muitos tem sobre representação do ser feminino, masculino e nem um
nem o outro sexo, isso é muito mais uma questão social sobre como enxergam o órgão
sexual e a construção de visão da sociedade do que é ser homem do que é ser mulher é
uma construção no decorrer da história e a diversidade de como podem ver no que se
referem ao comportamento feminino e ao comportamento masculino em diferentes
países, que não ocorre essa visão de forma igualitária, e isso vem sendo questionado,
que é muito importante. A professora Simone informou que o aluno D. também tinha
colocado no bate papo uma pergunta que vinha de acordo com o que a palestrante tinha
acabado de explicar. A palestrante acrescentou que referente ao estereotipo, identidade e
das crenças iniciam muito cedo, antes mesmo dos indivíduos nascerem, que já analisam
na gestão o sexo do bebê para definir o feminino e o masculino, onde os pais já vão
construindo uma história para esta criança não só relacionado a questão biológica, mas
ao gênero(vagina ou pênis), se este bebê ter uma vagina vai ser designada menina e com
isso ela vai ter tais e tais atribuições nessa sociedade e família, o que vivemos hoje em
dia o momento que questionamos muito sobre, onde sabemos que muitos sofreram
preconceitos quando não corresponde ao que a sociedade não corresponde como
“correto” e contudo isso, como vem nos moldando enquanto pessoas. A palestrante deu
continuidade falando sobre orientação sexual, que é o modo como cada pessoa se atrai
de forma afetiva ou sexual, para onde o desejo se orienta, de quem gostamos, por quem
nos atraímos. O heterossexual tem atração afetiva e sexual por alguém do mesmo
sexo/gênero oposto. O homossexual tem atração afetiva e sexual por alguém do mesmo
sexo/gênero. O bissexual tem atração afetiva e sexual por ambos os sexos/gêneros.
Pansexual tem atração afetiva e sexual independente do sexo/gênero da outra pessoa.
Assexual é uma pessoa que não sente atração sexual. Na sequência explicou as siglas
LGBTQIA+ que significa Lébica, Gay, Travesti/transexual/transgênero, Queer,
Intersexual, Assexual, + Inclusão de outras orientações sexuais, identidades e
expressões de gênero. Que fale muito de pensar e escutar especialistas para
compreender mais sobre essas “siglas”. A professora Simone ler uma pergunta de um
aluno sobre o que é intersexual? A palestrante respondeu que é uma questão biológica,
pois aprendemos biologicamente na escola como se houvesse somente o pênis e vagina,
quando na verdade em termos biológicos, existem pessoas nascem com esta questão
biológica não muito clara, mas costuma ir para essa variação dos órgãos genitais
internos e mesmo assim pode ocorrer uma discrepância entre esses sexos de forma
anatômica. A professora Ana Paula acrescentou que antigamente utilizavam o termo
“hermafrodita”. A palestrante atribuiu que certamente muitos já teriam escutado este
termo, mas que já está sendo pouco utilizado este termo nos dias atuais. Ressaltou que o
psicólogo em formação é importante compreender, é um conhecimento essencial
distinguir os conceitos para não ser desrespeitosos nessas situações para também não
usar termos inadequados e assim trabalhar de forma efetiva com essa “população”. Na
sequência a palestrante retomou a questão que era uma pauta/temática que tinha muito
interesse a algum tempo atrás. Que área da psicologia existe muitas possibilidades e que
está apresentando o seu ponto de vista e os autores que tem utilizado e que não são os
únicos, com pontos de vistas diferentes, conceitos diferentes, por explica de onde parte
suas teorias. Ressaltou que utiliza muito teorias de um autor americano, que este
estudou muito sobre personalidade e preconceitos, baseado em entender a humanidade,
enquanto seres humanos vivemos ou convivemos com uma realidade como aquela que é
da segunda guerra mundial nos apresentou, ele foi um estudioso da década de 50 e 60 e
estava sentindo muito o pós guerra e queria saber o porquê de pequenos grupos ser tão
descriminados e que este autor falava que o preconceito é uma organização
relativamente duradoura de crenças, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto
definido, que predispõe a uma ação, que socialmente vamos construindo ideias crenças
sobre determinados grupos e pessoas, onde são avaliados mais de forma positiva ou
negativa, isso é uma tendência enquanto sociedade de analisar as características. Por
algum tempo chegou a supor que preconceito era uma doença, mas que não confere. O
preconceito não é uma doença (homofobia/transfobia), mas uma atitude (tendência de
avaliação generalista) fruto de um processo de aprendizagem. Que infelizmente o
preconceito é algo muito presente na nossa sociedade e que se apresenta também em
diferentes formas nas nossas vidas. A heteronormatividade é um sistema de ideias que
estabelece a heterossexualidade como norma, criando uma hierarquia na qual pessoas
heterossexuais seriam superiores às que não são, já quanto heterossexismo é a forma
como a discriminação opera nas instituições sociais, no ordenamento jurídico, na
estrutura da sociedade, colocando as sexualidades não heterossexuais em
vulnerabilidade. Explicou que as outras áreas do conhecimento têm se dedicado a
estudar os efeitos do preconceito não só a saúde, mas sim de uma maneira mais ampla,
que causa danos em diferentes níveis. A pesquisa vem apontando que pode gerar
exposição à violência, burocratização do acesso a direitos básicos, rejeição familiar e
comunitária, evasão escolar, dificuldades no mercado de trabalho, vulnerabilidade para
desfechos negativos na saúde e acesso prejudicado aos serviços de saúde e assistência
social. A professora Simone acrescentou que no que se refere as questões familiares,
que lembrou Freud recebeu uma carta um pouco antes de falecer de uma senhora
pedindo ajuda para o filho, onde ele respondeu que pelo que leu seu filho era
homossexual, explicando que não era nenhuma vantagem ser homossexual, é para ser
vergonha, não é um vício nem patologia... passou que vários outros homens conhecidos
na sociedade também são homossexuais. A professora Simone deu continuidade falando
sobre seu trabalho no consultório, que percebe o preconceito existente de forma
internalizado no próprio psicólogo. A aluna K. trouxe a questão que o sujeito
preconceituoso com pessoas que tem alguma deficiência, mas sim em vários aspectos, e
se nessa pesquisa da palestrante aparece algo neste sentido? A palestrante respondeu
que sua pesquisa não foi avaliado pessoas com preconceito, mas sim, investigou os
homens homossexuais e os feitos dos preconceitos e violências na vida deste sujeito, o
foco não foi o autor da violência dessa situação de preconceito. A aluna C. relatou sobre
as aulas no ensino médio, que foram ministrada várias palestras sobre sexualidades, mas
que falavam de forma heteronormativa como não existisse outra além, e, que depois
estudou numa escola onde o diretor era homossexual e se falava muito em diversidade
como um todo, mas não falavam nada sobre gênero, questionou como pode ter ficado os
colegas(homossexuais), a confusão que pode ter causado nesses, porque não tiverem
uma informação sobre isso, e amis as piadinhas dos colegas também, que tem impressão
de não ser um assunto muito abordado nas escolas. A palestrante colocou a importância
de refletirmos sobre essas questões para diminuir os preconceitos, que na sua pesquisa
perguntava de forma geral sobre a violência e estes sujeitos declaravam a descriminação
que sofreram desde suas infâncias e o quanto afetou eles negativamente. Acrescentou
que ainda existe psicólogos que realizam práticas extremamente antiéticas e oferecem
tratamento de reversão sexual, sendo que estes não existem e pelo contrário, causa mais
danos para a saúde mental e física destas pessoas e que os psicólogos são responsáveis
pela saúde mental dos sujeitos. No mesmo sentido, apresentou uma notícia de
preconceito nos dias atuais, um projeto de lei para os LGBT`S não estejam mais
vinculados na mídia (leu a notícia), e acrescentou que em certas vezes vem evoluindo,
mas em outras vivenciamos esse tipo de retrocesso, que o preconceito sustenta a
violência. Uma fonte de dados que a palestrante mais gosta de utilizar é Gay da Bahia
(ONG), eles laçam todos anos um relatório apresentando os números relativos as
situações de mortes violentas contra a população LGBT nosso país. Falou sobre o dique
100 (direitos humanos), ouvidoria que funciona de nível nacional, recebem denúncias
(grupos de minoria e vulneráveis) e encaminham estas notificações para os órgãos de
proteção de cada município, buscam informações para agir na situação denunciada. A
saúde mental da população LGBT. Então o sujeito é homossexual e por isso ele tem
problema de saúde mental? Não, é o preconceito e violência que causa isso. Esta
população tem sofrido muito, pois vários locais eles não têm seus direitos garantidos e
com isso, causando maior prevalência de transtornos de humor, maior prevalência de
transtornos a desregulação emocional, maior prevalência de transtornos por abuso de
substâncias. Estresse da minoria. Teoria desenvolvida a partir de teorias psicológicas e
sociais, o preconceito contra a diversidade sexual gera estresse e pode levar a graves
consequências para a saúde mental. Aqui o autor Mayer defende esta teoria e traz como
hipótese tinha e que balizou o modelo que ele construiu e que depois foi sustentado
empiricamente, que o preconceito contra diversidade sexual gera estresse e pode levar a
graves consequências da saúde mental. A palestrante apresentou alguns prints de artigos
para quem quiser estudar mais sobre. A aluna P. acrescentou um comentário sobre o
preconceito na infância? Se existe algum estudo que a criança já nasce com o
homossexualismo ou desenvolve depois? Ou se há influência? Resposta pela palestrante
que existe muita divergência na área da psicologia, importante levar em consideração,
são estudos estão avançando, mas que o seu ponto de vista é que conversando com as
suas colegas de faculdade se deram conta do quanto o modo geral o tema da sexualidade
na infância é pouco discutido, que existe um tabu muito grande referente a isso. Mas
que no seu pensar, haveria aspectos biológicos e sociais. Ressaltou que nas entrevistas
realizadas algo que apareceu muito forte que na infância principalmente eles não tinham
clareza de sua orientação sexual, mas percebiam que tinham certos comportamentos e
que na questão de expressão de gênero que de certa forma quebrava com aquilo que era
esperado para gênero que foi designado para ele que era o masculino e que esses
meninos, na verdade gostavam de coisas diferentes, que se identificavam com coisas de
meninas. Acredita que orientação sexual e a identidade de gênero vão se desenvolvendo
e as pessoas reconhecendo no decorrer do seu desenvolvimento, uns mais cedo outros
mais tardes e aspectos biológicos e sociais interverem nesse processo. O que a história
tem para nos contar? Que as relações são muito antigas e sempre estiveram presentes e
que a visão negativa da homossexualidade nas culturas dominantes tem se manifestado
por meio de condenação moral, social e legal, apesar da conquista de direitos civis e do
aprofundamento do debate público, homossexuais continuam expostos a situações de
preconceitos e violência. A partir disso, todos tiveram mais liberdade para abordar e
discutir esses aspectos. A palestrante apresentou registros de imagens provando que
existe a homossexualidade antigamente (fotos de casais de homens e de casais de
mulheres), evidências de movimentos que ocorreram também naquela época. Ressaltou
Freud como outros acabaram alimentando muito essa questão de homossexualidade
como uma doença, tanto que nas duas primeiras edições do manual diagnostico e
estatístico de doenças mentais era considerado um transtorno de personalidade e,
posteriormente, um transtorno de identidade sexual. No entanto, nas décadas de 60 e 70
justamente por esses avanços sociais que aconteceram do papel dos ativistas, mas
também por conta da falta de evidências científicas que sustentassem essa ideia de
homossexualidade ser uma doença, então deixou de ser uma doença a partir de 1973.
Em 1990 a organização mundial da saúde retira a homossexualidade da lista de doenças
mentais do código internacional de doenças (CID). Já em 1999, no Brasil, o conselho
federal de psicologia proíbe o tratamento da homossexualidade. Nesse sentido o aspecto
ético é muito importante, pois estabelece normas para atuação dos psicólogos em
relação das orientações sexuais no país. Destacou dois tópicos, devem atuar e contribuir
para o desaparecimento do preconceito e da discriminação motivados pela orientação
sexual e não devem colaborar com eventos e serviços que proponham tratamento e cura
da homossexualidade. A psicoterapia cognitivo-comportamental afirmativa já tem
artigos e livros falando sobre isso, utiliza estratégias tradicionais e reconhecidas da
TCC, mas abarca competências que respeitam a diversidade sexual e de gênero, de
modo geral entende as especificidades e particularidades que a população LGBT
apresenta e os efeitos de estressores de minoria sobre a saúde mental, mas isso pode ser
aplicado em outros contextos públicos, mescla elementos cognitivos e comportamentais
clássicos com aspectos de regulação emocional. Passou alguns preceitos sobre. Na
sequência falou sobre os cuidados importantes nesse processo como saber diferenciar
orientação sexual e identidade de gênero, sempre se referir a pessoa pelo pronome que
escolheu para si, não perguntar sobre registro sem necessidade, validar relatos de
preconceitos e violência, evitar interpretar esses relatos como catastrofização ou outras
distorções cognitivas, não agir com base em estereótipos e perguntar de forma
respeitosa. A palestrante deixou algumas indicações de filmes e documentários para
assistir e as referências bibliográficas que orientou no desenvolvimento do seu trabalho.
A aluna P. perguntou sobre a associação de abusos na questão da homossexualidade?
Palestrante relatou que no decorrer da psicologia estudaram de maneira diferente sobre
isso, foi descrita em diferentes teorias, algumas fundamentados com dados empíricos.
Nos dias atuais muitos teóricos têm refutado que a uma relação direta sobre abusos
sexuais na homossexualidade, isso ainda é muito questionado para afirmar, mas que vai
ter artigos relacionando mas de forma indireta, vai além de pensar nessa percepção de
ligação entre eles, pois existe toda uma história/contexto, não é a causa para a
homossexualidade, pode acontecer de homossexuais ter um histórico de abuso sexual na
infância, mas não será o fator principal, é um fenômeno muito mais complexos e tem
outras variáveis que interferem neste processo. A aluna M. falou que leu em uma revista
sobre sinais encontrados no homem da caverna e que isso ocorre faz tempo na sociedade
e que um pastor conhecido, formado em psicologia, relata nas mídias a sua opinião que
é totalmente contrário do que a psicologia ensina. A palestrante concordou e disse ser
preocupante e muito atual, pois é uma figura pública. O que é passado para os alunos
que psicologia é uma ciência, os ensinamentos, as técnicas, conteúdos são baseadas em
evidências em estudos científicos métodos. Infelizmente alguns formados usam de
forma inapropriada as informações. A aluna C. acrescentou da importância da palestra
das colocações de termo, as construções de identidade, enfim relatos sobre a escola e a
família na vida das crianças, que presenciou na escola as filas dos meninos e das
meninas, enfim a classificação de gênero em si, que seria questão de poder, que até nos
dias atuais ainda é muito usado a classificação de homem e mulher dentro das
instituições. A palestrante concordou na questão da fala da aluna C, mas que as
mudanças estão acontecendo e que os sujeitos precisam continuar lutando nesse sentido.
A professora Ana Paula antes de finalizar, colaborou com os comentários positivos, que
na Faccat já acontece um espaço sobre essas questões para debates. A professora
Simone agradeceu a palestrante e as duas turmas que assistiram.

- Registro reflexivo:
Percebemos o quanto os homossexuais são discriminados na sociedade e até mesmo
pela própria família. O quanto os indivíduos utilizam de preconceitos e violências com
este os homossexuais, trazendo uma sobrecarga na vida desses sujeitos, onde acabam
desenvolvendo danos na saúde mental e física. Importante cada refletir sobre essa
realidade horrível que acontece na sociedade. É costumeiro as pessoas lançar
julgamentos para aqueles que não seguem “o padrão” que foi estipulado culturalmente.
Percebemos que isso vem impregnado este olhar negativo sobre sujeitos que fazem
outras escolhas, outras formas de viver na sociedade. Mas quando pensamos que existe
preconceito e violência por esta escolha, sendo que, está escolha não interfere em nada
na vida de cada um. Simplesmente, alguns ainda não entenderam que cada sujeito tem
liberdade de fazer suas escolhas e que devemos somente respeitar isso. Vem correndo
pequenas evoluções neste sentido, mas ainda temos muito o que ampliar no que se
refere a essas diversidades existentes na sociedade. Uma questão que pode ser analisada,
como forma de mudar essa cultura, ou seja, enriquecer os indivíduos que as
diversidades estão presentes no dia a dia, para assim diminuir essa discriminação que
nos rodeia de uma forma ou de outra, e deixar de fazer classificação sobre estereótipos.
Precisa desconstruir essa figura de “ sujeito perfeito”, empregar novas metodologias nas
escolas, conversar mais sobre essa diversidade, como a colega C. salientou que foi levar
suas filhas na escola e se chocou quando crianças tão pequenas fazendo filhas referentes
ao sexo designado pela sociedade. Uma grande oportunidade para repensarmos sobre
essas questões. Precisamos entender as peculiaridades do grupo LGBT, manter-se
atualizados é o primeiro passo, pois nos deparamos até mesmo profissionais de
psicologia praticando atos antiéticos quando se refere a este grupo. A falta de
conhecimento faz com que esses sejam marginalizados e desprezados na sociedade.
Constatamos que as intervenções adequadas são muito importantes para essas pessoas
não se sentirem diferentes das outras e os psicólogos tem muito como auxiliá-los na
questão de saúde mental (psicológica) para amenizar estes sofrimentos vivenciados.

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