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Anotações do livro “Minha História das Mulheres”, 2007

Pág. 17- MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Porque são pouco vistas, pouco se fala delas. E esta é uma segunda razão de silêncio: o
silêncio das fontes. As mulheres deixam poucos vestígios diretos, escritos ou materiais. Seu
acesso à escrita foi tardio. Suas produções domésticas são rapidamente consumidas, ou mais
facilmente dispersas. São elas mesmas que destroem, apagam esses vestígios porque os
julgam sem interesse. Afinal, elas são apenas mulheres, cuja vida não conta muito. Existe até
um pudor feminino que se estende à memória. Uma desvalorização das mulheres por si
mesmas. Um silêncio consubstancial à noção de honra.

Pág. 25- MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Como alcança-las, como quebrar o silêncio, os estereótipos que as envolvem?

Pág. 28- MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Há poucas autobiografias de mulheres. Por quê? O olhar voltado para si, numa fase de
mudança ou ao final de uma vida, mais frequente em pessoas públicas que querem fazer o
balanço de sua existência e marcar sua trajetória, é uma atitude pouco feminina, “Minha vida
não é nada”, diz a maioria das mulheres, Para que falar delas?

Pág. 31 - MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Vozes de mulheres nas bibliotecas
Procuramos os vestígios das mulheres nos arquivos. Cabe igualmente procurá-los nos
materiais impresso e nas bibliotecas. Para ouvir suas vozes – as palavras das mulheres -, é
preciso abrir não somente os livros que falam delas, os romances que contam sobre elas, que
as imaginam e as perscrutam – fonte incomparável -, mas também aqueles que elas
escreveram. [...] Por conseguinte, transpor, com elas, os obstáculos que, durante tanto tempo,
impediram seu acesso à escrita.

Pág. 76 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Corpo desejado, o corpo das mulheres é também, no curso da história um corpo dominado,
subjugado, muitas vezes roubado, em sua própria sexualidade.

Pág. 77 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


A quantidade de mulheres que apanhavam dos maridos era imensa. Bater na mulher e nos
filhos era considerado um meio normal, para o chefe de família, de ser o senhor de sua casa –
desde que o fizesse com moderação. Tal comportamento era tolerado pela vizinhança,
principalmente nos casos em que as esposas tinham reputação de serem donas de casa
“relaxadas”. [...] Apanhar e bater era o cotidiano de muitos casais (e não somente da camada
popular), situação que se acentuou pela incidência do alcoolismo na segunda metade do
século XIX.

Pág. 83 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Mulheres e religião
Poder sobre as mulheres: as grandes religiões monoteístas fizeram da diferença dos sexos e da
desigualdade de valor entre eles um de seus fundamentos.

Pág. 93 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


O acesso ao saber
É preciso, pois, educar as meninas, e não exatamente instruí-las. Ou instruí-las apenas no que
é necessário para torna-las agradáveis e úteis: um saber social, em suma. Formá-las para seus
papéis futuros de mulher, de dona de casa, de esposa e mãe. Inculcar-lhes bons hábitos de
economia e de higiene, os valores morais de pudor, obediência, polidez, renúncia, sacrifício...
que tecem a coroa das virtudes femininas. Esse conteúdo, comum a todas, varia segundo as
épocas e os meios, assim como os métodos utilizados para ensiná-lo.

Pág. 101 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


A vida de artista
Uma verdadeira aprendizagem lhes era negada. Sob o pretexto de que o nu não devia ser
exibido às moças, o acesso à Escola de Belas Artes lhes era vedado, a qual só lhes foi aberta,
em Paris, a partir de 1900, e sob as vaias dos estudantes. Antes dessa data, as jovens deviam
se conformar com as escolas e academias particulares, sendo que, em Paris, a mais célebre foi
a academia Jullian.

Pág. 136 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


A cidade, representada como a perdição das moças e das mulheres, lhes permite, com
frequência, libertar-se de tutelas familiares pesadas, de um horizonte de aldeia sem futuro.
Conseguem modestas ascensões sociais, escapam a uniões arranjadas para realizarem
casamentos por amor. A cidade é o risco, a aventura, mas também a ampliação de destino. A
salvação.

Pág. 145 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Ambas as historiadoras insistem na responsabilidade das mulheres na História, em sua própria
história. Questão que não pode ser evitada se defendemos que as mulheres são agentes da
história. A inocência dos oprimidos não existe. “A mulher não nasce inocente, ela se torna
inocente”, escreve justamente Liliane Kandel.

Pág. 154 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


A esses movimentos, deveria eu dizer, de tanto que o feminismo é plural e variado. Por muito
tempo era o primo pobre da historiografia, e mesmo da memória, porque deixa poucos
vestígios, em razão da fragilidade de sua organização. Nos últimos trinta anos, porém, tem
sido alvo de numerosas pesquisas que trouxera à baila suas pioneiras, recontaram seus
episódios e mostraram seus desafios.

Pág.166 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT


Escrever sua história não é um meio de reparação, mas desejo de compreensão, de
inteligibilidade global.

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