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Pergunta 1- Trajetória de vida e acadêmica

-mencionar o incômodo com a questão identitárias


-ao entrar na universidade (Unimontes) relevância do contato com Cláudia e os
grupos, que na época era GV e hoje GPEG.
-Ao longo dos anos, concomitante às pesquisas/trabalhos/experiências o
reconhecimento da desconstrução da identidade.
-mencionar o contato/ vivência diário com pessoas trans na universidade e fora
-participação na apocalipse cuíer.
-falar um pouco da experiência do pós-doc como um professor transmasc

Pergunta 2- Uma ética terrorista, no limite, é abrir mão dos privilégios universais
(cisgênero/hétero/), embora eu seja um sujeito branco, essa noção de racialidade me
levou a lugares de críticas à essa branquitude e me possibilitou enxergar a potência
dessas percepções. Ainda, uma ética terrorista tem que ver com o corpo como arma de
guerra, o corpo como dispositivo que coloca os sujeitos frente à um modo de vida
diferente e os obriga a refletir acerca das múltiplas possibilidades das identidades de
gênero. Ainda, uma ética terrorista na pesquisa em história implica buscar estratégias
para hackear as diversas matrizes discursivas que nos estão disponíveis para pensar uma
reescrita da História desde saberes e experiências dissidentes, não apenas de gênero,
como também de racialidade, etnicidade, classe, e outros marcadores sociais. Essa é a
proposta de uma ética terrorista, para a vida e para o trabalho que proponho em meus
textos.

Pergunta 3- Vou usar a minha própria experiência e corpo: Um professor


transmasculino, não hormonizado e que se coloca no espectro da transmasculinidade é
capaz de causar enorme confusão, ainda que o espaço tenha “conhecimento” destas
possibilidades, ainda que haja informações. O terror, nesse sentido, passa a ser um
dispositivo que provoca na cisheteronormatividade dúvidas em relação a como ler
aqueles corpos. Obviamente, implicado a esse terror há também o modo como se reage
a isso, há formas violentas de compreensão e que, portanto, produzem efeitos de
transformar essas vidas em estatísticas de morte. Nesse sentido, falamos de como o
necropoder e a necropolítica, como uma investida de aniquilação institucionalizada na
guerra de subjetividades, atua a fim de fazer uma “limpeza” desses desvios, assim como
percebemos historicamente, foi feito com os povos originários, com as mulheres, com
as pessoas negras, com a loucura.. De modo estratégico, os corpos trans/travestis/ nb
podem se tornar estratégias de visibilidade, escancarando as ruínas da
cisheteronormatividade e provocando a reflexão para formas de vida mais livres, felizes,
autônomas e modos potentes de efetuar o desejo de ser quem se é.

Pergunta4- Escolher a Linn como companheira de luta, de escrita, de trajetória


foi uma escolha afetiva, no sentido de que a primeira vez que a ouvi dizer o que estava
dizendo, lá em 2016 em um espaço de completo frenesi e efetuação de desejo, liberdade
e gozo, aquilo me afetou como se ela tivesse lançado uma flecha no ar e essa flecha,
acidentalmente, tivesse atravessado minha carne. Ora, isso me causou uma tremenda
fissura e a partir daí fui procurar outras produções; e então foi super fácil e gostoso
porque a Linn é uma artista multimídia e versátil, atuou em minisséries, no cinema,
produziu dois álbuns completos, alguns vídeo-clipes, participou de muitos eventos e
entrevistas, apresentou programas de televisão, assim como participou de alguns em
rede nacional e horários nobres. Por último, sua participação no BBB foi crucial para
que o Brasil e mundo pudessem acompanhar de perto as questões que as travestis,
principalmente, enfrentam no cotidiano. Nesse sentido, já adianto que elas foram a
vanguarda política e guerrilheira na luta para garantia de direitos e ações contra a
LGBTQ+fobia, de maneira global. A potência de suas ações no curso da história global
tem relação com a transformação da precariedade/vulnerabilidade em máquina de
guerra para revidar às políticas de morte instauradas, sobretudo, pelo Estado. Nesse
sentido, hoje celebramos nossas vidas porque nas guerrilhas do passado nossas
ancestrais foram capazes de morrer para que hoje pudéssemos escrever, tranquilos,
recontando nossas história. Além de se colocar como linha de frente na guerra das
subjetividades, os corpos trans são potentes justamente pela historicidade de luta que
carregam consigo, nos dando possibilidades não apenas de perceber as estruturas de
poder que nos empurram para morte, como também pensar suas memórias e
experiências nos faz capaz de organizar nossas próprias guerrilhas, armadas ou não, mas
sempre terroristas contra o necropoder.

Pergunta5- Indico não apenas conhecerem o trabalho da Linn da Quebrada,


como também a se colocarem a disposição de conhecerem e consumirem artistas
trans/travestis, sobretudo artistas transmasculinos que dentro dessa dissidência ainda são
colocados em lugares invisibilizados., como o Nick Cruz. Além disso, indico escutarem
e assistirem ao clipe da primeira banda transcentrada do Brasil, apocalipse cuíer,
chamado terrorista de gênero. Está disponível no yt. Segue o link
(https://www.youtube.com/watch?v=9VmnH149xas)

Como sugestão de leitura acadêmica, farei propaganda do meu capítulo na


coletânea “Sexualidades inssubmissas” org por Gustavo Ramos e Cláudia Maia e
também a coleção Caixas pretas ABEBE, publicada pela N-1 que tem livros escritos por
Linn, Tatiana Nascimento, Jaqueline Gomes de Jesus e muitas outras. Essa coleção
mudou minha forma de relação com a escrita e com o mundo.

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