A relevante e instigante obra do professor Adilson José Moreira, Doutor em Direito

Constitucional Comparado pela Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, Tratado de

Direito Antidiscriminatório tem como objetivo instigar a correta aplicação e utilização das
inúmeras normas antidiscriminatórias existentes no país, buscando a eliminação da desigualdade
enfrentada pelas minorias. O livro descreve inúmeras formas de discriminação e tem a
preocupação de uma busca pela igualdade social e a transformação da cultura jurídica marcada
pelo liberalismo, que é voltado para a proteção dos indivíduos e não para grupos, eliminando
nessa ótica a importante discussão de diferentes tipos de igualdade, como as de gênero, classe,
racial, entre outros. A obra é dividida em 23 capítulos, o qual será dado enfoque ao capítulo 17,
que retrata o tema Discriminação Racial".

A discriminação racial pode ser compreendida como uma ordem social, esta composta de
vários sistemas, os quais sofrem influência e organização pelo aspecto da racialização. Esse tipo
de ordenamento é composto por grupos, os quais há uma relação de subordinação entre eles. O
dominante tem acesso a melhores chances, enquanto os que subordinados são aqueles que
possuem pouca ou nenhuma chance e são discriminados. O Racismo então vem a ser maneira de
uma determinada parte da sociedade dominar os melhores mecanismos, recursos e vantagens em
detrimento de uma camada que é discriminada. Nesse sentido, as minorias são dominadas pelo
extenso controle que as classes fazem dos setores econômicos, políticos, entre outros. Através
desse domínio, a mudança de uma pessoa que está situada nas minorias para outra posição social
pouco ocorre.

Há a manutenção do status privilegiado das pessoas brancas, os quais seriam a classe

dominante, através de mecanismos e da manutenção da ideia de que os brancos são os únicos
capazes de desempenhar algum papel relevante socialmente, que forma uma das ideias da
chamada política identitária branca. Para compreensão do conceito de discriminação racial,
buscou-se conceituar o conceito de raça. Ele foi analisado em diversas concepções. A primeira
delas é a biológica que se refere a traços fenotípicos em comum de algumas pessoas, o quais
acarretam em indíviduos semelhantes. Esses traços que indicam semelhança já foram
interpretados como maldição, ocasionando na perca da respeitabilidade por pessoas negras.
Posterioremente, é apresentado o conceito de raça, por designação de tipos humanos. Que se
refere a não somente a características físicas e morais, mas também a capacidade intelectual, a
qual seria inferior. Esses traços determinam as funções que os indíviduos discriminados
poderiam cumprir, as mais reconhecidas são para aqueles do grupo racial dominante.

Mais uma vertente do conceito de raça é a de designação de classe social, a que se refere
a inferiorização econômica de pessoas negras, composta por uma grande da população negra. Por
fim, conceitua-se raça como construção social, que não leva em consideração o aspecto biológico
e sim o processo de racialização, no qual os indivíduos dominantes imputam aspectos negativos
a traços semelhantes das classes subordinadas para as dominá-la social e economicamente.

Adentrando em uma definição da discriminação racial, primeiro necessita-se uma leitura

aprofundada da legislação referente ao crime de racismo, as quais nota-se que o intuito de
discriminação. A lei então demonstra que a lei compreende o "racismo como tratamento
diferenciado entre pessoas, tratamento baseado em uma categoria que não pode ser utilizada
como forma de discriminação negativa". (MOREIRA,2020,p.602).