Você está na página 1de 3

Primeiro considerar o que se entende como Direito.

Dependendo da concepção de Direito, não


podemos dizer que essas sociedades pré-históricas eram organizadas pelo direito. Existiam
institutos jurídicos que regulavam, por meio de algumas normas, as condutas sociais.

As primeiras manifestações dessa organização aparece ainda nas sociedades ágrafas, que se
baseavam, principalmente, em preceitos religiosos e costumes e crenças/tradições familiares.
A imposição das regras nessas sociedades estava ligada ao poder político/econômico, na
maioria das vezes. Talvez seja no período neolítico que podemos assistir às transformações no
comportamento humano, a fim de pensar a natureza das instituições. O sedentarismo dos
povos deste período ocasionou o desenvolvimento de instituições duradouras. Vejam que,
uma instituição pressupõe a organização de um grupo, com vistas à consecução de costumes e
tradições, um código de normas e regras.
Uma das mais antigas instituições é a família. A segunda instituição mais antiga é a religião.
A terceira instituição mais antiga é o Estado. A não ser em tempos de crise, o estado não
existe na maioria das sociedades sem escrita. Façamos breve cronologia do aparecimento dos
institutos jurídicos nas civilizações da antiguidade.

Direito sumério: Criação do código de Hamurabi. Foi um rei babilônico que fez não mais que
uma revisão do código dos sumérios. Posteriormente, esse código tornou-se base do direito de
quase todos os povos semitas, babilônicos, assírios, caldeus e hebreus. Importante ressaltar
algumas características desse código:

-Lei de Talião- “OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE.” Um conceito aprendido com os
semitas.
- Administração da justiça em caráter semiprivado. As vítimas ou sua família trariam o
ofensor à justiça. O tribunal funcionava como árbitro e não como agente do estado para
manter a segurança pública, embora alguns desse agentes pudessem auxiliar a execução de
leis.
-Desigualdade perante a lei- o código dividia a população em três classes e as penalidades
eram aplicadas conforme a classe da vítima, mas também em alguns casos, conforme a classe
do ofensor. Essas classes eram, respectivamente: patrícios ou aristocratas; burguesia ou
cidadãos comuns e servos e escravos. A morte ou mutilação de um aristocrata era delito de
maior intensidade, se comparado ao mesmo crime em outra classe. Sendo um patrício o
ofensor, também a punição recaída sobre ele era muito mais severa. Possivelmente, essas
determinações tomaram como base a disciplina militar aplicada por esses povos, já que a
maioria dos patrícios eram oficiais do exército.
-Distinção insuficiente entre homicídio doloso e culposo. A pessoa responsável por morte
acidental não se isenta de punição, paga multa a família da vítima, baseados na teoria de que
os filhos são propriedades dos pais e as esposas dos maridos.

Não se pode comprovar se os povos assírios adotaram ou não as regras do direito dos antigos
babilônicos, mas sem dúvidas foram influenciados por eles. Muitos aspectos do código de
Hamurabi desaparecem, sobretudo a lei de talião e o sistema de graduação das penalidades de
acordo com a classe da vítima e do ofensor. Interessante notar que há uma transformação
significativa para crimes e suas punições. Os babilônicos antigos prescreviam severas
punições a crimes relacionados a traição ou sedição. Os assírios reservavam essas punições
para abortamentos ou homossexualidade, pelo interesse militar em prevenir o declínio da taxa
de natalidade. Havia submissão completa das mulheres assírias. As esposas eram tratadas
como bens e propriedades dos maridos e o direito ao divórcio era exclusividade dos homens;
permitia-se a poligamia e a todas as mulheres casadas era proibido aparecer em público sem
véu cobrindo o rosto.

O direito hebraico era intimamente ligado a religião judaica. O mais expressivo conjunto de
normas que aparece é o código de deuteronômio, que constitui o núcleo do Deuteronômio.
Era baseado em parte num código de Alianças, mais antigo, que derivava extensamente das
leis dos cananeus e dos antigos babilônios. Suas disposições eram mais esclarecidas do que as
do código de Hamurabi. Um delas recomendava a liberalidade para com pobres e
estrangeiros. Outra ordenava a libertação do escravo hebreu que tivesse servido por seis anos
e insistia que não fosse mandado embora de mãos vazias. Estipulava também que juízes e
outros funcionários deviam ser escolhidos pelo povo e proibia que aceitassem presentes ou
mostrassem qualquer forma de parcialidade. Condenavam a feitiçaria, adivinhação e
necromancia. Denunciava a punição dos filhos pelas culpas dos pais e afirmavam o princípio
da responsabilidade individual pelo pecado. Proibia, também, cobrança de juros em qualquer
tipo de empréstimo feito por um judeu a outro. E dispunha que ao fim de cada sete anos
houvesse uma remissão das dívidas.
Por fim, as civilizações da mesopotâmia contaram com as realizações dos povos hititas, que
foi bastante significativa no que tange ao sistema legal. Este, por sua vez, é reflexo de uma
sociedade relativamente urbana e requintada, porém submetida a um minucioso controle
governamental. A propriedade de todas as terras cabia ao rei ou aos governos das cidades.
Existiam concessões a indivíduos somente como recompensa de serviços militares e sob a
condição estrita de ser a terra cultivada. Nas leis era estabelecido preços de mercadorias, não
apenas artigos de luxo, mas produtos industriais, alimentícios e vestuários. Salários e
pagamentos de serviço eram pormenorizados nesse sistema e o pagamento das mulheres
fixado em menos da metade da remuneração dos homens. De modo geral, o direito hitita pode
ser considerado mais “humano” do que o dos antigos babilônios. A morte era pena estipulada
para apenas oito tipos de crime: bruxaria, furto de objetos pertencentes ao palácio, por
exemplo.
O assassínio premeditado era punido apenas com multa. A mutilação não figurava como pena,
exceto para incêndio premeditado ou roubo, quando cometidos por um escravo.

Você também pode gostar