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ROTEIRO TCC

APRESENTAÇÃO E SESSÕES – 1º E 2º SLIDES

Boa tarde amigos, familiares que ora prestigiam a minha apresentação que é
um momento também de aprendizado. Meu nome é Rayssa Myllena e gostaria
de cumprimentar cordialmente as professoras constituintes da minha banca
examinadora, nas pessoas da profª Maria José Nelo, profª Vanda Maria e
minha orientadora professora Venuzia Maria Gonçalves. Sejam todos bem-
vindos!
O tema do meu trabalho é A Personagem Macabéa e o Retrato Social da
Mulher em A hora da estrela de Clarice Lispector. Estas são as sessões que
serão explanadas durante a apresentação do meu trabalho, que partiu da
seguinte problemática: A hora da estrela é uma crítica à sociedade pelas
repressões e estereótipos que as mulheres sofreram ao longo do tempo, as
quais também dificultaram a expansão dos seus horizontes? Pois além de fazer
uma abordagem social, partindo da personagem Macabéa mostrando as
mazelas sociais que a envolviam, far-se-á um panorama sobre a história da
mulher explanando as opressões e estereótipos que as acompanharam
durante muito tempo.

INTRODUÇÃO - 4º SLIDE

Tendo em vista que A hora da estrela foi publicada em 1977, Clarice Lispector
rompe com um padrão preestabelecido, em que somente as burguesas,
mulheres da alta e média sociedade ganhavam destaque nas artes, e
consequentemente, na literatura. A autora rompe com esse padrão, tornando
protagonista de sua obra prima, uma jovem migrante do sertão nordestino, que
vivia numa cidade toda feita contra ela, como afirma o narrador, com
dificuldades que a atingiam nas relações sociais e até mesmo na sua própria
identidade como mulher.
JUSTIFICATIVA - 5º SLIDE

Após leitura da obra, inicialmente despretensiosa, observou-se a temática


latente na narrativa, assim, a pesquisa justificou-se pela necessidade de
conhecer a historiografia feminina, uma vez que essa história foi alvo de
destruições de memórias e também de perceber na protagonista de A hora da
estrela o retrato de mulheres brasileiras.
OBJETIVOS – 6º E 7º SLIDES

Desse modo, o objetivo geral foi analisar a representação da mulher na obra,


considerando os aspectos históricos e sociais. Junto a isso, objetivou-se
investigar a figura social da mulher por meio da personagem Macabéa;
Apresentar a historiografia feminina e comprovar a presença de estereótipos na
narrativa, descrevendo os panoramas sociais relativos à mulher.
METODOLOGIA – 8º SLIDE

Foi realizada então uma pesquisa de revisão bibliográfica e qualitativa para


construir o aporte teórico, seguido de leitura analítica do material selecionado,
preservando as partes essenciais para a redação.
HIPÓTESE – 9º SLIDE

Elegeu-se como hipótese que a narrativa possibilita o conhecimento histórico


do sujeito feminino, e que a personagem principal é uma representação da
identidade de mulheres brasileiras que vivem à margem da sociedade. Além de
que os horizontes femininos não se expandiram devido à repressão e
preconceitos enfrentados ao longo do tempo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - 10º SLIDE

Elegeu-se como aporte teórico as contribuições da historiadora Michelle Perrot


que na sua obra Minha história das mulheres relata que uma das razões para
se ter poucas autobiografias femininas são as fontes silenciadas, pois muitos
feitos das pioneiras de movimentos marcantes nem foram registrados, pois a
própria mulher achava que era irrelevante, reflexo do sistema patriarcal que as
oprimia. São vestígios ausentes nos materiais impressos e também nas
bibliotecas, os quais seriam fundamentais para que suas vozes fossem
ouvidas. A historiadora salienta a importância de “abrir não somente os livros
que falam delas, mas também aqueles que elas escreveram, e transpor, com
elas, os obstáculos que, durante tanto tempo, impediram seu acesso à escrita”.
Progressivamente as mulheres foram se inserindo principalmente na literatura,
imprensa, e ganharam influência e representatividade nos espaços que por
séculos foram dominados pelo público masculino.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – 11º SLIDE

Só então as atenções foram direcionadas para as mulheres, pois ninguém mais


interessado na sua história do que elas mesmas. Para outras, que o acesso à
educação superior seria praticamente impossível, mesmo sobrecarregadas
com os cuidados da casa, dos filhos e com o trabalho externo, se inquietaram
sobre as injustiças que as cercavam, o que as fez reconhecerem-se
merecedoras de direitos iguais, pelos quais passaram a lutar.
Alguns países europeus tiveram consideráveis avanços. No Brasil, por
exemplo, as histórias marcadas pela opressão, começaram a ser narradas no
início da década de 1980, uma vez que as mulheres já não aceitavam mais
viver sob o sistema que as oprimiam em seus anseios e, principalmente, nas
suas identidades.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – 12º SLIDE

As contribuições de Mary Del Priore também foram relevantes para esta


análise, uma vez que a autora enfatiza que durante muito tempo, somente
grandes decisões políticas eram consideradas dignas de interesse para a
história. Só a partir de 1960, juntamente com camponeses, escravos, foi que as
mulheres também tiveram suas histórias registradas.
No trabalho por exemplo, nas primeiras décadas do século XX, no Brasil,
grande parte do proletariado é constituído por mulheres e são vários os artigos
da imprensa operária que denunciam as investidas sexuais de patrões sobre as
trabalhadoras. As menos favorecidas que residiam nas cidades, trabalhavam
como empregadas domésticas, fato que ainda é comum na
contemporaneidade, além de lavanderias, cozinhas, entre outros setores, que
para a sociedade, eram considerados profissões subalternas. Dependendo
também do nível de escolaridade algumas tinham oportunidades de trabalhar
em escolas ou escritórios. As que faziam parte das classes média e alta,
tinham possiblidade de estudar medicina, jornalismo, engenharia, dentre
outras.
Independentemente da classe social que a mulher fizesse parte, ela enfrentava
diversos obstáculos pelo caminho, tanto pelas questões salariais,
extremamente inferiores às dos homens, quanto pelo assédio sexual constante,
abusos de autoridade e desvalorização por conta da desqualificação
profissional. Não por serem incapazes, mas por esses acessos terem chegado
tardiamente na vida das mulheres, e só se tornaram possíveis com o passar
dos anos. Mesmo com as possibilidades limitadas, elas buscavam nas esferas
mais baixas, um espaço no mercado de trabalho, rejeitando os estereótipos de
que eram frágeis e incapazes para assumirem tais funções.

Era indispensável que conseguissem conciliar o trabalho externo, os cuidados


da casa, educação dos filhos e serem boas esposas, logrando êxito em cada
uma dessas atividades, para não dar margens aos pensamentos de que a
mulher não tinha capacidade de assumir o trabalho externo e deveria ficar
restrita as atividades do lar. Percebendo-se que mesmo sobrecarregadas, as
mulheres desenvolviam suas funções com responsabilidade e zelo, foram
necessárias mudanças acerca de suas condições no âmbito social e do
trabalho. O crescimento das grandes cidades também trouxe consigo novas
possibilidades de ascensão para as mulheres, mas como era previsível, a
resistência da sociedade conservadora também as acompanharam nesse
processo. Contudo, pouco a pouco as solicitações das mulheres foram
atendidas, como por exemplo a ampliação do tempo da licença maternidade,
limites diferentes de idade para a aposentadoria dos homens e mulheres; é
reconhecido o direito de chefe de família também à mulher. Percebe-se que em
todas as esferas, “as mulheres reivindicam direitos e não favores, segundo
ressalta Del Priore.

Notou-se considerável avanço também no setor político, no Brasil, a exemplo


dos cargos estratégicos, foi possível perceber um progresso significativo
quanto a participação feminina, pois segundo dados atuais do Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Governo Federal, nas últimas
eleições municipais, as mulheres ocuparam 658 dos cargos eleitos para
prefeituras, contra 641 no ano de 2016. É um avanço tímido, mas considerável,
tendo em vista que até o direito ao voto lhes era negado, que foi conquistado
ante as muitas reinvindicações. Ainda assim, quando uma mulher conseguia
chegar a um cargo de representação, sofria discriminação e preconceito pela
sociedade, que se sentiam desvalorizados por serem representados por uma
mulher.

No campo esportivo, foi outro setor que o público feminino sofreu


repressões, uma vez que a prática esportiva no Brasil foi negada por decreto
que só foi revogado no ano de 1979 e as brasileiras puderam iniciar as práticas
esportivas, e, consequentemente, participar dos jogos de competição,
aumentando progressivamente suas participações em cada uma das
modalidades. A até mesmo pelo historiador francês Pierre de Coubertin, a
quem se atribui a criação dos Jogos Olímpicos da era moderna. Numa ocasião
em que foi questionado sobre a participação feminina na primeira edição do
evento, mencionou que: “Uma Olimpíada com mulheres seria impraticável,
desinteressante, inestética e imprópria”. Com o passar do tempo, as mulheres
mostraram que não somente eram capazes de representar seus países com
habilidade e competência, mas de romper as barreiras do preconceito que lhes
foram impostas. Tanto que oram notáveis consideráveis avanços com o passar
dos anos, pois, segundo dados recentes da revista Veja, na última Olimpíada
ocorrida em Tóquio, 46,5% da delegação nacional era feminina.

Além do setor esportivo, um longo percurso ainda precisava ser


percorrido também no âmbito educacional, salienta-se que a educação social e
intelectual das mulheres desde a primeira idade, foi e continua sendo
fundamental. É relevante orientá-las sobre como ser uma esposa, uma boa
mãe para as que futuramente desejam, mas além disso, instruí-las ao
reconhecimento do que lhes cabe, para serem úteis e ativas na sociedade, sem
abrir mão dos direitos alcançados e continuar lutando pelos que ainda não
foram.

É verdade que o preconceito ainda as acompanhava, como ainda é


perceptível na sociedade contemporânea, mas depois de muitos percalços,
dispunham de um pouco de liberdade para fazerem suas próprias escolhas,
uma vez que com o crescimento das grandes cidades e a seca principalmente
no Nordeste muitas famílias migravam para o sul do Brasil em busca de outras
possibilidades. Uma vez que eram pobres ocupavam quartos coletivos e viviam
em precárias condições de saúde e qualidade de vida, a exemplo da
protagonista da obra objeto desta análise, e de outras mulheres que ganham
destaque na narrativa, sobre as quais também falaremos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – 13º SLIDE


A história de Macabéa é de uma “inocência pisada”, como a própria
Clarice Lispector designou na sua última entrevista no ano de 1977 para a TV
Cultura. Macabéa era resignada até em sua postura, andava com os ombros
curvados e o olhar voltado para o chão, independentemente do contexto que
ela se apresente. Percebendo as características de Macabéa, o leitor passa a
perceber que essas personagens existem além dos livros, visto que a narrativa
escancara a realidade histórica do Brasil, com destaque para as diferenças de
classes, acesso à cultura, escolaridade e desigualdade de gênero. A
protagonista é uma representação dos proletariados da sociedade, da
doméstica, da comerciária, daqueles funcionários que estão sempre a serviço.

Várias são as nuances que envolvem o sujeito feminino e são mostrados no


romance, que apesar de ser escrito na década de 70, mantem-se atual, pois as
problemáticas que abordadas com sutileza, ainda estão presentes em nossa
sociedade. Dentre todas as mulheres, Macabéa era a mais relegada a
invisibilidade e desprezo social, visto que sua pobreza era tanto financeira
quanto intelectual.
As Marias, por exemplo, que eram 4 e dividiam o quartinho com Macabéa, o
narrador se refere a elas como “as cansadas”, pois trabalhavam muito como
atendentes e só tinham o essencial para sobreviver no Rio de Janeiro.
Glória que era carioca além do próprio destaque da sua personalidade é o
retrato das mulheres que buscavam no casamento uma maneira de serem
vistas na sociedade e, por conseguinte, poupar seu constrangimento por já ter
idade avançada para casar, pois, dentre tantas questões, até nesse quesito
dependiam da figura masculina. Ela possuía um certo grau de inteligência,
fazia seu trabalho com excelência e sabia se portar na sociedade, além de ser
elegante e sedutora. Se destacava na datilografia, os documentos mais
importantes eram redigidos por ela.
Madama Carlota, a que não se sujeitava e não aceitava os padrões sociais
que lhe impunham, representa as que buscaram independência por seus
próprios meios, ainda que a consequência disso fosse sua vulgarização social.
Já tinha conquistado sua independência financeira desde quando trabalhava
como prostituta e continuava em busca do seu sustento com orgulho do que
fora e do que se tornou. Contrastando com as características das citadas,
Macabéa representa a inutilidade do ser, que não fazia diferença e não
contribuía na sociedade. Assim, se o indivíduo não colabora para o
crescimento do Brasil capitalista, de nada valeria sua existência.

RESULTADOS – 14º SLIDE

Considerando as observações dos autores, percebe-se que o contexto histórico


do Brasil teve influência direta na construção da narrativa de Clarice Lispector,
pois quando o narrador menciona que Macabéa morava na parte suburbana da
cidade, dividindo um quartinho com várias amigas com apenas o essencial
para viver, fica explícito o retrato dos imigrantes nordestinos que foram para o
Rio de Janeiro e São Paulo em busca de melhores condições de vida, entre
eles estavam as mulheres, para as quais a inserção no mercado de trabalho
era ainda mais complexa, apesar de serem mais comprometidas, elas eram
obrigadas a aceitar funções com remunerações inferiores, condições
subalternas e serem relegadas ao silêncio e a invisibilidade.

RESULTADOS – 15º SLIDE

Evidenciou-se os aspectos da historiografia feminina que atravessam a


narrativa, comprovando que sim, muitos dos seus horizontes não foram
alcançados devido a repressão, preconceito e invisibilidade a que foram
relegadas ao longo do tempo. Os quais ainda se refletem na vida profissional,
social e em suas identidades. Macabéa é o retrato dessas mulheres, imersas
nas desigualdades de gênero, sem instrução, que nem ao menos conhecem
seus direitos. Ela representa as sozinhas no mundo, o que as torna vítimas dos
mais variados tipos de violências, e que assim como ela, morrem sem
esperança ou expectativas para o futuro.

RESULTADOS – 16º SLIDE

Percebe-se que a narrativa não é ingênua, visto que toda escrita pressupõe um
receptor, e o leitor se sente representado pela protagonista em vários
momentos. Seja pelos direitos humanos não assistidos, pelo precário acesso à
educação, ou mesmo pela posição social desfavorecida em relação aos outros
personagens. No que diz respeito à mulher, a auto identificação ocorre de
forma bem mais intensa, uma vez que além de todos os problemas sociais, a
jovem representa os anseios femininos e o corpo subjugado pela falta de
padrões estéticos e intelectuais nos quais ela não se encaixava. Para muitas
faltava o essencial, que não está relacionado unicamente a coisas materiais,
mas sim à instrução e conhecimento de direitos que muitas vezes não são
exigidos simplesmente pelo não saber, bem como a necessidade de ver a
felicidade na simplicidade e no pouco, pela ótica de Macabéa.

No caso de Macabéa, só no final da obra praticamente é que ela vai perceber


sua condição na sociedade, depois das revelações de Madama Carlota. É
comum que nas obras de Clarice as personagens femininas passarem por esse
processo de descoberta, uma espécie de epifania, pois além da autora abordar
sobre a condição social, ela enfatiza o interior e o que tais personagens são em
sua essência. Em A hora da estrela não é diferente, essa descoberta ocorre
quando a cartomante revela a Macabéa que ela era uma menina muito sofrida,
o que causa surpresa na jovem que até então achava que era feliz, uma vez
que “encontrar-se consigo própria era um bem que ela até então não conhecia.
” (p. 72).

RESULTADOS – 17º SLIDE

Alguns trechos da obra comprovam claramente o machismo do qual a


protagonista era vítima.
Dentre tantas mulheres que a autora representou em suas obras, enfatiza-se
que Macabéa é uma personagem inédita, diferente das que tinham estabilidade
financeira, de classe média, que buscavam sentido para a vida e refletiam
sobre suas condições no mundo. Macabéa é o retrato de migrantes nordestinos
que aceitavam trabalhar em condições precárias e com salários inferiores.
Assim como as Marias, colegas de quarto, Macabéa era anônima, invisível, e
aceitava aquela função mal remunerada porque condizia com sua posição
social, sua falta de profissionalismo e grau educacional, além da sua
incapacidade de se comunicar. Suas existências por si só não bastavam,
precisavam contribuir com algo para a sociedade capitalista a qual estavam
inseridas.
Macabéa era ingênua sobre sua condição e aceita sem questionar, apenas
com um pedido de desculpas quando seu patrão diz que iria demiti-la. a
nordestina representa não somente as mulheres, mas cidadãos que
desconhecem questões políticas e também econômicas, essenciais para se
viver em sociedade. Essa ocorrência traz a memória o nordestino e também
sertanejo Fabiano, personagem da obra Vidas Secas (1938) de Graciliano
Ramos, que era enganado na hora de receber seu pagamento e não reclamava
para seus patrões com receio de ser expulso da fazenda que trabalhava.
Realidade muito presente no século XX e também na atualidade.
Outra “possibilidade” de trabalho para as moças migrantes e até mesmo para
as das regiões mais pobres das grandes cidades, era buscar subterfúgios na
prostituição para muitas vezes levar um pouco de dinheiro para casa ou até
mesmo vendiam-se por um prato de comida, como observa-se no recorte da
narrativa: “sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca
de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela”. (p. 49). Por outro
lado, as que não tinham “corpo para vender” (p. 49), casos análogos ao da
nordestina, precisavam se submeter a profissões subalternas em busca de
sobrevivência. Portanto, é incontestável que a história da protagonista faz
paralelos com os dias atuais, e uma vez que no âmbito do trabalho a
desigualdade de gênero e salarial ainda são recorrentes, a protagonista
representou explicitamente como as nordestinas e mulheres das classes mais
baixas eram tratadas nesse contexto.
Falas essas que a reduzia à insignificância e ofendia até mesmo sua dignidade
como mulher. Mas a protagonista vivia apática, sem reação e não reclamava
das ofensas que sofria. Na realidade, estava acostumada a elas, simplesmente
pensava que Olímpico tinha razão quando a diminuía e que esse tratamento
era normal.
O desfecho da narrativa rompe com as expectativas do leitor sobre o fim
da protagonista, pois seria comum que depois de tanto sofrer, ela tivesse um
final feliz. Conjectura-se que esse final esperado não ocorre pelo falo de A hora
da estrela ser uma crítica à realidade das mulheres que levam uma vida sofrida
e nem no final têm possibilidade de felicidade, como se seus destinos já
estivessem definidos, morrem esquecidas, assim como Macabéa.

O momento da sua morte foi o ponto alto de sua existência, e semelhante ao


que acontece com a personagem do conto A partida do trem, também de
Clarice Lispector, é como se as protagonistas em ambas narrativas não
estivessem à altura do ato de morrer, pois nunca lhe aconteceram nada de
extraordinário até o momento da morte que viesse se igualar a esse
acontecimento. O escrito chama a atenção também para a sociedade
individualista, enfatizando que o ser humano só é visto quando morre
tragicamente, a exemplo do que aconteceu com Macabéa. Antes do seu fim
trágico, a jovem nordestina já havia “morrido em vida”, a própria sociedade
reprimiu sua existência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - 18º SLIDE (posso ler na integra)

O narrador transfere a responsabilidade de identificar e cuidar das


Macabéas espalhadas pelas cidades. Ou seja, cada ser humano que vive em
sociedade, deve ser responsável por identificar as Macabéas que vivem pelas
ruas. Além de ler e se comover com suas histórias, são necessárias atitudes
práticas na luta pelos direitos, pela valorização e pelo respeito.

O desfecho da narrativa rompe com as expectativas do leitor sobre o fim da


protagonista, pois seria comum que depois de tanto sofrer, ela tivesse um final
feliz. Conjectura-se que esse final esperado não ocorre pelo falo de A hora da
estrela ser uma crítica à realidade das mulheres que levam uma vida sofrida e
nem no final têm possibilidade de felicidade, como se seus destinos já
estivessem definidos. É o momento de esplendor da hora da estrela, a hora da
que foi ignorada durante toda a vida. Finalmente, a nordestina deixou de ser
invisível e conseguiu realizar seu sonho, virou estrela e conseguiu ser vista,
mas, infelizmente, somente na hora da sua morte.

Apesar de escrita em 1977 A hora da estrela continua atual, visto que muitas
mulheres ainda vivem na mesma situação de Macabéa, invisíveis em suas
relações, vítimas de violência em relacionamentos abusivos, desvalorizadas no
mercado de trabalho e muitas nem se inquietam sobre suas condições, assim
como a nordestina.

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