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UNIVERSIDADE TIRADENTES

PSICOLOGIA

AGLEANE FEITOSA ROCHA GENTIL


ALINE DAMASCENO SILVA
CLÉCIA SILVA SANTOS
EDILSON MATEUS DOS PASSOS SANTOS
FRANCIELLE DA SILVA BRAZ
MARIANA ANDRELLI GONZAGA VIEIRA
NATHÁLIA SANTOS MARTINS
SABRYNNA AUGUSTA ALVES DE ALMEIDA
TIMÓTEO LEVI TAVARES SILVA

A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO SEXUAL FRENTE A EXPOSIÇÃO À


PORNOGRAFIA DURANTE A ADOLESCÊNCIA
PROJETO DE INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA

Aracaju SE
2020
UNIVERSIDADE TIRADENTES
PSICOLOGIA

AGLEANE FEITOSA ROCHA GENTIL


ALINE DAMASCENO SILVA
CLÉCIA SILVA SANTOS
EDILSON MATEUS DOS PASSOS SANTOS
FRANCIELLE DA SILVA BRAZ
MARIANA ANDRELLI GONZAGA VIEIRA
NATHÁLIA SANTOS MARTINS
SABRYNNA AUGUSTA ALVES DE ALMEIDA
TIMÓTEO LEVI TAVARES SILVA

A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO SEXUAL FRENTE A EXPOSIÇÃO À


PORNOGRAFIA DURANTE A ADOLESCÊNCIA
PROJETO DE INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA

Projeto de Intervenção apresentado ao Curso de


Psicologia da Unit – Universidade Tiradentes, para a
disciplina Projetos de Intervenção em Psicologia,
orientado pelo Professor Cleberson Franclin Tavares
Costa.

Aracaju SE
2020
1. INTRODUÇÃO
A Pornografia é uma forma de representação corporal, que manifesta-se em
diferentes linguagens, cuja a intenção é despertar desejos sexuais em quem a
consome, sendo voltada a um público adulto e majoritariamente cis-heteronormativo.
Ademais, ela faz-se presente na História, desde a Antiguidade Clássica, com as
ilustrações eróticas nos vasos gregos e as intensas procissões dionisíacas. Como a
historicidade é dinâmica, todas as produções humanas passam por alterações com
o tempo – com a pornografia não foi diferente. Outrossim, é notório que na
hodiernidade, há uma maior variedade e praticidade no consumo de mídia
pornográfica que é facilmente acessada em qualquer dispositivo eletrônico que
utilize internet.

Igualmente, é de fundamental importância observar que a internet é uma


ferramenta que comporta indivíduos de diferentes faixas etárias e que estes, tem
imensa facilidade em acessar o que lhe convém. Ao observar-se essa liberdade
cibernética e estabelecer uma conexão entre ela e as mídias pornográficas, pode-se
deduzir que todos que utilizam a Internet estão expostos de alguma forma à
pornografia, mesmo ela estando voltada ao consumo adulto.

Ademais, pode-se perceber que o discurso sexual passa por um processo de


hipótese repressiva, cujo tabu é constituído acerca do assunto, aumentando a
“vontade de saber”. Outrossim, com a crescente hipersexualização da sociedade
contemporânea, existem cada vez mais crianças e principalmente adolescentes,
dotados dessa “vontade de saber1”, buscando consumir conteúdos sobre sexo,
utilizando-se da forma mais rápida e prática que cause o menor dos
constrangimentos: a utilização da internet.

Tendo em vista que o ser humano é um ser social, interacional, que em seus
processos de socialização internaliza a moral sócio-histórico-cultural vigente.
Mediante a isso, o sujeito acaba reproduzindo uma série de comportamentos
observáveis dentro da endoculturação, que estão fortemente ligados ao processo de
construção identitária individual. A adolescência caracteriza-se por se um período de
“crise de identidade”, que é justamente, a não-identificação com características e
papéis incorporados na internalização dos valores durante a infância, valores estes,

1 O conceito “Vontade de Saber" é formulador por Foucault na sua obra: História da Sexualidade I.
que muitas vezes tendem ao processo repressor sexual que permeia as sociedades
ocidentais. (BISPO, 2017)

Outrossim, é durante esse processo de construção/desconstrução identitária


que a escola deve agir, não como uma forma de domesticar os indivíduos, mas
atuando na promoção de uma autorreflexão, a partir da qual o discente crie uma
criticidade e uma práxis revolucionária sobre seu comportamento e práticas sexuais,
quebrando essa bagagem repressora do uso do corpo e dos prazeres.

Ademais, é justamente isso que o presente estudo almeja, adentrar as portas


da escola e ao mesmo tempo incutir uma reflexão sobre a sexualidade na
adolescência, mas necessariamente, em como a pornografia pode estar
influenciando na formação das identidades dos adolescentes e sua relação com o
outro, juntamente com uma análise das suas vivências de gêneros e sexualidades.

Tendo em vista este contexto, ratifica-se a importância da abertura desse


tema, tanto para a família, como para o próprio adolescente, trazendo o
conhecimento e a informação para amenizar as distorções que advêm de outros
canais de informações que, por vezes, passadas como sinônimo de indecência,
depravação ou mesmo imoralidade, resvalando na pornografia.

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Discutir os efeitos da pornografia no imaginário sexual, no desenvolvimento


físico e psíquico e nas relações interpessoais dos adolescentes.

2.2 ESPECÍFICOS
2.2.1. Possibilitar um debate acerca do tema central com o público alvo.
2.2.2. Promover uma videoconferência no modelo de roda de conversa.

3. JUSTIFICATIVA
A principal motivação para a elaboração do presente projeto de intervenção,
reside na importância do tema tratado, visto que a exposição do adolescente a
pornografia, altera sua vivência sexual. Os adolescentes foram escolhidos para
serem objetos do estudo, pois é dentro desse período que se iniciam as construções
identitárias e ideológicas, como as vivências sexuais, intensificadas pelo processo
hipermodernidade. A pornografia, por sua vez, é o lugar onde os jovens vão achar
resposta para suas questões, pois a sociedade regulariza o discurso sexual e o
reprime, um grande exemplo é a negligência da temática dentro do ambiente familiar
e escolar. Todo esse conflito dessa fase cultural-ocidental, faz-se necessária uma
intervenção e orientação, visto que as emoções e experiências nessa época são
imensamente intensas. A escola é o principal centro de convivência nessa fase,
portanto, ela foi escolhida como lugar de estudo. Como a produção científica tem
como objetivo apropriar-se da realidade para melhor analisá-la e, posteriormente,
produzir transformações, a discussão sobre a pornografia é muito eficaz no auxílio
psicológico dos alunos, além de ser utilizada como forma do aluno conscientizar-se
sobre suas vivências sexuais e suas relações de gênero, incutindo a uma reflexão
sobre suas experiências da esfera interpessoal e sua reverberação na estrutura
social.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O entendimento do que tange o tema sexualidade, se faz mister desde a


descoberta dos órgãos sexuais, até o surgimento das primeiras fantasias sexuais. Ao
tomar-se o próprio olhar, um olhar regressivo, pode-se adentrar em uma atmosfera
temporal pretérita, onde a sociedade ocidental vivia sua sexualidade de maneira
divergente do presente com sua própria mentalidade na relativa posição temporal
(BLOCH, 2001). Ao estreitar-se ainda mais esse olhar, é possível entrever uma
característica tênue, restrita e reprimida: a pornografia. Ademais, esta esteve
presente em sua forma capitalizada desde o século XIX, quando os inúmeros
discursos repressivos sociais atuaram no âmbito sexual (FOUCAULT, 1997).

As crianças e adolescentes nesse contexto de controle dos comportamentos


sexuais, eram vistos como seres assexuados, ligados a pureza e ao pudor. Para
manter essa pureza, foram construídos discursos que os afastava da curiosidade,
reprimindo seus comportamentos. (VITIELLO, 1995) É necessário entender que o
termo adolescência é uma construção sócio-cultural e não necessariamente uma
fase do desenvolvimento humano, cada sociedade tem sua maneira diferente de
vivência, ou não vivência, dessa construção. De acordo com o historiador social
Marc Bloch (2011), é necessário entender o passado respeitando sua autonomia
conceitual. Baseado nisso, faz-se necessária a reconstrução histórica das categorias
“adolescência” e “pornografia", e sua relação intrínseca à pesquisa.

Segundo a historiadora Mary del Priore(2011), durante a História do Brasil


Colônia, Império e República (até meados da década de 80), a adolescência era tida
como o período que se estendia desde a puberdade até a idade adulta, porém, ela
variava de acordo com o gênero: para os homens começava aos doze anos, e
concluía-se aos dezoito, para as mulheres, iniciava-se aos catorze anos, e concluía-
se aos vinte anos, essa divisão eram pautados em discursos médicos essencialistas
biológicos. Porém, a partir da década de 80, com a chamada hipermodernidade, as
relações humanas passam pela formação de laços sociais horizontais, incutindo na
aceleração dos processos de interações sociais e o surgimento das tecnologias da
informação, alterando as relações afetivo-sexuais (LYPOVETSKY, 2004).

Além disso, Hall (2006, p.12): “o sujeito, previamente vivido como tendo uma
identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma
única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas”,
essas rápidas mudanças e trocas constantes de grupos sociais, incutem na não
compreensão de si durante a adolescência,

Ademais, Hall (2006, p.12):

O próprio processo de identificação, através do qual nos


projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se
mais provisório, variável e problemático. Esse processo
produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não
tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente.
A adolescência, na pós e na hipermodernidade não são mais consequências
de avanços biológicos, mas sim de mudanças sociais, religiosas, econômicas e
inexoravelmente, culturais. (VITIELLO, 1995)

A pornografia, assim como a adolescência também adequa-se ao novo


período humano, anteriormente, apresentação-se de maneira literária - no Brasil
Colônia - em forma de conto erótico, com todos as suas palavras explícitas sendo
censuradas pela moral religiosa e trocadas por vocábulos como “preciosa", “varinha
de condão”, “torre de marfim”, e como o avanço tecnológico, tornou-se ilustrações
com o surgimento e popularização da imprensa pornográfica, e virou adaptação
cinematográfica com o surgimento da sétima arte. O pornô sempre esteve presente
na modernidade, na pós-modernidade e não seria na hipermodernidade que ele
defasaria, muito pelo contrário, ganharia novos meios de propagação e um novo
público consumidor: os adolescentes (PRIORE, 2011).

Na hipermodernidade de Lypovetsky(2004), com a aceleração das relações


afetivo -sexuais e sociais, há a antecipação do interesse do adolescente por sexo,
cujo este é visto como um meio capitalizado de ficção sexual, reverberando traços
comportamentais problemáticos como o modelo de desigualdade entre o masculino
e o castrado, o qual qualificam como feminino, onde o homem adquire o papel de
“macho opressor" e a mulher de “fêmea submissa” (BEAUVOIR, 1998).

Além disso, em tempos onde o ensino de educação sexual dentro das escolas
é cada vez mais restrito, graças ao avanço do conservadorismo na hodiernidade, o
adolescente enxerga a internet, mais precisamente a pornografia, como meio
educador, tirando do âmbito escolar e familiar a obrigação de orientar a respeito da
prática sexual. Outrossim, com o processo de aprendizagem, consiste no observar-
reproduzir-modificar, temos a reprodução do que é visto nas produções
pornográficas, dentro das primeiras relações sexuais de adolescentes. (PRIORE,
2011; BEAUVOIR, 1988).

Ademais, Doidge (2011) ressalta que o poder de dominação da pornografia,


nos dias atuais, é muito mais profundo do que alguns anos atrás, justificado
principalmente pela facilidade ao acesso. Ela influencia jovens com pouca
experiência sexual, e especialmente mentes plásticas em vias de formar suas
preferências sexuais.Em função da adolescência ser uma construção sócio-cultural e
não necessariamente uma fase do Desenvolvimento humano, cada sociedade tem
sua maneira diferente de vivência, ou não vivência, dessa construção. (VITIELLO,
1995)

Atitudes frente à pornografia e as consequências do seu uso ainda são pouco


estudadas no Brasil, apesar do alto consumo desse tipo de material no país.
Informações divulgadas pelo site Pornhub, que oferece conteúdo pornô gratuito,
indicam que o Brasil é o 8º colocado no mundo em número de visitantes por dia,
com cerca de 200 milhões de acessos (Pornhub Team, 2015).

Kevin Majeres, psiquiatra especializado em terapia cognitivo-comportamental


e pesquisador de Harvard, retratou que a pornografia pode ser transformada em
uma prática de dependência. Explicando que o excesso dessas atividades estimula
as pessoas ao extremo e os receptores de dopamina são destruídos, levando assim
a crença onde a pessoa sente que só viverá aquela experiência intensa de prazer e
se consumir mais pornografia. Se tornando uma indústria de discursos repressivos
sociais atuando no âmbito sexual com uma presença marcante no capitalismo

Adolescentes, principalmente do sexo masculino, são os mais influenciados


por filmes pornográficos de má qualidade, que desrespeita a imagem das mulheres.
Como consequência disso temos adolescentes do sexo feminino cada vez mais
propensa a objetificação, crescendo com uma noção completamente deturpada de
sexo e continuam praticando para se sentirem parte do todo.

Para Pagnussatti & Soares (2009), o/a adolescente na busca de modelos


externos é influenciado/a através de imagens e estimulado/a pelo discurso da mídia
a “adotar” um comportamento ou modelo sexual tido como padrão, modelos estes
muitas vezes “ilusórios” ou conflitantes para o e a jovem.

A pesquisadora Allison Pearson, divulgou que meninas entre 11 e 13 anos de


idade estão desenvolvendo problemas emocionais graves em decorrência das
práticas sexuais que se sujeitam a fazer ou que são forçadas a fazer por seus
parceiros. Em comparação aos garotos, ficou claro que as meninas sofrem pressões
únicas em relação a práticas sexuais, o que inclui desde esforços absurdos em
busca de uma forma física irreal até a sexualização cada vez mais precoce.

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Europa apontam efeitos


negativos e positivos percebidos com o uso de pornografia. Alguns dos possíveis
prejuízos seriam: a associação entre uso de pornografia e atitudes de apoio à
violência contra a mulher (DeKeseredy, 2015) e comportamento sexual agressivo
(Hald & Malamuth, 2015); o desenvolvimento de um vício (Olmstead, Negash,
Pasley, & Fincham, 2013) e a restrição dos meios de estímulo e excitação sexual à
pornografia (Şenormanci, Konkan, Güçlü, & Şenormanci, 2014); a idealização do
setting pornográfico, no qual todos têm belos corpos e estão sempre disponíveis
para todo tipo de sexo (Bonomi et al., 2014; Tylka & Van Diest, 2015), abalando a
autoestima dos indivíduos e gerando prejuízos aos relacionamentos amorosos, por
meio de cobranças e comparações (Grov et al., 2011; Tylka, 2015).
5. METODOLOGIA
O método de pesquisa utilizado é a revisão bibliográfica, expressando dados
descritivos quantitativos e qualitativos que expressam sentido dos fenômenos
abordados, em que visa efetuar a descrição de processos, mecanismos e
relacionamentos existentes na realidade do fenômeno estudado, utilizando, para
tanto, um conjunto de categorias ou tipos variados de classificações (SILVA apud
NEUMAN, 2014). Trazendo o contexto sócio-histórico-cultural e construção do
imaginário sexual incluindo contrapontos para além dos danos causados pelo
imaginário pornográfico.
O presente trabalho divide-se em três momentos. Foram realizados
levantamento bibliográfico, levantamento de dados e análise de dados. Para a
realização da pesquisa e da coleta de dados, foi utilizado o Termo de Assentimento
Livre e Esclarecido (TALE) para garantir a autenticidade do projeto, a devida
autorização dos dados coletados e a garantia ao participante da pesquisa os seus
direitos.
Como instrumento de levantamento de dados qualitativos, aplicamos um
questionário online, onde as intenções são identificadas e analisadas
qualitativamente, com o objetivo de criar uma relação entre a realidade da amostra
do público coletada com o debate teórico proposto.
O questionário foi criado pelo Google Forms, contendo os dados de
identificação dos participantes e dezenove perguntas objetivas. Os dados obtidos
foram de origem quantitativa e qualitativa, todos representados por gráficos
disponibilizados pelo Google Forms.
O questionário foi preenchido de forma online para o público escolar de
alunos do 9° ano ao ensino médio em geral. O objetivo do questionário foi
comprovar, através de uma amostra do público adolescente, objeto do estudo, se
eles consomem pornografia, a frequência de acessos e de que forma esses
conteúdos os impactam.
CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

ATIVIDADES FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO


Formulação do X
questionamento.
Seleção de fontes. X

Revisão de X X X X X
Literatura.
Elaboração do X
termo de
assentimento livre e
esclarecido digital.
Elaboração do X X
formulário
direcionado ao
público-alvo.
Aplicação do X X
formulário.
Elaboração do X X
roteiro.
Elaboração do X
material expositivo.
Realização da X
intervenção.
Redação. X

6. RESULTADO

O questionário foi disponibilizado de maneira não orientada através de


divulgação em mídias sociais. Foram obtidas trinta e cinco respostas, com relação a
idade, os menores de 18 anos correspondem a 68,6% do total e que estão inclusos
na fase da adolescência. A restrição de análise do questionário foi unicamente
relacionada à idade dos participantes, selecionando os que declararam ter idade
entre 12 a 18 anos.
Tabela 01- Dados Socioemográficos dos entrevistados (Google Forms/2020)

Categoria Frequência Porcentagem

Idade 12 a 15 anos 13 37%

16 a 18 anos 22 63%

Gênero Homem Cis 21 60%

Mulher Cis 12 34%

Outros (Homem 2 2,9%


trans, Mulher trans,
Não-binário)

Etnia Branco (a) 8 22.9%

Pardo (a) 20 57,1%

Preto (a) 7 20%

Religião Católica 20 57,1%

Protestante ou 5 14,3%
Evangélica

Espírita 1 2,9%

Umbanda ou 3 8,6%
Candomblé

Outra 4 11,4%
Ateu/Agnóstico 2 5,7%

Tipo de Público 26 74,3%


Ensino
Particular 9 25,7%

Onde Reside Área Urbana 21 77,1%

Área Rural 8 22,9%

Pela necessidade em conhecer o sujeito participante, foram formulados


questionamentos acerca do perfil sociodemográfico dos indivíduos. Dentre os dados
apurados acerca da amostra, temos perguntas relacionadas a idade, ao gênero, a
etnia, a religião, ao tipo de ensino e o local e zona que os entrevistados residem. Da
amostra total, 60% se declaram homens cis, 34,3% mulheres cis e os outros 5,7%
dividem-se entre homem trans e outros. 57,1% são católicos e 62,9% estudou
somente em escola pública.

Tabela 02- Dados acerca do consumo de conteúdos pornográficos (Google


Forms/2020)

Categorias Frequência Porcentagem

Já teve Sim 28 80%


contato com a
pornografia Não 7 20%

Idade do 5 a 17 anos 28 100%


primeiro
contato
Frequência de Menos de uma vez 24 68,6%
acesso por semana

Uma ou Duas 7 20%


vezes por semana

Mais de duas vezes 4 11,4%


por semana

Tempo de Nenhum 18 51,4%


consumo
Pouco 11 31,4%

Médio 5 14,3%

Muito 1 2,9%

Meios Celular 4 11,4%


utilizados para
acesso Internet 15 42,8%

Não acessa ou não 16 45,7%


soube responder

Os dados levantados acerca da mensuração do contato com a pornografia e


o nível de consumo revelaram que 80% da nossa amostra já teve contato com
conteúdo pornográficos e 20% nunca tiveram contato, sendo a variação da idade do
primeiro contato entre 5 e 17 anos de idade. Também podemos observar que a
maior parte do nosso público alvo tem baixos níveis de frequência de acesso e
tempo de consumo de conteúdos pornográficos, sendo 68,4% da amostra tem uma
frequência inferior a uma vez por semana e 31,4% acessa uma ou mais vezes numa
única semana.
A respeito do tempo de consumo 82,8% dos indivíduos que responderam o
questionário afirmaram demandar nenhum ou pouco tempo ao consumo de
conteúdo pornográficos enquanto 14,3 afirmaram ter um consumo médio e apenas
um indivíduo da amostra afirmou consumir muito conteúdo pornográfico. Entre os
meios mais utilizados para acessar este tipo de conteúdo os mais utilizados foram a
Internet com 42,8% e o Celular com 11,4% do total da amostra, os demais 45,7%
afirmaram não acessar conteúdos pornográficos ou não souberam responder.

Gráfico 01- Opinião dos entrevistados acerca da pornografia (Google


Forms/2020)

Gráfico 02- Sentimentos acerca do consumo de conteúdos pornográficos


(Google Forms/2020)
De acordo com o gráfico 01 acima citado, foi observado que 40% do público
considerou a pornografia irrelevante, 25,7% considerou boa, 14,3% julgou
pornografia muito boa, 8,6% descreveu como ruim e finalmente, 11,4% avaliou como
muito ruim. Já no gráfico 02, 62,9% da amostra considerou que se sente normal ao
consumir conteúdos de cunho pornográfico, 17,2% julgou que se sente bem ou
muito bem com a prática e 20% avaliou que se sente mal ou péssimo ao realizar
esse consumo.

Gráfico 03- Meios utilizados na busca de informações relacionadas a


sexualidade (Google Forms/2020)

Diante do questionamento de quais meios utilizados na busca de informações


para sanar dúvidas com relação a sexualidade mais da metade da amostra 62,9%
afirmou que utiliza a internet como recurso, 17,1% recorre aos amigos na busca de
informações, 14,3% procura a escola e apenas 5.7% vai até a família para este fim.
Gráfico 04- Participação em palestras de educação sexual (Google
Forms/2020)

Gráfico 05- Diálogo acerca da sexualidade com pais e responsáveis


(Google/2020)

Gráfico 06- Frequência de diálogos com pais e responsáveis (Google


Forms/2020)
No gráfico 04 vemos que 60% dos indivíduos já participou de aulas ou
palestras educacionais com temas de sexualidade e 40% da população entrevistada
não tiveram esse contato. Já no gráfico 05 é observado que 77, 1% nunca
conversou com os pais e responsáveis a respeito de temas relacionados a
sexualidade e apenas 22,9% que já experienciou esse diálogo. Com relação à
frequência desse tipo de conversa, 68,6% afirmou que raramente isso acontece,
22,9% mencionou que essa prática ocorreu apenas uma vez e 8,6% alegou que
esses diálogos ocorrem com frequência.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais do que um mero momento de transição entre a infância e a fase adulta,


a adolescência é uma etapa evolutiva e peculiar ao ser humano, que culmina o
processo de amadurecimento biológico, psicológico, social e cultural do indivíduo.
Esta etapa da vida tem um marco natural da sexualidade, o que faz parte da saúde
dos seres humanos. Sexualidade em seu sentido mais amplo, é a expressão do
nosso modo de pensar, sentir, comunicar e agir.
A sexualidade pode ser reconhecida como construção social, no que se refere
aos padrões culturais, em um período cuja opiniões sociais são bem divergentes.
Dentro deste contexto, pode ser considerada que há diferentes adolescências
moldadas por processos sociais distintos. A exemplo da família e da escola que têm
papeis diferentes e ao mesmo tempo complementares e influentes na vida dos
adolescentes. Uma não substitui a outra, a escola complementa e orienta o que
deve ser iniciado no lar. Dessa maneira, ela supre as lacunas e combate à
discriminação, e os preconceitos que possam surgir – ensinando o respeito pelo
corpo e pelos indivíduos (BRÊTAS, 2011). Percebe-se então a importância do papel
do professor como educador sexual no ambiente escolar, e a necessidade de uma
constante atualização dos seus conhecimentos sobre sexualidade.
O projeto de intervenção, a partir dos questionamentos feitos aos 35
estudantes entre nono ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio
– com o perfil etário entre 12 e 18 anos, em sua maioria estudantes de escola
pública – buscou analisar se os adolescentes estão aprendendo sobre sexualidade a
partir da pornografia. E se é possível identificar que os acessos a materiais
pornográficos possuem potencial de ensino durante a adolescência. Buscou saber
também quais efeitos esses acessos a pornografia traz na vida do adolescente e se
tais acessos fazem parte da constituição da identidade, e formação do sujeito.
Assim, o questionário representa um instrumento importante, pois buscou mostrar a
influência que a pornografia tem sobre os adolescentes no olhar sobre si mesmo e
sobre o outro, no desenvolvimento das relações afetivas.
É possível compreender que a pornografia está ocupando um espaço
importante nas suas vidas, na fase de configuração de múltiplas identidades (HALL,
2006), que é a adolescência, enquanto homens e mulheres, agindo sobre a
compreensão, sobre o que é prazer, erotismo, sexo e papéis sexuais e sociais na
sociedade. Além disso, a pornografia na internet representa, uma importante fonte
de informação sobre o ato sexual e como agir durante o sexo, o que revela a
dimensão educativa que os sites pornográficos estão ocupando na vida dos
adolescentes.
Foi possível identificar através dos dados levantados, que embora 80% deles
já tenham tido acesso a conteúdo pornográfico, a frequência ao acesso de tais
conteúdos, bem como o tempo de consumo, ainda é baixo diante do perfil dos
entrevistados. Os meios param se buscar informação, em sua maioria, utilizam a
internet, os amigos e uma pequena parte teve acesso a tais informações na escola.
O que demonstra que a escola ainda está com pouca participação quanto a
orientações sexuais a estes adolescentes. Tais diálogos parecem inexistir no
ambiente familiar, pela raridade com que uma minoria afirmou acontecer. O que
reafirma a posição de Brêtas (2011), quando afirma que para os pais, muitas vezes,
estes consideram inconveniente e constrangedor abordar questões de sexualidade
com seus filhos adolescentes. Isto pode acontecer como uma reprodução do que foi
feito com eles próprios no passado. Finalmente, como se fosse um ciclo, acabam
por atribuir à escola a responsabilidade em orientar seus filhos sobre sexualidade.
No segundo momento da intervenção, que foi realizado no dia 12 de junho de
2020 às 15h, numa videoconferência no formato de roda de conversa, a qual
proporcionou um debate rico e produtivo acerca do tema central do projeto,
percebeu-se que o grupo que aderiu a proposta foi diferente do público-alvo. Houve
a participação de três professores dos ensinos fundamental e médio, e discente dos
cursos de psicologia, geografia, psicanálise, história, mas nenhum dos 35
adolescentes, que responderam ao questionário, participou da roda de conversa.
Observou-se na fase de busca por participantes para a intervenção, que parte
dos pais contactados demonstrou grande resistência no tocante à presença dos
filhos na videoconferência; e que essa objeção advinha exatamente do tema tratado,
corroborando a afirmação de Brêtas (2011) sobre o constrangimento dos pais em
tratar de assuntos que envolvam a sexualidade, ainda que seja num espaço
preparado e protegido pelo sigilo, e trazendo informações referenciadas na ciência.
Ainda que tendo um público diverso ao programado inicialmente no projeto, a
roda de conversa aconteceu com a atuação intensa dos participantes,
especialmente dos professores de adolescentes, que colaboraram trazendo suas
vivências nas escolas, explanando como seus alunos abordam a sexualidade de
uma maneira geral. Então, apesar do debate não ter acontecido com o público-alvo,
a roda de conversa permitiu que a discussão sobre os efeitos da pornografia no
imaginário sexual, no desenvolvimento físico e psíquico ocorresse com alguns
profissionais que trabalham diretamente com adolescentes, e que de forma
complementar à família, participam da formação do grupo-alvo.
E por fim, a iniciação sexual, na maioria das vezes, acontece neste período
da adolescência com pessoas do mesmo grupo. Para Vitiello (1993), a educação
sexual, tem grande papel e importância quando passada corretamente a estes
jovens. Paradoxalmente, muitas vezes a educação sexual é passada de maneira
distorcida, carregada de preconceitos sociais dos mais diversos. Quando isto
acontece, levam algumas pessoas a terem uma visão distorcida e negativa da
sexualidade. Visão esta que se afasta do que pode ser bom, belo e prazeroso.
Percebe-se então que, a sexualidade é algo fundamental e vital para o ser humano,
em todas as fases de sua vida. Ainda existe a necessidade de se cultivar uma visão
adequada sobre o tema, incluindo uma educação sexual coerente – seja na família,
bem como no espaço escolar – para que as próximas gerações tenham uma visão
positiva e saudável a respeito da sexualidade.

8. Anexos
1. Diário de campo
1.1 - Aluna: Aline Damasceno Silva
A intervenção aconteceu em 12 de junho de 2020, marcado para às 15
horas, com início às 15:20h, devido à espera para chegar mais pessoas na reunião
on-line. Havia uma variação entre 15 a 20 pessoas na sala. O colega começou
falando e apresentando o trabalho. Depois uma outra colega tentou compartilhar um
vídeo explicativo, mas infelizmente tivemos problemas com o áudio.
Então, o colega começou explicando o assunto da pornografia, do
consumo adulto, embora, seja uma indústria silenciosa que chega a atingir quase
todas as idades. Durante a intervenção algumas pessoas fizeram comentários muito
significativos, tanto no chat quanto audível. A exemplo da informação que
compartilhei: mundialmente, a indústria pornográfica, movimenta em torno de 97
bilhões de dólares. A expectativa de vida entre os trabalhadores dessa indústria é
em torno de 36 anos – devido a doenças contagiosas que podem diminuir a
qualidade de vida.
Houve comentários a respeito do assunto, no que tange à história da
sexualidade, ao conservadorismo da sociedade e influência da religiosidade na
vivência sexual. Foi observado também que houve aumento da exploração e
visualização de pornografia durante a pandemia que vivemos do Covid-19.
Foi relatado durante a intervenção que das 35 pessoas entre 12 e 18
anos que responderam ao questionário on-line, 77,1% não receberam orientação
sexual em casa. Tais informações são conseguidas através da internet e amigos, e
mesmo da escola o percentual ainda é muito baixo 14,3%.
Também observaram que a indústria pornográfica usa a violência
contra a mulher em sua forma de entretenimento, pois é lucrativo. A objetificação, o
assédio e até mesmo estupros, são questões muito presentes em cenas pornôs
profissionais. Finalizamos os comentários, dúvidas e agradecimentos às 16:30
horas.
1.2 - Aluna: Mariana Andrelli Gonzaga Vieira
Durante a Segunda Unidade da matéria de Projetos de Intervenção em
Psicologia, tivemos um grande desafio proposto de realizar uma intervenção online,
pela demanda do modelo de isolamento social adotado no contexto de pandemia
ocasionada pelo Corona Vírus. Desse modo, após realizarmos a devida revisão
bibliográfica a respeito da temática, produzimos um questionário virtual formulado na
plataforma do Google Forms. O nosso questionário abordou questões relevantes
acerca da nossa amostra como: questões sociodemográficas, questões sobre o
contato e o consumo de pornografia, opiniões e sentimentos com relação a esse
consumo e questões sobre a educação sexual no âmbito escolar e familiar. Depois
que obtivemos as respostas, elaboramos uma roda de conversa com o objetivo de
sanar dúvidas, promover o debate e reflexões no tocante dos efeitos da pornografia
em um ambiente respeitoso e sem julgamentos.

A roda de conversa do projeto de intervenção ocorreu no dia 12 de junho de


2020 na plataforma virtual do Google Meet e, foi aberta para o público de estudantes
de Psicologia e para professores. A reunião teve início às 15h20 min e terminou às
16h30min, contando com o total de participantes que oscilou entre 17 e 21 durante
todo o processo. Inicialmente, foi apresentado um vídeo intitulado “Os homens estão
viciados em pornografia?” que aborda reflexões e repercussões da pornografia na
vida dos indivíduos, porém por conta de problemas técnicos, o vídeo em questão
acabou sendo apresentado sem o áudio, com isso, um dos integrantes do grupo
discutiu a temática abordada e foi passada aos participantes o link do vídeo para
eles assistirem posteriormente.

Depois disso, foi apresentado aos participantes a história da indústria


pornográfica, o contexto da mídia nesse papel, as fantasias que permeiam esse
campo, as diversas faces dos conteúdos pornográficos, a atuação da internet como
meio de busca desses conteúdos, a puberdade e a adolescência, a curiosidade e as
descobertas acerca da sexualidade na adolescência e a repressão social nesse
contexto.

Com isso, foi aberto ao público o espaço para que fizessem questionamentos
a respeito do tema proposto. Dentre os questionamentos feitos, foram abordados
temas como: os estágios psicossexuais de Freud e relação com a pornografia na
fase genital, contexto histórico da pornografia e suas fases, se a problemática da
pornografia estaria na sua existência ou no excesso do consumo, as questões
fisiológicas e neurológicas do consumo, as relações líquidas, os prejuízos, a
objetificação feminina, as expectativas criadas a acerca da relação sexual e
sexualidade, os dados estatísticos do consumo da pornografia, a violência contra
mulher nesse contexto e a falta de instrução acerca da sexualidade. Os indivíduos
convidados participaram abertamente sobre o assunto discutido, expondo suas
dúvidas, opiniões e reflexões a respeito do tema.

Em suma, a roda de conversa se apresentou como um espaço de produção


de ideias e discussões saudáveis que possibilitou a aprendizagem sobre a
pornografia e a adolescência, que se mostra ainda como uma temática pouco
discutida tanto na sociedade quanto no âmbito acadêmico. Por isso, toda a
construção que permeou nosso projeto de intervenção foi de grande importância,
pois possibilitou que nós os integrantes conhecêssemos mais sobre a sexualidade
humana, em especial na adolescência, e sobre questões importantes como as
fantasias e expectativas criadas nessa fase. Apesar do nosso contratempo com a
pandemia do Corona Vírus, conseguimos realizar uma intervenção satisfatória que
agregou consideravelmente para a nossa formação acadêmica.

1.3 - Aluna: Sabrynna Augusta Alves de Almeida


Este texto tem por objetivo relatar o diário de campo sobre as vivências
experênciadas no trabalho de Projetos de Intervenção em psicologia. Com tema ‘A
construção do imaginário sexual frente a exposição a pornografia durante a
adolescência’ foi disponibilizado um formulário entre 3 de Junho de 2020 a 10 de
Junho de 2020. O formulário foi respondido por 35 adolescentes, em seguida
tivemos uma roda de conversa no dia 12 de junho de 2020 e a intervenção foi um
sucesso no geral.

Inicialmente o grupo conseguiu se adaptar a mudança do tipo de intervenção,


mas acredito que faltou muito comprometimento de alguns integrantes. Uma grande
parte do trabalho foi elaborada por menos da metade do grupo, enquanto algumas
pessoas não deram parecer com nenhum tipo participação. Foi atingido o número
total de 35 pessoas embora o formulário não ter sido divulgado por todos como
deveria. Apesar dos contratempos obtidos pelo grupo, o formulário foi respondido
adequadamente, as perguntas de cunho social e sobre o tema foram conquistadas
conforme o esperado. A roda de conversa feita online pela plataforma do google
meet foi aberta tanto para as pessoas que responderam o formulário quanto para
outras pessoas que se interessavam pelo assunto abordado. A reunião também se
mostrou elaborada com êxito, discutimos sobre os aspectos históricos do tema e
dados trazidos de pesquisas bibliográficas que investigamos. Assim como alguns
resultados sobre as perguntas da intervenção e o que elas possivelmente significam.
Abrimos espaço para dúvidas e perguntas que foram respondidas e argumentadas.
Acredito que conseguimos atingir o objetivo da intervenção, onde alcançamos o que
desejávamos. Trouxemos informações importantes, abrimos para debate e ouvimos
experiências de outras pessoas e adquirimos potencialmente a conscientização
sobre a construção do imaginário sexual frente a exposição a pornografia durante a
adolescência.

1.4 - Aluno: Timóteo Levi Tavares Silva

Na segunda unidade do quinto período do curso de psicologia, na disciplina


de projeto de intervenção em psicologia, tínhamos o objetivo de realizar uma
intervenção de forma online devido às limitações advindas do modelo de isolamento
social ocasionadas pela crise do coronavírus. Portanto, optamos por desenvolver um
questionário que foi criado na plataforma Google Forms e divulgado o link de
respostas para o nosso público alvo, o conteúdo das perguntas do questionário se
iniciavam com questões sociodemográficas a fim de conhecermos melhor o perfil do
nosso público, em seguida continha questionamentos acerca do nível de consumo
da pornografia, sentimento do indivíduo sobre conteúdos pornográficos, como eles
costumavam acessar esse tipo de entretenimento audiovisual e sobre relação
familiar e da escola sobre o tema. Obtivemos respostas bastante interessantes
quanto ao tempo e frequência do consumo de conteúdo pornográfico, o que
demonstrou que a maioria da amostra consome de forma baixa ou moderada, e boa
parte afirmou não consumir esse tipo de conteúdo, também foi possível notar que a
internet ainda é a maior fonte de pesquisa tanto para acesso e consumo quanto para
aprendizado sobre o tema. Também fizemos uma roda de conversa utilizando a
plataforma google meets, onde abordamos todo o constructo histórico da pornografia
e a problemática em torno da mesma.

Por fim, podemos afirmar que esse projeto de intervenção foi de grande valia
para o nosso crescimento como alunos de psicologia, onde foi possível abordar um
tema muito pouco explorado e que ainda causa muita resistência nas pessoas. Foi
gratificante pesquisar e compartilhar esse conhecimento com todos que participaram
da nossa intervenção, acredito que esse trabalho ajudou pessoas e trouxe alguma
contribuição para o melhor entendimento sobre o tema proposto.

1.5 – Aluna: Francielle da Silva Braz

Nosso trabalho com a temática um pouco desafiadora, pois é um tema que


tem muita discussão, muito prejulgamento e em muitas vezes não são conversados
em ambientes familiares, cabendo a escola fazer a parte de orientação e
desenvolvimento sexual, porem pouco se fala sobre consumo de pornografia. Os
adolescentes acabam tirando suas dúvidas, curiosidades com amigos, blogs na
internet, e no consumo da pornografia.

Em todo o desenvolvimento do trabalho, tivemos um feedback positivo dos


adolescentes em que responderam os questionários de forma livre, porém na parte
em que envolvia a roda de conversa não obtemos apoio da parte familiar,
principalmente das mães. Nenhum convidado da faixa etária se apresentou na
reunião, fazendo com que abríssemos a reunião para o público em geral. Assim
tivemos participação de professores de ensino fundamental e médio, estudantes de
psicologia, história, pedagogia. Diversificando o público e várias idades, pudemos ter
discursão aberta acerca do assunto focando na parte da pornografia em si. E um
ponto que surgia repetidamente, entre os participantes, era que não existia pontos
em que pudéssemos considerar que a pornografia teria algum “benefício”, mas não
descartamos a ideia de que faz parte do desenvolvimento sexual hoje em dia, que
faz parte do contexto psicossocial do indivíduo nos dias atuais.

Em termos gerais, não concluímos a intervenção da forma que desejávamos,


mas pudemos ter contato com outros estudantes e profissionais em que trocamos
experiência, opiniões e informações baseadas em estudos de forma satisfatória.

1.6 – Aluna: Clécia Silva Santos


Na sala virtual estiveram presentes todos os componentes do projeto de
intervenção, discentes do curso de psicologia (5º período da manhã, da UNIT/SE), e
dos cursos de geografia, história, psicanálise e professores dos ensinos fundamental
e médio; sendo um quantitativo médio de 18 pessoas, homens e mulheres com
idades variando entre jovens no início da fase adulta e adultos.
No horário previamente agendado, às 15h, não tínhamos um quórum
significativo, então foi dado uma tolerância de 20 min, a fim de alcançarmos um
número maior de pessoas. De início, o aluno Edilson Mateus, que foi mediador junto
com Sabrynna Augusta, começou a intervenção fazendo as apresentações, e
explicando de forma simplificada e objetiva o projeto. Foi programado a veiculação
de um vídeo curto, mas bastante didático sobre o tema, que por problemas
tecnológicos não pode ser exibido, o que foi parcialmente contornado com a
disponibilização do link, no chat, para que os participantes pudessem depois, se
assim desejassem, assistir. A interação dos integrantes da roda de conversa foi
intensa, e o tema pode ser amplamente debatido, tendo sido discutido desde o
contexto histórico da sexualidade e pornografia, a influência da religião e da
sociedade, e a tímida atuação da escola e ausência da família no tocante a
educação sexual, trazendo nessa expressão um significado amplo, alcançando
desde a sexualidade, questões de gênero e identificação, questões biológicas e de
saúde e psicológicas.

1.7 – Aluna: Nathália Santos Martins

O grupo realizou essa intervenção com os alunos por método do aplicativo do


google meet para debater sobre o tema. Pelo o horário da tarde, as 15 horas. Teve
alunos que não poderam comparecer a esse momento, foi falado no privado de um
integrante do grupo e a sim pedindo explicação do que foi falado e com isso foi
produtivo trazer uma reflexão sobre o tema. Por esse momento de pandemia que
estamos vivendo é fato que poderia ser melhor no campo presencial seria, mas
como estamos se adaptando a esse novo método, mas por fim funciona bem tem
resultados. Feliz por realizar novas experiências.

1.8 – Aluna: Agleane Feitosa Rocha Gentil


Foi uma experiência positiva e transformadora! Adentrar esse universo de
mudanças e desconstruções que é a adolescência, foi surpreendente. A perspectiva
do adolescente com relação à pornografia ainda encontra-se revestida de tabus e
rótulos antigos. Infelizmente as famílias reproduzem um modelo ultrapassado, o da
proibição e pouca ou nenhuma informação sobre o assunto. Causou-me pasmo!
Apesar de estarmos em pleno séc XXI, falar sobre sexo com os adolescentes ainda
é tarefa delicada para os pais. Essa educação sexual deveria nascer do diálogo
aberto, em casa na família. É preciso fazer uma reflexão acerca do papel da internet
como fonte de elucidação dessas questões delicadas.

O contato com os adolescentes, mesmo que virtual, deixou claro como ainda
existem tantas lacunas sobre o assunto em questão. A pornografia paira sobre o
imaginário dos adolescentes porque não vemos com naturalidade e algo fisiológico a
questão sexual. Muitos paradigmas a serem quebrados e sempre nos trazendo uma
reflexão que nos inquieta, esse trabalho veio agregar experiência e maturidade à
nossa ótica.

Agradeço muito ao professor Cleberson, por sempre está presente e nos


ajudando e por ter feito a gente não desestimular da disciplina, foi uma experiência
fantástica e de muito conhecimento.

1.9 – Aluno: Edilson Mateus dos Passos Santos

O nosso projeto desde o inicio teve um desafio muito grande que foi o tema
abordado, pois é intitulado como uma temática polêmica e pouco discutida,
principalmente no âmbito escolar ou familiar. Mas, abordar temáticas como essas
são necessárias para que o conhecimento seja alcançado também para outras
pessoas.

Inicialmente o nosso projeto de intervenção iria ser aplicado em uma escola


estadual da farolândia, mas devido a pandemia mudamos a nossa metodologia para
a modalidade online no qual tivemos um bom êxito, com uma grande ajuda do
professor Cleberson, quanto de alguns membros do grupo.

Contudo, foi “quebrado a questão instituição escolar” no qual estava nosso


publico alvo, e continuamos com nosso público dentro das séries propostas, do 9º
ano ao ensino médio. Foi realizada em uma semana e meia a busca dos
adolescentes para a aplicação dos questionários e para o convite da roda de
conversa que foi realizada no Google meet.

Como a maioria dos adolescentes não quisera participar da roda de conversa


online, a roda foi aberta ao publico no qual teve a participação de alunos do curso de
psicologia, geografia, história, psicanálise e de profissionais como professores do
ensino fundamental e médio. A decisão foi tomada devido o projeto suprir interesse
por estudantes e professores que futuramente estarão trabalhando com esse publico
alvo.

É notório o quanto assuntos com sexualidade, pornografia e educação sexual


é um grande tabu em nossa sociedade, devido a contextos culturais, religiosos e
conservadoristas serem ainda bastante presente. Abordar essas temáticas trás
conhecimento para aqueles que são ouvintes e para aqueles que também estão
sendo mediadores, é preciso enfrentar grandes massas e trazer o conhecimento de
forma necessária.

Apesar de muito desafiador e trabalhoso como foi citado inicialmente, pelas


mudanças devido a pandemia e pouco interesse de alguns membros, a realização
desse projeto é de extrema felicidade, pois a ajuda dos que quiseram participar
ativamente e do incentivo e encorajamento do professor Cleberson, fez com que os
resultados supricem mais que o esperado e não desanimou aqueles que estavam a
frente.

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