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1.

Introdução

Escolher a adolescência como nicho de estudo nem sempre é tarefa fácil, isso
porque é uma das fases do desenvolvimento humano mais complexas, onde são
múltiplas as experiências e dinâmicas. (CARIDADE, 2006).
Essa fase do desenvolvimento humano é marcada por muitas mudanças, e é uma
fase de transição entre a infância para a fase adulta onde corpo e ideias também passam
por essa transformação, com o surgimento de muita curiosidade.
A adolescência, segundo o ECA (Estatuto da Criança e o Adolescente),
compreende o período dos doze aos 21 anos (art 2º. Parágrafo Único).
Nesse sentido, a curiosidade e interesse na pornografia está também em um
interesse geral relacionado à sexualidade. (BAUMEL, 2019).

Segundo Borges, 2018, o termo “pornografia, vem de vem do grego


pornografos, e na Grécia Antiga se referia aos escritos referentes à vida, costumes e
hábitos de prostitutas e seus clientes” (p. 403).
De acordo com o dicionário online de português, pornografia é: substantivo
feminino; tudo o que se relaciona à devassidão sexual; obscenidade, licenciosidade;
indecência; caráter imoral de publicações, gravuras, pinturas, cenas, gestos, linguagem.
O dicionário apresenta também os sinônimos de pornografia, sendo que estão
relacionados à imoralidade e obscenidade.
Parece, contudo, que existe atualmente grande dificuldade em se conceituar a
pornografia (BORGES, 2018).
Contudo e a despeito dessa dificuldade, uma coisa é certa: a tecnologia em
avanço, (internet), seu aspecto capitalista, e o aspecto proibitivo, formaram o trinômio
perfeito para que o seu consumo aumentasse entre os jovens.
Essa fase do desenvolvimento humano marcada por muitas mudanças, é uma
fase de transição entre a infância para a fase adulta onde corpo e ideias também passam
por essa transformação e de muita curiosidade. Nesse sentido, a curiosidade e interesse
na pornografia está também em um interesse geral relacionado à sexualidade.
(BAUMEL, 2019).
Falar sobre sexualidade ainda é tema bastante polêmico e, de acordo com
Amorim, 2017, “as pessoas ainda sentem certo receio para falar sobre sua sexualidade e
isso se dá, precipuamente por conta dos preceitos cristãos, dentre outros”. (p.1).
Dentro dessa lógica, o sexo e a sexualidade são ainda temas tabus, onde diversos
fatores – como os sociais, culturais, familiares, políticos, econômicos, religiosos,
científicos e midiáticos – produzem diferentes estratégias discursivas para estabelecer
uma maneira de pensar sobre o uso do corpo.
Portanto, cada indivíduo vivencia a sua sexualidade de forma única, justamente
porque é perpassado por esses diversos fatores (BAUMUEL, 2019).
Não obstante a esses fatores, ainda leva-se em consideração o gênero, ou
categoria social, ou seja, a percepção que a pessoa tem de si.
Então, falar sobre a sexualidade deve levar em conta as idiossincrasias referentes
a cada grupo. Nesse sentido, ter narrativas diferentes frente a multiplicidade de
singularidades se faz necessária quando o assunto é sexualidade.
No que concerne aos jovens, no quesito dificuldade do assunto, Almeida et al,
2005, escreve:
Esta dificuldade toda está ligada ao fato de que as
pessoas não conseguem ver a sexualidade como
algo inerente à vida e à saúde, algo natural e
instintivo. Parece que falar de sexo sempre foi
ligado sacanagem, ao sujo, ao mau. Ao contrário
do que muitos associam, a sexualidade não tem
papel exclusivamente ligado à reprodução, de
intenção erótica. Esta tem, sobretudo a função
relacional. (p.53)

Alguns estudos se propuseram a estudar a sexualidade entre jovens, dentre eles,


Beiras, 2005 apresenta um panorama brasileiro sobre a sexualidade como tema entre os
jovens. O que se observou no estudo foi, a princípio, que tem ocorrido uma especial
atenção às questões que envolvem sexualidade e juventude nas últimas décadas por
parte da comunidade mundial.
O tema fica ainda mais de difícil trato quando ao falar-se sobre sexualidade,
incorpora-se um elemento a mais na discussão, qual seja, o consumo de pornografia e
seus efeitos na formação das sexualidades. Se por um lado tem-se a dificuldade em
falar-se sobre a sexualidade, pelo outro temos o falar sobre a sexualidade que é
modelada pelas práticas assimiladas pela exposição da pornografia. São dois vetores de
ampla dificuldade.
Parece que essa afirmação se confirma porque, de acordo com Caridade e
Machado, 2006, os estudos relativos, por exemplo, à violência nas relações sexuais
entre jovens só começaram a ganhar interesse a partir dos anos 90, quando, por força
dos estudos relativos à violência contra as mulheres, gerou alguma dilatação do foco de
interesse.
Contudo, o ponto aqui seria o de entender como se dão os aprendizados dos
jovens e como se constroem as suas sexualidades quando essas são perpassadas pelo
consumo da pornografia, até porque “o discurso sobre sexo e sua exposição na mídia, de
forma velada ou explícita, é constante, e o mercado de produtos pornográficos e
similares segue em franca expansão”. (BAUMEL, 2019).
Segundo Borges, 2018, “a pornografia é, portanto, consumida, e aciona as
fantasias e o imaginário dos sujeitos no que diz respeito tanto à excitação quanto as suas
concepções de gênero e de sexualidade” (p. 405).
Sendo assim, pode-se inferir que existe grande influência da mesma no que
concerne à produção das subjetividades dos jovens. Toda aquela gama de imagens,
gemidos, submissões, domínio etc., vão perpassando e gerando uma enorme variedade
de comportamentos que, de certa forma, poderão ou não ser replicados em suas
possíveis relações sexuais.
Diante de tais problemáticas, dentre outras que somam-se à complexidade do
tema, esse artigo tem como objetivo, através de pressupostos teóricos da Análise do
Comportamento, aqui entendida como uma ciência alinhada ao modelo de seleção
natural, que visa compreender a relação do homem e seu meio através dos seus
processos de aprendizagem de novos comportamentos e mudanças comportamentais,
mantidos por contingências de reforçamento, apresentar o problema, bem como, buscar
dentro da Antropologia e de outros saberes, no que concerne ao aspecto cultural, a
mesma ideia, ou seja, entender como se dão essas relações sexuais entre os jovens que
consomem a pornografa, tudo no caminho para responder algumas indagações que são o
problema dessa pesquisa.
Portanto, esse trabalho se propõe a investigar e a responder a seguinte
indagação: A coerção sexual feminina vista nos filmes pornográficos aumentam as
chances de modelos sexuais coercitivos entre jovens?

2. Objetivos
Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo descobrir os efeitos das diferentes


influencias que o consumo de pornografia traz nas relações sexuais entre os jovens,
especialmente no que concerne à submissão da mulher, procurando investigar o
fenômeno através de uma revisão narrativa dos artigos publicados no Brasil, no período
de 2016 a 2021, que versem sobre o tema.

Objetivos Específicos

 Apontar as consequências do consumo de pornografia;


 Saber como as práticas culturais influenciaram na questão;
 Verificar as vantagens e desvantagens do consumo de pornografia no
comportamento sexual dos jovens;
 Fornecer dados sobre a existência de coerção sexual;
 Apresentar brevemente a conceituação teórica de “coerção”;
 Enfatizar a necessidade de os jovens serem alvo de intervenção no sentido de
adquirirem competências e estratégias de comunicação para lidar com conflitos
no contexto de uma relação de intimidade;
 Definir o grau de importância de se estabelecer um acordo sincero entre as
partes envolvidas na pratica sexual, e,
 Propor a monitorização o fenômeno para determinar a melhor forma de atuar
sobre o problema.

3. Método

Será realizada uma revisão narrativa das publicações brasileiras, ou de língua


portuguesa que se propõem a estudar o consumo de pornografia entre os jovens,
incluindo os trabalhos que versarem sobre coerção sexual. O período escolhido será do
ano de 2016 a 2021.
As bases de dados serão: PsycInfo, Google Acadêmico e Scielo; e os descritores:
“consumo de pornografia”, “jovens”, “coerção sexual”, “violência nas relações
sexuais” e “submissão sexual”.
A seleção do procedimento de busca nas bases de dados será pelos descritores
contidos no título, selecionados para leitura na íntegra todos os artigos do resultado da
busca e excluídos aqueles que não estejam escritos na língua portuguesa.
Critérios de inclusão: selecionar os estudos que tenham como objetivo investigar
uma relação entre os referidos construtos, escritos em português, utilizando as palavras
dos eixos de pesquisa.
Critérios de exclusão: os materiais duplicados entre as bases, outras revisões,
escritos em outros idiomas, pesquisas elaboradas por pesquisadores estrangeiros.

Procedimentos de Análise

1ª. Fase
1.Leitura Exploratória de todo o material selecionado (leitura rápida que objetiva
verificar se o artigo consultado é de interesse para o trabalho);
2.Leitura Seletiva (leitura mais aprofundada) buscando selecionar os artigos que tratam
do objetivo geral dessa pesquisa e nesse sentido, já catalogar constructos do que por
ventura esteja sendo considerado e definido como efeitos das diferentes influencias que
o consumo de pornografia;
3.Registro das informações extraídas das fontes (autores, ano, método, resultados e
conclusões).

2ª. Fase
Realizar uma análise narrativa das publicações selecionadas discorrendo sobre
os objetivos, os resultados e as conclusões dos estudos.
Referencias

ALMEIDA, D. S., COSTA, R.L., SILVA, T.M. Chega de Tabu! A sexualidade sem
medos e sem cortes. https://www.unesp.br. Acesso em 26/04/2021

AMORIM, David Francisco De. Profania: fetiche e sadomasoquismo nos limites do


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em: <https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30715>. Acesso em:
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BORGES, T.M., TILIO DE R. Consumo de pornografia midiática e masculinidade.


Rev. Peri. Salvador, BA, Brasil. e-ISSN: 2358-0844 | Ano de criação: 2013 | Área do
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CARIDADE, Sónia; MACHADO, Carla. Violência na intimidade juvenil: Da vitimação


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