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Tema da aula 13/03- Feminismos e democracia

Qual o papel designado às mulheres na concepção da democracia?


Os debates entre igualdade e diferença são perpassados por paradoxos.

A atenção à identidade de grupo subvaloriza avaliações sobre o mérito objetivo de qualquer


candidato individual. A identidade é também uma categoria de análise bastante complexa e
paradoxal, no que tange a estas discussões, uma vez que a por um lado a concepção de
democracia acaba nos permitindo operar, no fim das contas, apenas com estas categorias
homogeneizadoras e as singularidades dispersas acabam ficando à margem de alcançar
quaisquer direitos. Ainda há o problema de grupos que pensam estes debates serem bastante
maniqueístas e polarizados, fazendo uma leitura extremamente binária destas pautas. De um
lado, os pró-identidades alegando que essa categoria é fundamental para contemplar o
máximo de sujeitos possíveis. De outro, a oposição a essa categoria produz profundas cisões
que não são interessantes aos movimentos.

Retraçar as fronteiras de distritos eleitorais para aumentar o número de


representantes de minorias em cargos públicos tem sido uma proposta
rejeitada, não só devido à “consciência de raça”, mas também porque fere o
princípio de que qualquer indivíduo pode – e deve – ser capaz de representar
os diferentes interesses de seus/suas constituintes (SCOTT, 2005, p.13).

Contudo, qual é o tipo de ordenamento jurídico e político que estabelece estas capacidades de
representatividade? Claro que se apegar a leitura identitária é algo muito problemático, porém,
sabemos o quanto a norma privilegia uns em detrimento de outros. Ou seja, paradoxal. Então,
pensamos coletivamente ou individualmente? Se optamos por um, excluímos necessariamente outro.
Outro paradoxo.

O dilema da diferença ou o paradoxo do biopoder ou qualquer nome que se dê entre a relação entre
igualdade e diferença. Meus paradoxos compartilham de todos esses significados, porque
desafiam o que, para mim, parece ser uma tendência generalizada de polarizar o debate pela
insistência de optar por isso ou aquilo. Argumentarei, ao contrário, que indivíduos e grupos,
que igualdade e diferença não são opostos, mas conceitos interdependentes que estão
necessariamente em tensão.
1. A igualdade é um princípio absoluto e uma prática historicamente contingente.
Perpassam a questões de raça, classe e gênero. Diferenças entre indivíduos de grupos
coerentes que não se localizam nesses eixos são anuladas e não se constituem
enquanto diferença. Quais diferenças importam ou não para o exercício de direitos
políticos? Igualdade social significa muito mais verossimilhanças do que quantidade
idêntica exata.

2. Identidades de grupo definem indivíduos e renegam a expressão ou percepção plena de sua


individualidade.

2. Reivindicações de igualdade envolvem a aceitação e a rejeição da identidade de grupo


atribuída pela discriminação. Ou, em outras palavras: os termos de exclusão sobre os
quais essa discriminação está amparada são ao mesmo tempo negados e reproduzidos
nas demandas pela inclusão.

Carole Pateman- O contrato sexual

O grande silencia sobre o contrato sexual. Motivações? Contrato que estabelece a dominação
dos homens sobre as mulheres. A idéia de contrato sexual de Pateman se traduz enquanto uma
denúncia às sociedades contratualistas que são fundamentadas pela teoria clássica do contrato.

O contrato original- Os homens no estado natural trocam as inseguranças da sua liberdade


individual pela liberdade civil e equitativa, tutelada pelo Estado. O que é colocado em xeque
aqui são os sentidos outros que aparecem nesse tipo de relação contratual. Não apenas a
liberdade, de maneira “equitativa” (Na verdade, como diz Scott, paradoxal), mas uma idéia
clara de dominação de homens sobre mulheres e o direito masculino de acesso sexual regular
a elas.
O teórico liberal Thomas Hobbes, no Leviatã, traz a ideia de segurança a partir do
contrato social. Portanto, entende que um Estado soberano é capaz de proteger os indivíduos
de uma sociedade, uma vez que a sua força militar e ideológica se sobrepõe à toda sociedade.
Conformados com a possível vulnerabilidade social, os indivíduos se submetem à essa tutela.
Hoje, ainda pensamos dessa mesma forma? Estamos sujeitos à estes “contratos sociais”? Qual
a noção de segurança que temos?

Veja que o contrato social é também um paradoxo: a liberdade está sendo garantida a que tipo
de indivíduos? Homens/heterossexuais e brancos. Por qual motivo? Por que o contrato
estabelece um tipo de liberdade dentro da sociedade civil, mas também produz outro aspecto:
a sujeição ou subordinação feminina. O direito patriarcal dos homens sobre as mulheres é
criado com o contrato.

Perceber como os deputados que discutiam voto na câmara no Brasil e pensar quem é que eles
estão pensando para construir seus discursos. Importante.
O presente carregado de historicidade. Nova onda do movimento feminista (2010) Retoma-se
a Pateman para se pensar a idéia do patriarcado.

A invenção dos direitos humanos- Lynn Hunt-


A onda conservadora e o investimento biopolítico nos direitos humanos. O controle da “vida”
é feito através da concessão e contratos sociais.
Sociedade contratualista- O contrato original x o contrato sexual

Nossas categorias de análise são datadas e contextualizadas. Não perder de vista isso. Por que
os conceitos são justamente categorias analíticas que tem seus limites. Elas não explicam a
totalidade dos eventos.
Discussão público x privado.

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