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Thebaud
Pensar historicamente as produções de mulheres dentro da historiografia ocidental é,
automaticamente, desnudar os mecanismos de invisibilidade e silenciamento aos quais estas
produções foram submetidas. É, antes de tudo, denunciar um modo masculinistas de
construção da narrativa histórica e produzir, nas palavras de Thébaud, uma “feminilização dos
saberes”. O que significa isso? Significa entender que o gênero, conforme Scott, torna-se uma
categoria extremamente útil para análise histórica e a partir disso, é possível recontar histórias
e entrecruzar experiências.
A história foi, assim, por muito tempo, “um ofício de homens que escrevem a história
dos homens, apresentada como universal, enquanto que as paredes da Sorbonne se
cobrem de afrescos femininos” (Duby et Perrot, 1991 : 14).
A autora aponta que houve inúmeras contribuições, localizadas nos anos de 68 para romper
com os pressupostos modernos, cientificistas e masculinistas da História. Contudo, ela diz que
o que provoca uma ruptura profunda capaz de promover um giro epistêmico dentro das
ciências humanas foi o feminismo de “segunda onda”, que se volta para o passado o
interrogando e tentando buscar as raízes das opressões e suas revoltas.
O feminismo de segunda onda comporta uma forte crítica cultural dos saberes estabelecidos.
Leva em conta a perspectiva feminina na construção da narrativa histórica sobre os
acontecimentos do passado. Para tanto, propõe que as pesquisas sejam feitas utilizando fontes
femininas.
-Crítica a história das mulheres: a história proposta não simplifica a realidade em proveito de
uma história da infelicidade e da revolta das mulheres, que evoca a dominação masculina sem
explicitar seu funcionamento e em detrimento da procura daquilo que Cécile Dauphin e
Arlette Farge chamariam mais tarde “o nuance infinito do encontro entre homens e mulheres.
De forma mais ampla, qual seria o sentido em fazer das mulheres um objeto autônomo da
história e elas constituírem um grupo social homogêneo?
Outrossim, alerta Chartier, uma tal incorporação da dominação não exclui a presença
de variações e manipulações, por parte dos dominados. O que significa que a aceitação pelas
mulheres de determinados cânones não significa, apenas, vergarem-se a uma submissão
alienante, mas, igualmente, construir um recurso que lhes permitam deslocar ou subverter a
relação de dominação. Compreende, dessa forma, uma tática que mobiliza para seus próprios
fins uma representação imposta – aceita, mas desviada contra a ordem que a produziu. As
fissuras à dominação masculina não assumem, via de regra, a forma de rupturas espetaculares,
nem se expressam sempre num discurso de recusa ou rejeição. Elas nascem no interior do
consentimento, quando a incorporação da linguagem da dominação é reempregada para
marcar uma resistência.
Alejandra Olberti
Pensar a construção da memória histórica usando o gênero como categoria de análise para
história. O objetivo era tensionar os discursos que circulavam na Argentina na década de
1970, em um processo de ditadura civil-militar.
Uma biopolítica do gênero.
Os problemas dos usos da linguagem para significar os sujeitos. Como nós, enquanto uma
língua latina vamos conseguir fazer isso? Que disputas políticas vamos ter que travar para
pensar uma alternativa mais inclusiva.