Discente: Kaliana Barbosa Rocha Componente Curricular: Fundamentos dos Processos de Ensino - Étnico Raciais Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnicas da Universidade Federal da Bahia do Sul (PPGER/UFSB)
SANTANA, Fernanda Xavier Silva; SOUZA, Marcos Lopes de. “Você
agora me pegou mesmo!: as dificuldades de uma equipe gestora em falar sobre gênero e sexualidade”. In.: EUGÊNIO, Benedito Gonçalves; SANTANA, José Valdir Jesus de; FERREIRA, Maria de Fátima de Andrade. Etnicidades, gênero e educação: olhares plurais. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2022, p. 143-162.
Resumo:
Este capítulo o é um fragmento de uma pesquisa de dissertação de
mestrado que objetivou analisar os discursos de uma equipe geste relação às questões de gênero e sexualidade na escola. A questão norteadora foi: Quais os discursos sobre gênero e sexualidade a gestão escolar está potencializando e quais está refutando? Como base teórica e metodológica, a pesquisa dialoga com a perspectiva pós-crítica, apoiada nos estudos e teorizações foucaultianas, no intuito de «montar, desmontar e remontar o já dito», pois, a educação na contemporaneidade, nos exige novos olhares, novas reflexões, novas investigações, rupturas, e, «isso tudo porque estamos preocupados com o ‘aqui’ e ‘agora’, com o nosso tempo presente, e porque queremos produzir outros sentidos para a educação e o currículo» . Desta forma, pensar o presente implica dizer a transformação e des de estruturas que impõem regras, normas e discriminações que vão contra o reconhecimento das diferenças e os direitos humanos. Para isso, precisamos remexer o passado e vislumbrar o futuro O estudo foi qualitativo e ocorreu em escolas públicas do interior da Bahia, com população de aproximadamente 80 mil habitantes e localizadas na região centro-norte do estado. A escola tem cerca de 900 alunos de 15 a 18 anos de famílias de classe média baixa. A equipe gestora da escola (diretora, dois vice-diretores e coordenadora educacional) participa deste estudo. Porém, não haverá discurso do diretor nesta obra. As participantes aparecem no texto sob pseudônimos escolhidos pela administradora: Bruna Carvalho, Maria e Dejanira Rosa. Para gerar dados empíricos, realizamos entrevistas semiestruturadas gravadas em formato de áudio. A razão pela qual esta escola foi escolhida é porque existe um discurso na sociedade sobre estar “na moda” e ter muitos gays e lésbicas, e a escola estão a permitir que esta população aja como se isso não fosse normal. É por isso que atraiu a nossa atenção porque, não muito tempo atrás, os homossexuais eram diretamente excluídos ou excluídos das escolas, o que significava que eram imediatamente controlados e restringidos e, portanto, não tinham a oportunidade de expressar e vivenciar a homossexualidade com calma.
Resenha
A sexualidade, inicialmente, ainda causa grandes desconfortos, seja em
nosso lar ou na escola. Apesar de tantos desconfortos em se abordar os conceitos de gênero, as pessoas ainda não sabem distinguir o que é o gênero e a sexualidade, apesar de estarem intimamente ligadas, porem existem diferenças entre elas. Há um progresso significativo nas questões de gênero dentro da instituição de ensino, porém é imprescindível existirem especialistas capacitados que possam auxiliá-los na administração escolar, demonstrando interesse em aprender e lidar com diversas situações. O capítulo se refere a uma entrevista em uma escola de referência que acolhem gays e lésbicas em uma cidade específica. A instituição é considerada moderna e abraçava as causas do homossexualismo de maneira mais natural. Durante a pesquisa, o autor percebeu uma grande empatia por parte da gestão, mas, na entrevista, os gestores estavam perdidos, quando foi questionando sobre os conceitos de gênero e sexualidade. Não houve uma resposta concreta, mas a escola tem uma grande referência de que acolhe alunos que não podem expressar os seus sentimentos e vivenciar a homossexualidade de forma mais aberta. Essa abertura da escola que acolhem com os alunos foi um ponto alto, apesar de haver uma necessidade de mudanças em termos de informações. Durante a minha leitura, me vi em algumas situações na minha escola onde trabalho, aqui as coisas são bem naturais, mais percebo que os pais ainda tem uma certa restrição quando percebe que seu filho ou filha agem de forma diferente, uns não aceitam outros fecham os olhos, e alguns alunos vão, embora, outros se fecham. Nos professores queremos ajudar de alguma forma, porem não estamos devidamente preparados, então nessa escola eu me vi dentro dela, acolhedores, empáticos, porem despreparados. Os professores entrevistados se sentiram insatisfeitos ao serem questionados sobre a dificuldade em distinguir as duas palavras. Eles se sentiram decepcionados consigo mesmos, embora não tenham culpa, pois tudo está se movendo rapidamente. Antes, os métodos de formação dos professores eram diferentes dos atuais. É necessário implementar cursos para os professores mais experientes, a fim de garantir uma assistência eficiente aos seus alunos. Dejanira, uma das entrevistadas, mencionou que desde a infância, aprendemos desde o primário que existe o gênero masculino e feminino. Ela nos conta como aprendemos desde cedo a ser homens ou mulheres e que não existem outros gêneros que, na verdade, estavam escondidos dentro das próprias crianças, impedindo-as de expressar seu verdadeiro eu. Quando um corpo de ensino, na verdade, não dá atenção a certas ocasiões, especialmente quando crianças não se sentem à vontade para fazer coisas que os meninos fazem ou vice-versa, isso pode causar muitos traumas para a criança. No caso da criança que não queria carrinhos, mas sim coração, eu penso que ela ficou muito triste. É necessário compreender as falas das professoras, que se sentiu angustiadas, constrangidas por não saber responder as perguntas da forma correta, pois elas viveram em outros tempos, onde só existiam dois gêneros, o masculino e o feminino. Onde o feminino está associado fragilidade e o masculino algo robusto, dominante. Ao ler um trecho em que se diz que uma pessoa hétero esta associada ao homem, e a homossexualismo está associada os homens feminizados, e que esta difícil encontrar homens héteros, que na verdade esses homens estavam escondidos, e que de algumas forma eles se libertaram dessa suposta prisão que era a sua sexualidade. Outra fala é o caso da experimentação, acredito que essa tal experimentação está associada ao desejo em outra pessoa, envolvendo a atração física ou sentimento. Além dos homens gays, há também mulheres que sofrem tanto quanto os homens. Muitos pensam que as mulheres lésbicas estariam imitando os homens e outras mulheres ficam com outras mulheres porque sentem carência. Eu acredito que há vontade e desejo de se envolver com outra mulher, e não por carência. Sim, as mulheres lésbicas sofrem discriminação todos os dias, pois os supostos machos acham que essas mulheres estariam competindo com eles, ou até mesmo achando que deveriam ficar com eles, deixando de ser lésbicas. É crucial desenvolver um projeto que aborde a sexualidade e o gênero dentro da escola, apesar de existirem escolas acolhedoras, e respeitam os alunos. É necessário elaborar um projeto que envolva todos os alunos, pais, mães e familiares, visando a conscientização do amor e respeito ao próximo.