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PLANO DE AULA
1. Conteúdo
As mulheres na França do século XIX.
2. Eixo Problemático
Abordar a mulher na França do século XIX, para pensarmos dentro da linha feminista dos estudos
históricos, a importância do papel feminino.
3. Justificativa
As mulheres em todos os setores da sociedade são indispensáveis. Elas tiveram papéis de destaque apagados por
muitos séculos. Mas, foi através de lutas que consolidaram suas conquistas perante a sociedade. Destacando-se nas
indústrias, na vida doméstica e na sua participação dinâmica na sociedade.
Por conseguinte, é importante o estudo desse tema, para que se possa ressaltar o quanto a mulher passou por
silenciamentos durante a história. Para que se possa evidenciar que foi através de lutas que conseguiram soberania e
conquistar espaços jamais adentrados antes, por conta de uma sociedade excludente, machista e patriarcal, que ainda
se repetia no século XIX. Os feitos históricos dessas agentes da história deixou heranças importantes não só para o
seu gênero, nas sociedades posteriores. Como o forte desejo de se manterem emancipadas, e a constante busca por
igualdade e respeito sempre.
4. Objetivos
GERAL: Compreender as lutas e conquistas das mulheres no século XIX na indústria têxtil, sua dedicação
quase exclusiva aos “trabalhos domésticos” e, a sua participação ativa na sociedade.
ESPECÍFICOS:
● Abordar a exclusão das mulheres da História, os discursos e as imagens construídas sob o corpo
feminino;
● Entender os poderes das mulheres: o bom uso do salário e o direito do povo ao pão de cada dia;
●
● Analisar o papel da mulher no espaço doméstico, assim como, a mudança comportamental
feminino na cidade de Paris, durante o século XIX;
● Evidenciar alguns acerca da resistência das mulheres, as tentivas de silenciar elas e sobre a
pratica feminista e sindicalista;
● Expor a mulher no ambiente urbano do século XIX;
● Discorrer os espaços femininos no ambiente urbano do século XIX;
5. Metodologia
3.1. Estratégias de Ensino
● Aula expositiva
6. Roteiro da aula
1.2 A dona de casa e seus poderes/A dona de casa, tição do subúrbio (Danielson)
▪ Diferente da “caseira” (rural) e da “senhora de casa” (burguesa), a dona de casa é, na cidade do século XIX, uma
mulher importante e relativamente nova. Na sociedade dita tradicional, a família é uma empresa e todos os seus
membros concorrem juntos, à medida de cada um, para a sua prosperidade;
▪ Os trabalhos domésticos não são apanágio exclusivo das mulheres, e os homens podem ajudar; por exemplo, a
preparação de certos alimentos fica a cargo deles. A indústria têxtil em domicílio teria aumentado essa fluidez:
testemunhos e imagens mostram-nos trocas de papel, o homem a cozinhar ou varrer, a mulher a acabar a sua peça, o
chefe da casa é o homem. O “dono de casa” – termo aparece no século XVI – designa o chefe dessa empresa que é o
espaço doméstico;
▪ As mulheres não têm acesso ao dinheiro, a não ser pelos serviços miúdos que sempre se esforça em fazer caber
dentro dos interstícios de tempo que lhe deixa a família: atividades comerciais – venda em bancas ou cestos, à moda
camponesa, que persiste apesar de todas as regulamentações, que exigem cada vez mais alvarás e autorizações –,
mas ainda mais horas de faxina para fora, lavagem de roupas, trabalhos de costura, tomar conta de crianças, recados
e entregas domésticas; a entregadora de pão, figura familiar, é quase sempre uma mulher casada. A administração do
salário é, sem dúvida, uma difícil conquista das mulheres, resultado de uma luta cheia de ciladas, onde o patronato,
cioso em favorecer um “bom” uso do salário;
▪ Em caso de preços excessivos, elas se revoltam. Os motins por alimentos, grande forma de motim popular ainda no
século XIX. Sua vigilância se exerce nos mercados, grande local das mulheres. Aí fiscalizam permanentemente as
qualidades e quantidades, a regularidade dos abastecimentos e o nível dos preços.
▪ Durante os sérios motins de 1817, várias dezenas de famílias foram condenadas, à prisão, aos trabalhos forçados e
até à morte. Nesses motins, as mulheres intervêm coletivamente. Nunca armadas, é com o corpo que elas lutam,
rosto descoberto, mãos à frente, procurando rasgar as roupas, suprema destruição para essas costureiras, aferrando-se
às insígnias da autoridade. Mas usam principalmente a voz: suas “vociferações” levantam multidões famintas.
Quando lançam projéteis, são artigos do mercado ou pedras com que enchem os aventais, caso extremo.
Normalmente, não destroem nem saqueiam, preferindo a venda a preço taxado. Evitando roubar, reclamam apenas o
“justo preço”, elas encarnam o direito do povo ao pão de cada dia.
1.4 A dona de casa no espaço da cidade/A dona de casa, guardiã do subúrbio (Tamires)
▪ Ainda no final do século XIX, o novo espaço que a mulher irá ocupar não é “o interior” da casa, que para
elas ainda não existe, mas o exterior, ou seja, as ruas;
▪ É longa a lista dos lugares onde uma mulher “honesta” não poderia se mostrar sem manchar a sua
reputação, ela será escrava mesmo dentro da sua própria casa;
▪ Ao longo dos anos com o maior peso dos deveres maternos, o tempo das donas de casa nas ruas vai
diminuindo e assim essas ocasiões vão se convertendo em itinerários mais rígidos, que vão ser
direcionados a ida às lojas, pelos horários da escola e da fábrica. Sob essa perspectiva, surge um novo local
de grande importância para o espaço ocupado pela mulher, o lavadouro. Nesse sentido, eles serão muito
mais do que um lugar funcional onde se lava a roupa, mas serão também uma sociedade aberta de
assistência mútua. Então, depois de 1880, cria-se uma verdadeira indústria de lavanderias, com grandes
instalações modernas para a lavagem a vapor, onde o trabalho é concentrado, dividido, ordenado,
hierarquizado, com um pessoal reduzido e masculinizado. A partir desse momento os homens controlam as
máquinas e as mulheres conservam os serviços manuais subordinados;
▪ Outra coisa interessante é que para escrever a história popular da Revolução Francesa, Michelet interrogava as
mulheres. Nesse sentido, o texto explica que as lembranças da escravidão, abolida apenas em 1888, persistem entre
o povo brasileiro através das velhas avós.
Resistência do imaginário/Calar as mulheres/ Práticas femininas e sindicalismo (José Tony)
▪ A apresentação aborda a resistência do imaginário feminino e como a sociedade enfrentou isso ao longo do tempo.
▪ Desde os primórdios da civilização, houve tentativas de calar as mulheres e civilizá-las, ensinando-as a ler e
adaptando-as à ciência e à razão para colonizar seu imaginário.
▪ A resistência do imaginário feminino se mostrou forte e as mulheres se recusaram a se deixar dominar, mesmo
com tentativas de colonização bem-sucedidas como o Petit Journal.
▪ A resistência feminina foi vista como perigosa e levou à separação dos sexos na cidade, redução de espaços mistos,
exclusão das mulheres em pubs e trade-unions e exigência de solicitação por escrito para as mulheres falarem em
reuniões sindicais.
▪ O papel das mulheres operárias no sindicalismo no início do século XX.
▪ Organização das "Ligas de Donas de Casa" para obter melhores condições de vida.
▪ Desconfiança e medo da maioria do sindicalismo em relação à atuação das mulheres.
▪ Proposta de educação da dona de casa para melhor utilização do orçamento e higiene alimentar defendida no
congresso da CGT.
▪ Visão patriarcal e machista do movimento operário sobre a atuação das mulheres na luta sindical.
7. Avaliação
Participação dos alunos na aula.
Referências Bibliográficas
PERROT, Michelle, 1928- Os excluídos da história [recurso eletrônico]: operários, mulheres e prisioneiros /
Michelle Perrot. in: A Mulher Popular Rebelde e A dona de casa no espaço parisiense no século XIX. Seleção de
textos e introdução Maria Stella Martins Bresciani; tradução Denise Bottmann. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2017.
O Guia da Boa Esposa de 1955 (interessante vem ler!). Fórum Antes do casamento, 2018. Disponível:
https://comunidade.casamentos.com.br/forum/o-guia-da-boa-esposa-de-1955-interessante-vem-ler--t422060.
Acesso: 07 de maio de 2023.