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Homem, Cultura e

Sociedade

Pluralidades no século XXI: debates


sobre intolerâncias e gênero

Prof(a) Maria Gisele de Alencar


Unidade de Ensino: Pluralidades no século XXI: debates sobre
intolerâncias e gênero.
Competência da Unidade de Ensino: Compreender de que modo o
sistema democrático responde à pluralidade de existir socialmente no século
XXI, a partir do debate sobre liberdades, tolerância, fanatismo e gênero.
Resumo: Entender como o princípio da liberdade e da tolerância são
pensando a partir do escopo do sistema democrático; analisar os impactos
sociais do fanatismo, que rompem com os fundamentos democráticos e, por
fim conhecer as lutas do feminino no bojo do debate político sobre o
feminismo e as diferentes identidades de gênero.
Palavras-chave: Democracia, Pluralidades, Liberdade, Tolerância,
Fanatismo, Identidades de gênero, Feminismo, Direitos, Lutas do feminismo.
Título da teleaula: Pluralidades no século XXI: debates sobre intolerâncias
e gênero.
Teleaula:4
Contextualizando a aula
• Compreender o debate sobre pluralismo democrático.
• Problematizar os conceitos de liberdade, tolerância e
intolerância.
• Entender os impactos sociais gerados pelo fanatismo.
• Analisar a importância do debate de gênero no bojo
das lutas sociais.
• Conhecer as lutas e conquistas do feminino, assim
como a importância do debate sobre a
interseccionalidade e as identidades de gênero.
Democracia: outro na
diversidade
Para além da representação

A democracia, em sua concepção vigente na


contemporaneidade, reveste-se de fundamentos e
valores voltados ao pleno desenvolvimento de nossas
capacidades e liberdades:

• os indivíduos são considerados sujeitos dotados de


direitos e prerrogativas essenciais.
• garantias constitucionais.
Os limites

As liberdades de expressão, de crença ou qualquer outra


forma de manifestação individual ou coletiva, desde que
não constituam ameaças ao sistema democrático:

• são, por si só, valores indispensáveis à manutenção de


uma dinâmica democrática.
• liberdade de expressão limita o abuso de poder.
• para a Declaração dos Direitos Humano, a liberdade de
expressar-se assegura o princípio democrático.
Democracia e seus princípios
Democracia apresenta uma dupla função:
• constitui importante instrumento para que se busque a
consolidação de direitos e prerrogativas – algo de
extrema importância para os grupos mais fragilizados
de uma sociedade.

• torna-se o objetivo final de uma coletividade capaz de


reconhecer a grandeza da diversidade em seu corpo
social.
Tolerância
O que eu preciso saber
Alteridade: reconhecimento de pessoas e culturas
singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o
mundo de suas próprias maneiras.
Empatia: a capacidade psicológica para sentir o que
sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma
situação vivenciada por ela.
Tolerância: capacidade pessoal e coletiva de conviver
com valores diferentes dos nossos; respeitar as
diferenças e a diversidade de existências na vida social.
Reflexões sobre os paradoxos

O chamado paradoxo da liberdade [tolerância grifo da


professora] é o argumento de que a liberdade, no sentido da
ausência de qualquer controle restritivo, deve levar à maior
restrição, pois torna os violentos livres para escravizarem os
fracos” (POPPER, K. A sociedade aberta e seus inimigos. Belo
Horizonte: Editora Itatiaia, 1974. v. 1. p.288).
Princípios da Tolerância
A tolerância: apenas aqueles que estejam dispostos a
responder também com tolerância.
Declaração de Princípios sobre Tolerância - Unesco.
Aspectos fundamentais:
• respeitar as diversidades culturais, sexuais, étnicas,
religiosas
• não aceitar as desigualdades socioeconômicas;
A Unesco destaca que para combater a intolerância são necessários:
Aplicação das leis de direitos humanos - punição de crimes de ódio e
discriminação contra minorias;
Educar sobre tolerância, direitos humanos e outros modos de vida,
tanto em casa quanto na escola;
Desenvolver políticas para gerar e promover a liberdade de
imprensa e o pluralismo da imprensa, para permitir que o público
diferencie fatos e opiniões;
Promover a consciência do vínculo entre seu comportamento e o
círculo vicioso de desconfiança e violência na sociedade;
Ferramentas de ação que incluem desacreditar a propaganda
odiosa, criar grupos para enfrentar problemas e estabelecer redes de
base para prestar solidariedade às vítimas da intolerância.
Fanatismo
Raízes do fanatismo

Quando a intolerância é praticada de modo intenso:

• em que aparentemente não há limites para a


afirmação de um ideal ou de uma convicção;
• em que uma causa ou doutrina é perseguida ainda que
em contrariedade a evidências científicas – revelando
uma adesão fervorosa e desmedida a uma convicção;
• em total desprezo às outras maneiras de se analisar o
tema.
O perigo do pensamento incontestável
Certeza absoluta e incontestável que o devoto tem a
respeito de suas verdades:
• a exaltação que leva indivíduos ou grupos a praticarem
atos violentos contra outras pessoas;
• violenta e prejudica, significativamente, a liberdade e o
direito de existir;
• não admitem contestação.
• baseado em pensamentos e posicionamentos
individuais e coletivos a partir de dualismos
Se expressam
É exercido nas mais diversas áreas da vida humana:
• na paixão a um time de futebol;
• no campo político e a partidos políticos;
• no campo religioso;

A rejeição em relação ao outro, àquele que não faz parte


dessa comunidade, visto, por vezes, como inimigo.
Raízes da Intolerância
O setor de recursos humanos que atua na empresa onde
você trabalha, foi notificado de que duas mulheres adeptas
do Candomblé, religião de matriz africana, estavam
sofrendo perseguição, discriminação e ofensas vindo de
outros funcionários da empresa.
Ao saber sobre o ocorrido, você propôs ao setor que para
além das medidas jurídicas cabíveis, promovesse um tipo
de formação continuada com todos os funcionários cuja
proposta era debater sobre formas de preconceito e
intolerâncias. Neste caso específico, a intolerância religiosa.
A formação ocorreu no formato de três seminários, e
convidados especialistas conduziram a formação.
• manifestações de intolerância são caracterizadas pelo
uso acentuado da violência, da força ou de qualquer
outra forma de expressão intensa do poder.
• capacidade pessoal e coletiva de conviver com valores
diferentes dos nossos; respeitar as diferenças e a
diversidade de existências na vida social
A liberdade tem
“limite”?
“[...] o discurso de ódio se configura como crime e atenta
às garantias e direitos fundamentais de todo cidadão.
Entretanto, o principal debate que surge ao falarmos
dessa prática é a diferença entre discurso de ódio e
liberdade de expressão. Isso porque, muitos alegam que
a liberdade de expressão lhes dá direito de se
expressarem da maneira que melhor lhe convém sobre
todo e qualquer tema[...]”
(Disponívelem: https://www.politize.com.br/discurso-de-odio-o-que-
e/?https://www.politize.com.br/&gclid=EAIaIQobChMIy_fZhfPR_QIVDkeRCh
3GBgcqEAAYASAAEgIv9_D_BwE Acesso 01 de março de 2023) .
Um debate sobre
Gênero
O que é preciso saber
Pode ser compreendido como uma elaboração histórica
de padrões de comportamento e sociabilidade
reproduzidos ao longo do tempo em nossas estruturas
sociais.
• Feminilidade e masculinidade com base no debate
sobre gênero, surge no bojo das lutas do feminismo.
• O Patriarcado como Instituição social – Dominação
masculina, manifesta-se no privado e no público.
O Feminismo
O feminismo consiste na articulação de argumentos
filosóficos, políticos, sociais que visam a defesa da
igualdade de direitos entre homens e mulheres, em suas
mais diversas manifestações sociais;

Eliminar as diversas formas de subordinação ou


inferioridade das mulheres frente aos homens, com vistas
a uma sociedade mais igualitária.
Ser Mulher
• Como categoria identitária, tem importância histórica e
política, pois foi a partir disso que se fundou o próprio
conceito de feminismo.
• Reconhecimento político das mulheres entendidas
como uma coletividade, que abarca qualquer outra
diferença entre elas.
• Não se trata de uma identidade, somente relacionada
à condição biológica.
Conquistas das lutas
do feminino
Os impactos
Os movimentos de mulheres exerceram papel
fundamental nas conquistas históricas:
• reconhecimento de igualdade de direitos entre homens
e mulheres que, se torna obrigatório a partir da
constituição de 1988;
• colocar na agenda pública a necessária atenção às
políticas de gênero.
As conquistas
1827 – Meninas são liberadas para frequentarem a
escola.
1879 – Mulheres conquistam o direito ao acesso às
faculdades.
1932 – Mulheres conquistam o direito ao voto.
1962 – É criado o Estatuto da Mulher Casada.
1977 – A Lei do Divórcio é aprovada.
1988 – A Constituição Brasileira passa a reconhecer as
mulheres como iguais aos homens.

2002 – “Falta da virgindade” deixa de ser crime.

2006 – É sancionada a Lei Maria da Penha.

2015 – É aprovada a Lei do Feminicídio.

2018 – A importunação sexual feminina passou a ser


considerada crime.
Interseccionalidade
mulher, raça e classe.
A crítica ao feminismo ocidental
As mulheres negras promoveram uma crítica tanto a um
feminismo que não levou em conta a dimensão racial nas
opressões de gênero quanto ao movimento de homens
negros, que não tratavam da dimensão de gênero nas
questões raciais.

Diante disso é fundamental refletir sobre a maneira como


as opressões se intercruzam e produzem novas opressões
Mulher, raça e classe
Segundo Angela Davis, as características de um sujeito
político feminista, pensado da perspectiva de mulheres
negras, não seria o resultado da “condição feminina”,
mas o resultado da condição histórica e racial das
mulheres negras.

• nova natureza feminina: o enorme espaço que o


trabalho e a violência ocuparam na vida das mulheres
negras e seguem ocupando por meio de um modelo
estabelecido desde a escravatura.
“Ideologia do Feminismo”
No século XIX, no contexto descrito por Davis (2016), a
ideologia da feminilidade enfatizava os papéis de mães
cuidadoras, companheiras dóceis e donas de casa para
seus maridos, mas as mulheres negras eram
praticamente uma anomalia, não eram consideradas
“mulheres” no âmbito da ideologia do feminismo, que
estava centrada na perspectiva da mulher branca.
Trabalho e gênero
“A desigualdade salarial de gênero é formada, muitas vezes, antes da
entrada dos indivíduos no mercado de trabalho. No entanto, o
mercado de trabalho pode funcionar como um reprodutor e
consolidador desta desigualdade. Por exemplo, algumas pessoas
argumentam que mulheres têm preferência por certas profissões que
pagam menos e, por isso, a desigualdade salarial não tem relação
direta com a desigualdade de gênero. Contudo, essas escolhas
profissionais acabam sendo reflexo da desigualdade de gênero já
existente”.
(https://www.politize.com.br/desigualdade-salarial-entre-homens-e-
mulheres/?https://www.politize.com.br/&gclid=EAIaIQobChMI54KM243K_QIVDhCtBh2
veQL6EAAYASAAEgJXCfD_BwE Acesso em 2 de março de 2023)
Considerando seus conhecimentos sobre as diferenças e
desigualdades de gênero e raça, como explica-se este fenômeno.
• Desigualdade econômica culturalmente construída e
reproduzida;
• Desdobramentos do passado escravista;
• Patriarcado – potencializando as estruturas
capitalistas;
• Racismo, sexismo e elitismo – interseccionalidade.
Violência e a
Interseccionalidade
Você está desenvolvendo pesquisas sobre o impacto da
Pandemia do Covid-19 entre a população negra e
identificou, assim como demonstrou a reportagem
divulgada pelas Nações Unidas (em site oficial), que o
problema é intensificado em relação às mulheres negras.
Como poderia explicar essa realidade experienciada pelas
mulheres negras?
Segundo Angela Davis
A mulher negra nas sociedades com passado
escravocrata, produz um legado ainda não superado em
nossa sociedade;

• enorme espaço que o trabalho e a violência ocuparam


na vida das mulheres negras, e segue ocupando por
meio de um modelo estabelecido desde a escravatura.
Como escravas, o trabalho compulsoriamente ofuscou
qualquer outro aspecto da existência feminina negra. Ao
falar sobre a luta das mulheres e a interseccionalidade,
raça, classe e gênero não devem ser tratadas de forma
isolada, pois são indissociáveis.

Em termos históricos, as mulheres negras promoveram


uma crítica tanto a um feminismo que não levou em
conta a dimensão racial nas opressões de gênero quanto
ao movimento de homens negros, que não tratavam da
dimensão de gênero nas questões raciais.
Recapitulando
Relativizar os
Pluralismos e
conceitos de liberdade
Democracia
e tolerância

Fanatismo

O feminismo e as
lutas por direitos
Gênero Interseccionalidade
Gênero, Raça e
Classe
Identidades de
Gênero
Acesso à textos complementares

https://padlet.com/giselealencar1/67re3fvm6ila4chs

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