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A discriminação contra mulheres pretas é uma problemática muito grave e

inaceitável. Infelizmente, o discurso de ódio tem se intensificado de diferentes


formas e principalmente num canal muito acessado, que são as redes sociais,
percebe -se que nos últimos anos, essa problemática vem afetando
especialmente as mulheres negras. Aqui estão alguns pontos relevantes:

1. Aumento das Denúncias: De acordo com a Safernet, as denúncias de


crimes envolvendo discurso de ódio nas redes sociais triplicaram nos
últimos 6 anos. Esse aumento é alarmante e requer atenção urgente1.
2. Crimes de Ódio Contra Mulheres: O maior crescimento foi nos crimes
de ódio contra as mulheres, que saltaram de pouco mais de 8 mil para
mais de 28 mil denúncias. Isso ocorreu no mesmo ano em que o Brasil
registrou o maior número de feminicídios desde que a lei entrou em
vigor1.
3. Intolerância Religiosa, Racismo e Aversão a Estrangeiros: Além das
agressões contra mulheres, também houve aumento nas denúncias
envolvendo intolerância religiosa, racismo e aversão a estrangeiros.
Esses discursos prejudiciais têm impactos reais na vida das pessoas e
perpetuam desigualdades1.
4. Uso Político do Ódio: Durante as eleições de 2022, o ódio foi utilizado
como tática política, estimulando a proliferação de mensagens
criminosas na rede. É essencial combater o discurso de ódio para
enfrentar a violência contra as mulheres e promover a igualdade12.
5. Misogynoir: Especificamente para mulheres negras, existe um
fenômeno chamado misogynoir, que se refere à discriminação única
enfrentada por elas. Suas experiências de abuso, trauma e agressão
são frequentemente questionadas e ignoradas, o que é profundamente
injusto3.

É fundamental que todos nós nos unamos para combater o discurso de ódio,
promover a igualdade de gênero e garantir que todas as mulheres,
independentemente de sua cor de pele, sejam tratadas com respeito e
dignidade24.

Como posso ajudar a combater o discurso de ódio?

Combater o discurso de ódio é uma tarefa importante e necessária para


construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Aqui estão algumas maneiras
pelas quais você pode contribuir:

1. Educação e Conscientização:
o Informe-se sobre o que constitui discurso de ódio e como ele
afeta as pessoas. Compreender os diferentes tipos de
preconceito e discriminação é fundamental.
o Compartilhe informações e recursos educativos com amigos,
familiares e nas redes sociais. Quanto mais pessoas estiverem
cientes, maior será o impacto.
2. Promova o Diálogo Respeitoso:
o Quando você se deparar com discursos de ódio, tente responder
de maneira respeitosa e construtiva. Evite alimentar a raiva ou o
ódio.
o Incentive conversas saudáveis e empáticas. Ouvir diferentes
perspectivas é essencial para promover a compreensão mútua.
3. Denuncie e Bloqueie:
o Se você encontrar discurso de ódio nas redes sociais, denuncie-o
imediatamente. A maioria das plataformas tem mecanismos para
relatar conteúdo prejudicial.
o Bloqueie contas que espalham ódio. Isso ajuda a reduzir a
disseminação dessas mensagens.
4. Participe de Iniciativas e Organizações:
o Junte-se a grupos que lutam contra o discurso de ódio, como
organizações de direitos humanos, grupos antirracismo e
movimentos feministas.
o Participe de eventos, palestras e workshops que abordem
questões de igualdade e combate ao preconceito.
5. Seja um Aliado:
o Se você não faz parte do grupo diretamente afetado pelo discurso
de ódio, use sua voz e privilégio para apoiar aqueles que são
alvo.
o Esteja disposto a aprender e desaprender. Reconheça seus
próprios preconceitos e trabalhe para mudar atitudes negativas.
6. Promova Representatividade:
o Apoie artistas, escritores, cineastas e criadores de conteúdo de
grupos marginalizados. A representatividade importa e ajuda a
combater estereótipos prejudiciais.
7. Autoavaliação:
o Reflita sobre suas próprias atitudes e palavras. Todos nós temos
viés inconsciente, mas podemos trabalhar para sermos melhores.
o Esteja disposto a corrigir erros e aprender com eles.

Lembre-se de que cada pequena ação conta. Juntos, podemos criar um


ambiente mais positivo e inclusivo para todos.

A discriminação contra mulheres negras é um problema complexo e


profundamente enraizado. Sendo assim existem várias doutrinas, pesquisas e
jurisprudências, que tem sido abordado por diversos autores e tribunais. Vamos
destacar algumas perspectivas relevantes:

1. Práticas Interseccionais de Discriminação:


o Um estudo intitulado “Práticas interseccionais de discriminação
contra mulheres negras: Um estudo sobre vergonha e
humilhação” analisou a estigmatização e a violência enfrentadas
por mulheres negras em situação de pobreza. Esse estudo
considera a interseção de três módulos distintos: sexo/gênero,
raça/etnia e classe social. A estigmatização e a culpabilização da
pobreza são observadas, bem como casos de humilhação
relacionados ao gênero e à questão racial.
o A interseccionalidade é fundamental para entender como
diferentes formas de opressão se entrelaçam e afetam as
mulheres negras.
2. Direitos Humanos e Convenção CEDAW:
o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher (CEDAW) é um importante
instrumento internacional. No Brasil, pesquisas interseccionais
examinaram a eficácia dessa convenção em proteger os direitos
das mulheres negras2.
o Esses estudos destacam a necessidade de políticas públicas
específicas para enfrentar a discriminação racial e de gênero.

Caso Alyne Pimentel v. Brasil:

3. O Comitê das Nações Unidas para Eliminação da Discriminação


contra a Mulher (CEDAW) julgou o caso de Alyne Pimentel, uma
mulher negra e pobre que morreu devido a complicações em uma
gravidez mal assistida no Brasil.
4. A decisão histórica reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro
pela morte de Alyne e pela violação de seus direitos humanos. Isso
contribuiu para a proteção dos direitos das mulheres no âmbito da saúde
reprodutiva

Violência Obstétrica como Discriminação Interseccional:

5. A violência obstétrica é uma forma de violação dos direitos humanos


das mulheres, especialmente aquelas negras, pobres e periféricas.
6. O caso Alyne Pimentel v. Brasil representou um avanço jurídico ao
abordar a violência obstétrica como uma forma de discriminação
interseccional, exigindo medidas efetivas de prevenção e reparação

7. Responsabilidade do Estado e Garantia de Não Repetição:


o É fundamental que o Estado adote medidas para prevenir futuras
violações e garantir que casos semelhantes não se repitam.
o A conscientização, educação e mudanças estruturais são
essenciais para combater a discriminação contra mulheres pretas
no Brasil.

Caderno de Jurisprudência do STF sobre Direitos das Mulheres:

 O Supremo Tribunal Federal (STF) possui jurisprudência relevante que


combate a violência e a discriminação contra a mulher, promovendo a
igualdade de gênero

Legislação e Responsabilidade do Estado:


 O Brasil é signatário de convenções internacionais, como a Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher (Convenção Belém do Pará) e a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
(CEDAW). Essas convenções estabelecem compromissos para eliminar
todas as formas de discriminação contra a mulher, incluindo a
discriminação racial e de gênero.
 No âmbito das relações de trabalho, o empregador também é
responsável por manter um ambiente respeitoso e livre de
discriminação, inclusive em relação às mulheres

Mercado de Trabalho e Políticas Públicas:

o A discriminação no mercado de trabalho é uma realidade para


muitas mulheres negras. Políticas públicas que combatam essa
discriminação são essenciais para garantir igualdade de
oportunidades e tratamento justo3.
o O Estado deve adotar ações afirmativas para responder às
responsabilidades em relação a essas mulheres, considerando
sua raça, gênero e outras interseccionalidades4.

8. Divisão Sexual do Trabalho e Assédio:


o A divisão sexual do trabalho perpetua a discriminação, atribuindo
tarefas e lugares sociais diferentes para homens e mulheres.
Quando as mulheres rompem essas barreiras, muitas vezes
enfrentam discriminações indiretas e assédio.
o A Organização Internacional do Trabalho aprovou a Convenção
190, que trata de violência e assédio no trabalho, incluindo a
proteção das mulheres no local de trabalho.

9. Estereótipos e Desafios Contínuos:


o Fatores histórico-culturais enraizados na sociedade machista e
patriarcal perpetuam a discriminação contra a mulher.
Estereótipos associados à vulnerabilidade emocional e à
responsabilidade pelos afazeres domésticos ainda persistem.

10. Reconhecimento da Dívida Histórica:


o É crucial reconhecer a dívida histórica com as mulheres negras
devido à escravidão e às múltiplas formas de discriminação que
enfrentam.
o A luta contra a discriminação requer esforços coletivos, educação,
conscientização e mudanças estruturais.
Em resumo, a discriminação contra mulheres negras no Brasil é um problema
multifacetado que exige ações em várias frentes: jurídica, política, educacional
e social. A conscientização e o compromisso com a igualdade são
fundamentais para promover mudanças significativas.

Juntos, devemos continuar lutando por uma sociedade mais justa e igualitária
para todas as mulheres, independentemente de sua cor de pele.

Nas últimas décadas, o mercado de trabalho tem sofrido as influências e os impactos da


globalização, surgindo, daí, desafios em relação aos processos de exclusão dos grupos
vulneráveis, notadamente em relação à trabalhadora negra. Pesquisas comprovam que embora
no Brasil quase metade da população seja composta por pessoas negras e pardas, tal
proporção não é verificada no meio laboral, onde são constatados diversos tipos de
discriminação. O Estado, enquanto responsável pela organização social e jurídica do país, vem
adotando medidas na tentativa de combater e evitar as constantes reproduções das
discriminações em relação à mulher negra, através de ações dos Poderes Legislativo e
Executivo. Objetivou o trabalho investigar em que medida os referidos Poderes desenvolvem
políticas públicas com vistas à inserção da trabalhadora negra no mercado de trabalho, tendo
sido verificada a existência de proposta de lei e legislação específica na esfera pública, além de
diversos projetos, onde foi verificada a utilização de ações afirmativas, especialmente a
previsão de cotas raciais, mas entendemos também que por mais que existem essas ações,
ainda precisa avança muito nessa problemática afim de que seja adotadas mais ações em
diferentes viés dessa questão que é gravemente inaceitável.

A metodologia utilizada consiste em uma pesquisa método


científico estrutural sobre o tema, com base em fontes
primárias e secundárias, tais como livros, artigos científicos,
documentos oficiais, jurisprudência e dados estatísticos. A
pesquisa tem uma abordagem qualitativa e analítica,
buscando compreender o contexto histórico, social e jurídico
do tema descriminação de mulheres pretas e os seus
desdobramentos para a promoção dos direitos humanos
dessas mulheres.

Referencias:
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Direitos das mulheres [recurso eletrônico] /
Conselho Nacional de Justiça; Supremo Tribunal Federal, Max Planck-Institute for
Comparative Public Law and International Law; Coordenação Gabriel da Silveira
Matos, Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, Estêvão André Cardoso Waterloo, Manuelita
Hermes Rosa Oliveira Filha, Valter Shuenquener de Araújo, Pedro Felipe de Oliveira
Santos, Alexandre Reis Siqueira Freire. – Brasília: CNJ, 2023.

Rev. psicol. polít. vol.20 no.48 São Paulo maio/ago. 2020


http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2020000200002

Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Trt-15: Rot Xxxxx-35.2017.5.15.0059


Xxxxx-35.2017.5.15.0059 | Jurisprudência (jusbrasil.com.br) acesso: 18/03/24

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região TRT-1 - Recurso Ordinário Trabalhista: Rot


Xxxxx20195010002 RJ | Jurisprudência (jusbrasil.com.br) acesso: 18/03/24

Direitos humanos das mulheres e saúde reprodutiva: o caso Alyne Pimentel v. Brasil |
Jusbrasil acesso: 18/03/24

A discriminação da mulher negra no mercado de trabalho e as políticas públicas


(tst.jus.br)

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