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Revista Psicologia e Transdisciplinaridade

Copyright © 2021. Associação dos Psicólogos da Região do Bolsão-MS

Nos bastidores da indústria pornográfica: reflexos da pornografia e a importância


da educação sexual

Pornography backgrounds: reflections of pornography and the importance of sexual


education

Por detrás de las escenas de la industria pornográfica: reflejos de la pornografía y la


importancia de la educación sexual

Débora Ferreira Campos ALVES 1


Deborah Karolina PEREZ 2

Resumo: A depender do contexto histórico, a pornografia possui diversos significados, sendo um reflexo de
questões sociais na nossa cultura como a naturalização do estupro. Por conta da facilidade em obter informação,
a internet se tornou o maior dispositivo responsável pela proliferação da pornografia, porém sem educação sexual
nas escolas não existem outras referências para apontar o quão problemático são esses comportamentos. Os
objetivos desta pesquisa foram: observar a relação entre a falta de informação crítica acerca das práticas sexuais
e os comportamentos de risco existentes na pornografia, assim como seus reflexos no contexto social; averiguar
qual seria o papel da educação sexual nesse contexto; e compreender a relação entre a produção de pornografia
e a construção da sexualidade. A coleta de dados foi realizada por meio de levantamento bibliográfico. A
educação sexual possibilita um desenvolvimento voltado para o autoconhecimento e se apresenta como saída ao
combate do abuso infantil.
Palavras-chave: Pornografia. Violência. Comportamento de Risco. Educação Sexual.

Abstract: Pornography has different meanings according to the historical moment, reflecting social issues in
our culture such as the naturalization of rape. Because of the facility of getting information, the internet has
become the biggest device responsible for the proliferation of pornography, although the lack of sexual
education in schools makes impossible the use of other references to point out how problematic these behaviors
are. The purposes of this research were to observe the connection between the lack of critical information about
sexual practices and the risk behaviors existing in pornography, as well as their reflexes in the social contexto;
investigating what would be the role of sex education in this contexto; understand the relation between the
pornography production and the construction of sexuality. The data collection was performed by bibliographic
review. The sex education allows a development aimed at self-knowledge and can be used as tool on the fight
against child abuse.
Keywords: Pornography. Violence. Risk Behavior. Sexual Education.

Resumen: La pornografía tiene varios significados según el momento histórico, siendo un reflejo de los
problemas sociales en nuestra cultura, como la naturalización de la violación sexual. Debido a la facilidad en la
obtención de información la internet se ha convertido en el mayor dispositivo responsable de la proliferación de
la pornografía, pero sin educación sexual en las escuelas no hay otras referencias para señalar lo cuán
problemático que son estos comportamientos. Los objetivos de esta investigación fueron observar la relación
entre la falta de información crítica sobre las prácticas sexuales y las conductas de riesgo existentes en la
pornografía, así como sus reflejos en el contexto social; determinar cuál sería el papel de la educación sexual en
este contexto; entender la relación entre la producción de pornografía y la construcción de la sexualidad. La
recolección de datos se realizó a través del levantamiento bibliográfico. La educación sexual permite un
desarrollo centrado en al autoconocimiento y se presenta como una salida para combatir el abuso infantil.
Palabras clave: Pornografía. Violencia. Comportamiento de riesgo. Educación sexual.

1Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos, e-mail: dehferreira_14@hotmail.com, ORCID:


https://orcid.org/0000-0001-7014-5860
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2 Unitau - Universidade de Taubaté, e-mail: deborahkarolina@yahoo.com.br, ORCID: https://orcid.org/0000-


0003-4876-0212

Débora Ferreira Campos ALVES


Deborah Karolina PEREZ
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INTRODUÇÃO

Assuntos que tangem a sexualidade e, até mesmo, o sexo em si são abertamente


comentados na vida cotidiana, é possível perceber que isso se dá de diversas formas, como em
programas televisivos, em revistas, jornais e nos diversos grupos de amigos de variadas
idades. Nesse sentido, Baumel et al. (2019) assinalam que as práticas sexuais são comentadas
e conversadas ao nosso redor de tal forma que, muitas vezes, parecem não ter censuras, por
exemplo, em nossa sociedade pessoas cis de gênero masculino podem falar sem medo sobre o
início da vida sexual ativa, pois para homens deixar o status de “virgem” é visto como um ato
de grandeza, sendo, até mesmo, comum que tal comportamento seja incentivado pelos demais.
Contudo, essa abertura acerca da temática sexualidade não se dá de maneira igual para todos,
existe um público específico que tem liberdade para discutir tal assunto e a grande parte do
conteúdo pornográfico é destinado para eles: trata-se do público masculino que se encontra
em contraponto com o feminino, em que a sexualidade é vista como tabu. Logo, se faz
necessário refletir sobre qual o teor que as conversas sobre sexualidade carregam e quais as
práticas são assim produzidas, bem como é necessário avaliar se informações críticas e seguras
são passadas para frente em conversas informais, ou comportamentos de risco são cada vez
mais incentivados e enaltecidos.
Nesse sentido, os objetivos do presente trabalho se constituem em observar a relação
entre a falta de informação crítica acerca de práticas sexuais e os comportamentos de risco
existentes, especificamente no que tange a produção e o consumo de pornografia, averiguando
o papel da educação sexual nesse contexto. Assim como, busca-se compreender a relação entre
a produção de pornografia e a construção da sexualidade, averiguando como os reflexos da
indústria pornográfica influenciam no contexto social, no sentido de facilitar a banalização da
violência contra a mulher e a naturalização do estupro. Consequentemente, investiga-se as
maneiras pelas quais a educação sexual auxiliaria na desconstrução dos comportamentos
incentivados e perpetuados pela pornografia.
Para tanto, para seguirmos com os objetivos deste trabalho entendemos ser
fundamental compreender o que é a pornografia. Seguindo as palavras de Leite Junior (2011),
a pornografia aqui será referida como representações obscenas que possuem um mercado
delineado predominantemente heterossexista, tendo por objetivo o consumo das massas e a
produção de prazer daqueles que assistem, sem esquecer do lucro daqueles que produzem.
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A pornografia pode ser identificada e discutida através de diversos paradigmas,


conforme destaca Baumel et al. (2019) ela pode ser vista por meio de um olhar moral, ou pode
ser considerada uma opção terapêutica para renovar relacionamentos e proporcionar
novidades para a dinâmica do casal, tal como pode ser, também, encarada como um modelo
para aprender e aperfeiçoar práticas sexuais e ainda pode ser criticada através das
perspectivas feministas. Aqui a pornográfica não será analisada a partir de uma concepção
moral, pedagógica ou terapêutica, mas sim através de um olhar psicossocial, que visa observar
seus efeitos na sociedade, bem como nos próprios indivíduos.
Como forma de contribuir para essa discussão, Kampf (2008, p. 9) salienta que a
pornografia é uma forma clara e eficaz para estudar a sexualidade, afirmando que “é uma
categoria ideológica que possui diferentes significados de acordo com o momento histórico”.
Não há como discutir pornografia no atual momento histórico e social sem mencionarmos as
masculinidades e as questões de gênero, tendo em vista que Zanello (2018) destaca que a
pornografia se apresenta como a principal tecnologia de gênero para os homens, ela é um
reflexo de questões sociais muito aparentes na nossa cultura, como a violência de gênero e a
cultura do estupro.
O consumo exacerbado de materiais pornográficos nos dias de hoje se tornou algo
bastante comum. Sujeitos de variadas idades e, cada vez mais cedo, inserem em seu cotidiano
esse tipo de “entretenimento”. De acordo com a plataforma streaming de conteúdos
pornográficos Pornhub (2015), o Brasil é o oitavo país em maior número de acessos diários no
site, assim como o brasileiro passa cerca de 8 minutos no site a cada visita. D’Abreu (2013)
aponta que o Brasil é o segundo país que mais produz conteúdos pornográficos, sendo todo o
material destinado ao público masculino.
A internet se tornou o maior meio de comunicação responsável pela proliferação da
pornografia, por conta da rapidez e facilidade em obter informação, com pequenas pesquisas
em sites online é possível achar qualquer conteúdo pornográfico que for desejado, incluindo
práticas consideradas criminosas que são encontradas com fácil acesso e de forma gratuita
(LOPES, 2014). Recentemente existe uma problemática maior acerca desse tema circulando
pelas mídias sociais, que seria a nova prática de alguns usuários de sites pornográficos, como
“Pornhub”, de colocarem filmes em lançamento dentro da plataforma com o intuito de burlar
as políticas de direitos autorais. De acordo com uma pesquisa feita pelo próprio site
pornográfico Pornhub (2019), na semana de lançamento do longa “Vingadores: Ultimato” as
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pesquisas sobre o filme na plataforma aumentaram, além desse filme em específico é possível

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encontrar também outros longas de heróis, assim como os últimos episódios da série “Game
of Thrones” que fez grande sucesso em 2019.
Esse aspecto aborda uma questão bastante sensível, em que uma simples busca acerca
de um filme pode levar uma criança e/ou adolescente para conteúdos pornográficos sem
mesmo estar procurando por eles. Lopes (2015) destaca que se tornou muito comum vermos
jovens cada vez mais cedo entrarem no mundo da pornografia, porém é nítido que eles não
possuem outras referências para apontar o quão problemático são os comportamentos
presentes nesses conteúdos, fazendo com que a construção da sua sexualidade tenha como
base primordial filmes pornográficos que exalam a violência extrema. Embora o problema
esteja posto, ele não é percebido, já está intimamente ligado à cultura do estupro sustentada
por uma sociedade extremamente machista, ou seja, para uma sociedade que não avalia ou
age com relação a seus problemas em relação às questões de gênero, sexualidade e violência,
a pornografia não será vista como um problema.
Mikos (2017) destaca uma matéria feita pelo site de notícias da UOL no qual se afirma
que:

A pornografia pode se tornar a maior fonte de ‘educação sexual’ entre jovens em idade escolar.
Sem uma boa educação sexual nas escolas, a pornografia poderá acabar se estabelecendo, se já
não o fez, como a grande fonte de aprendizado nesse campo para crianças e adolescentes, que
têm acesso a esse tipo de conteúdo com apenas um simples clique, desde muito pequenos
(MIKOS, 2017, p. 22).

A relevância de se discutir esse tema é devido à falta de informação das pessoas acerca
dele, pois essa falta recai em práticas sexuais que ocorrem sem proteção, banalização da
violência contra a mulher e alimenta a cultura do estupro na qual o estupro é encarado como
algo natural.
Para sustentar a importância dessa discussão e tornar nítido como a violência de
gênero, o estupro e a pedofilia se tornaram naturalizados em nossa sociedade, podemos
observar os dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública - FBSP (2018) que
apontou que há mais de 66 mil vítimas de estupro no Brasil, sendo 180 estupros por dia, sendo
que desses, 4 são meninas de até 13 anos. Os dados mostram que 81,8% das vítimas estupradas
são mulheres, e 53,8% tinham até 13 anos. O FBSP aponta ainda que os casos de feminicídio
cresceram 11,3% em 2018 e que pelo menos 88,8% das vezes o autor foi próprio companheiro
da vítima; os dados evidenciam também que casos de violência doméstica passaram de 263.000
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no Brasil, o que sugere um registro a cada 2 minutos.


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MATERIAL E MÉTODO

A metodologia utilizada para a coleta de dados foi realizada por meio de levantamento
bibliográfico, já que foram utilizadas fontes como livros, revistas, artigos, reportagens,
dissertações, monografias, teses e documentários, materiais que abordaram o tema escolhido
e colaboraram para o alcance dos objetivos apontados.
Para tanto, em novembro de 2020 foi feito uma pesquisa bibliográfica na plataforma
de periódicos científicos do Google Acadêmico com os seguintes descritores: “pornografia”
com cerca de 37.600 resultados; “educação sexual” com 273.000 resultados; “indústria
pornográfica” com 17.100 resultados; “indústria pornográfica and educação sexual” com 8.840
resultados; “pornografia and educação sexual” com 17.900 resultados; “pornografia and
violência” com 25.500 resultados; e “indústria pornográfica and violência” com 15.900
resultados. Já na plataforma Scielo foram usados os seguintes descritores: “pornografia” com
95 resultados; “indústria pornográfica” com 1 resultado; “educação sexual” com 776
resultados; “pornografia and educação sexual” com 2 resultados; “indústria pornográfica and
educação sexual” com 0 resultados; “indústria pornográfica and violência” com 0 resultados;
e “pornografia and violência” com 17 resultados.
Esse levantamento sistematizado de dados foi realizado na segunda quinzena de
outubro de 2020, a fim de averiguar a popularidade dos assuntos aqui abordados. Por mais
que muitos resultados tenham passado dos cinco dígitos são poucos os periódicos que
abordem o presente tema com proximidade, destacando a dificuldade de encontrar
referenciais teóricos para embasar a discussão e salientando ainda a necessidade de se
produzir mais sobre esse tema.
Com isso, é importante esclarecer que a análise, a interpretação e a compreensão da
exposição teórica foram feitas com o objetivo de possibilitar uma leitura mais rica e proveitosa
dos textos de natureza teórica. Para isso as abordagens metodológicas utilizadas neste
trabalho foram “problematização” e “síntese”.
A abordagem denominada “problematização” visa o levantamento de problemas,
explícitos ou implícitos no texto, que sejam relevantes para a discussão e reflexão do tema,
pois o debate e a reflexão são essenciais para a atividade científica. Já a abordagem chamada
“síntese” tem por objetivo revisar todo o conteúdo bibliográfico e elaborar uma nova discussão
por meio de uma reflexão pessoal. A síntese auxilia na reelaboração da mensagem com base
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nas considerações pessoais da problematização levantada anteriormente, bem como a reflexão


acerca do texto que ela conduz (MARCONI; LAKATOS, 2003).

A ORIGEM DA INDÚSTRIA E O RECORTE DO PÚBLICO ALVO

A pornografia é representada de formas diferentes em cada contexto sociocultural de


acordo com o propósito de determinada época, passando por diversas transformações,
acompanhando a arte e a história (NEVES, 2009).
Neves (2009) assinala que os primeiros conteúdos que se tem acerca do assunto estão
presentes no pré-renascimento, em que a pornografia tinha seu significado ligado à rituais
religiosos, tendo como propósito exaltar o corpo feminino para fins férteis. Ao observar a
Grécia e a Roma é possível perceber uma transformação no significado de pornografia, uma
vez que a arte e a cultura da época apresentam que o conceito vai para além do contexto
religioso, representando, literalmente, o ato sexual erotizado que, para eles, deve ser
vivenciado e celebrado.
Juntamente com o advento e poder da igreja se iniciaram os tabus diante do tema, o
ato sexual começou a ser visto como pecado, sendo então associado à culpa e à vergonha.
Todo e qualquer material ligado ao erótico era retido pela igreja para que a população não
tivesse acesso, sendo apenas no Renascimento que a igreja perdeu parte da influência nas
artes e nas produções de conteúdos eróticos, tendo em vista que as proibições e censuras
impostas pela igreja fomentaram ainda mais o interesse e desejo acerca do nu humano. Desse
modo o pós-renascimento se tornou o período em que a disseminação dessas obras criou
potência (NEVES, 2009).
A autora ainda destaca que com o avanço da tecnologia e o início da prática de
impressões à produção de conteúdos eróticos se massificou, os produtores criaram estratégias
para despertar o desejo dos consumidores, dando origem às revistas adultas destinadas paras
os homens heterossexuais.
Colocando em pauta a pornografia audiovisual, Abreu (1996) e Durte; Rohden (2016)
concordam que os primeiros vídeos envolvendo conteúdo sexual surgiram nas primeiras
décadas do século XX, denominados “stag films”, possuíam cerca de 7 minutos e eram feitos
por meio da clandestinidade. Os autores ainda afirmam que tais vídeos eram passados em
salas privadas para um público alvo: os homens. Sendo possível perceber que desde a sua
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origem os filmes pornográficos têm o objetivo de saciar os prazeres desse público em especial.
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Ainda segundo os autores, foi em 1972 que o primeiro longa-metragem desse gênero foi
lançado legalmente em salas de cinema. O sucesso do longa foi tamanho que chamou o
interesse de empresários, dando início às primeiras indústrias pornográficas.
Observando as evoluções das artes eróticas podemos perceber que no início seu
propósito surgiu como forma de enfrentamento às regras e à censura, ademais, D' Abreu
(2013) salienta que a pornografia se tornou historicamente um disseminador eficaz de
desigualdades entre homens e mulheres, tendo em vista que seus conteúdos refletem a cultura
que está inserida, constantemente reafirmando a submissão da mulher perante o homem,
assim como sua total servidão quanto a realizar quaisquer que sejam os desejos que o homem
ordena.

La subordinación sexual explícita y gráfica de las mujeres, por medio de fotografías, o palabras
que también incluyen uno o más de los siguientes elementos: i) representa a las mujeres
deshumanizadas, como objetos, cosas o mercancías sexuales, o ii) presenta a las mujeres como
objetos que disfrutan el dolor o la humillación, o iii) presenta a las mujeres como objetos
sexuales que sienten placer sexual al ser violadas, o iv) presenta a las mujeres como objetos
sexuales atados, cortados, mutilados, llenos de contusiones o heridos físicamente, o v) presenta
a las mujeres en posturas o posiciones de sumisión, servilismo o despliegue sexuales, o vi) las
partes corporales de la mujer –incluyen la vagina, mamas o nalgas pero no se limitan a estas-
se exhiben de tal manera que la mujer se reduce a estas partes, o vii) presenta a las mujeres
como putas por naturales, viii) presenta a mujeres penetradas por objetos o animales, ix)
presenta a mujeres en escenas de degradación, injuria, tortura donde se les muestra indecentes
o inferiores, sangrantes, con contusiones, o heridas (MACKINNON; POSNER, 1996, p. 99).

Por meio desse trecho é possível perceber qual seria então o papel da mulher na
pornografia, bem como qual posição ela ocupa nesse lugar. Seus corpos são reduzidos a suas
partes intimas e expostos ao extremo, sua imagem é desumanizada como objetos que gostam
da dor e desejam ser humilhadas, violentadas e submissas. O que destaca o reflexo da nossa
cultura na pornografia e perpetua essas concepções no imaginário daqueles que consomem
esses materiais.
A partir do exposto é importante assinalar que a submissão feminina não se dá de
maneira tranquila, mas é forçada para que se instale e mantenha relações de poder dos homens
sobre as mulheres, favorecendo o modelo econômico capitalista reforçado por meio da igreja.

NOS BASTIDORES DA INDÚSTRIA PORNOGRÁFICA

A indústria pornográfica se expandiu e ganhou força de tal forma que se tornou uma
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das produções mais lucrativas do mundo, ultrapassando, até mesmo, o mercado de armas e
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drogas. Por dia, cerca de 30 milhões de pessoas acessam sites pornográficos, aproveitando os
inúmeros conteúdos dispostos de forma gratuita e de fácil acesso (MARZOCHI, 2003).
O fácil acesso propiciado pela internet auxiliou para que a pornografia se tornasse um
elemento banal em nosso cotidiano, tendo em vista que grande parte dos acessos diários em
sites online rodeiam assuntos ligados ao erótico:

Só para dar uma amostra do peso da pornografia na internet: de acordo com algumas pesquisas
quantitativas, cerca de 40% das atividades realizadas online envolvem algum conteúdo
pornográfico. Uma das pesquisas neste sentido, conduzida pela HitWise (empresa de
consultoria e marketing on-line) em 2008, calcula que cerca de 10% das buscas feitas pelos
internautas envolvem pornografia (sex e porn aparecem como algumas das palavras mais
procuradas no Google). Outras pesquisas feitas em 2009 afirmam que, em média, 43% dos
usuários da internet ao redor do mundo acessam material considerado pornográfico e que 35%
de todos os downloads realizados envolvem pornografia (PARREIRAS, 2012, p. 200) (grifo do
autor).

O senso comum defende que as mulheres que entram e permanecem na indústria


escolheram tal modo de vida, mas analisando os relatos de atrizes inseridas nesse ramo se
torna possível perceber que é prometido uma vida glamorosa ao entrar no mundo do sexo,
como dinheiro fácil e fama, mas o cenário por trás de cenas sexuais ditas perfeitas é repleto
de violência física e psicológica, assim como repleto de ameaças e coerções. No canal TV USP
(2014) presente no YouTube encontra-se uma entrevista feita com uma atriz da indústria
pornográfica, onde ela destaca como funciona a dinâmica por trás das câmeras, salientando a
forma como as mulheres são coagidas a realizarem cenas que não gostariam já que toda a
produção é composta por homens e se torna difícil negar as ordens feitas por eles.
A organização Pink Cross Fundation (2010) criada para dar suporte às mulheres que
foram submetidas ao tráfico de pessoas ou a indústria sexual também apresenta diversos
relatos de mulheres inseridas nesse ramo que concordam com a entrevista citada
anteriormente. A organização levanta um estudo em que se compara a saúde mental das
atrizes com veteranos da guerra do Vietnã, destacando que 68% delas dispõem de transtorno
de estresse pós-traumático da mesma forma que os soldados de guerra, apresentando sintomas
como “flashbacks, depressão, ansiedade, pesadelos e uma incapacidade de concentração ou
foco”. Outra informação importante que a organização evidencia é que a expectativa de vida
de uma atriz pornô é de 36 anos, visto que o consumo de drogas, riscos de infecções
sexualmente transmissíveis (IST’s) e taxas de suicídio são exorbitantes. Por fim, o site revela
que 89% das mulheres desejam sair da indústria, mas não conseguem devido às necessidades
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financeiras, coações, chantagens e desgaste emocional.


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Para além disso, torna-se importante frisar os dados acerca do tráfico de mulheres e
crianças para o mercado do sexo, Bassiouni (2002 apud LEAL, 2001) apresenta que, por ano,
cerca de 100.000 e 200.000 mulheres e crianças são tiradas de seus países pelo tráfico para fins
sexuais, apontando ainda que a maior parte delas morre antes dos 30 anos por consumo
excessivo de drogas, IST’s, saúde debilitada e abusos físicos e psicológicos. Esses dados
contribuem para discordar do ponto de vista do senso comum, visto que muitas mulheres
estão nesse meio contra sua vontade.
Tendo em vista a pornografia infantil Marzochi (2003) destaca que os dados acerca do
consumo e da produção desses materiais é preocupante, visto que há uma imensa exploração
de crianças para criação desses conteúdos e, atualmente, é uma das indústrias mais lucrativas
que existem. “O lucro anual com a pedofilia chega a US$ 5 bilhões. Vídeos envolvendo crianças
rendem um lucro anual de US$ 280 milhões. E, ainda de acordo com o juiz, no ano passado
foram localizados 7750 sites de pedofilia na Internet” (CARTA, 2001 apud MARZOCHI, 2003,
p. 239).
Adams (2002 apud MARZOCHI, 2003) apresenta uma contradição muito importante
acerca desses dados, visto que o discurso das massas demoniza os pedófilos, enaltece a
castração química e abomina qualquer tipo de violência contra crianças, enquanto os termos
mais pesquisados pelos brasileiros de acordo com a plataforma Pornhub (2015) são “escola”,
“school”, “brazil novinha”, “teen” e “virgin”.

Além disso, a figura feminina aparece muitas vezes infantilizada, trajando uniformes escolares,
meias, laços e presilhas, voz pueril e ausência de pêlo pubiano, reafirmando a figura de
autoridade e poder do homem sobre ‘adolescentes’, ingênuas e frágeis (COWAN et al., 1988
apud D’ABREU, 2013, p. 593).

Como qualquer outro “produto” no mercado, a produção só é feita porque há demanda


e, se torna importante frisar que, por mais que os conteúdos em grandes plataformas
mainstream3 não sejam feitos com menores de idade, o roteiro, o figurino e as produções
levam as atrizes a interpretar esse papel. Assim, ao relacionar mulheres à imagem de crianças,
seres humanos em desenvolvimento e dependentes, reforça-se o lugar de dominação ao qual
as mulheres são submetidas.

DISTORÇÃO DOS CORPOS E A INTERPRETAÇÃO DO ROTEIRO


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3 O conceito de Pornografia Mainstream denomina a categoria principal da pornografia, são os conteúdos


disponibilizados gratuitamente nas mídias sociais fortemente consumidos pelas massas.

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Baumel (2019) apresenta diversos resultados de pesquisas que apontam efeitos


negativos do acesso à pornografia, entre eles há: a associação entre uso de pornografia e
atitudes que banalizam a violência contra a mulher, assim como comportamento sexual
agressivo; o desenvolvimento de vícios e a dificuldade dos consumidores em terem excitação
sexual sem os estímulos da pornografia. A autora ainda afirma que são efeitos negativos da
idealização do setting pornográfico, visto que “todos têm belos corpos e estão sempre
disponíveis para todo tipo de sexo, abalando a autoestima dos indivíduos e gerando prejuízos
aos relacionamentos amorosos, por meio de cobranças e comparações” (BAUMEL, 2019, p.
133).
A pornografia tem sido meio de aprendizagem sexual principalmente para os homens,
porém pode funcionar, também, como fonte de ansiedades e frustrações, pois cenas ali
representadas não condizem com o sexo real, as condições criadas pelo roteiro colocam o ator
como uma máquina incansável que pode levar o ato sexual por horas sem ter problemas de
ereção, o que pode induzir os homens a ficarem insatisfeitos com o seu desempenho sexual e
procurarem soluções que o façam ter o mesmo desempenho apresentado em tela (ROVIRA,
2014).
Preciado (2008) nos apresenta o conceito de farmacopornográfico para representar a
forma como os fármacos possuem poder sobre os corpos também na área da sexualidade,
afirmando ela que são novas tecnologias de micropoder que evoluíram e se tornaram
desejadas e sedutoras ao invés de temidas. A autora insere esse conceito para afirmar a
incansável procura pelo Viagra, principalmente pelos jovens, para se tornarem sexualmente
potentes, assim como a indústria pornográfica sustenta.
Para além disso, Ribeiro (2016) destaca que nos sites pornográficos existe uma
indústria que padroniza a imagem corporal masculina, visto que a todo momento propagandas
saltam da tela comparando o tamanho do pênis com a qualidade do desempenho sexual,
diminuindo aqueles que não possuem o tamanho igual ao dos atores e oferecendo meios, reais,
ou não, que prometem o aumento peniano. O autor ainda cita as seguintes problemáticas que
rodeiam essa questão:

— O problema é que desde que você é criança e você é socializado no sexo masculino, o tamanho
importa. Então ninguém fala para você criança “olha, o que importa não é o tamanho mas o
que você faz com isso”.
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— Exatamente, um pinto grande não vai te dar um orgasmo, ele te machuca. Às vezes ele só vai
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te machucar, não vai te dar nada além disso (RIBEIRO, 2016, p. 45).

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É importante lembrar que os jovens que usam filmes pornográficos como primeiro
acesso ao mundo do sexo são bombardeados com padrões irreais de corpos e desempenho, o
que acarreta ansiedades, medos e, consequentemente, fugas da vida sexual real por receio de
serem alvos de chacotas.
Os padrões de estética femininos estão presentes em todos os contextos sociais que
nos perpassam e na pornografia não é diferente. Nesse sentido, Baumel (2019) ressalta que as
estéticas presentes em conteúdos pornográficos defendem um corpo ideal e afirma que essa
comparação pode resultar em pressão e intimidação no momento do ato sexual. É muito
comum ouvir mulheres afirmando que não conseguem ter relações íntimas com as luzes
acesas por vergonha de seu corpo, o que mostra como as cenas fictícias de sexo levam a
distorção dos corpos reais e de uma relação sexual real.
É necessário pensarmos além das imagens corporais e destacar os diversos
comportamentos de risco que estão presentes na pornografia. Polanco (2014) salienta que a
maioria das pessoas inicia a vida sexual ativa durante a adolescência, porém pouco se fala em
preservativos e anticoncepcionais. A autora afirma ainda que “a cada ano, 11% dos partos
produzidos no mundo (cerca de 16 milhões) correspondem a meninas entre 15 e 19 anos. O
número de abortos em adolescentes ultrapassa 2,5 milhões” (POLANCO, 2014, p. 40).
Além da gravidez indesejada, a escassez de métodos preventivos acarreta, também, no
aumento de IST’s, por isso Polanco (2014) contribui para exemplificar esse problema quando
apresenta dados que indicam que em 2009, 40% dos novos casos de IST’s representam os
jovens de 15 a 24 anos, assim como mostra que apenas 36% dos homens e 24% das mulheres
jovens possuem conhecimentos amplos e corretos para se protegerem contra as infecções. A
relação entre camisinha e pornografia são ambíguas, não há nas cenas pornográficas uma
erotização do uso de preservativos, pois a maioria dos conteúdos pornográficos mostram a
ausência do uso da camisinha, colocando-a como algo desnecessário e que incomoda o ato
sexual e essa pode ser uma das raízes na escassez de prevenção no sexo real (PINHEIRO, 2015).
Os materiais pornográficos tendem, também, a induzir a erotização de qualquer
relação casual, visto que grande parte dos roteiros de filmes pornográficos são passados em
situações normais do dia a dia e terminam em sexo, levando a entender que qualquer contato
rotineiro pode estar carregado de segundas intenções. Um exemplo muito claro dessa questão,
mesmo que sensacionalista, se passa em um episódio de uma série muito famosa dos anos 90,
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o episódio intitulado “Aquele com a pornografia de graça” da série Friends, apresenta dois
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personagens masculinos que passam o dia vendo conteúdos pornográficos, o que os leva a

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fetichizar toda relação que possuem na vida real e acabar conversando sobre situações do dia
a dia que não terminaram em sexo, mostrando a problemática das narrativas pornográficas.
É comum que a maioria dos vídeos encontrados em plataformas mainstream tenham
como seu ápice a ejaculação masculina, é como se toda a dinâmica e roteiro produzido nesses
materiais levassem a esse ponto. Até mesmo o ângulo de filmagem coloca as cenas através da
visão do homem, levando a entender que o auge do prazer masculino significa mais do que o
próprio sexo em si, tal performance reafirma, então, que nas relações sexuais o prazer do
homem é primordial (DURTE; ROHDEN, 2016).
Díaz-Benítez (2010) enfatiza essas práticas como sendo recorrentes no meio da
indústria pornográfica, as estéticas violentas presentes nas cenas visam criar fantasias nas
quais a mulher é estuprada, humilhada e indefesa, enquanto o homem é colocado em um posto
de dominação e força. Logo, não é de se estranhar que o ápice da relação seja o gozo masculino.
Diante desse cenário, a pornografia se mostra um agente poderoso e problemático para
quem procura informações a respeito de experiências sexuais que estão em falta nas relações
(D' ABREU, 2013) ou em fontes confiáveis, como por meio da educação sexual.
Em uma matéria acerca do acesso fácil da pornografia entre os jovens, o coordenador
do mestrado em Educação Sexual da Unesp, Paulo Rennes Marçal Ribeiro (UOL, 2014) aponta:
“Se os jovens não têm outras fontes de informação, espaços para reflexão, possibilidades de
questionamento, só conhecerão e reproduzirão a prática sexual oferecida na pornografia” (grifo
do autor). É salientado ainda que os especialistas desse campo concordam que a educação
sexual é a melhor fonte para o desenvolvimento saudável da sexualidade entre os jovens.
Barros e Barreto (2015) avançam nessa discussão e evidenciam a hiperssexualização
que a indústria pornográfica deposita no corpo negro, mostrando que o homem negro é
valorizado apenas pelo tamanho de seu órgão sexual, enquanto toda mulher negra é vista
como “boa de cama”, um corpo que pode ser explorado e tratado como objeto. Os autores
salientam ainda que a pornografia preserva tudo aquilo que não é considerado moralmente
saudável pela sociedade, mas que é grandemente consumido.
Essa afirmação pode ser claramente observada nos dados acerca de pedofilia analisados
anteriormente, a contradição entre o discurso social de ódio e nojo de pedófilos e o alto
consumo de conteúdos pornográficos relacionados à pedofilia.
Pode ser observado, também, assim como salienta Benevides (2020) que o Brasil é o
país que mais consome pornografia transexual, gay e lésbica no mundo, mesmo que de acordo
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com Mendes; Silva (2020) o Brasil seja o país que mais mata essa população.

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Ao analisar esses dados podemos observar que o Brasil é um país fortemente racista,
misógino e lgbtfóbico, mesmo que na hora da busca pelo prazer sejam esses grupos os alvos
de suas fantasias, destacando as afirmações de Barros e Barreto (2015) de que se busca na
pornografia tudo aquilo que é posto como imoral no senso comum.

EDUCAÇÃO SEXUAL COMO REDUÇÃO DE DANOS

Maia (2020) assinala que a educação sexual pode ocorrer de forma não intencional, por
meios midiáticos como músicas e programas televisivos, através de discursos familiares e
religiosos ou mesmo por meio de conversas cotidianas. Entretanto, a educação sexual também
existe a partir de um modo intencional fundamentado em um projeto que é elaborado e
organizado de forma sistemática para a promoção de informação acerca da sexualidade.
O termo foi elaborado com o objetivo de promover uma sexualidade mais saudável a
partir do esclarecimento de informações acerca dos aspectos afetivos e emocionais presentes
no desenvolvimento humano. Ela visa alcançar uma vivência mais autônoma, responsável e
gratificante da sexualidade, que acarreta questões como o desenvolvimento de
comportamentos saudáveis, aceitação da diversidade, diminuição da violência e promoção da
igualdade de gênero (ALVAREZ; PINTO, 2012).
Os primeiros indícios da implantação obrigatória da educação sexual no Brasil, de
acordo com Werebe (1977), aparecem nos anos 60, porém devido às ideais morais e
conservadoras, o projeto foi negado, com a concepção de que os efeitos da educação sexual
no campo educacional seriam desastrosos, assim como haveriam diversos prejuízos à saúde,
à higiene e à moral.
Começou a se pensar em educação sexual como uma forma de tratar diversos
problemas, como gravidez indesejada e o alastramento das IST’S, tendo em vista que foi a
partir de uma tentativa de combater o vírus da AIDS que se percebeu como o diálogo e o
fornecimento de informações acerca da doença minimizaram os danos, deixando claro que é
necessário conversar sobre o tema para superá-lo (RIBEIRO, 1990).
O autor ainda destaca que a educação sexual precisou se modificar e ampliar suas áreas
de estudo, deixando de reduzir a sexualidade apenas a paradigmas biológicos e passando a
discutir também por meio dos aspectos socioculturais, destacando que a implantação de
projetos de educação sexual possibilitam diversos fatores positivos:
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A implantação de projetos de educação sexual contribui para que a criança ou o jovem — e


adulto de amanhã — tenha uma vida mais integrada, saudável, com uma melhor autoestima e
maior conhecimento do próprio corpo e consciência de ter relações preventivas (RIBEIRO,
1990, p. 3).

Não é raro ouvir que a educação sexual não deve ser trabalho para a escola, mas sim
dos pais da criança, que deverão decidir qual assunto abordar e em que momento pretendem
fazer isso. Porém, de acordo com Ribeiro (1990) a família não está preparada para dar conta
desse papel:

A vivência sexual dos filhos mexe muito com a estrutura dos pais, no sentido que reativa a
própria sexualidade vivenciada por eles, com os próprios fantasmas que a sua adolescência
trouxe e que, provavelmente, na maioria das vezes não puderam ser elaboradas de forma
adequada. E um trabalho, proposto pela escola, pode ser importante nesse processo (RIBEIRO,
1990, p. 10).

Para além disso, existe um marcador muito evidente acerca da importância da


educação sexual, sendo necessário pressupor que, segundo Barbosa (2007, apud SOUZA et al,
2013) e Dias (2007, apud SOUZA et al, 2013) a maioria dos casos de violência sexual contra
crianças acontecem dentro da própria casa e o autor é um membro de confiança da criança,
como pai, padrasto, avô, tio, amigos e parentes que frequentam a casa.
O ministério público do Paraná divulgou estatísticas de 2018 que apontam o maior
índice de abuso sexual já registrado desde 2011, evidenciando que no Brasil três crianças ou
adolescentes são abusadas sexualmente a cada hora. Foram registradas 177,3 mil notificações
em todo o país, sendo que dois terços desses casos ocorreram dentro da própria casa da vítima,
em 25% dos casos os abusadores eram amigos ou conhecidos da vítima e em 23% o pai ou
padrasto (PARANÁ, 2020).
Esses dados apontam que não há como deixar apenas a família responsabilizada pela
educação sexual dos jovens, tendo em vista que muitas vezes os problemas já estão dentro de
suas próprias casas.

A formação de professores e alunos sobre a temática, propiciando um ambiente seguro para


denúncia, é considerada estratégia fundamental para romper a barreira de silêncio e
interromper ciclos de violência na família. Estimular a autodefesa de jovens e educá-los para
que tenham maturidade no momento de descoberta da própria sexualidade também são citadas
como medidas importantes (PARANÁ, 2020).

Coelho e Ribeiro (2019) salientam que a educação sexual pode ser um dos caminhos
para combater o abuso e a violência sexual contra crianças e adolescentes. As autoras
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apresentam a fala da psicóloga Elizabeth Sanada, que afirma ser a educação sexual um agente
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poderoso no desenvolvimento da criança de forma segura, por meio do autocuidado e da


preservação do seu corpo, já que ela conseguirá delimitar o espaço do seu corpo e perceber
qualquer invasão do outro.
Ribeiro (1990) destaca ainda os motivos que levam a escola a ser o melhor ambiente
para se tratar a educação sexual:

E a escola, enquanto espaço social que reúne diariamente um determinado número de crianças
e adolescentes, com interação social e afetiva já estabelecida, facilita o desenvolvimento de um
trabalho e sua continuidade. Além disso, desempenha um papel importante na educação para
a sexualidade ligada ao prazer, ao bem-estar, à saúde, ao binômio ensino-aprendizagem, à
cidadania, que integra as diversas dimensões do ser humano envolvidas nesse aspecto
(RIBEIRO, 1990, p. 4).

O autor ainda salienta que a educação sexual deve perpassar assuntos como tabus,
preconceitos e crenças, sem a imposição do que é certo e do que é errado, oferecendo um
espaço de diálogo onde os jovens irão sanar suas dúvidas e aliviar suas ansiedades.
Ao observar os dados e as informações levantadas acerca das práticas fornecidas pela
pornografia, se faz necessário pensar em estratégias para garantir que os jovens iniciem sua
vida sexual de forma saudável, uma delas seria um projeto de educação sexual baseado em
fundamentos científicos, que visa propiciar um espaço de diálogo sobre o assunto e transmitir
informações críticas que minimizem as práticas de comportamentos de risco (MIKOS, 2017).
Strazza (2020) salienta que em outubro desse ano o site de conteúdos pornográficos
Pornhub lançou uma série de vídeos sobre educação sexual elaborados por psicólogos e outros
especialistas, afirmando a necessidade de uma nova seção educacional, nomeada como
“Pornhub Sex Ed”, que informasse os usuários as diferenças entre os conteúdos de sua
plataforma e as reais práticas sexuais. Essa iniciativa do site concorda com as presentes
discussões de que a pornografia está longe de representar o sexo real, assim como a
necessidade de uma educação sexual para propagar informação.
Mesmo que o assunto seja considerado tabu em nossa cultura, os dados vistos ao longo
deste trabalho apontam que o acesso dos jovens ao mundo pornográfico está se iniciando cada
vez mais cedo, o que torna inevitável a discussão do assunto e as intervenções reais nesse
campo. Mikos (2017) destaca que a educação sexual é um meio de fazer com que os jovens
conversem sobre sexo e sexualidade, sanando as dúvidas e minimizando a busca ao sexo
explícito como fonte de informação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Observando o que foi discutido se torna possível perceber que mesmo sendo o sexo
considerado tabu em nossa cultura muito se consome a partir dele, evidenciando a necessidade
de repensar nas nossas práticas e se realmente estamos “preservando a juventude”, como diria
o senso comum. Os dados apresentam que os jovens estão cada vez mais cedo entrando no
mundo do sexo, enquanto não há uma fonte confiável de informações vindas da família ou da
escola, a pornografia se tornou a nova fonte de educação sexual, fonte essa que não ensina
métodos preventivos, que estimula as relações sem proteção, que banaliza a violência,
naturaliza o estupro, deturpa as concepções de imagem corporal e distorce as relações sexuais
concretas, consequenciando na construção da nossa sexualidade por meio dessas concepções.
O propósito do presente artigo não foi proibir ou desaprovar o consumo de
pornografia, mas sim apresentar que sem outras fontes de informação, as relações sexuais
serão construídas apenas através do que vem a partir desse mercado.
Faz-se necessário então pensar em até onde os valores ditos morais podem preservar
uma vida saudável aos jovens, tendo em vista que a educação sexual possibilita um
desenvolvimento adequado e voltado por autoconhecimento, possibilita a aceitação de
diferentes tipos de corpos, ensina os jovens a serem mais tolerantes com o diferente e, acima
de tudo, apresenta-se como uma grande saída ao combate de abuso infantil.

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Recebido 15 de março de 2021


Aceito 29 de maio de 2021
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