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net/publication/343236951
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Herman Manuel
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All content following this page was uploaded by Herman Manuel on 27 July 2020.
Resumo
O presente artigo tem como foco abordar a questão do abuso sexual contra
menores, destacando a contribuição de diversas correntes de teorias
psicológica, biológicas e sociais que tiveram impacto na compreensão do acto
abusivo. O objectivo principal da pesquisa é compreender as motivações
psicossociais que influenciam o abuso sexual à menores. Para o efeito, foram
inqueridos 60 indivíduos em cumprimento de pena privativa de liberdade pelo
crime de abuso sexual de menores, numa população de aproximadamente 600
detentos. A pesquisa é quantitativa, apoiando-se no modelo descritivo para
explicar os factos, sendo que foram aplicadas diversas técnicas para recolha de
dados, nomeadamente a inquérito e analise documental. Como resultado da
pesquisa, foi possível perceber que muitos factores contribuem para surgimento
do abuso sexual a menores em angola, destacando-se a falta de ocupação seria,
exposição excessiva a filmes pornográficos, as crenças sobrenaturais, bem
como facilidade de acesso a vítima e oportunismos ambientais. Nos últimos anos
temos visto casos e mais casos de crianças vítimas de abuso sexual que têm
vindo à tona, no entanto, a incidências pode ser bem maior do que as estatísticas
nos mostram.
Palavras-chaves: abuso sexual, crianças, adolescentes
RESUME
This article focuses on addressing the issue of sexual abuse against minors,
highlighting the contribution of several currents of psychological, biological and
social theories that had an impact on the understanding of the abusive act. The
main objective of the research is to understand the psychosocial motivations that
influence sexual abuse of minors. To this end, 60 individuals were investigated
serving a sentence of deprivation of liberty for the crime of sexual abuse of
minors, in a population of approximately 600 detainees. The research is
quantitative, based on the descriptive model to explain the facts, and several
techniques for data collection were applied, namely the investigation and
document analysis. As a result of the research, it was possible to perceive that
many factors contribute to the emergence of sexual abuse of minors in Angola,
highlighting the lack of serious occupation, excessive exposure to pornographic
films, supernatural beliefs, as well as ease of access to the victim and
opportunism. environmental issues. In the last few years we have seen cases
and more cases of child victims of sexual abuse that have surfaced, however, the
incidences may be much greater than the statistics show us.
Keywords: sexual abuse, children, teenagers
INTRODUÇÃO
Teorias psicanalíticas
Teoria inicial de Freud – Segundo Fávero (2003), Freud sofreu uma tal
pressão social aquando da sua primeira teoria acerca do abuso sexual, a qual o
fizeram mudar para a teoria do complexo de édipo, que se caracteriza pelo
desejo de ter em posse o progenitor de sexo oposto, e consequentemente, matar
o progenitor do mesmo sexo, no plano das fantasias. Para ter uma continuidade
de modo saudável do seu desenvolvimento psicossexual, a criança deve
solucionar os conflitos gerados por suas fantasias, sob pena de que estes mais
tarde venham a se transformar em problemas de ordem psicológicas na vida
adulta, sobretudo fixação e regressão (Fávero, 2003).
Fixação - O abuso sexual por sua vez, consumado pode acarretar consigo
problemas de ordens diversas, entretanto, dentre os problemas psíquicos que
podem ser causados pelo abuso sexual, para Freud, o que mais carece da nossa
apreciação é a fixação.
Para Fuks (2005), o trauma sexual na mais tenra idade pode causar sérios
problemas a nível das instâncias psíquicas, ego e superego, ainda em processo
de maturação, podendo assim acarretar consigo a desarticulação de dois
sistemas de funcionamento do sistema do sujeito e, consequentemente, causar
um comprometimento da relação do individuo consigo mesmo e com o meio que
o circunda.
Desta feita, para Freud (Citado França, 2010) o Eu pode ser entendido
como essa consciência segura, firme que nos permite discernir nossa
interioridade, nossos sentimentos e pensamentos da realidade que nos cerca, o
mundo exterior.
Para Freud (citado por Valas, 1990), o objecto normal sexual é definido pela
união das partes sexuais, portanto, toda e qualquer actividade que se desvie
deste fim para obtenção da satisfação sexual pode ser encarada como
perversão.
A clivagem do ego é um mecanismo que pode muito bem ser ilustrada pelo
fetichismo. Podemos entender o processo de clivagem como um fenómeno
mental, com fins defensivos, que acontece no ego. Trata-se da coexistência de
duas disposições mentais em relação a um aspecto da realidade. As duas
atitudes psíquicas coexistem ao mesmo tempo, uma levando em conta o aspecto
da realidade em questão, enquanto a outra a nega e coloca em seu lugar desejo
relacionado com o aspecto da realidade em pauta (França, 2010).
Portanto, a clivagem do ego, mostra como é possível que duas ideias
totalmente diferentes possam conviver, numa mesma estrutura psíquica, sem se
influenciarem mutuamente. Este processo pode servir para explicar
determinados casos surpreendentes em que um sujeito aparentemente pacífico,
trabalhador e honesto é descoberto como abusador de crianças.
Assim, uma das grandes limitações desta teoria é a sua focalização apenas
nas dificuldades do desenvolvimento individual, principalmente nos aspectos
psicopatológicos vinculados ao perpetrador do abuso, desconsiderando os
factores sociais e culturais. Por outro lado, é nos difícil acreditar nos relatos dos
próprios abusadores sexuais sobre suposto abusos que sofreram no passado
quando tais informações somente os beneficiam.
Aprendizagem Social
Como é claro, mais uma vez acabamos por nos deparar com o binómio
vítima-agressor. Logo, é importante evidenciar que as explicações apresentadas
por este modelo geram também uma vasta gama de interrogações ao relacionar
o abuso sexual a menores com experiências sexuais pré-púberes. Tendo em
conta que está demonstrada que grande parte das crianças tem a sua primeira
experiência sexual antes da puberdade e no entanto, a maioria delas não se
torna agressora (Finkelhor, 1984).
Com tudo isso, acabamos mais uma vez por nos deparar com a importância
de tentar explicar o problema do abuso sexual de menores dentro de um âmbito
multifactorial. Até porque é mais do que patente de que nem todos os agressores
foram vítimas e nem todas as vítimas se tornaram agressores.
Teorias Psicofisiológicos
Esta corrente teórica tenta explicar o interesse sexual dos agressores por
crianças e adolescentes como um fenómeno que advém de factores biológicos
e fisiológicos, isto é, a incapacidade de controle dos impulsos sexuais,
deficiência mental, degeneração física, etc. porém, este preceitos não duraram
muito à luz das evidências que se foi fazendo ao longo dos estudos em questão.
Teorias Sociológicas
Assim, a teoria em questão defende que, para que ocorra o abuso sexual
é necessário ter a existência de quatro pré-condições: primeiro, que o adulto
tenha motivações para se envolver sexualmente com uma criança ou
adolescente, segundo, que o adulto não tenha controlo interno para evitar que
tais motivações se manifestem, terceiro, é necessário que a criança não tenha
protecção externa e finalmente o quarto, é preciso ultrapassar a resistência da
criança.
O primeiro factor está relacionado com a capacidade do agressor se
interessar sexualmente por crianças e adolescentes, ao qual sugeriu-se 3
propostas:
Estas resistências podem ser incrementadas, por exemplo, por fortes laços
emocionais entre ela e a família que a deixam segura, estimulando-a revelar os
actos ou as tentativas de abuso. Contudo, vale ressaltar que a resistência da
criança não pode ser encarada como uma responsabilização dela, pois esse
factor dependerá basicamente de como o entorno se organiza para lhe apoiar
(Braum, 2002).
Por exemplo, um abusador pode afirmar que sua vítima vestia roupas
sugestivas, mesmo que esta tivesse 4 anos, ou que a vítima gosta de sexo
violento, ou ainda que sua esposa não foi receptiva às suas investidas sexuais
e, então, a sua filha era a aceitável alternativa, etc. Todas essas maneiras de
pensar são distorções cognitivas que podem servir, de certo modo, como
motivação para o indivíduo perpetrar o abuso sexual.
A literatura moderna apresenta-nos diversos tipos de abusadores sexuais
contra menores, dos quais podemos destacar os seguintes:
Metodologia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclusões
Do estudo realizado, sobre a temática do abuso sexual contra menores,
chegamos as seguintes conclusões:
Nos últimos quatro anos, assim como nos meses de janeiro à agosto do
corrente ano, o abuso sexual a menores tem constituiu o principal crime de
violência contra crianças e adolescentes. A maioria dos casos registados, tinha
como principais vítimas, os menores do sexo feminino.
Por outro lado, dentre as diversas idades apresentadas constatou-se que
a vitimização recai com maior frequência sobre as adolescentes com idades
compreendida entre os 11 aos 17anos de idade, tendo maioritariamente relação
de vizinhança com o agressor que usaram da conquista, da falsa sensação de
romance para atingir os seus objectivos.
FUKS, Lúcia Barreiro. Consequências do abuso sexual infantil. São Paulo: Casa
do Psicólogo. Brasil, 2005;