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AULA 05

Fo rma ç ã o da
id ent i da de
s exua l

MÓDULO

05
AULA 05

Formação da
identidade sexual

Vamos começar a entender algumas questões sobre o tema.

Este é um tema muito polêmico, há diferentes abordagens, por


isso é importante entender que nos baseamos para construir a
profissão Master Love, foi a que achamos mais adequada para
atuar com as questões sexuais.

Irei trazer vários conceitos e trabalhar em um que nós acreditamos


que faz mais sentido para o processo de Master Love.

Antes de entrarmos na abordagem que entendemos que faz


mais sentido para nosso atendimento de Master Love, traremos
alguns conceitos para debatermos o tema de forma aberta e sem
preconceitos estabelecidos.

CONCEITOS DE SEXUALIDADE

Ao abordarem a sexualidade, Loyola e Cavalcanti (1990) afirmaram


que a conduta sexual, que é uma forma de expressão da sexualidade,
nunca deve se limitar a um comportamento estereotipado, mas
sim deve quebrar os limites da genitalidade e ir ao encontro do
outro com todo seu potencial erótico e sensual.

Para eles, a sexualidade se personaliza e se transforma a partir do

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momento em que um ser humano se comunica por inteiro com o


outro e se encontra presente em todas as formas de mensagens,
como o ouvir e ser ouvido, tocar e ser tocado, dar e receber prazer.
Permitindo, com isso, o desenvolvimento do homem global.

Vitiello (1995), ao enfocar a educação sexual como sendo um


processo, afirma que este ocorre ao longo da vida e é voltado para
a formação de atitudes ligadas à maneira de viver a sexualidade.
Afirma que esse processo passa pela informação e orientação,
mas que é muito mais amplo, pois significa formar, dando ao
educando condições para que cresça interiormente.

A educação sexual, portanto é um processo amplo e informal,


enquanto que a orientação sexual, limita-se a instrução, a
informação, por isso, é um processo formal de educação
(MAIA,2001a; RIBEIRO, 1990; SAYÃO, 1997; SUPLICY, 1994).

Nota-se que os autores citados enfocam sexualidade como


conceito amplo que abrange o ser humano em suas várias
dimensões (biológica, social, psicológica e histórica). Sendo assim,
deve ser respeitada e vivenciada como direito intrínseco ao ser
humano.

Sayão (1997) ao se referir a orientação sexual aponta que esta


tem, como objetivo mais amplo, favorecer o exercício prazeroso
e responsável da sexualidade, não devendo ser invasiva ou tentar
normatizar e/ou moralizar comportamentos. Afirma que, também,
pode propiciar melhores condições para que o jovem exerça sua
cidadania de forma mais qualificada. Maia (2001) ao enfocar as
escolas públicas, aponta que as escassas tentativas de trabalhos
realizados tendem a priorizar técnicas e informações, ao invés de
discussões ou reflexões em grupo.

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Para Suplicy et al (1994), o objetivo da orientação sexual é fornecer


informações sobre sexualidade e organizar um espaço de reflexões
e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a
respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. Abrange,
também, o desenvolvimento sexual que é compreendido como:
saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem
corporal, autoestima e relações de gênero. A autora ainda
explica que a orientação sexual enfoca as dimensões fisiológicas,
sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do
desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental,
incluindo também as habilidades para a comunicação eficaz e a
tomada responsável de decisões. Sendo assim, diferencia-se da
educação sexual, já que esta inclui todo o processo informal pelo
qual se aprende sobre a sexualidade ao longo da vida, através da
família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia.

Por isso nós vamos falar do conteúdo de maneira geral e toda a


evolução da identidade sexual. Para que aprendamos tudo que
precisamos, muitos dos conteúdos aqui nós precisamos saber
para gerar recursos na hora de questionar e clarificar para o cliente
as angústias e situações de vida que ele pode estar buscando
solução.

Nós optamos pela abordagem da Análise Psicodramática, por


Victor Dias, que traz um estudo da Sexualidade do ponto de vista
psicodinâmico e atende nossas demandas de Master Love.

Então vamos entender melhor o que Victor Dias traz com


entendimento da formação da identidade sexual.

A primeira questão, que é um de nossos desafios, será separar


patologia de preconceito sexual.

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PATOLOGIA X PRECONCEITO

Como é um tema polêmico, é comum misturar um


preconceito com uma patologia.

Então vamos deixar clara a definição: patologia sexual é


quando mobiliza a angústia patológica.

Esse conceito é muito importante para separar o que é


preconceito do que é patologia.

Exemplo: vamos supor que uma moça (Joana) tem o hábito


de transar com o cachorro, ela só transa com o cachorro.

Ela é uma zoófila, isso é patológico? Não, isso gera uma


angústia circunstancial, porque ela não fica contando pra todo
mundo esse hábito que ela tem.

Onde está a patologia? A patologia está com o humano,


transar com o humano vai gerar angústia patológica para ela.

Pode ser esquisito, gera preconceito e consequentemente


gera angustia circunstancial, mas não é patologia, a patologia está
na evitação que ela tem com o humano.

Por isso seria muito fácil falar que ela é doente, louca, tarada.
Esse seria somente um preconceito. Por quê? Porque é diferente.

A patologia, muitas vezes, está com o parceiro que está


sendo evitado, não com o parceiro que é possível.

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SEXUALIDADE X IDENTIDADE SEXUAL

Outra confusão comum é entre sexualidade e identidade sexual.

Sexualidade: É dada pelos hormônios sexuais e testosterona.

Sexualidade é uma energia sexual. Qual é a característica


fundamental da energia sexual?

Precisa de descarga periódicas;

É uma energia que não pode ficar estacionada. Vai crescendo


e precisa de descarga periódica.

Se tiver hormônio, você tem energia sexual e se tem energia


sexual precisa de descargas periódicas;

Com quem?

Tanto faz, pode ser com o parceiro, com alguém do mesmo sexo,
com 3 parceiros ou através da masturbação.

Se você conseguir um jeito de descarregar, você está em paz com


a sua sexualidade.

E a identidade sexual?

A identidade sexual faz parte do desenvolvimento psicológico.


Faz parte do CONCEITO DE IDENTIDADE. Ela vai ficar fixada no
conceito de identidade.

Ela é um canal de escoamento da identidade. Por exemplo, um

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indivíduo homossexual vem para um processo. Ele está em paz


com a sexualidade, o problema dele é na identidade sexual.

Ele não tem problema de sexualidade, pode estar atrapalhado,


confuso na identidade sexual.

A grande parte das pessoas tem problema na identidade sexual,


não com a sexualidade.

A título de informação, apesar de não ser nosso foco dentro da


abordagem do Master Love, pois não vamos trabalhar nesta
linha psicodinâmica e também nosso papel não é trabalhar os
aspectos patológicos e sim comportamentais e circunstanciais,
mas é importante entender algumas questões para gerar
questionamento e clarificar o que é preconceito da patologia.

Quando você vai abordar alguma dinâmica na linha da sexualidade


você vai trabalhar com esses três tópicos:

1. Sexo

2. Gênero

3. Identidade de gênero

Onde está a confusão?

No gênero, a grande confusão está no gênero.

O que é sexo:

Se tem cromossomo XX é fêmea.

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Se tem XY é macho.

X vem da mãe e Y do pai.

Depois vem o programa de gênero: uma parte do gênero


que é herdada, uma parte ambiental.

Diferente da identidade de gênero que é totalmente


ambiental.

Aqui tem algumas grandes discussões filosóficas:

A parte de sexo é herdada, de fato, já a parte de identidade


de gênero é totalmente ambiental e psicológica, é uma escolha
psicodinâmica que o indivíduo faz.

No gênero, uma parte herdada e uma parte ambiental.

Dito isso, dentro da abordagem da análise psicodramática,


que nós trabalhamos, não falamos mais coisa de homem e coisa
de mulher. Nós falamos sobre jeito de homem e jeito de mulher.

COMPONENTES GENÉTICOS DA IDENTIDADE SEXUAL

Forma de sentir e de se comportar erótica e sexualmente


como macho e fêmea;

Faz parte do desenvolvimento psicológico da espécie;

Existe um padrão de comportamentos sexual do macho


e da fêmea que são ditados pelos instintos, que vieram sendo
desenvolvidos desde os nossos ancestrais;

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Para que uma interação sexual entre homem e mulher seja


“sentida” como completa, este homem deve ter uma parte da
energia sexual masculina e outra feminina, e esta mulher deve ter
tanto energia sexual feminina como masculina.

Pode-se verificar esta previsão de comportamento em uma


situação de descarga erotizada, existe uma sensação em que ele
se reconhece como estando completo.

Está previsto geneticamente um “sentir-se e comportar-se


como macho” e um “sentir-se e comportar-se” como fêmea.

Esta parte instintiva da identidade sexual está ligada


profundamente à parte psicológica da identidade sexual, que é
como sentir-se e comportar-se como homem e como mulher
que está ligada aos conceitos e comportamentos de homem e de
mulher que variam com as mudanças culturais das comunidades.
Esta interação entre a parte genética e psicológica é a identidade
sexual.

COMPONENTES PSICOLÓGICOS DA IDENTIDADE SEXUAL

É profundamente dependente e influenciado pelo ambiente


externo;

A identidade sexual de um indivíduo está inserida dentro do


conceito de identidade (valores e crenças);

O conceito de Identidade não é um chão real e sim um chão


psicológico, por isso pode não ser verdadeiro, ou seja, tanto o
conceito de identidade, quanto a identidade sexual podem sofrer
modificações pela interferência da vida.

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A criança passa pelo processo de imitação da mãe e do pai.


Este processo vai fazer parte da internalização dos modelos de
Mãe e Pai, bem como das pessoas que fazem parte do universo
afetivo da criança nesta fase (infância);

Esses modelos internalizados junto com os conceitos morais,


culturais, religiosos e filosóficos incorporados vão formar as figuras
de Mundo Interno do Indivíduo.

MODELOS PREEXISTENTES

Fazem parte do conceito de identidade;

Toda criança tem um modelo feminino e um modelo


masculino preexistente;

Podemos observar em crianças 3-4 anosmitar o


comportamento de ambos os pais;

Para efeito didático, vamos chamar o MM de Pai e o MF de


mãe de modelo masculino e Feminino preexistente;

Estão apenas fazendo a identificação dos modelos masculino


e feminino;

Chamamos de modelo masculino do pai aquele internalizado


do pai ou do homem que fez o papel de pai, e de modelo feminino
da mãe aquele internalizado da mãe ou da mulher que fez o papel
de mãe.

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Divisão da Evolução do componente psicológico da identidade


sexual em 4 fases:

AUTOSEXUAL - MASTURBATÓRIA:

É a fase em que, por manipulação do próprio corpo, o indivíduo


consegue produzir descargas tensionais prazerosas. Mais eficientes
nas regiões corporais mais inervadas chamadas de zonas erógenas.

Formas de descargas

Masturbação

Vantagens

Autonomia sexual

Intimidade com corpo/ prazer

Resolve parte sexual

Desvantagens

Sem interação

Não resolve a identidade sexual

É muito solitária

FASE HOMOSSEXUAL:

Ocorre entre os 9 e os 13 anos de idade, variando de indivíduos, é


o período em que começam a ocorrer as manifestações corporais
ligadas às características sexuais secundárias.

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Ex: Pelos pubianos , mamas, etc.

Ocorre a divisão do sexo. O grande amigo e grande amiga.

FASE TRANSIÇÃO:

Tem início por volta de 14-15 anos e termina ao redor dos 16-17.
Se caracteriza pela primeira atração realmente erotizada entre
homem e mulher e vai servir para estruturar a Identidade Sexual
Feminina no Rapaz e a Identidade Sexual Masculina na moça.

A figura central da fase de transição é a primeira namorada para


o rapaz e o primeiro namorado para a moça. Nesta função pode
existir vários rapazes e várias moças até que a identidade sexual
esteja completa.

Características

Intenso encantamento e paixão.

Relação de amor incondicional e frequentemente unilateral.

Contato físico é quase inexistente ou é bastante brando em


comparação a intensidade dos sentimentos.

É muito erotizado, mas pouco sexualizado.

Sensação que vai durar para sempre.

A identidade sexual feminina do rapaz é responsável pela


identificação sintonica com o erótico feminino, e vai ser o canal
direcionador do desejo do homem para a mulher.

A identidade sexual masculina da moça é responsável pela

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identificação sintônica com o erótico masculino e vai ser o canal


direcionador do desejo sexual da mulher para o homem.

A identidade sexual feminina do rapaz permite que ele


consiga ter uma intimidade com a erotização feminina, isto é,
ter “algo mulher”, “algo feminino” para poder identificar com a
erotização da mulher, da mesma forma o inverso.

A identidade sexual feminina do rapaz e a ISM da moça são


os principais responsáveis pelos jogos eróticos entre homem e
mulher. Ex: paquera, intimidade e cumplicidade erótica e sexual
entre homem e mulher.

FASE HETEROSSEXUAL

Desenvolvimento ao longo da vida.

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