Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SLIDE 01 – ABERTURA
Esta apresentação será a respeito das bibliografias recomendadas pela
professora. Na segunda metade do século, a máquina se tornou grande aliada das
mulheres. Com o acrescimento da indústria têxtil, provocando um afluxo das mulheres
nas fábricas mistas, a máquina representou o pivô de sua socialização e de sua
emancipação, porque era impossível conciliação entre as tarefas domésticas e o
assalariamento - era o que David Landes chamava de “libertação de uma longa
escravidão”. A propaganda da República à época utilizava a máquina de costura. Mais
tarde, a máquina de escrever introduziu as mulheres nos escritórios.
De fato, a mecanização diminuiu a dificuldade, liberou o tempo, permitiu que as
mulheres burguesas disponíveis entreguem-se à cultura do corpo e do espicho, e que as
mulheres do povo, produzam mais. As grandes lavanderias modernas que, aos poucos,
substituem os antigos lavadouros, locais essenciais de sociabilidade feminina, assim
destruídos. O discurso sobre a máquina é também o discurso sobre a natureza feminina.
Frágil, a mulher não pode tratar diretamente com os materiais duros que requerem o
esforço viril: ela é destinada ao mole, fios ou tecidos. Incapaz de invenção, ela convém
às tarefas parciais, repetitivas, originárias de uma divisão do trabalho que a máquina
aumenta. "As mulheres não têm imaginação” - escreve Jules Simon.
Qualificações reais fantasiadas como “qualidades” naturais e subsumidas a um
atributo supremo, a feminilidade - tais são os ingredientes da “profissão de mulher”,
construção e produto da relação entre os sexos. De certa maneira, estas qualidades
empregadas inicialmente na esfera doméstica, geradoras de serviços mais do que de
mercadorias, são valores de uso mais do que valores de troca. Elas não têm preço, em
suma.
A industrialização, desde sua primeira fase proto-industrial, introduziu uma
segregação sexual mais rigorosa em uma divisão do trabalho mais acentuada, que
“induz especialidades” para as mulheres. A noção de “profissão feminina” toma corpo
verdadeiramente no século 19, em uma conjuntura geral de profissionalização e, na
França, um equilíbrio demográfico favorável à convocação das mulheres.
SLIDE 05 - Citação
Há um trecho interessante para ser destacado. Leremos com cuidado:
Michele Perrot (2005, p. 44 – 48) estudou cartas das filhas de Karl Marx –
Jenny, Laura e Eleanor. Ela examinou cartas escritas por essas ulheres e/ou adereçadas a
elas. O período de exame é compreendido entre os anos de 1880 e 1883. Entre um
volume de 106 cartas, Michele Perrot (2005, p. 46) destacou as 69 cartas escritas por
Tussy e adereçadas à Laura. Ela diz:
SLIDE 09
Michele Perrot (2005, p. 40) diz:
Michele Perrot (2005, p.42) diz, portanto, que o feminismo “desenvolveu uma
enorme interrogação sobre a vida das mulheres obscuras”. Os arquivos pessoais foram
preocupação das pesquisas por quase 15 anos e, na falta de relatos escritos, o
testemunho oral ganhou força e contorno para a consecução dessa história.
O livro segue, portanto, com o relato das correspondências das filhas de Karl
Marx. É importante destacar esse viés marxista nas análises, pois que a pesquisa de
Michela Perrot vincula-se mais à segunda geração da Escola dos Annalles.
SLIDE 12
Joan Scott (2008) diz que a categoria “gênero” parece ter “nascido entre as
feministas americanas que queriam insistir na qualidade fundamentalmente social das
distinções baseadas no sexo”. O referido texto sugere que os estudos devem partir de
um exame dos confrontos entre as classes, eliminando as diferenças entre sexo feminino
e sexo masculino. Aos poucos, o correr da história demonstrou ser necessário um
destaque para a categoria “mulher” e “gênero”, conforme o próprio Pierre Bourdieu
aceitou e fortaleceu.
No texto Greves Femininas (PERROT, 2005, p. 155) fala a respeito da
participação feminina nas greves do século XIX. Ela apresenta análises gerais para
explicar a absorção das mulheres no mercado de trabalho: “emprego flutuante, sem
qualificação”, “remunerações inferiores” (PERROT, 2005, p. 155). A análise é feita por
meio de registros de notas e censos franceses, escalados a cada duas décadas. Perrot
(2004, p. 241) explica que as mulheres sempre trabalharam. Elas levaram algum tempo
para perceber o trabalho doméstico como digno para receber os vencimentos salariais.
Aos poucos, as funções laborais das mulheres se expandiram. Vários são os motivos
para essa realidade: condições sociais, movimentos políticos, crescimento demográfico,
demanda de mercado, consciência humana...
Para a autora, o comportamento das mulheres grevistas era bastante flutuante e
marcados por forte agitação. No século XIX, a autora diz que as greves eram realizadas
por um pouco menos de duzentas mulheres em um período de oito dias (PERROT,
2005, p. 156), de maneira súbita, defensiva, pouco organizada e não sindicalizada. As
grevistas buscaram direitos sociais – horas de trabalho, melhores condições para a
realização das tarefas e constância nos salários (PERROT, 2005, p. 157). É notável o
empenho estatístico de Michelle Perrot (2005, p. 156- 159) ao apresentar os dados de
maneira matemática. Esse ponto do livro é sensivelmente diferente da primeira seção,
na qual há um envolvimento narrativo a respeito do cotidiano das mulheres por meio da
leitura de diários e correspondências.
SLIDE 13
Tanto Safiotti quanto Perrot não parecem usar a Análise do Discurso em uma de
suas linhas Francesas para compreender a evolução dos direitos e da história das
mulheres.
Michele Perrot (2005, p. 13) apresenta esses dados para problematizar o uso das
fontes para a construção de uma história das mulheres. Anteriormente relegada à
história oral, a autora clama pela constituição de Arquivos e de Memória das Mulheres
por meio da “sedimentação seletiva produzida pelas relações de força e pelos sistemas
de valor”. A autora diz que nem o positivismo do século XIX e nem a Escola dos
Annalles – em seu primeiro movimento – trouxeram à luz a vivência feminina no
percurso da história. Para a autora (PERROT, 2005, p. 14), o crescente interesse na
história das mulheres é fruto dos trinta anos mais recentes. Ele iniciou com a publicação
do livro Écrire l´histoire des femmes (1981), de Françoise Thébaud. Na antropologia, a
autora destacou os estudos de Lévi-Strauss, em especial, o livro Masculin;feminis: La
pensée de la différence.
Antes disso, a autora diz que os historiadores buscaram o lugar da mulher dentro
das famílias, em especial, por meio dos estudos de Louis Henry nas décadas de 1960. É
bastante interessante notar a presença francesa para a compreensão da história da
mulher. A França é para o Brasil um farol para a direção destes estudos.
Em tom memorialista, Michele Perrot (2005, p. 17 – 26) apresenta a trajetória
para consolidar uma história das mulheres na segunda metade do século XX. Essa
trajetória inicia em 1973 com o seminário As mulheres têm uma história? Em seguida,
alguns pesquisadores da segunda geração da Escola dos Annales publicaram alguns
livros a respeito da temática. Entre os anos de 1973 e 1979, o grupo de pesquisadoras já
tinham consolidado linhas de interesse científico, a saber Mulher e Família, Mulher e
Trabalho e História dos Feminismos. Michele Perrot (2005, p.21) destaca a
participação de Pierre Samuel em conferência a respeito do uso de arcos e flechas por
mulheres amazonas gregas. Em 1974, o grupo de pesquisadoras fundou o Grupo de
Estudos Feministas (GEF). Entre 1978 e 1979, o grupo evoluiu para a referencial
Escola de Altos Estudos das Ciências Sociais, com participação de Maurice Godelier e
Georges Duvy. Entre 1987 e 1992, as pesquisadoras já tinham dados consistentes a
respeito da História das Mulheres no Ocidente. A autora destaca o trabalho de Philippe
Ariès e Georges Duby com a consecução dos volumes a respeito da História da Vida
Privada.
A segunda geração da Escola dos Annales foi fundamental para essa retomada
da voz das mulheres na história. Eles inovaram nas temáticas e nas teorias. Michele
Perrot (2005, p. 17) avalia se a “ruptura epistemológica” gerou um certo ceticismo. Ao
lado da ampla e renovadora teorização promovida pela segunda geração da Escola dos
Annalles, houve uma renovação dos espaços institucionais, por meio da absorção das
mulheres nos campos de pesquisa e nos postos de ensino. Ao lado disso, Michele Perrot
(2005, p. 17) indicou uma profunda alteração social, por meio de movimentos de
liberação das mulheres, a exemplo do MLF, e da busca pelos direitos das mulheres.
Esse conjunto de fatores abriu o campo para o desejo de memória e para o reencontro de
traços – “as figuras, os acontecimentos, os textos... – de um movimento particularmente
amnésico” (PERROT, 2005, p. 17).
Em um relato memorialista de sua trajetória, Michele Perrot (2005, p. 20) fala a
respeito dos primeiros colóquios e eventos para responder a pergunta: “As mulheres têm
uma história”? (PERROT, 2005, p. 20).
Referências Bibliográficas
ORTNER, Sherry B. Está a mulher para o homem, assim como a natureza para a
cultura? In. ROSALDO, Michelle Zimbalist; LAMPHERE, Louise. A Mulher a Cultura
e a Sociedade. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1979.
PERROT, Michelle. As Mulheres ou os Silêncios da História. Bauru, SP:
EDISC, 2005.
RAGO, Margareth. Trabalho Feminino e sexualidade. IN: DEL PRIORE, Mary
& BASSANEZI, Carla. História das Mulheres no Brasil. 7a. edição. São Paulo:
Contexto, 2004.
SAFIOTTI, Heleieth. Do artesanal ao Industrial: A exploração da Mulher. Um
estudo de operárias têxteis e de confecções no Brasil e nos Estados Unidos. São Paulo:
Editora Hucitec, 1981.
SCOTT, Joan. Género e História. México: FCE, Universidade Autonoma de la
Ciudad de México, 2008.