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Apontamentos de Leitura

História das Mulheres

SLIDE 01 – ABERTURA
Esta apresentação será a respeito das bibliografias recomendadas pela
professora. Na segunda metade do século, a máquina se tornou grande aliada das
mulheres. Com o acrescimento da indústria têxtil, provocando um afluxo das mulheres
nas fábricas mistas, a máquina representou o pivô de sua socialização e de sua
emancipação, porque era impossível conciliação entre as tarefas domésticas e o
assalariamento - era o que David Landes chamava de “libertação de uma longa
escravidão”. A propaganda da República à época utilizava a máquina de costura. Mais
tarde, a máquina de escrever introduziu as mulheres nos escritórios.
De fato, a mecanização diminuiu a dificuldade, liberou o tempo, permitiu que as
mulheres burguesas disponíveis entreguem-se à cultura do corpo e do espicho, e que as
mulheres do povo, produzam mais. As grandes lavanderias modernas que, aos poucos,
substituem os antigos lavadouros, locais essenciais de sociabilidade feminina, assim
destruídos. O discurso sobre a máquina é também o discurso sobre a natureza feminina.
Frágil, a mulher não pode tratar diretamente com os materiais duros que requerem o
esforço viril: ela é destinada ao mole, fios ou tecidos. Incapaz de invenção, ela convém
às tarefas parciais, repetitivas, originárias de uma divisão do trabalho que a máquina
aumenta. "As mulheres não têm imaginação” - escreve Jules Simon.
Qualificações reais fantasiadas como “qualidades” naturais e subsumidas a um
atributo supremo, a feminilidade - tais são os ingredientes da “profissão de mulher”,
construção e produto da relação entre os sexos. De certa maneira, estas qualidades
empregadas inicialmente na esfera doméstica, geradoras de serviços mais do que de
mercadorias, são valores de uso mais do que valores de troca. Elas não têm preço, em
suma.
A industrialização, desde sua primeira fase proto-industrial, introduziu uma
segregação sexual mais rigorosa em uma divisão do trabalho mais acentuada, que
“induz especialidades” para as mulheres. A noção de “profissão feminina” toma corpo
verdadeiramente no século 19, em uma conjuntura geral de profissionalização e, na
França, um equilíbrio demográfico favorável à convocação das mulheres.

SLIDE 02 – JULES SIMON E PAUL LEROY-BEAULIEU


Uma reflexão sobre a segmentação do mercado de trabalho se esboça, tendo
Jules Simon e Paul Leroy-Beaulieu como testemunha e porta-vozes, de maneiras bem
diferentes. O primeiro, muito restritivo, ressaltou a incapacidade das mulheres para o
trabalho criativo – “elas não criam, mas reproduzem maravilhosamente são copistas de
primeira ordem” -, os perigos morais da fábrica e as vantagens de trabalho em
domicílio, conciliador de todas as virtudes. O segundo insistiu na noção de “profissões
próprias para as mulheres” e na possibilidade de aumentar o seu espectro pela formação
e por um judicioso uso das aptidões do sexo. O setor terciário lhe parece conveniente: a
instrução – “as mulheres têm, instintivamente, o conhecimento da infância” -, mas
também o comércio, os bancos, as repartições públicas, os correios e telégrafos.
A feminização ponderada de certos setores permite uma melhor utilização das
capacidades produtivas. Uma certa inibição leva as mulheres a isolarem-se nas
“profissões femininas”, como em um apanágio que lhes é deixado e que é o único que
elas podem ocupar sem remorso e sem perder a famosa “feminilidade” que as torna
desejáveis.
Submissão ou sabedoria? Escolha ou necessidade? As mulheres não sacralizam
suficientemente o trabalho para sacrificar sua vida privada por de. E, atualmente, a
despeito do crescimento contínuo das mulheres ativas, esta dupla escolha parece mais
forte do que nunca.: Pode-se compreender que ela seja geradora de tens ões. Ficamos
impressionados também pelas resistências opostas a uma verdadeira igualdade.
As mulheres desvalorizam tudo o que tocam . O exemplo das fiandeiras de Saint-
Etienne é, a respeito desta questão, muito significativo. Os setores em que elas entram
são progressivamente desertados pelos homens que preferem reconstituir, em outros
lugares, espaços masculinos intactos. A feminização não é necessariamente uma
conquista triunfante, mas a consagração de uma retirada.

SLIDE 03 – FONTES DA APRESENTAÇÃO


A professora recomendou uma lista bibliográfica para leitura de textos históricos
a respeito da emancipação das mulheres no mercado de trabalho, majoritariamente. Para
compreender mais os textos, ampliamos a busca por meio dos bancos de dados de
pesquisas brasileiros. Buscamos imagens nos jornais de época por meio dos acervos da
Biblioteca Nacional Francesa e da Hemeroteca Digital Brasileira, da Fundação
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Isso foi necessário porque algumas bibliografias falam a respeito da realidade
francesa e americana. Conforme nos ensina Sherry Ortner (1979), o tratamento dado às
mulheres e o poder delas varia de cultura para cultura. Entretanto, existem fatos
universais dentro dessa variação cultural. Isso que dizemos fica mais claro se pensarmos
que os textos de Perrot (2005) falam das mulheres grevistas na França do século XIX e,
ainda assim, parecem dizer algo de nós, brasileiras, para nós, baianas.

SLIDE 04 – HISTÓRIA E SILÊNCIO


Tanto os livros de Perrot, Saffiotti e Ortner falam a respeito do movimento
grevista, de uma história familiar de amor e de tragédias da vida privada. As autoras
seccionam os estudos a respeito das mulheres em três momentos. No primeiro
momento, há um silêncio por meio do domínio dos corpos e dos registros. No segundo
momento, há um registro tímido a respeito da história das mulheres, principalmente por
influências do estruturalismo, do positivismo e da segunda geração da Escola dos
Annales. O terceiro momento é fruto de um especial e vigorante interesse a respeito da
história das mulheres.

SLIDE 05 - Citação
Há um trecho interessante para ser destacado. Leremos com cuidado:

(...) a conversão precoce das historiadoras do mundo operário à história das


mulheres como se houvesse aí uma substituição de objeto, um deslocamento
de uma figura da opressão para uma outra. Isto explica igualmente que as
categorias e os termos de análise marxistas, então dominantes no campo do
trabalho tenham formatado, inicialmente, as categorias do feminismo.
“Classe de Sexo”, “luta de sexos” e patriarcado (no lugar de Capital)
embalaram as concepções mais sutilmente saussurianas e derridianas do
“gênero” (PERROT, 2005, p. 149 – 150).

SLIDE 06 – Problemas do Método e Contextualização da Ciência no Tempo

Na segunda metade do século XX, as ciências se movimentam de uma maneira


interessante. Temos uma profícua evolução dos assuntos femininos. De um lado, as
Viradas Linguísticas (Linguistic Turns) com as propostas estruturalistas saussurianas.
Do outro lado, a história da vida cotidiana promovida pelos historiadores. Os trabalhos e
profissões de mulheres ganham realce nos estudos históricos. Enfermeiras, parteiras,
domésticas, operárias de costuras receberam especial atenção dos estudos. Ao lado
disso, surgem propostas de exames das violências no trabalho – assédio sexual, estudos
do corpo, do corpo sexuado, objeto de poder e de desejo. Michele Perrot (2005, p. 151)
apresenta textos publicados esparsamente a respeito desses temas. Ela focou nos
períodos de greve, pois que as diferenças entre sexo se acentuam nesse contexto. Ela
informa que o primeiro texto fala a respeito do trabalho das mulheres no século XIX, a
partir de exemplos tomados na domesticidade, “nos cuidados de enfermagem, nas lojas
de departamentos, nas manufaturas dos Tabacos” (PERROT, 2005, p. 153) elementos
dos trabalhos “bons para mulheres”.
Esse movimento para delegar as funções domésticas às mulheres constroem o
que Michelle Perrot chama de silêncio das mulheres (PERROT, 2005, p. 219). Para ela,
há uma clara distinção entre o papel do homem e o papel da mulher nos espaços
públicos e privados. Em pesquisas brasileiras mais recentes, há o exame de brasileiras
jornalistas no século XIX. Os dados de Michele Perrot (2005) são corroborados por
essas pesquisas. No Brasil, as mulheres feministas defendiam o direito de trabalhar em
casa nas páginas dos jornais. O tempo nos impede de esmiuçar a realidade dessas
propostas.
Michele Perrot (2004) e Saffiotti (1981) nos ensinaram a verificar essa realidade
das operárias em território brasileiro. A primeira autora examinou vários artigos da
imprensa oitocentista para falar a respeito das investidas sexuais de contramestres e
patrões em direção às trabalhadoras. A segunda autora verificou dados estatísticos e
dados sócio-demográficos para entender o funcionamento do trabalho de mulheres nas
fábricas brasileiras. É interessante perceber que os dados para as mulheres francesas
levantadas por Michele Perrot (2005) são replicados em terras tupiniquins, consolidando
o que chamamos de caráter universal da cultura e do imaginário.

SLIDE 07 – Ordem dos Livros


O modelo de mulher que auxilia, cuja dominação quase biológica, no mundo
rural foi descrito por Yvonne Verclier, mulher que “cuida e consola, realiza-se nas
profissões de enfermeira, de assistente social ou de professora primária. Crianças,
idosos, doentes e pobres constituem os interlocutores privilegiados de uma mulher
dedicada às tarefas caritativas e de socorro, a partir de então, organizadas no trabalho
social. Enfim, estas profissões colocam, em ação as qualidades inatas, físicas e morais -
flexibilidade do corpo, agilidade dos dedos - aqueles dedos de fada , hábeis na costura e
no piano, propedêutico do teclado da datilógrafa e da estenotipista - destreza que faz
maravilhas nas montagens eletrônicas de precisão, e até mesmo passividade que
predispõe à execução, doçura, ordem. Qualificações reais fantasiadas como qualidades
“naturais”.
O texto de Perrot (2005) inicia falando a respeito do silêncio das mulheres nos
espaços públicos. Michele Perrot (2005, p. 10) diz que essa ordem dita pelas instituições
não foi respeitada, pois que “seus sussurros e seus murmúrios correm na casa, insinuam-
se nos vilarejos, fazedores de boas ou más reputações”. Para a mulher, o silêncio é uma
ordem e uma arma. Nele, conforme ensina Michele Perrot (2005, p. 10), as mulheres
aprenderam a ouvir, a escutar, a guardar e a lutar. O silêncio foi uma maneira de
disciplinar os corpos femininos no mundo – família, cidade e instituições. Conforme
Perrot (2005, p. 10) “uma mulher conveniente não se queixa, não faz confidências”,
exceto em caráter de confissão.
O primeiro ponto apontado por Michele Perrot (2005, p. 11) é a desigualdade
dos sexos. Ela aponta que há falta de “informações concretas e circunstanciais” para
eliminar os estereótipos do que achamos ser a “mulher” e o “homem”. Os
recenseamentos mais antigos pautaram-se nas informações dos chefes de família – as
gens medievais. É laborioso encontrar informações a respeito das mulheres. Além da
ação do tempo nos registros cotidianos das cidades e dos governos – com a consequente
deterioração dos papéis -, a autora (PERROT, 2005, p. 12) indica a preferência pelo
registro dos “grandes homens, políticos, empresários, escritores, criadores”.
Perrot (2005, p. 13) indicou o estudo de diários após um forte interesse no
estudo da vida privada e familiar. A autora diz que “as mulheres são, ao mesmo tempo,
protagonistas e beneficiárias deste esforço”. O ensino familiar favoreceu a apropriação
feminina para os recursos da escrita e do registro do cotidiano, avançando para campos
mais sociais, a exemplo do jornalismo e da criação literária – poesia, romance, história,
ciência e filosofia. A pesquisadora Michele Perrot (2005) apresenta três momentos dos
estudos a respeito da história das mulheres no campo da história e antropologia. Num
primeiro momento, houve um silenciamento dos dados e informações a respeito das
mulheres. Ela diz que houve uma incorporação dos gestos do silêncio nas práticas
cotidianas e isso reverberou nas práticas de registros da cidade. Mesmo no romance
Germinal não há uma voz muito ativa a respeito da fala mais íntima feminina, pois que
a trama amorosa é pano de fundo para compreender mais e melhor o cenário de agitação
grevista. Tanto as pesquisadoras quanto Zola recorrem à causas humanas e, não, divinas
para explicar o funcionamento social dos ambientes de trabalho no século XIX.
Perrot (2005, p. 201) destaca o papel das ações humanitárias e caritativas. A
autora (PERROT, 2005, p. 305) diz que algumas rupturas favorecem o aparecimento
das mulheres nos espaços públicos e políticos. As mulheres são protagonistas ao
entenderem as técnicas mais modernas para o cuidado das casas e dos seres. A proposta
de Perrot (2005, p. 305) é estender essas técnicas ao âmbito da cultura e do biológico.
Ela propõe isso por meio de uma série de rupturas – sociais, políticas, religiosas... – e da
apropriação de vários discursos e técnicas promovidas pelas mulheres no século XIX e
mais fortalecidas no século XX. Emile Zola faz o mesmo ao propor uma explicação do
alcoolismo e do caráter violento de Estevão por meio da hereditariedade.
Com o passar do tempo, no século XIX, o positivismo despertou algum interesse
a respeito do funcionamento da vida social das mulheres. Entretanto, esse interesse
ficou mais marcado nos registros de votos e listas de escolas – quando as mulheres
iniciaram a formação escolas, mais ou menos na segunda metade do século XIX.
Existem registros, inclusive, de algumas mulheres editoras-chefes de jornais – a
exemplo de Girardin, disseminadora de romances-folhetins em jornais franceses de
circulação mundial – e, também, registros de mulheres diretoras de escolas, a exemplo
de Guiomar Torresão, em Portugal e Nísia Floresta, no Brasil.
Mesmo a Escola dos Analles, com sua análise marxista, não demonstrou
profundo interesse a respeito da história das mulheres. Apenas nos trinta anos mais
recentes, pesquisadores e antropólogos dedicaram atenção e tempo para construir uma
história mais fidedigna das mulheres, buscando registros da vida particular e privada em
diários e consolidando arquivos públicos.
Os livros que dão base para esta apresentação falam a respeito de como as
grandes indústrias superam o artesanato, os grandes conglomerados econômicos
superam a percepção de uma sociedade de castas e como nasce uma nova classe de
proletários urbanos.
O livro de Perrot conta a história daquele povo francês dividindo o livro em
cinco seções. A primeira seção é dedicada ao exame de correspondências e cartas. Essa
nova maneira de interagir com as fontes é fruto dos estudos estruturalistas, dos
movimentos teóricos da Escola dos Annales, da História Cultural, das propostas teóricas
de Michel Foucault e de uma certa interdisciplinaridade entre a sociologia, filosofia,
história e linguagem, ou seja, uma união de propostas no campo das ciências humanas.
A autora utilizou diários e correspondências para encontrar enunciados a respeito das
mulheres. Com uma pesquisa documental menos exaustiva, a ideia de selecionar o
método indiciário – por meio da busca de vestígios e traços – parece ser a mais
conveniente para a proposta do estudo, pois que o método arqueológico requer uma
pesquisa mais ampla e mais detalhada em um imenso número de documentos. A
segunda seção parte de dados mais estatísticos. O estudo dos movimentos grevistas das
mulheres é apresentado ao leitor por meio das propostas estruturalistas do século XX e
das ideias disseminadas, principalmente, na Escola dos Analles. A terceira seção fala do
exercício público das mulheres. Como elas participam de ações deliberativas, de
decisões e de movimentos comemorativos em cidades. A terceira seção complementa a
pesquisa de Michele Perrot (2005) por meio da investigação do imaginário e da
formação da opinião pública, mais ou menos parecido com a proposta de Bachelard para
a compreensão do simbólico e do imaginário. A quarta seção fala de trajetórias de vida
das mulheres, possivelmente por meio do conceito proposto por Pierre Bourdieu (1996)
para trajetória e capital simbólico. A quinta seção reitera a história das pesquisas a
respeito das mulheres e atualiza os debates contemporâneos a respeito dos gêneros.
No livro, há a exposição de ações das massas, no cotidiano dos bairros operários
e nos núcleos familiares. Para o registro de mulheres mineiras, Perrot recorre a dados
estatísticos e a recenseamentos sócio-demográficos. O registro das cartas das filhas de
Karl Marx e as angústias de Carolina Brame podem ser identificadas com os
sofrimentos de Catarina, mocinha mineira, casada com um homem violento e cuja vida
fez com que perdesse um filho. Perguntamos: será que as angústias de Caroline Brame,
expostas em seus diários, seriam parecidas com as angústicas de Catarina? O que é ser
mulher e do que se compõe a percepção vivida daquelas mulheres no século XIX?

Slide 08 – O Silêncio das Mulheres nos Arquivos


O primeiro capítulo do livro busca por Traços para construir a história das
mulheres. A reunião de vestígios por meio de cartas, correspondências e outros escritos
da vida privada ficou conhecido no campo científico como investigação indiciária.
Michelle Perrot (2005, p. 29) citou estudos de historiadores da História Cultural para
reconstituir a presença feminina no século XIX. Ela diz:

As fontes privadas reforçam, consequentemente, a desigualdade


pela assimetria daquilo que iluminam. Elas têm outro
inconveniente: o de sublinhar um pouco mais os laços das
mulheres com a esfera privada, pois emanam desta esfera. Elas
inscrevem o tempo das mulheres na repetição do mesmo e na
relativa inércia do cotidiano, acentuam a própria feminilidade
(...). Entre a fugacidade dos traços e oceano do esquecimento, os
caminhos das mulheres são estreitos (PERROT, 2005, p. 31).

Michele Perrot (2005, p.35) diz que há um silêncio dos arquivos. A


pesquisadora explica que os arquivos privados falaram mais a respeito das mulheres no
século XIX por meio das anotações, das cartas e diários. Os artefatos materiais também
contam as histórias femininas – enxovais, badulaques e objetos de coleções (PERROT,
2005, p. 38). Hoje em dia, há um número bastante considerado de História das Mulheres
por meio dos vestígios e traços deixados por essas mulheres na Vida Privada. No Brasil,
por exemplo, existem pesquisas a respeito dos romances lidos pela princesa Teresa
Cristina, filha do imperador D. Pedro II. A pergunta que elegemos para essas pesquisas
é se há um relato da vida das mulheres do povo. Será que a pesquisa por meio dos
artefatos materiais e registros privados reitera a história dos vencedores? Perguntamos
isso porque sabemos do alcance das mulheres mais ricas para estes objetos – papel,
tinta, canetas e instrução. Falar isso não diminui, sobremaneira, a importância da
história das mulheres tal qual estudada por Michele Perrot (2005) e os demais autores
citados por ela, dentre eles o Roger Chartier.

Michele Perrot (2005, p. 44 – 48) estudou cartas das filhas de Karl Marx –
Jenny, Laura e Eleanor. Ela examinou cartas escritas por essas ulheres e/ou adereçadas a
elas. O período de exame é compreendido entre os anos de 1880 e 1883. Entre um
volume de 106 cartas, Michele Perrot (2005, p. 46) destacou as 69 cartas escritas por
Tussy e adereçadas à Laura. Ela diz:

Eis então uma correspondência de mulheres, mulheres de uma


mesma origem, que se compreendem, se amam, cuja sonoridade
não é, no entanto, isenta de nuvens negras (PERROT, 2005, p.
47).

A autora constrói uma história do socialismo ao passo de uma crônica familiar.


Vida privada, história de vida e testemunham mesclam-se com os grandes
acontecimentos do século XIX e início do século passado. O capítulo destaca
comentários das filhas a respeito de fotografias familiares (PERROT, 2005, p. 49) e o
afeto das filhas em direção às memórias do pai (PERROT, 2005, p. 50). O relato da vida
cotidiana da família de Marx mostra uma estrutura semelhante às nossas em afeto e
respeito aos nossos ascendentes e também os desafios enfrentados por quatro mulheres
para se proporem ao casamento, aos estudos e à realização pessoal de vida (PERROT,
2005, p. 51). Perrot (2005, p. 56) diz:

Aniversários, fotografias, relíquias respeitosamente conservadas


em medalhões: tantos sinais de uma vida familiar intensa que se
alimentam também com as férias comuns, as visitas, as
conversas das quais as cartas são apenas as substitutas
(PERROT, 2005, p. 46).

Ao lado da história dos acontecimentos históricos do final do século XIX e do


relato de famílias mais abastadas, surge no relato de Michele Perrot (2005, p.85) os
indícios dos perfis de mulheres. Perrot (2005, p. 85) diz que as cartas falam a respeito
do “mal-estar da dona de casa” “diante da litania do cotidiano, o peso das coisas
materiais, o tédio da costura, das casas sempre em desordem, das crianças todo o tempo
doentes” (PERROT, 2005, p. 85). Os maridos ausentes e a solidão das mulheres
isoladas do mundo transparecem nos relatos cotidianos. Perrot (2005, p. 83) afirma
haver um descompasso entre os anseios por situações mais igualitárias e uma vivência
mais destinada ao silêncio do lar. Nas cartas das filhas de Marx, Perrot (2005, p. 84)
conta a respeito do desejo das meninas para alcançarem um sucesso acadêmico por
meio dos estudos e dos obstáculos enfrentados pelas moças para atingirem os objetivos
(PERROT, 2005, p. 85 – 86).
O terceiro capítulo é o estudo de um diário da moça Caroline Brame. Michele
Perot (2005, p. 90) revelou especial interesse neste documento por causa do relato de
um casamento arranjado “que se procura transformar em uma união escolhida”
(PERROT, 2005, p. 90). Ela faz um breve relato biográfico a respeito de Caroline
Brame (2005, p. 90 – 92). Para contar essa história genealógica de Caroline Brame,
Michele Perrot (2005, p. 92) foi em busca de “arquivos públicos e privados,
monumentos e museus, casas e cemitérios, e até mesmo alguns testemunhos orais mais
frágeis” (PERROT, 2005, p. 92). Mais uma vez, os relatos privados misturam-se aos
registros públicos. Nesse caso, a história de Caroline Brame “acreditamos ver emergir
um novo e estranho personagem: uma mulher que quer ser uma pessoa” (PERROT,
2005, p. 92).
Os diários são fonte mais recente para a história. Conforme Michelle Perrot
(2005, p. 95):

Manter seu diário é, no século 19, uma prática relativamente


corrente, e cada vez mais difundida. As origens e os significados
de tal desenvolvimento são múltiplos. Encontramos nele o
aspecto de “agenda” dos livros de notas femininos, preocupados
em registrar as despesas e o tempo que está fazendo, em regular
os recursos e logo, o bem mais precioso: o uso do tempo
(PERROT, 2005, p. 95).

É importante lembrar, mais uma vez, que as práticas escritas se consolidaram de


maneira ampla e ordenada após a virada do século XIX. Por isso, a história das
mulheres, nesse primeiro momento empreendida por Michele Perrot, em contato com os
princípios da Escola dos Annales é, ainda, a história das mulheres ricas e abastadas. O
interessante relato das angústias femininas a respeito do cotidiano, do casamento, dos
círculos de convivência e dos demais aspectos da vida burguesa podem ser vistos como
a manutenção das relações de poder entre senhor e senhorio – muito comuns nas épocas
medievais e permanentes durante o século XIX. Os sofrimentos das mulheres relatados
por meio dos diários – mesmo que confundidos com acontecimentos históricos – são
histórias de vida de mulheres bem cuidadas no aspecto material. Muitas, ainda,
permanecem silenciadas pela ausência de arquivos e de registros.
A proibição da palavra pública destina à mulher na vida pública o lugar do Coro
– espaço público encenações trágicas da polis grega reservado ao conselho para os
heróis e heroínas. Perrot (2005, p. 321) diz que há uma recusa do uso político da palavra
para as mulheres.
Bem entendido, pode-se perguntar: por que este desejo de palavra pública? Por
que esta vontade de subir á tribuna para se dirigir aos outros? Por que preferir a arte
oratória à arte da conversa, à troca, ao jogo mais igualitário da palavra privada?
Provavelmente, existe aí o triunfo de uma concepção masculina, e assimilacionista, em
detrimento de uma via alternativa da sociabilidade. Talvez. Mas o uso da palavra
pública significa outra coisa. Ele é símbolo do poder e forma o acesso À esfera pública
da qual as mulheres são excluídas, segundo consta, devido à sua voz fraca, rouca, agura
e sua incontinência verbal (PERROT, 2005, p. 326).
Perrot (2005, p. 329) explica como as mulheres convivem com a democracia
sem, no entanto, participar dos movimentos políticos com voz ativa. Ela diz: “O
enunciado é claro. Ele instaura uma ruptura entre sociedade civil e sociedade política,
sublinha a especificidade da ação pública e política e exclui dela as mulheres,
presentemente incapazes de ter acesso a ela” (PERROT, 2005, p. 329). A autora conta
as passagens da República francesa para exemplificar essa ausência da mulher na
política.
Michele Perrot (2005, p. 97 – 99) descreve em minúcias os pequenos saltos
espirituais de Caroline Brame. Podemos inscrever esses sentimentos em um sentido
mais amplo – o humano. Michele Perrot (2005, p. 97 – 99) procura investigar os
melindres de Caroline Brame como limites à plena expressão feminina. A mulher dona
do diário não pode trabalhar, não escolhe com quem casar... E, no diário, ela pode abrir
o coração e expressar seus anseios e devoções.

SLIDE 09
Michele Perrot (2005, p. 40) diz:

A memória das mulheres é verbo. Ela está ligada à oralidade das


sociedades tradicionais que lhe confiavam a missão de
contadora da comunidade da aldeia.

Michele Perrot (2005, p.42) diz, portanto, que o feminismo “desenvolveu uma
enorme interrogação sobre a vida das mulheres obscuras”. Os arquivos pessoais foram
preocupação das pesquisas por quase 15 anos e, na falta de relatos escritos, o
testemunho oral ganhou força e contorno para a consecução dessa história.
O livro segue, portanto, com o relato das correspondências das filhas de Karl
Marx. É importante destacar esse viés marxista nas análises, pois que a pesquisa de
Michela Perrot vincula-se mais à segunda geração da Escola dos Annalles.

SLIDE 10 – História das Mulheres no Brasil


A obra de Heleieith Saffioti se insere no conjunto de contribuições empíricas
que estudiosas brasileiras da condição feminina no Brasil vem oferecendo ao público
leitor. Justifica que os ramos têxtil e de confecções foram escolhidos por apresentarem,
tradicionalmente, grandes contingentes de mulheres. O exame dos dados históricos
revela que a hegemonia feminina não resistiu, na formação social capitalista, ao
desenvolvimento e a penetração da tecnologia, poupadora da mão de obra e
favorecedora dos elementos masculinos. O texto demonstra os efeitos deletérios do
impacto da industrialização na vida de amplos contingentes femininos, assim como de
revela os processos contraditórios engendrados pelo desenvolvimento do capitalismo
tardio na condição existencial da mulher no Brasil. E as contradições vão além de
buscar coerência no discurso, porque nutrem as próprias consciências dos agentes
sociais mais interessados numa transformação radical da sociedade brasileira.
Destaca pesquisa divulgada em 1975, que trata das diferenças das populações
economicamente ativa, diferenciando-as por sexo e idade, nos países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, ressaltando que nos países subdesenvolvidos a diferença é de 9,0
pontos da PEA (população economicamente ativa) feminina para PEA feminina de
países desenvolvidos, ao passo em que em relação as diferenças da PEA masculina entre
os países desenvolvidos e subdesenvolvidos é bem menos relevante (inferior a cinco
pontos). Também foi destacado que a taxa de força de trabalho feminina de menores de
15 anos é 10 vezes superior nos países menos desenvolvidos do que nos mais
desenvolvidos.
Ocorre que a participação feminina na PEA não depende exclusivamente do
grau de industrialização de um país, mas também de suas tradições nacionais, religião
dominante, regime político, da menor ou maior estabilidade da família nuclear ou
extensa etc. Exemplo, a Argélia com 1,9% de presença feminina na PEA, e o Império
Centro Africano com 52,2%. Portanto, o fenômeno da industrialização não é suficiente
para provocar uma participação maciça das mulheres na Economia. Exemplo , as
Alemanhas Ocidental e Oriental, respectivamente com 31,7% e 43,9%, respectivamente.
Registrou-se que todos os países europeus com taxa de participação feminina superior a
40% eram socialistas. Esses dados indicam a importância do regime político na
determinação da magnitude da participação feminina a papéis economicos fora do lar.
Outro exemplo era antiga união soviética e EUA, com diferença de 13,8%, ambas
igualmente industrializadas.
As indústrias de baixa densidade tecnológica tendem a absorver mais a mão de
obra feminina, ao passo que as que apresentam maior sofisticação tecnológica agregam
maior número de mao de obra masculina, tendo em vista a ideologia de que as mulheres
possuem maior habilidade manual para o desempenho de tarefas minuciosas. No setor
têxtil, as mulheres foram perdendo campo à medida em que o artesanato de tecidos foi
se transformando em indústria. Atividade como fiação, tecelagem, preparação da
matéria-prima, a mulher aparece com 57,6%, ao contrário da indústria com 18,8% (isso
em 1944). Na indústria textil, o contigente feminino atinge quase 2\3, porém o postos de
administração a posição feminina era bastante modesta, a autora registra que se agrava
com o passar do tempo. Com a industrialização (a indústria textil foi uma das primeira a
passar por este processo), a mão de obra feminina perde espaço, permanecendo maior
contingente feminimo só no setor de vestuário. Porém, a perda de terreno das mulheres
na indústria textil não é fenômeno exclusivo do brasil. Destacou-se o baixo índice de
sindicalização das mulheres, a dupla jornada de trabalho que impede de participar de
atividades que não configurem estritamente como trabalho. Pesa, obviamente, a
ideologia de que a mulher não de se imiscuir no mundo político, sendo a mulher que
ocupa funções econômicas remuneradas fora do lar, alvo de discriminações. Aponta as
diferenças salariais para o exercício funções entre homens e mulheres como fenômeno
não exclusivo do Brasil. Mesmo com a presença dos movimentos feministas, a partir
dos anos 60, com os movimentos feministas, não houve melhora substancial nesse
disparate. Na década 70, o discriminação salarial da mulher norte americana era mais
intensa, não obstante os movimentos feministas durarem mais de 20 anos.
Esses dados constituem problema sério, senão intransponível obstáculo, para
sustentação da tese de que o capitalismo reúne condições para libertação da mulher. Ao
contrário, a história, corroborando o pensamento lógico, tem demonstrado que aquela
liberação só ocorre em aspectos da vida que não interferem na margem de manipulação
que o sistema guarda em relação às mulheres enquanto força de trabalho. Exemplo seria
a libertação da mulher relativo ao uso abundante de métodos anticonceptivos, não
geraria nenhuma ameaça ao desenrolar do processo de acumulação de capital. Ao
contrário, a libertação da mulher, relativamente aos serviços domésticos poderia gerar
um crescimento tal do exercito industrial de reserva inconveniente e ameaçador em
relação à estabilidade política das democracias liberais. A discriminação salarial não é
função direta de uma eventual menor qualificação profissional da mulher, nem de um
mais fraco grau de escolaridade, como também não é própria de sociedades tradicionais,
subdesenvolvidas

SLIDE 10 – Problematização do método


Michele Perrot (2005, p. 26) diz:
A história das mulheres não mudou muito o lugar ou a
“condição” destas mulheres. No entanto, permite comprendê-los
melhor. Ela contribui para sua consciência de si mesmas, da
qual é certamente ainda apenas um sinal. Nos países em vias de
desenvolvimento, onde as mulheres começam a ter acesso ao
reconhecimento individual, é o acompanhamento frequente de
um processo identitário, às vezes contrariado, de que somos as
espectadoras cúmplices, ansiosas e solidárias (PERROT, 2005,
p. 24).

SLIDE 12
Joan Scott (2008) diz que a categoria “gênero” parece ter “nascido entre as
feministas americanas que queriam insistir na qualidade fundamentalmente social das
distinções baseadas no sexo”. O referido texto sugere que os estudos devem partir de
um exame dos confrontos entre as classes, eliminando as diferenças entre sexo feminino
e sexo masculino. Aos poucos, o correr da história demonstrou ser necessário um
destaque para a categoria “mulher” e “gênero”, conforme o próprio Pierre Bourdieu
aceitou e fortaleceu.
No texto Greves Femininas (PERROT, 2005, p. 155) fala a respeito da
participação feminina nas greves do século XIX. Ela apresenta análises gerais para
explicar a absorção das mulheres no mercado de trabalho: “emprego flutuante, sem
qualificação”, “remunerações inferiores” (PERROT, 2005, p. 155). A análise é feita por
meio de registros de notas e censos franceses, escalados a cada duas décadas. Perrot
(2004, p. 241) explica que as mulheres sempre trabalharam. Elas levaram algum tempo
para perceber o trabalho doméstico como digno para receber os vencimentos salariais.
Aos poucos, as funções laborais das mulheres se expandiram. Vários são os motivos
para essa realidade: condições sociais, movimentos políticos, crescimento demográfico,
demanda de mercado, consciência humana...
Para a autora, o comportamento das mulheres grevistas era bastante flutuante e
marcados por forte agitação. No século XIX, a autora diz que as greves eram realizadas
por um pouco menos de duzentas mulheres em um período de oito dias (PERROT,
2005, p. 156), de maneira súbita, defensiva, pouco organizada e não sindicalizada. As
grevistas buscaram direitos sociais – horas de trabalho, melhores condições para a
realização das tarefas e constância nos salários (PERROT, 2005, p. 157). É notável o
empenho estatístico de Michelle Perrot (2005, p. 156- 159) ao apresentar os dados de
maneira matemática. Esse ponto do livro é sensivelmente diferente da primeira seção,
na qual há um envolvimento narrativo a respeito do cotidiano das mulheres por meio da
leitura de diários e correspondências.

SLIDE 13
Tanto Safiotti quanto Perrot não parecem usar a Análise do Discurso em uma de
suas linhas Francesas para compreender a evolução dos direitos e da história das
mulheres.
Michele Perrot (2005, p. 13) apresenta esses dados para problematizar o uso das
fontes para a construção de uma história das mulheres. Anteriormente relegada à
história oral, a autora clama pela constituição de Arquivos e de Memória das Mulheres
por meio da “sedimentação seletiva produzida pelas relações de força e pelos sistemas
de valor”. A autora diz que nem o positivismo do século XIX e nem a Escola dos
Annalles – em seu primeiro movimento – trouxeram à luz a vivência feminina no
percurso da história. Para a autora (PERROT, 2005, p. 14), o crescente interesse na
história das mulheres é fruto dos trinta anos mais recentes. Ele iniciou com a publicação
do livro Écrire l´histoire des femmes (1981), de Françoise Thébaud. Na antropologia, a
autora destacou os estudos de Lévi-Strauss, em especial, o livro Masculin;feminis: La
pensée de la différence.
Antes disso, a autora diz que os historiadores buscaram o lugar da mulher dentro
das famílias, em especial, por meio dos estudos de Louis Henry nas décadas de 1960. É
bastante interessante notar a presença francesa para a compreensão da história da
mulher. A França é para o Brasil um farol para a direção destes estudos.
Em tom memorialista, Michele Perrot (2005, p. 17 – 26) apresenta a trajetória
para consolidar uma história das mulheres na segunda metade do século XX. Essa
trajetória inicia em 1973 com o seminário As mulheres têm uma história? Em seguida,
alguns pesquisadores da segunda geração da Escola dos Annales publicaram alguns
livros a respeito da temática. Entre os anos de 1973 e 1979, o grupo de pesquisadoras já
tinham consolidado linhas de interesse científico, a saber Mulher e Família, Mulher e
Trabalho e História dos Feminismos. Michele Perrot (2005, p.21) destaca a
participação de Pierre Samuel em conferência a respeito do uso de arcos e flechas por
mulheres amazonas gregas. Em 1974, o grupo de pesquisadoras fundou o Grupo de
Estudos Feministas (GEF). Entre 1978 e 1979, o grupo evoluiu para a referencial
Escola de Altos Estudos das Ciências Sociais, com participação de Maurice Godelier e
Georges Duvy. Entre 1987 e 1992, as pesquisadoras já tinham dados consistentes a
respeito da História das Mulheres no Ocidente. A autora destaca o trabalho de Philippe
Ariès e Georges Duby com a consecução dos volumes a respeito da História da Vida
Privada.
A segunda geração da Escola dos Annales foi fundamental para essa retomada
da voz das mulheres na história. Eles inovaram nas temáticas e nas teorias. Michele
Perrot (2005, p. 17) avalia se a “ruptura epistemológica” gerou um certo ceticismo. Ao
lado da ampla e renovadora teorização promovida pela segunda geração da Escola dos
Annalles, houve uma renovação dos espaços institucionais, por meio da absorção das
mulheres nos campos de pesquisa e nos postos de ensino. Ao lado disso, Michele Perrot
(2005, p. 17) indicou uma profunda alteração social, por meio de movimentos de
liberação das mulheres, a exemplo do MLF, e da busca pelos direitos das mulheres.
Esse conjunto de fatores abriu o campo para o desejo de memória e para o reencontro de
traços – “as figuras, os acontecimentos, os textos... – de um movimento particularmente
amnésico” (PERROT, 2005, p. 17).
Em um relato memorialista de sua trajetória, Michele Perrot (2005, p. 20) fala a
respeito dos primeiros colóquios e eventos para responder a pergunta: “As mulheres têm
uma história”? (PERROT, 2005, p. 20).

Referências Bibliográficas
ORTNER, Sherry B. Está a mulher para o homem, assim como a natureza para a
cultura? In. ROSALDO, Michelle Zimbalist; LAMPHERE, Louise. A Mulher a Cultura
e a Sociedade. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1979.
PERROT, Michelle. As Mulheres ou os Silêncios da História. Bauru, SP:
EDISC, 2005.
RAGO, Margareth. Trabalho Feminino e sexualidade. IN: DEL PRIORE, Mary
& BASSANEZI, Carla. História das Mulheres no Brasil. 7a. edição. São Paulo:
Contexto, 2004.
SAFIOTTI, Heleieth. Do artesanal ao Industrial: A exploração da Mulher. Um
estudo de operárias têxteis e de confecções no Brasil e nos Estados Unidos. São Paulo:
Editora Hucitec, 1981.
SCOTT, Joan. Género e História. México: FCE, Universidade Autonoma de la
Ciudad de México, 2008.

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