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ABUSO SEXUAL NO CONTEXTO PSICANÁLITICO

ALMEIDA, Lays Amanda 1

RESUMO: O presente estudo tem como objetivo discutir o abuso sexual a partir da
teoria e prática psicanalítica e propor questionamentos acerca do manejo da
psicanálise na compreensão do impacto do abuso sobre o desenvolvimento psíquico
do indivíduo. A problemática do abuso sexual encontra lugar de estudo na
psicanálise desde questões como a histeria. O estudo também tem como proposta
discutir noções de trauma na psicanálise e compreender que o mesmo surge como
resposta há uma problemática que atravessa elementos isolados do psiquismo do
sujeito.

Palavras-chave: Abuso Sexual. Psicanálise. Trauma. Infância. Complexo de édipo.

1 INTRODUÇÃO

O abuso sexual em linhas gerais se conceitua como tipo de agressão que


envolve crianças ou adolescentes em que parte de um agente que esteja em estágio
de desenvolvimento mais adiantado e/ou de mais poder, e tem como finalidade
estimula-la ou utiliza-la para obter prazer sexual (PIMENTEL e ARAUJO, 2006). O
fenômeno do abuso sexual estima-se que ocorre em 83% em situações
intrafamiliares, caracterizando-se também como incesto. Outro fator importante a se
considerar, é que boa parte das famílias que evidenciam casos de abuso sexual
permanecem em silêncio. Apesar do número de casos ainda ser assustador, há uma
deformidade nos dados, dado o fato de que os casos intrafamiliares ocorrem
geralmente com crianças e adolescentes de 12 e 18 anos que são inviabilizadas
pelos próprios familiares (FINKELHOR 1994). Os efeitos do abuso sexual para com
a vítima ocasionam sequelas físicas e psicológicas. A partir desse ponto, discute-se
a dinâmica traumática, ou seja, conjunção das consequências do impacto psíquico
nas situações de abuso sexual – o mesmo corresponde a falta de apoio e manejo de
responder a uma situação de medo e culpa adequadamente em função de uma
sucessão de acontecimentos que provocam a então desorganização psíquica.

1
Qualificação. Na qualificação o acadêmico deve indicar o curso, o período e a Instituição de Ensino.
As informações devem ser separadas por vírgula.
Diante do exposto, trata-se do tema principal desse trabalho, o abuso sexual por um
viés psicanalítico, em que se pretende realizar uma articulação edípica que se
constitui como uma importante ferramenta para o entendimento do trauma e do
abuso.
O início do estudo foi executado com pesquisas bibliográficas baseadas
no livro três ensaios sobre a teoria da sexualidade de Sigmund Freud. Também foi
realizada uma análise preliminar sobre o tema de pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO
O abuso sexual para a psicanálise ocupa um lugar da teoria freudiana
que se reconhece como a teoria da sedução. Resumidamente, os estudiosos
freudianos da época acreditavam que a criança era seduzida de forma passiva por
um adulto, mas com o passar do tempo, outros estudiosos freudianos encontraram
possíveis respostas a respeito do trauma e o abuso sexual na teoria do complexo de
édipo, abrindo possibilidade de entendimento do mesmo. Freud em três ensaios
sobre a teoria da sexualidade (1905), compreendia a pedofilia como um desvio
relacionado ao objeto sexual. A perversão é situada no campo do complexo de
Édipo (FREUD 1919/1971). Isso se dá ao fato de que na teoria edípica, na infância,
existe uma fantasia inconsciente de cunho erótico, voltada para genitor do sexo
oposto, devendo ser recalcada e resolvida no desenrolar do Édipo. A psicanálise
compreende que a concretização desses desejos, sejam eles agressivos ou sexuais,
causaria para o indivíduo o sentimento de não existência como unidade psíquica
independente, pois o complexo de édipo é importante para a organização psíquica
do indivíduo, mas quando há um desvio de desejo (concretizado), isso se torna
extremamente traumático - a partir desse ponto busca-se então compreender o
processo do trauma. É importante compreender o desenvolvimento do conceito de
trauma através do viés psicanalítico. Na teoria freudiana, a essência da situação
traumática estaria diretamente ligada à experiência de desamparo por parte do ego
diante de um excesso de excitação, ou seja, no abuso infantil, o trauma estaria
carregado de memórias traumáticas associadas às fantasias sexuais agressivas
desse período e, quanto mais precocemente ocorrer o abuso, mais sintomática será
a resposta do sujeito em função da incapacidade do ego de organizar a experiência
traumática. Fato é que a formação do édipo, o abuso sexual e o trauma em linhas
gerais se correlacionam, e nessa mesma ordem ocorre. O complexo de édipo é
importante para a estruturação da personalidade e do ego. O trauma é a resposta do
desvio que ocorre a partir do abuso sexual - violação do corpo e da vontade do
indivíduo, que infringe a condição psíquica da criança e/ou adolescente.
Afinal, por que compreender noções de trauma e abuso pode ser
importante? Bem, crianças vítimas de experiências de abuso sexual lidam com
vários sentimentos, dentre eles o ódio, a raiva e ambivalência que geram um
funcionamento psíquico marcado pelo temor da ameaça constante à estrutura
psíquica, compreender isso é importante no processo terapêutico, a contribuição da
psicanálise é de fato essencial como ferramenta terapêutica para o trabalho clínico
nas situações envolvendo abuso sexual.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, considerando percurso das linhas teóricas da psicanálise,


entende-se que a contribuição da psicanálise se constitui como uma importante
ferramenta terapêutica para o trabalho clínico nas situações envolvendo abuso
sexual. Dito isso, o desenvolvimento teórico da psicanálise, principalmente a
compreensão da formação da estrutura psíquica do indivíduo - complexo de édipo,
se mostra bastante essencial para a avaliação dos processos psíquicos das
demandas trazidas até o psicólogo e/ou psicanalista. Tanto no campo clínico como
teórico, compreender e buscar manejos das experiências traumáticas do paciente,
colabora de forma significativa para o desenvolvimento social mais saudável,
oferecendo aquilo de mais significativo da ação terapêutica psicanalítica, a escuta e
o oferecimento de interpretações subjetivas do sujeito.

4 REFERÊNCIAS

FREUD, S.. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade: aberrações


sexuais. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas
de Sigmund Freud. v. VII 2.ed. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p.128-162.
Pimentel, A. (2005). Nutrição psicológica: desenvolvimento emocional e social.
São Paulo:

Summus. Finkelhor, D. The international epidemiology of child sexual abuse.


Child Abuse & Neglect, v.18, p.409-17, 1994.

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