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CENTRO UNIVERSITARIO LEÃO SAMPAIO CURSO DE PSICOLOGIA

EXTENSÃO III – RELAÇÕES DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL

A EXPRESSÃO ARTÍSTICA COMO SUPORTE PARA A QUEBRA DE


CONCEPÇÕES ESTEREOTIPADAS DE GÊNERO.

Anna Laura Barbosa Menezes (2023124625)


Ellen Mendes Lima (2023124104)
Laisa Karinne da Silva Rodrigues (2023124403)
Luana Françoise Magalhães Leite (2023124315)
Julio Kevyn Reinaldo Ferreira (2023124568)
Mirelly Oliveira Freitas (2023134333)
Thomas Edson Dantas Barbosa (2023124674)

JUAZEIRO DO NORTE – CE
2024

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INTRODUÇÃO

A importância de discutir temas envolvendo estereótipos de gênero tem sido


evidenciada desde muito tempo, o estereótipo pode ser definido como um conjunto de conceitos
descritivos e características associados ao pertencimento a uma categoria social (Bodenhausen
& Macrae, 1998). De acordo com o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os
Direitos Humanos (ACNUDH), um estereótipo de gênero trata-se de “uma opinião ou um
preconceito generalizado sobre atributos ou características que homens e mulheres possuem ou
deveriam possuir ou das funções sociais que ambos desempenham ou deveriam desempenhar”.
Ainda que os estudos sobre assuntos como sexualidade e gênero tenham apresentado avanços
consideráveis desde a década de 60, muitos estudos sociais continuam presos a concepções de
identidade de gênero normativas e naturalizadas, o que cria obstáculos para que haja o
entendimento de que existem especificidades e subjetividade na maneira que cada indivíduo
vivencia sua identidade, além de fortalecer o binarismo de gênero pautado apenas na divisão
homem/mulher, excluindo identidades que fogem desse padrão, levando a situações de
violência ou que causam sofrimento às pessoas, principalmente àquelas que não se encaixam
na norma padrão, daquilo que é esperado. Por se tratar de preconceitos generalizados já
enraizados na sociedade, é comum que, por mais nocivos que sejam, acabam sendo
reproduzidos em muitos espaços sem que parcelas consideráveis de pessoas percebam, até
mesmo dentro do âmbito educacional.
Percebe-se na atualidade resquícios da sociedade patriarcal no que concerne
ao sexo e às identidades sexual e de gênero, a saber que, os conceitos sobre a temática
permanecem envoltos por dualidades, ou seja, de que os gêneros considerados
legítimos são femininos ou masculinos, as relações devem ser essencialmente
heterossexuais e que as demais identidades se enquadram como errantes.
(BARCELLOS, 2018, p.6)

A educação possui um grande papel na vida das pessoas, ao proporcionar o acesso a


diferentes conhecimentos e habilidades, a educação pode servir para o bem coletivo,
promovendo a inclusão e avanços na luta contra a desigualdade, para isso, é necessário que a
educação vá para além das fronteiras da sala de aula e inspirar mudanças reais na vida das
pessoas, capacitando os indivíduos para se tornarem agentes da mudança positiva, portanto, é
notório que a educação possui um potencial transformador, assim como a arte, pois é por meio
da arte que as pessoas expressam suas necessidades, crenças, desejos e sonhos, podendo mudar

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a forma como as pessoas enxergam culturas e se relacionam com o mundo. O contexto escolar,
como um todo, tem um papel crucial na temática de estereótipos de gênero e diversidade sexual.
Segundo Lima e Cunha (2016, p. 213):

A questão de gênero se coloca em praticamente todos os assuntos trabalhados


pela escola, nas diferentes áreas. Estar atento a isso, explicitando sempre que
necessário, é uma forma de ajudar os jovens a construir relações de gênero com
equidade, respeito pelas diferenças, somando e complementando o que os homens e
as mulheres têm de melhor, compreendendo o outro e aprendendo com isso a ser
pessoas mais abertas e equilibradas.

A arte, por sua vez, possui um potencial transformador, desafiando os estigmas sociais
que rodeiam as relações de gênero e a formação da identidade como um todo. Nesse sentido,
planejamos realizar uma intervenção que ocorrerá em escolas de ensino médio, já que os
adolescentes estão na fase de construção de seus preceitos, estão suscetíveis a compreenderem
diferentes pontos de vista sobre essa temática, podendo absorvê-los de maneira benéfica ou
prejudicial, portanto, metodologias educativas acerca das concepções estereotipadas de gênero
são essenciais para que os jovens percebam a dimensão e importância da diversidade.
Um grande exemplo da importância da arte para transformações sociais é a forma como
ela foi usada na época da ditadura militar no Brasil, quando as pessoas não podiam se expressar
livremente, a arte passou a ser um instrumento de contestação política ao regime militar, apesar
da censura, a classe artística, especialmente a musical, foi capaz de burlar o sistema e denunciar
a repressão.
Durante esse período, a arte possibilitou a criação de jogos de identificação, como os
poetas concretos, ou de percepção, como os neoconcretos, fornecendo ao olho uma imagem tão
básica que o cérebro teve que renunciar à sua constante tentativa de converter tudo em
informação, para dar início a um exercício de percepção, de experiência sensível.

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2.OBJETIVO

Objetivo Geral:

Promover a reflexão e a conscientização sobre questões de gênero por meio de


intervenções artísticas, visando desconstruir estereótipos sociais e estimular adolescentes a
expressarem-se e mostrarem quem realmente são através de seus talentos artísticos. Além disso,
objetiva-se que eles se divirtam criando, sintam-se acolhidos e representados.

Objetivos Específicos:

 Elaborar um teor histórico, trazendo a tona um contexto que mostre e enfatize a luta
desde os primórdios, em prol da quebra de estereótipos relacionados a gênero
 Gerar uma ação de produção artística, estimulando a expressão por meio da arte,
das mais variadas formas.
 Fomentar Reflexão e Identificação, trazer a tona uma reflexão ao fim das ação,
onde os alunos possam sentir-se acolhidos e possam se identificar com o que foi
falado.

3. METODOLOGIA DA AÇÃO

A metodologia proposta para a realização deste projeto envolve três momentos


interativos e participativos, buscando envolver os estudantes de forma a promover o
entendimento e a reflexão sobre as questões de gênero, ao mesmo tempo que incentivam a
expressão pessoal através da arte.
Momento 1: Apresentação do Tema
Procedimentos: Uma breve apresentação será realizada para introduzir o tema da
quebra de estereótipos de gênero. Utilizar-se-á uma combinação de slides e vídeos curtos que
destacam exemplos históricos e contemporâneos de estereótipos de gênero e suas

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consequências.
Técnicas: Uso de recursos visuais e narrativos para capturar a atenção e provocar
reflexão. Questionamentos dirigidos serão usados para estimular o pensamento crítico dos
estudantes.
Ferramentas: Projetor para slides e vídeos.
Momento 2: Espaço de Fala para os Estudantes
Procedimentos: Facilitação de uma discussão em grupo onde os estudantes poderão
compartilhar suas experiências e percepções relacionadas ao tema. Será encorajado um
ambiente de respeito e escuta ativa.
Técnicas: Roda de conversa, com a utilização de técnicas de facilitação que assegurem
que cada estudante tenha voz, incluindo aqueles que são normalmente mais reservados.
Ferramentas: Microfone (se necessário), notas adesivas para que os estudantes possam
escrever pensamentos que desejam compartilhar de forma anônima.
Momento 3: Sarau Artístico
Procedimentos: Os estudantes serão convidados a criar obras de arte que representem
suas reflexões sobre os estereótipos de gênero. Será disponibilizado um espaço com materiais
de arte para que eles possam expressar criativamente o que aprenderam e sentiram durante os
momentos anteriores.
Técnicas: Oficinas práticas de arte onde os estudantes poderão escolher entre diversas
modalidades (desenho, pintura, colagem) para expressar suas visões.
Ferramentas: Tintas, pincéis, papel, tesouras, revistas para recorte, e outros materiais
de arte.

3.1 LOCAL E PÚBLICO

Público-Alvo
O público-alvo deste projeto são os adolescentes do Ensino Médio, uma demografia
crucial e influente dentro do contexto escolar. Essa fase da vida é marcada por uma busca de
identidade e pelo desenvolvimento de uma consciência social. Além disso, os alunos nesta faixa
etária estão frequentemente começando a formar suas visões de mundo e a questionar as normas

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e valores impostos pela sociedade. Portanto, introduzir discussões sobre gênero por meio da
expressão artística pode ser uma forma eficaz de desafiar as concepções tradicionais e promover
um pensamento mais crítico e inclusivo.

A escolha de focar em adolescentes do Ensino Médio é estratégica, pois é nesta etapa


que começam a solidificar suas percepções e atitudes em relação a gênero. Ao envolver esses
jovens em atividades que permitam a expressão de suas ideias e sentimentos através da arte, o
projeto visa oferecer um espaço seguro para exploração e diálogo, incentivando-os a
reconsiderar e expandir suas visões sobre o que significa ser homem ou mulher na sociedade
contemporânea.
Local
A implementação deste projeto ocorrerá diretamente nas escolas de Ensino Médio, onde
o ambiente educacional pode ser utilizado como um palco para discussões e expressões
artísticas sobre gênero. A escola, como um local de aprendizado e interação social, proporciona
um espaço ideal para este tipo de atividade, já que os alunos estão acessíveis e receptivos
durante o horário escolar. Além disso, utilizar a escola como local para o projeto garante que a
iniciativa alcançará um número significativo de adolescentes, proporcionando uma ampla base
para a disseminação de ideias progressistas sobre gênero.

Essa abordagem holística não apenas educa e envolve os alunos, mas também
transforma o ambiente escolar, tornando-o um espaço de aprendizado inclusivo e reflexivo
sobre questões de gênero, que são frequentemente negligenciadas ou mal interpretadas nas
configurações educacionais tradicionais. Através deste projeto, esperamos cultivar uma
comunidade escolar que valoriza a diversidade e promove a igualdade de gênero ativamente.

4.EXPECTATIVAS DO GRUPO QUANTO A AÇÃO DE EXTENSÃO

A ação de extensão proposta pela equipe visa explorar a intersecção entre arte, gênero e
autoconhecimento, com a expectativa de alcançar um impacto significativo no cenário local e
no público-alvo. Focando na "expressão artística como suporte para a quebra de concepções
estereotipadas de gênero", a equipe espera iniciar um diálogo transformador que possa
reverberar através das comunidades e inspirar mudanças profundas nas percepções sociais e

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individuais.

A primeira expectativa é aumentar a compreensão dos estereótipos de gênero entre os


participantes. Por meio do sarau e discussões guiadas, a equipe planeja desmistificar as noções
pré-concebidas de gênero que frequentemente limitam a expressão individual. Abordando como
esses estereótipos são perpetuados e as consequências que acarretam na vida cotidiana, a ação
busca promover uma conscientização crítica que poderá levar à reavaliação das normas de
gênero vigentes.

Além disso, a equipe destaca o papel da arte como um meio de empoderamento.


Acreditando na capacidade única da arte de transcender barreiras linguísticas e culturais, a ação
de extensão utilizará saraus artísticos, exposições e performances para demonstrar como a arte
pode ser uma ferramenta poderosa para expressar resistência e promover a igualdade de gênero.
Isso permitirá aos participantes experimentar diretamente como a arte inspira e mobiliza as
pessoas na luta contra estereótipos e na construção de uma sociedade mais inclusiva.

Finalmente, a iniciativa enfatiza a importância do autoconhecimento e do


questionamento de padrões sociais entre os jovens. Através de debates e reflexões durante os
saraus, os participantes serão incentivados a explorar suas próprias identidades e questionar
normas restritivas, escolhendo caminhos que reflitam suas verdadeiras identidades.

Com essas ações, espera-se que a iniciativa tenha um impacto duradouro, aumentando
a conscientização sobre questões de gênero e empoderando indivíduos a se expressarem
artisticamente. Isso contribuirá para uma comunidade mais informada e coesa, capacitando os
participantes a promoverem mudanças em suas comunidades.

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REFERÊNCIAS

BERGER, Kathleen S. O Desenvolvimento da Pessoa - Do Nascimento à Terceira Idade, 9a


edição. Grupo GEN, 2017. E-book. ISBN 9788521634270. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521634270/. Acesso em: 12 abr. 2024.

DIAS, T. R.; LOPONTE, L. G. Gênero e ensino de Artes Visuais: desafios, armadilhas e


resistências. Revista Estudos Feministas, v. 27, n. 3, 2019.

FREIRE, A. et al. Gênero e Educação: o uso das visualidades como propostas de


intervenção no espaço escolar. [s.l: s.n.]. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2024.

LINS, B. A.; MACHADO, B. F.; ESCOURA, M. Diferentes, não desiguais: A questão de


gênero na escola. [s.l.] Reviravolta, 2016.

SCHOEN-FERREIRA, T. H.; AZNAR-FARIAS, M.; SILVARES, E. F. DE M.


Desenvolvimento da identidade em adolescentes estudantes do ensino médio. Psicologia:
Reflexão e Crítica, v. 22, n. 3, 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/prc/a/79tPzJPS8XyZj3wkGCnyncK/. Acesso em: 17 abr.2024.

Isto não é uma obra: Arte e ditadura By Julia Buenaventura Year: 2014 Volume: 28
Issue: 80 Page: 115-128 DOI: 10.1590/s0103-40142014000100011

BARCELLOS, L.V BIOPODER, GÊNERO E SEXUALIDADE: BREVES


CONSIDERAÇÕES SOB A PERSPECTIVA DE MICHEL FOUCALT. In: I Congresso
Nacional de Biopolítica e Direitos Humanos

LIMA, JC.; CUNHA, I. A. Parâmetros Curriculares Nacionais: uma Questão de Gênero e


Diversidade Sexual na Educação Contemporânea. Revista Cantareira, n. 24, 2016.

Os discursos normativos de gênero configurando masculinidades no espaço escolar.By


Arthur Furtado Bogéa, Iran de Maria Leitão Nunes Year: 2022 Container: Civitas - Revista de
Ciências Sociais Volume: 22 Page: e41072 DOI: 10.15448/1984-7289.2022.1.41072 URL:
https://www.scielo.br/j/civitas/a/bLpXXh8vMGj8M8qKfHhWNSy/

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