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DISCIPLINA: Tópicos Especiais III - Teorias do Conflito, Crime e Violência

PROFESSOR/A: Ana Paula Mendes de Miranda e Bóris Maia


DISCENTES: Andressa, Fátima, Gustavo, Hannah, Karen, Soraya

Os conflitos étnicos-raciais
Colaboração para a wikipédia

Para compreender o cenário onde as questões dos conflitos étnico-raciais são


travadas, pode-se partir da compreensão do conceito de cidadania como sendo o
direito legítimo de diferenciação, ou seja, ser cidadão deve ser compreendido
também como ser portador do direito à diferença. O Estado cria os seus textos
normativos, ou seja, as suas constituições, e nelas se expressam os conflitos
ideológicos que afetam a convivência social. Vale ressaltar que no que se refere às
tensões presentes na relação existente entre o Estado, que é responsável por gerir
a cidadania, e as diversas identidades étnicas, o que também podemos chamar de
etnicidade, há uma disputa acerca do direito à livre determinação dos povos.
Considerando que o Estado exercerá o regime de tutela dessas etnias, a partir de
suas agências, ele buscará escolher, definir e controlar o que são as coletividades
sobre as quais incidirá, havendo uma possibilidade que determinados discursos
sobre a diversidade cultural sejam apagados, tornando algumas vozes dissonantes.
Esse apagamento das marcas étnicas, no caso brasileiro, é feito no intuito de se
criar uma cultura marcada pelo branqueamento e minimização dos conflitos como
seu ethos central, o que desvalida os movimentos sociais em torno das questões
étnico-raciais. Essa manipulação da identidade que é dada pelo Estado abarca uma
inclusão e exclusão dos indivíduos determinando assim sua interação e seu
comportamento na sociedade, fazendo com que se crie uma espécie de não-lugar
dentro desta sociedade, onde estes indivíduos e grupos étnico-raciais acabam
vivendo numa espécie de “limbo social”. Isso acaba gerando conflitos que se
caracterizam pela tentativa destes grupos de reivindicarem sua existência perante
as instituições estatais, buscando o reconhecimento e garantia de seus direitos de
cidadãos plenos. Este reconhecimento do Estado sobre a identidade e os direitos
destes grupos faz com que os indivíduos conflitam entre si na tentativa de
determinarem quem realmente faz parte do grupo, tendo percepções divergentes
quanto à identificação racial ou étnica, baseando seus critérios muitas vezes em
aspectos físicos como a cor de pele, formando assim conflitos identitários.

No que diz respeito às identidades étnicas, existem principalmente duas abordagens


teóricas para explicar as suas construções: A abordagem primordialista ou
essencialista ( formulada na antropologia por Clifford Geertz) que entende
etnicidade como natural e inabalável, sendo uma característica da estrutura social,
e, a abordagem instrumentalista ou situacionista ( formulada por Fredrik Barth) que
interpreta as identidades como socialmente construídas, sendo assim, um aspecto
da organização social. Fato é que identidade, sempre é relacional. Uma vez
relacional, ela é classificatória e uma vez classificatória é significante. Por exemplo:
as “descobertas” coloniais propiciaram contato entre brancos e negros, essa relação
que possibilitou a categorização que existem pessoas de pele clara e pessoas de
pele escura, e, através das terias eugenistas os europeus agregaram significado a
diferença: ser branco é bom, ser negro é ruim. Um exemplo de conflitos étnicos
entre pessoas da mesma cor, mas não da mesma etnia é o caso dos Hutus e Tutsis
e o Genocídio em Ruanda.

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