Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FORMAÇÃO SEGMENTADA
Legislação laboral,
código contributivo
e convenções coletivas
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
2
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
ÍNDICE
3. RETRIBUIÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 16
3.1. Cálculo do valor hora ------------------------------------------------------------------- 17
3.2. Modalidades de retribuição ------------------------------------------------------------ 18
3.3. Princípios essenciais da retribuição -------------------------------------------------- 19
3
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
15. Créditos vencidos e exigíveis por cessação do contrato de trabalho ------ 122
4
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
5
A folha está propositadamente branca.
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Esta noção corresponde, na sua essência, à noção plasmada no art. 1152.º do Código
Civil, qual considera este tipo de contrato como um contrato nominado e com um
regime próprio, objeto de regulamentação em sede própria, neste caso, no Direito de
Trabalho.
1
P. 84, Quintas, Paula e Quintas, Helder, Código do Trabalho Anotado e
Comentado, 2012, 3.ª Edição, Almedina, Coimbra
7
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
- este contrato enquadra e regula uma prestação realizada pelo homem, excluindo-
se, assim as prestações realizadas por máquinas ou animais.
2
P. 87, Quintas, Paula e Quintas, Helder
8
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Esta distinção pode partir do art. 12.º do Código de Trabalho, norma que, não obstante
tenha por objetivo sancionar o recurso ao contrato de prestação de serviços em
situações que materialmente se enquadrariam no regime do contrato de trabalho,
acaba por elencar as principais características do contrato de trabalho, fornecendo os
elementos que permitem qualificar, ainda que presumidamente, este tipo de contrato.
Todavia, a prática e a jurisprudência têm demonstrado que estes indícios nem sempre
são suficientes para proceder a esta distinção, sendo, por vezes, passiveis de existirem
nos dois tipos de contrato.
9
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Em todo o caso, trata-se de um elemento que, por si só, não é conclusivo, carecendo
de ser complementado com outros e de uma análise integrada mais completa.
Um segundo indício avançado pelo legislador consiste na propriedade dos
equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados que deve pertencer ao
beneficiário da actividade. Mas, mais uma vez, nem sempre este indício é linear pois
pode o beneficiário da atividade fornecer os equipamentos e instrumentos de trabalho
a um prestador de serviços sem que isto implique a laboralidade deste contrato.
Como quinto indício, o art. 12.º refere o exercício, pelo prestador de actividade, de
funções de direção ou chefia na estrutura orgânica da empresa. Efetivamente, a
inserção do trabalhador na estrutura organizativa do beneficiário da atividade e o
desempenho de funções de direção ou de chefia são indícios de laboralidade muito
importantes, na medida em que são funções que dificilmente poderão ser exercidas
por alguém que não tenha vínculo à entidade patronal.
10
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Pelo facto desta questão ser cada vez mais facilmente constatável pelos documentos
enviados ao ACT, SS e AT, parece-nos que não deve ser encarado com leviandade o
recurso aos contratos de prestação de serviços em situações que materialmente
reúnem os requisitos do contrato de trabalho.
A Secção VIII do Código do Trabalho tem por epígrafe Direitos, deveres e garantias das
partes e estabelece o estatuto de cada uma das partes contratuais e, na Subsecção I
encerra as Disposições gerais.
11
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
12
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Destacamos aqui, pela relevância que tem para a temática deste manual, o dever do
empregador de pagar pontualmente a retribuição, que deve ser justa, e adequada ao
trabalho. A violação deste dever consubstancia uma contraordenação grave.
g) Velar pela conservação e boa utilização de bens relacionados com o trabalho que
lhe forem confiados pelo empregador;
13
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por último, esta Subsecção encerra com a consagração das garantias do trabalhador
no artigo 129.º, as quais consubstanciam proibições para o empregador.
a) Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador exerça os seus direitos, bem como
despedi-lo, aplicar-lhe outra sanção, ou tratá-lo desfavoravelmente por causa desse
exercício;
e) Mudar o trabalhador para categoria inferior, salvo nos casos previstos neste Código;
f) Transferir o trabalhador para outro local de trabalho, salvo nos casos previstos neste
Código ou em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, ou ainda quando
haja acordo;
g) Ceder trabalhador para utilização de terceiro, salvo nos casos previstos neste Código
ou em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho;
h) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou serviços a ele próprio ou a pessoa por ele
indicada;
j) Fazer cessar o contrato e readmitir o trabalhador, mesmo com o seu acordo, com o
propósito de o prejudicar em direito ou garantia decorrente da antiguidade.
14
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por se tratar das questões mais relevantes para o trabalhador, a violação destas
garantias consubstancia não uma contra-ordenacão grave mas sim uma contra-
ordenação muito grave.
Por último, referir que o art. 129.º, n.º 1, d) do Código de Trabalho proíbe o
empregador de:
15
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
3. RETRIBUIÇÃO
O conceito de retribuição está definido no código de trabalho no seu artº 258 como
sendo a prestação a que o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho,
de acordo com as normas que o regem ou dos usos. Neste aspeto, assume especial
relevância, para alem das normas e princípios que constam do Código de Trabalho e
que são transversais a todas as entidades empregadoras, independentemente da
tipologia que revistam, do setor privado, conhecer também o regime que consta dos
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho (doravante abreviadamente
IRCT’s) que consta nos termos do contrato e ainda das normas ou dos usos que o regem.
Decompondo este conceito, o n.º 2 do art. 258.º refere ainda que a retribuição
compreende a retribuição base (vulgarmente designada por salário) e outras
prestações regulares e periódicas (mensal/trimestral/anual) feitas, direta ou
indiretamente, em dinheiro ou em espécie, que sejam pagas ou entregues pelo
empregador ao trabalhador.
16
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Sendo que:
Rm = Retribuição mensal
n = Horário semanal
17
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Exemplo Prático:
O João aufere 1.000 € de salário mensal (RM=1000), trabalha 8 h por dia (h=8)
totalizando 40 horas por semana (n=40).
De acordo com o disposto no art. 261.º a retribuição pode ser certa, variável ou mista,
correspondendo esta última, a uma parte fixa e outra variável.
Já a retribuição variável é aquela que não é fixa todos os meses, sendo o seu valor
determinado pela média dos montantes das prestações auferidas nos últimos 12 meses,
ou o tempo de contrato caso inferior.
Isto aplica-se quando não é possível aplicar o respetivo critério ou na falta de indicação
em IRCT.
A retribuição mista é a combinação de uma retribuição certa com uma parte variável.
Esta forma de retribuição é muito usual no setor automóvel, nomeadamente para a
remuneração dos vendedores. Nestes casos, é paga uma retribuição certa de acordo
com o definido em IRCT e uma retribuição variável indexada a objetivos de venda.
18
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Uma das grandes diferenças entre o Código de Trabalho de 2003 e o atual Código de
Trabalho encontra-se no art. 3.º cuja epígrafe “Relações entre fontes de regulação”
vem substituir o anterior princípio ínsito no art. 4.º, n.º 1 do anterior Código de
Trabalho – que consagrava o princípio favor laboratoris.
Embora se possa identificar neste art. 3.º do Código de Trabalho um pálido reflexo do
princípio favor laboratoris, não assume a inflexibilidade anteriormente exigida.
3
Cfr. art. 259.º CT.
19
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
• Proteção na parentalidade;
• Trabalho de menores;
• Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida, com deficiência ou doença
crónica;
• Trabalhador-estudante;
• Dever de informação do empregador;
• Limites à duração dos períodos normais de trabalho diário e semanal;
• Duração mínima dos períodos de repouso, incluindo a duração mínima do
período anual de férias;
• Duração máxima do trabalho dos trabalhadores noturnos;
• Forma de cumprimento e garantias da retribuição, bem como o pagamento do
trabalho suplementar4;
• Capítulo sobre prevenção e reparação de acidentes de trabalho e doenças
profissionais e legislação que o regulamenta;
• Transmissão de empresa ou estabelecimento;
• Direitos dos representantes eleitos dos trabalhadores.
As normas do Código de Trabalho também podem ser afastadas pelo Contrato Individual
de Trabalho mas, neste caso, apenas quando tal se revele mais favorável para o
trabalhador.
Chegados aqui podemos então afirmar que as normas que respeitam às matérias
elencadas no n.º 3 do art. 3.º têm um carácter absolutamente imperativo, ou seja, não
podem ser afastadas por normas menos vantajosas para o trabalhador. As restantes
matérias têm uma imperatividade relativa ou mesmo uma imperatividade mínima.
4
Esta última parte “bem como o pagamento do trabalho suplementar” foi
introduzida pela Lei n.º 93/2019, de 04 de Setembro.
20
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
• Os instrumentos negociais:
v Convenções colectivas;
o Contrato colectivo - convenção celebrada entre associação sindical
e associação de empregadores;
o Acordo colectivo - convenção celebrada entre associação sindical e
uma pluralidade de empregadores para diferentes empresas;
o Acordo de empresa - convenção celebrada entre associação sindical
e um empregador para uma empresa ou estabelecimento.
v Acordo de adesão;
v Decisão arbitral em processo de arbitragem voluntária.
• Os Instrumentos de Regulamentação Colectiva de trabalho não Negociais:
v Portaria de extensão;
v Portaria de condições de trabalho;
v Decisão arbitral em processo de arbitragem obrigatória ou necessária.
QUESTÃO:
RESPOSTA:
Neste caso, uma vez que se trata de uma matéria elencada no n.º 3 do art. 3.º do Código
de Trabalho, mais concretamente na alínea h) deste preceito, a norma do Código de
Trabalho que estabelece um período mínimo de 22 dias úteis de férias (cfr. art. 238.º, n.º
1) é imperativa, apenas podendo ser afastada por uma norma mais benéfica ao trabalhador.
Pelo contrário, se o IRCT aumentasse o período de férias para 30 dias, essa norma
prevaleceria relativamente ao artigo 238.º do Código de Trabalho.
21
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Este é, assim, um direito/dever que assume uma dupla função: dotar as empresas de
recursos humanos mais qualificados, aumentando assim a competitividade das
empresas e aumentar as qualificações e competências dos trabalhadores, preparando-
os para assumir novas funções e abraçar novos desafios.
De facto, já desde 2006 era obrigatório, de acordo com o Código de Trabalho de 2003
proporcionar 35 horas de formação anual a todos os trabalhadores. Todavia, a redação
da lei não fazia qualquer referência aos contratos a termo nem aos contratos de
duração inferior a 1 ano, pelo que era entendimento pacifico que esses não teriam
direito a formação profissional.
22
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Ora, esse foi um dos importantes esclarecimentos do Código de 2009 – a referencia aos
contratos a termo e aos contratos com duração inferior a 1 ano (cfr. art. 131., n.º 2
CT) – tendo no passado mês de outubro sido completada com o aumento do período
mínimo de formação anual para 40 horas anuais de formação profissional ou ao numero
de horas proporcionais caso o seu vínculo laboral tenha uma duração igual ou superior
a 3 meses.
Exemplo:
O legislador, percebendo como é difícil cumprir com as 40 horas anuais mitigou tal
imposição estabelecendo que seriam consideradas para o efeito as horas de dispensa
de trabalho para frequência de aulas e de faltas para prestação de provas de avaliação,
ao abrigo do estatuto do trabalhador-estudante, bem como as ausências a que haja
lugar no âmbito do processo de reconhecimento, validação e certificação de
competências (cfr. art. 131.º, n.º 4).
23
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por outro lado o Código prevê a possibilidade do empregador gerir estas horas de
formação numa janela temporal de 3 anos, admitindo no art. 131.º, n.ºs 6 e 7, a sua
antecipação até dois anos ou, desde que o plano de formação o preveja, o seu
diferimento por igual período, podendo a antecipação ser de 5 anos no caso de
frequência de processo de reconhecimento, validação e certificação de competências,
ou de formação que confira dupla certificação.
• Quadro de pessoal;
• Comunicação trimestral de celebração e cessação de contratos de trabalho a
termo;
• Relação semestral dos trabalhadores que prestaram trabalho suplementar;
• Relatório da formação profissional contínua;
• Relatório da actividade anual dos serviços de segurança e saúde no trabalho;
• Greves;
• Balanço Social, como resultado da informação constante dos itens descritos
acima desde que os mesmos tenham sido entregues;
• Informação anual inclui ainda informação sobre os prestadores de serviço.
Diga-se ainda que o direito à formação profissional está sujeito a prazo prescricional,
ao contrário do que sucedia no anterior regime. Assim resulta do n.º 8 do art. 131.º
que as 40 horas de formação profissional que não sejam asseguradas pelo empregador
24
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
até ao termo dos dois anos posteriores ao seu vencimento, transformam-se em crédito
de horas em igual número para formação por iniciativa do trabalhador.
25
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Exemplo:
Assim, não obstante o direito às horas de formação se vença anualmente, poderá ser
ministrado ou utilizado o crédito para auto-formação até 2 anos porquanto o art. 132.º,
n.º 6 CT o permite, podendo ainda ser solicitado até 3 anos após a sua cessação.
Se fizermos esse raciocínio nos últimos 5 anos de um contrato que cessa, numa empresa
que não proporcionou horas de formação e cujo trabalhador não utilizou crédito de
horas, chegamos a um resultado de 5 * Horas de formação anual, a pagar juntamente
com as contas finais.
Se quisermos ser mais rigorosos falamos de 2* Horas de formação e 3 * crédito de horas,
conforme infra se poderá compreender melhor.
26
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
É, pois, importante analisar aqui o regime das faltas – ausência do trabalhador do local
em que devia desempenhar a atividade durante o período normal de trabalho diário
(cfr. art. 248.º, n.º 1 CT).
O regime das faltas teve, recentemente, uma alteração introduzida pela Lei n.º
90/2019, de 04 de Setembro, responsável pela introdução da alínea f) - A motivada
pelo acompanhamento de grávida que se desloque a unidade hospitalar localizada fora
da ilha de residência para realização de parto – ao elenco de faltas do art. 249.º, n.º 2
CT.
É, pois, importante esclarecer que as faltas podem ser justificadas (as que se
encontrando no elenco de faltas do art. 249.º, n.º 2, sejam comunicadas e justificadas)
ou injustificadas. Por outro lado, frequentemente se pensa que as faltas justificadas
são sempre remuneradas, o que não é correto, pois as faltas justificadas podem ser:
- não remuneradas.
Antes de analisarmos as consequências das faltas olhemos então para o regime das
faltas, previsto nos artigos 248.º e seguintes do CT e complementado pelo IRCT que,
nesta matéria, tem sempre uma grande importância.
27
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Relacionar com a
Faltas
previsão do IRCT
sobre esta
matéria
Justificadas Injustificadas
As faltas, para serem justificadas devem, em primeiro lugar, ser comunicadas com 5
dias de antecedência – quando previsíveis – ou, logo que possível, quando imprevisíveis.
O segundo requisito é que estejam previstas no CT (art. 248.º, n.º 2) ou em IRCT se for
aplicável e, por último, deverão ser justificadas mediante documento idóneo.
Caso, pelo contrário, as faltas não forem comunicadas, não estiverem previstas ou não
forem justificadas (requisitos cumulativos) não são consideradas justificadas.
No que respeita à comunicação, a lei apenas estabelece que a mesma deve ser feita
com 5 dias de antecedência, quando as faltas forem previsíveis ou, logo que possível,
quando a falta for imprevisível. Todavia, a expressão “logo que possível” não é
completamente esclarecedora na medida em que não é suficientemente clara quanto
ao momento exacto em que tal comunicação deve ser feita, partindo-se do pressuposto
que deverá ser no momento em que o trabalhador toma consciência de que não pode
ir trabalhar ou quando reúne condições para o fazer, mas tal dependerá,
naturalmente, de cada caso concreto e do bom senso de cada trabalhador. É, pois, por
isso que esta é uma das matérias que carece de esclarecimento em sede de IRCT ou
mesmo em Regulamento Interno da Empresa, no qual se poderá definir um período
temporalmente limitado.
28
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
15 dias, na medida em que refere que, caso a prova não seja feita pelo trabalhador,
poderá o empregador, nos 15 dias seguintes à comunicação da ausência, exigir ao
trabalhador prova do facto invocado para a justificação, a prestar em prazo
razoável (cfr. Art. 254.º, n.º 1).
As faltas injustificadas, ou seja, todas aquelas que não cumpram com os requisitos
supra enunciados, consubstanciam uma violação do dever de assiduidade e
determinam a perda da retribuição correspondente ao período de ausência, o qual não
é contabilizado na antiguidade do trabalhador.
Há, no entanto, faltas injustificadas que têm consequências mais gravosas, como
sucede com as faltas injustificadas antes ou depois de um dia de descanso ou feriado,
porquanto estas, além de constituírem a violação do dever de assiduidade, implicam
a perda de retribuição relativa ao dia da falta e também ao feriado ou dia de descanso
que lhe antecederam ou sucederam. Assim, um trabalhador que falte
injustificadamente numa segunda-feira perde a remuneração de três dias (sábado,
domingo e segunda-feira).
Ainda no regime das faltas, importa aqui referir a consequência legal para os atrasos
injustificados, na medida em que o Código do Trabalho permite ao empregador não
aceitar o trabalho – o que significa não aceitar a prestação do seu trabalho nesse dia
29
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Nota-se ainda que, embora as faltas não tenham qualquer efeito no direito a férias,
porquanto este não está condicionado à assiduidade ou efetividade de serviço, a perda
da retribuição por motivo de falta pode ser substituída pela renúncia a dias de férias
em igual número, desde que não ponha em causa um período mínimo de 20 dias de
férias ou pela prestação de trabalho em acréscimo ao período normal, dentro dos
limites previstos no código do trabalho quando o instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho o permita.
As faltas por altura do casamento são consideradas justificadas e não afetam qualquer
direito do trabalhador, sendo remuneradas pelo empregador. Uma vez que se trata de
faltas previsíveis, terão que ser comunicadas com 5 dias de antecedência, devendo ser
justificadas nos 15 dias seguintes.
30
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A lei refere 15 dias seguidos e não úteis (como fazia até ao Código de 2009), o que
significa que, a partir do momento em que o trabalhador começa a faltar, contam-se
os 15 dias de forma seguida e não interpolada, ou seja, são contabilizados os dias de
descanso.
De uma forma geral também se discute quando inicia a contagem destes dias, já que
a lei refere apenas por altura do casamento. Em redação mais antiga previa
inclusivamente a possibilidade expressa de antecipar o gozo da licença desde que
incluísse o dia do casamento.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador. Todavia, sendo faltas
imprevisíveis apenas poderão ser comunicadas logo que possível.
O regime do casamento foi alterado em 2008, pela Lei n.º 61/2008, de 31 de outubro,
prevendo-se agora que a afinidade se determina pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco e não cessa pela dissolução do casamento por morte.
Logo, a afinidade cessa pelo divórcio, pelo que nos casamentos dissolvidos após o dia
1 de dezembro terminam os laços de afinidade a partir do divórcio, deixando assim de
existir afinidade com os sogros e cunhados do primeiro casamento.
Uma questão que se coloca aqui é saber a partir de quando começa a contar este
período, tendo sido interpretação unânime até à Nota Técnica n.º 7 do ACT – que se
31
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
anexa para analise - que os dias de faltas começam a contar da data do falecimento
ou da data em que o trabalhador tem conhecimento desse facto e o comunica ao
empregador. Todavia, se o trabalhador tem conhecimento do falecimento de uma
dessas pessoas num dia em que esteve a trabalhar, não poderá ser marcada uma falta,
uma vez que o trabalhador esteve ao serviço, razão pela qual apenas fará sentido que
tal período comece a contar no dia imediatamente seguinte.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador, sendo, em regra, faltas
previsíveis pelo que devem ser comunicadas com uma antecedência mínima de 5 dias.
O trabalhador deve entregar documento que comprove que esteve presente no exame,
sendo a véspera e o dia do exame justificados e remunerados pela entidade
empregadora.
Esta alínea concentra aqui diferentes tipos de faltas que embora tenham em comum o
facto de serem imprevisíveis, devendo por esse motivo, ser comunicadas logo que
possível, o que significa que logo que o trabalhador tem conhecimento que não poderá
ir trabalhar por este motivo, deverá comunicar ao empregador, nem todas são
remuneradas pelo empregador.
32
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Já no caso das faltas por doença a Segurança Social assume a sua compensação
mediante a atribuição de um subsídio por doença.
No caso das faltas por acidente de trabalho, será a seguradora a pagar o subsídio ao
trabalhador.
Tratando-se de baixa por doença, as prestações terão, contudo, que ser requeridas
pelo trabalhador directamente à Segurança social, apenas quando não tenha direito a
tais prestações por parte do empregador.
O regime jurídico destes dois tipos de faltas é distinto: enquanto as faltas motivadas
pela prestação de assistência inadiável e imprescindível a filho ou neto são
compensadas pela SS com um subsidio no montante de 100% e 65% da sua remuneração
de referência respectivamente, as faltas por assistência a membro do agregado
familiar de trabalhador – cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou economia
33
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
comum com o trabalhador, parente ou afim na linha recta ascendente ou no 2.º grau
da linha colateral – não conferem direito a qualquer subsídio por parte da segurança
social ou do empregador, sendo apenas faltas justificadas mas não remuneradas.
30 dias por ano para prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de doença
ou acidente, a filho menor de 12 anos ou, independentemente da idade, a filho com
deficiência ou doença crónica;
15 dias por ano, para prestar assistência inadiável e imprescindível a filho maior de 12
anos que, no caso de ser maior, faça parte do agregado familiar do trabalhador.
Por cada filho menor além do primeiro, acresce um dia a este período.
Estes períodos podem ser maiores se o filho se encontrar internado, sendo que, neste
caso, o trabalhador poderá faltar durante todo o tempo que durar o internamento.
De que o outro progenitor tem actividade profissional e não falta pelo mesmo motivo
ou está impossibilitado de prestar a assistência;
Idêntico direito é conferido aos avós, por ocasião do nascimento de neto que viva
consigo em comunhão de mesa e habitação e seja filho de um filho adolescente com
idade inferior a 16 anos. Este avô ou avó terá direito a 30 dias por ocasião do
nascimento do neto, nos termos do art. 50.º do CT, tendo direito a um subsídio pago
pela SS no valor de 100% da remuneração de referência do trabalhador (apenas um dos
avos pode requerer o subsídio).
34
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
estiver doente, podendo faltar até 30 dias por ano ou durante todo o tempo que durar
o internamento, tendo direito a um subsídio no montante de 65% da remuneração de
referência do trabalhador.
O trabalhador tem direito a faltar até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável
e imprescindível a membro de agregado familiar, ou, no caso de cônjuge ou pessoa
que viva em união de facto com o trabalhador que seja portador de deficiência ou
doença crónica, até 30 dias por ano. O trabalhador pode ainda faltar para assistência
a parente ou afim na linha reta ascendente – pais, sogros ou avós – não sendo exigível
a pertença ao mesmo agregado familiar.
Ou seja, sempre que seja necessário acompanhar uma gravida a uma unidade
hospitalar localizada fora da ilha de residência para a realização do parto, tem o
referido acompanhante – a Lei não faz qualquer referência ao grau de parentesco ou
afinidade que deve existir entre ambos – tem o referido trabalhador direito a que as
suas faltas sejam justificadas e remuneradas pela entidade empregadora.
35
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O trabalhador poderá faltar até 4 horas por trimestre por cada filho menor, sem que
isso signifique apenas uma deslocação, para se inteirar de assuntos relacionados com
a educação do seu filho.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador e sempre que previsíveis
deverão ser comunicadas com 5 dias de antecedência, devendo posteriormente ser
justificadas.
Sempre que os trabalhadores faltem por este motivo deverão informar o empregador
por escrito com dois das de antecedência, salvo motivo atendível.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador dentro do limite de horas
deste crédito, sempre que ultrapassem este limite serão apenas justificadas, não
conferindo direito a qualquer remuneração.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pela entidade empregadora, devendo ser
comunicadas ao empregador com uma antecedência mínima de 48h.
36
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Estas faltas, apesar de justificadas, determinam a perda de retribuição (cfr. Art. 255.º,
n.º 2, e)) sendo assim possível utilizar esta alínea para justificar as faltas que não se
enquadrem nas outras alíneas do art. 249.º, n.º 2 CT, no entanto a justificação da falta
depende sempre da decisão, discricionária e casuística, do empregador.
37
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
outros direitos e regalias, desde que o número de faltas não exceda, em média,
três dias por mês (cfr. Art. 26.º, n.º 1);
Ø Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho – Lei da Liberdade Religiosa – Art. 14.º - Os
funcionários e agentes do Estado e demais entidades públicas, bem como os
trabalhadores em regime de contrato de trabalho, têm o direito de, a seu
pedido, suspender o trabalho no dia de descanso semanal, nos dias das
festividades e nos períodos horários que lhes sejam prescritos pela confissão
que professam, nas seguintes condições:
ü Trabalharem em regime de flexibilidade de horário;
ü Serem membros de igreja ou comunidade religiosa inscrita que enviou
no ano anterior ao membro do Governo competente em razão da
matéria a indicação dos referidos dias e períodos horários no ano em
curso – neste caso, são dispensados da frequência das aulas nos dias de
semana consagrados ao repouso e culto pelas respectivas confissões
religiosas os alunos do ensino público ou privado que as professam,
ressalvadas as condições de normal aproveitamento escolar;
ü Haver compensação integral do respectivo período de trabalho.
Ø Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro – Bases do enquadramento jurídico do
voluntariado – dá ao voluntário direito a faltar justificadamente, se
empregado, quando convocado pela organização promotora, nomeadamente
por motivo do cumprimento de missões urgentes, em situações de emergência,
calamidade pública ou equiparadas (cfr. Art. 7.º, n.º 1, al. E) ).
Estes são apenas exemplos de diplomas que, para além do Código do Trabalho,
estabelecem outros motivos para justificação de faltas. Por norma, estas faltas não
têm qualquer efeito nos direitos dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita à
remuneração, mas o diploma que considerar a falta como justificada devera definir o
seu regime de remuneração. No entanto, nos termos da alínea d) do n.º 2 do artigo
255.º do CT, a partir da 31.ª falta justificada previstas em diplomas avulsos o
trabalhador já não será remunerado.
O atual período de crise pandémica que vivemos colocou enormes desafios no domínio
do Direito Laboral. Os problemas que se colocaram na gestão de Recursos Humanos
reclamavam soluções que não se compadeciam com o regime legal em vigor, tendo,
nomeadamente no regime das faltas, surgido quatro novos tipos de faltas e respetivos
regimes.
38
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
É agora possível a emissão aos trabalhadores por conta de outrem, bem como aos
trabalhadores independentes do regime geral de segurança social, de uma declaração
provisória de isolamento profilático sempre que, na sequência de contacto com o
SNS24, se verifique uma situação de risco suscetível de determinar o processo de
avaliação e declaração do isolamento profilático passando a partir da emissão deste
documento a aplicar-se o regime do isolamento profilático.
Sempre que o exercício das funções do trabalhador possa ser feito através do recurso
a mecanismos alternativos de prestação de trabalho, nomeadamente o teletrabalho,
não é aplicável o regime do isolamento profilático, podendo, na sequência do contacto
com o SNS24, ser emitida uma declaração comprovativa da existência de uma situação
de risco para a saúde pública para fundamentar a ausência do local de trabalho, a ser
enviada, por via eletrónica, à segurança social.
39
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O artigo 20.º deste diploma estabelece que, nas situações de doença por COVID-19 dos
trabalhadores por conta de outrem e dos trabalhadores independentes do regime geral
de segurança social terão as duas faltas justificadas sendo-lhes atribuído um subsídio
por doença.
40
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
6.3.3. Faltas para apoio aos filhos pelo encerramento das escolas
Resulta assim destes diplomas que, fora dos períodos de interrupções letivas,
consideram-se justificadas, sem perda de direitos salvo quanto à retribuição, as faltas
ao trabalho motivadas por assistência inadiável a filho ou outro dependente a cargo
menor de 12 anos, ou, independentemente da idade, com deficiência ou doença
crónica, decorrentes de suspensão das atividades letivas e não letivas presenciais em
estabelecimento escolar ou equipamento social de apoio à primeira infância ou
deficiência, quando determinado:
b) Pelo Governo.
Além de justificadas, estas faltas serão ainda, no caso dos trabalhadores por conta de
outrem, compensadas com um apoio excecional mensal, ou proporcional,
correspondente a dois terços da sua remuneração base, pago em partes iguais pela
entidade empregadora e pela segurança social com o limite mínimo de uma
remuneração mínima mensal garantida (RMMG) e por limite máximo de três RMMG.
Este apoio apenas pode ser pago a um dos progenitores de cada vez,
independentemente do número de filhos ou dependentes a cargo.
41
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
No caso das entidades públicas, com exceção do setor empresarial do estado, este
apoio é assegurado integralmente pela entidade empregadora pública.
Este apoio não é cumulável com os apoios previstos no Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de
26 de março.
Também estes apoios não podem ser recebidos simultaneamente por ambos os
progenitores e só são recebidos uma vez, independentemente do número de filhos ou
dependentes a cargo e não são cumuláveis com os apoios previstos no Decreto-Lei n.º
10-G/2020, de 26 de março.
42
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Resulta assim deste diploma que veio alterar o artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 8-B/2021,
de 22 de janeiro que o trabalhador que se encontre a exercer atividade em regime de
teletrabalho tem também direito a beneficiar dos apoios excecionais à família
previstos caso opte por interromper a sua atividade para prestar assistência à família,
e desde que se encontre numa das seguintes situações:
b) O seu agregado familiar integre, pelo menos, um filho ou outro dependente, que
lhe esteja confiado por decisão judicial ou administrativa de entidades ou serviços
legalmente competentes para o efeito, que frequente equipamento social de apoio à
primeira infância, estabelecimento de ensino pré-escolar ou do primeiro ciclo do
ensino básico;
c) O seu agregado familiar integre, pelo menos, um dependente com deficiência, com
incapacidade comprovada igual ou superior a 60 %, independentemente da idade.
Para tal, o trabalhador deverá comunicar à entidade empregadora a sua opção por
escrito, com a antecedência de três dias relativamente à data de interrupção.
Neste caso, o valor da parcela paga pela segurança social, no âmbito do respetivo
apoio, é aumentado de modo a assegurar 100 %, respetivamente, do valor da
remuneração base, da remuneração registada ou da base de incidência contributiva
mensualizada, com o limite mínimo uma remuneração mínima mensal garantida
(RMMG) e por limite máximo três RMMG ou limite mínimo 1 Indexante de Apoios Sociais
(IAS) e máximo de 2 1/2 IAS (no caso dos trabalhadores independentes), quando o
trabalhador se encontre numa das seguintes situações:
Para poder beneficiar deste apoio, o trabalhador declara perante a sua entidade
empregadora, por escrito e sob compromisso de honra, que se encontra,
respetivamente, numa das situações anteriormente referidos.
No que concerne à parcela adicional – para assegurar o valor dos 100% da remuneração
- as entidades empregadoras estão isentas do pagamento de contribuições para a
segurança social da sua responsabilidade.
43
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Estes apoios não são cumuláveis com outros apoios excecionais ou extraordinários
criados para resposta à pandemia da doença COVID-19.
b) faltas motivadas por assistência a cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou
economia comum com o trabalhador, parente ou afim na linha reta ascendente que se
encontre a cargo do trabalhador e que frequente equipamentos sociais cuja atividade
seja suspensa por determinação da autoridade de saúde, no âmbito do exercício das
suas competências, ou pelo Governo, desde que não seja possível continuidade de
apoio através de resposta social alternativa;
Estas faltas não determinam a perda de quaisquer direitos, salvo quanto à retribuição,
devendo ser comunicadas ao empregador nos termos do artigo 253.º do Código do
Trabalho (com 5 dias de antecedência se forem previsíveis ou logo que possível se
forem imprevisíveis).
Estas faltas não contam para o limite anual previsto nos artigos 49.º, 50.º e 252.º do
Código do Trabalho.
Uma vez que se trata de faltas justificadas mas não remuneradas, no caso do
trabalhador ter necessidade de faltar para dar apoio a cônjuge ou outra pessoa com
quem viva em união de facto ou economia comum com o trabalhador, parente ou afim
na linha reta ascendente que se encontre a cargo do trabalhador em virtude do
encerramento dos equipamentos sociais que frequenta, pode o trabalhador proceder
à marcação de férias, sem necessidade de acordo com o empregador, mediante
comunicação, por escrito com antecedência de dois dias relativamente ao início do
período de férias.
44
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
À semelhança do que sucede com as faltas para apoio aos filhos, os trabalhadores dos
serviços essenciais previstos no n.º 1 do artigo 10.º não beneficiam deste regime.
Sem prejuízo dos diferentes casos de direito a férias– que veremos de seguida – podem
ser enunciados alguns princípios essenciais do regime de férias embora, esses princípios
possam sofrer algumas excepções.
45
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
À semelhança do que sucede com as faltas para apoio aos filhos, os trabalhadores dos
serviços essenciais previstos no n.º 1 do artigo 10.º não beneficiam deste regime.
Sem prejuízo dos diferentes casos de direito a férias– que veremos de seguida – podem
ser enunciados alguns princípios essenciais do regime de férias embora, esses princípios
possam sofrer algumas excepções.
46
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A importância das férias para a recuperação física e psíquica do trabalhador está ainda
patente na classificação das férias como um direito irrenunciável e insubstituível, não
podendo o seu gozo ser substituído por qualquer compensação económica ou outra,
mesmo com o acordo do trabalhador (cfr. Art. 237.º, n.º 3 CT), apenas sendo legítimo
ao trabalhador abdicar do gozo dos dias de férias que lhe garantam o gozo de 20 dias
úteis anuais (cfr. Arts. 237.º, n.º 3 e 238.º, n.º 5 CT).
5 In NUNES, CLÁUDIA SOFIA HENRIQUES, O contrato de trabalho em funções públicas – face à Lei Geral do
47
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Para João Leal Amado, o direito a féria não integra quatro sub-direitos mas apenas
três na medida em que o direito de aquisição e da consolidação têm entre si, um nexo
de dependência, devendo, para o autor, falar-se num direito de formação sucessiva6,
e não em dois direitos distintos, como é nosso entendimento.
Por último, o direito ao gozo de férias – 4.º sub-direito – ocorre, em regra, no ano em
que estas se vencem, sendo que excepcionalmente podem transitar para o ano
imediatamente seguinte (cfr. Art. 240.º, n.º 1).
7AMADO, JOÃO LEAL, Contrato de Trabalho, 2.ª Edição, Wolters Kluwer Portugal – Coimbra Editora, Coimbra,
Janeiro 2010, p. 292.
48
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Atendendo a que esta é, porventura, uma das questões que mais problemas de
compreensão tem suscitado no domínio do Direito do Trabalho iremos agora analisar
cada um destes regimes.
O direito a férias dos trabalhadores cujo contrato já dure há mais de 12 meses vence-
se sempre no dia 1 de Janeiro e reporta-se ao trabalho prestado no ano civil anterior
(cfr. Art. 237.º, n.ºs 1 e 2) CT).
Todavia, importa aqui realçar que é requisito do vencimento deste direito a férias que
os trabalhadores se encontrem ao serviço no dia 1 de Janeiro do ano civil seguinte
àquele a que se reportam as férias – ou melhor, que o trabalhador não se encontre
com o contrato suspenso nesta altura.
49
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O regime de férias que menos dificuldades oferece é o que respeita aos trabalhadores
cujo vínculo contratual tenha uma duração inferior a seis meses (cfr. Art. 239.º, n.º 4
CT).
Estes trabalhadores têm direito a 2 dias úteis de férias por cada mês completo de
duração do contrato, contando-se para o efeito todos os dias seguidos ou interpolados
de prestação de trabalho, devendo as ferias ser gozadas no momento imediatamente
anterior ao da cessação, salvo acordo das partes.
Esta “aparente duplicação” das ferias, foi em tempos, das soluções legislativas que
mais injustiça criou sendo que, nas palavras de Bernardo da Gama Lobo Xavier era uma
solução que não era nem razoável nem justa8 o que fez com que o Código de trabalho
consagrasse algumas normas para evitar essas injustiças.
a) Limite da aquisição dos dias de férias no ano da contratação
50
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
No ano da admissão, o trabalhador tem direito a gozar as férias após seis meses
completos de execução do contrato.
Por forma a evitar um tratamento mais favorável aos trabalhadores recém contratados
o Código do Trabalho apesar de prever que as ferias adquiridas no ano da contratação
possam ser acumuladas com as ferias vencidas no ano civil seguinte, estabelece que
da acumulação das férias adquiridas no ano da contratação com as vencidas no dia 1
de Janeiro do ano seguinte, não pode resultar o gozo de um período superior a 30 dias
úteis, sem prejuízo do disposto em IRCT (cfr. 239.º, n.º 3).
Somos da opinião que, o trabalhador apesar de não poder gozar mais do que 30 dias
de férias não perde os dias que excedam este período, tendo direito ao pagamento dos
dias de férias que excedessem o período de 30 dias no ano seguinte ao da contratação,
51
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
ou ao seu gozo no ano civil seguinte, cumulativamente com as férias vencidas nesse
ano. No mesmo sentido, veja-se David Falcão e Sérgio Tenreiro Tomás9.
Se não existisse esta regra do artigo 245.º, n.º 3 do CT, alcançaríamos uma situação
profundamente injusta pois estando em causa um contrato de apenas 8 meses (de 1 de
agosto de 2018 a 1 de abril de 2019) o trabalhador, aplicando a regra das ferias no ano
da celebração do contrato adquiriria 10 dias ate ao final do ano (5 meses completos
de execução do contrato) a estes somar-se-iam 22 dias no dia 1 de janeiro (de acordo
com a regra de que as ferias se vencem a 1 de janeiro) e pela aplicação do regime de
ferias no ano da cessação (ferias proporcionais a duração do contrato no ano de
cessação) o trabalhador ainda teria direito a mais 5 meses). Ou seja, para um contrato
de apenas 8 meses o trabalhador adquiria 37 dias uteis de ferias.
9
FALCÃO, David e TOMÁS, Sérgio Tenreiro, Lições de Direito do Trabalho – A
relação individual de trabalho, 2015 – 3.ª Edição Revista e Ampliada, Almedina,
Coimbra, p. 141.
52
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Foi para fazer face uma situação que, como esta, geraria uma enorme injustiça e
desigualdade que o legislador estabeleceu a regra da proporcionalidade no art. 245.º,
n.º 3 do Código do Trabalho.
Estas novas redações mitigaram esta “injustiça”, mas só se verifica nos casos em que
Exemplo:
No dia 1 de janeiro de 2021 não se vencem logo 22 dias uteis de ferias, porquanto
se o contrato terminar em 2021 – ano civil seguinte ao da admissão – ou tiver uma
duração inferior a 12 meses, aplica-se a regra do art. 245.º, n.º 3 CT e o
trabalhador só tem direito ao período de ferias proporcional ao período de duração
do contrato.
- 22 dias em 2021;
- 1,83 dias adquiridos (1/12) e não vencidos em 2022 (no ano de cessação do
contrato o trabalhador tem direito ao período de ferias proporcional ao tempo
trabalhado).
Ou seja, no total, o trabalhador teve direito a 65,83 dias uteis de ferias durante
todo o contrato.
o contrato venha a cessar até final do ano subsequente. Caso contrário, o 1º ano civil
53
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A complexidade do regime não termina aqui, resultando ainda do art. 239.º, n.º 6 do
CT que no ano de cessação de impedimento prolongado iniciado em ano anterior, o
trabalhador tem direito a férias nos seguintes termos: 2 dias úteis por cada mês
completo de duração do contrato, até 20 dias, os quais se vencem após seis meses
completos de execução do contrato.
54
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
no ano da cessação (cfr. art. 245.º do CT), bem como os valores correspondentes a
férias vencidas e não gozadas (férias vencidas no dia 1 de Janeiro mas que o
55
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Caso a cessação do contrato esteja sujeita a aviso prévio, o gozo do período de férias
pode ser antecipado, sendo que, nessa eventualidade, o valor destas não será pago a
título de compensação, uma vez que as mesmas foram gozadas antes da cessação do
contrato (cfr. Art. 243.º, n.º 3 do CT). Convém, porém, esclarecer que a opção pelo
gozo das férias em substituição do seu pagamento apenas pode suceder com as férias
já vencidas e não com aquelas que apesar de adquiridas ainda não são suscetíveis de
serem exercitáveis.
As empresas ligadas ao turismo têm um regime especial que permite aos empregadores
marcar apenas 25% do período de férias dos trabalhadores entre 1 de maio e 31 de
Outubro, podendo os restantes 75% ser marcados em qualquer altura do ano (cfr. Art.
241.º, n.º 3 CT).
56
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
As férias, depois de marcadas, devem constar do mapa de férias, o qual deve ser
elaborado até dia 15 de Abril e manter-se afixado desde esta data até ao dia 31 de
Outubro, devendo ainda encontrar-se registadas todas as alterações que o período de
férias inicialmente marcado venha a sofrer.
O período de férias uma vez marcado, poderá sofrer alterações por dois motivos: por
motivos relativos ao empregador ou ao trabalhador (cfr. Arts. 243.º e 244.º CT).
57
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Note-se que o espírito punitivo deste preceito é de tal forma que quando o empregador
altera o período de férias do trabalhador este adquire o direito a gozar metade do seu
período de férias de forma seguida, o que, na prática, nunca é inferior a 11 dias. Ora,
se no momento em que as suas férias são interrompidas, o trabalhador já tiver gozado
mais de 11 dias de férias, sem no entanto ter gozado um período mínimo de 10 dias
úteis consecutivos, o empregador fica obrigado a permitir ao trabalhador o gozo, já
não de 10 dias consecutivos de férias, mas sim de metade do seu período de férias o
que, considerando os dias que ainda lhe restem para gozar, pode implicar a atribuição
de mais dias de férias ao trabalhador por forma a que este possa gozar metade do
período de férias a que tem direito.
As férias podem também ser alteradas por motivo relacionado com o trabalhador,
nomeadamente por doença ou por outro facto que não lhe seja imputável, desde que
haja comunicação do mesmo ao empregador.
Alterado o período de férias por motivo não imputável ao trabalhador – e desde que
tal seja comunicado, sob pena de não se verificar a interrupção do período de férias –
o trabalhador tem o direito, após o termo do impedimento, de remarcar os dias de
férias que deixou de gozar.
58
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O empregador que pretenda marcar unilateralmente estes dias como férias dos seus
trabalhadores, apenas está obrigado a dar conhecimento de tal facto aos trabalhadores
abrangidos, até ao dia 15 de dezembro do ano anterior.
59
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Subsiste porém a dúvida quanto ao valor exacto que deve ser pago neste período, não
existindo consenso relativamente à questão de saber se os suplementos remuneratórios
devem integrar este pagamento ou não.
Da análise da jurisprudência sobre este tema não podemos retirar uma conclusão
única.
11 http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/12a2f18f6bfff0338025758b0050365c?OpenDocument
12
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/747c6a16cc26a029802577fc0039b093?Open
Document
60
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por outro lado, retiramos do Acórdão da Relação de Lisboa proferido no Processo n.º
13
1881/07.9TTLSB.L1-4 um importante contributo para esta querela que consiste no
reconhecimento de vários sentidos ao conceito de retribuição: remuneração em
sentido amplo, que abrange as diversas prestações remuneratórias de que o
trabalhador beneficia, e retribuição em sentido estrito ou técnico-jurídico, a qual
abrange o conjunto de valores pecuniários ou não que, nos termos do contrato, das
normas que o regem ou dos usos, o empregador está obrigado a pagar, regular e
periodicamente, ao trabalhador como contrapartida do seu trabalho. As prestações
regulares e periódicas pagas pelo empregador ao trabalhador, independentemente
da designação que lhes seja atribuída no contrato ou no recibo, em princípio, só não
serão consideradas parte integrante da retribuição se tiverem uma causa específica e
individualizável, diversa da remuneração do trabalho.
13 http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/963004603d1d77ba802576b7003bf220?OpenDocument
14 Este Acórdão pronuncia-se relativamente ao subsídio de disponibilidade pago pela TAP aos técnicos de
manutenção de aeronaves que estão de “prevenção” não tem natureza retributiva, no sentido de que
tal tão integra a remuneração, uma vez que a justificação objectiva desta prestação não é a actividade prestada,
mas a especial penosidade que decorre do facto do trabalhador estar disponível para interromper o gozo do seu
direito ao descanso e ir trabalhar, ou seja, o custo superior que tem para este o facto de lhe poder ser exigida a
interrupção do seu período de descanso para ir trabalhar. Embora nas situações de trabalho nocturno habitual
faça sentido qualificar o acréscimo remuneratório como retribuição, por se tratar de uma contrapartida regular e
periódica do modo habitual de execução do trabalho, o acréscimo remuneratório de 100% que a TAP paga
aos técnicos de manutenção de aeronaves que prestem mais de 30 horas nocturnas de trabalho, não
pode ser considerado parte integrante da retribuição, pois além de ter carácter ocasional, visa
compensar a maior penosidade, o maior risco para a saúde que resulta do trabalho prestado durante
um número tão elevado de horas nocturnas. O mesmo sucede em relação ao acréscimo remuneratório
61
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Estes são, em suma, os requisitos constantes do art. 46.º Código dos Regimes
Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança Social, para a caracterização das
prestações que integram a base de incidência contributiva.
Assim, parece claro que diuturnidades, subsídio nocturno, subsídio de turno e isenção
de horário de trabalho integram a retribuição das férias e respectivo subsídio, o mesmo
por “horas extra”. Além de ter uma causa específica e individualizável diversa da retribuição do
trabalho, trata-se de uma prestação variável que foi sempre inconstante e muito irregular.
15
https://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31923&idc=588&idsc=83058&ida=108137
62
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
não nos parece suceder relativamente a outros tipos de remunerações que variam
consoante a prestação de trabalho, como por exemplo trabalho suplementar, prémios
de assiduidade, etc…
Sempre que se coloca a questão de saber que prestações integram a retribuição das
férias e do subsídio de férias, antes de recorrer à análise doutrinal e jurisprudencial
sobre a questão, é essencial analisar o respectivo IRCT, se o houver, porquanto nesta
matéria, estes instrumentos têm especial capacidade reguladora, desde que
estabeleçam um regime mais vantajoso para o trabalhador.
De referir ainda que a redução do período de férias em nada interfere com o direito
ao respectivo subsídio correspondente à duração mínima das férias, pelo que, na
eventualidade de o trabalhador substituir faltas injustificadas por dias de férias terá
sempre direito ao subsídio de férias na íntegra (cfr. Art. 257.º, n.º 2 CT).
Uma questão que se tem colocado amiúde tem sido a de saber a quem compete pagar
o subsídio de férias respeitante aos meses em que o trabalhador esteve de baixa. Ora,
durante estes meses, o trabalhador recebe um subsídio de doença e terá ainda direito
a uma prestação compensatória a título de subsídio de férias e de subsídio de natal.
63
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
adquire direito a férias se estiver ao serviço no dia 1 de Janeiro do ano civil seguinte
ao da suspensão do contrato.
Assim, se o trabalhador estiver ao serviço nesta data vencem-se os 22 dias úteis das
férias tendo o trabalhador direito à sua retribuição e ao respectivo subsídio – ambos a
cargo da entidade empregadora.
Pelo contrário, se o trabalhador não se encontrar ao serviço nessa data, não se vence
o período de férias, sendo que, neste caso, terão as mesmas que ser compensadas pela
Segurança Social, devendo o trabalhador fazer requerimento relativamente a tal
pretensão.
64
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Exemplo:
Em 1/1/2021, o contrato de trabalho está suspenso, pelo que o direito a férias vai
corresponder a 2 dias úteis por cada mês completo a partir de 1/7/2021. No caso irá
ter direito a 12 dias úteis em 2021.
Nos casos em que o subsídio de férias não é pago devido a suspensão de contrato por
doença, deve o mesmo ser requerido pelo trabalhador à SS no prazo de 6 meses a partir
de 1 de janeiro do ano seguinte àquele em que o subsídio de férias era devido ou da
data de fim de contrato se este tiver cessado.
8. FERIADOS E “PONTES”
65
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Além dos feriados obrigatórios, o art. 235.º admite a possibilidade de poderem ser
observados a título de feriado, mediante IRCT ou contrato de trabalho, a terça-feira
de Carnaval e o feriado municipal da localidade.
- a injustificação das faltas neste dia que terá como consequência a perda de
remuneração no dia feriado, no dia de falta e nos dias de descanso que a antecedem
ou lhe sucedem. Assim, o artigo 256.º (“Efeitos de falta injustificada”) considera
injustificadas as faltas dadas em um ou meio período normal de trabalho diário,
imediatamente anterior ou posterior a dia ou meio dia de descanso ou a feriado.
Exemplo:
Madalena falta injustificadamente na sexta feira, dia 26 de abril. Uma vez que não
tem justificação para a sua falta, e na quinta feira foi feriado, Madalena terá uma
falta injustificada na sexta-feira, sendo que perderá a remuneração dos seguintes
dias:
- 27 de abril – sábado;
- 28 de abril – domingo.
66
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Alguns IRCT’s são mais específicos e referem mesmo que este subsídio terá que ser
pago conjuntamente com a retribuição do mês de novembro, norma que, sendo mais
benéfica do que a resultante do CT não viola o disposto no art. 263.º.
O subsídio de natal é pago de uma só vez ou em duodécimos se tal for acordado com
o trabalhador.
Importa aqui referir que em 2013 houve a possibilidade de pagar este subsídio num
modelo misto de 50% em duodécimos ao longo do ano e os restantes 50% na altura
devida, devendo o trabalhador manifestar que não pretendia que assim fosse, nos
primeiros 6 dias de janeiro. Todavia, esta inversão do ónus foi revogada e,
presentemente, o subsídio é pago de uma vez só podendo, por acordo, ser pago em
duodécimos.
Excecionalmente, será o subsídio de Natal pago de forma proporcional, como sucede
nos seguintes casos:
• No ano de admissão do trabalhador
• No ano de cessação do contrato de trabalho
• Em caso de suspensão de contrato de trabalho por facto respeitante ao trabalhador –
como sucede quando se verifica uma situação de impedimento temporário por facto
67
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
respeitante ao trabalhador, que não lhe seja imputável, como por exemplo doença ou
acidente e que se prolongue por mais de um mês (cfr. art. 296.º CT).
Como teremos oportunidade de fazer a distinção, ao contrário do que sucede com o
subsídio de ferias, o valor do subsídio de natal corresponde a um mês de retribuição.
Logo, a menos que haja disposição legal, convencional ou contratual que disponha em
contrário, o cálculo da prestação complementar ou acessória é constituída pela
retribuição base e diuturnidades.
Não existindo no código de trabalho uma definição clara de como se deverá calcular a
proporcionalidade nos casos referidos acima, propomos que se faça mediante a
contagem de dias e a confrontação com essa proporção face ao ano comercial = X
dias/360. No entanto, também não estará errado se fizer o cálculo sobre o ano civil,
ou seja, X dias/365.
O subsidio de natal é da responsabilidade da entidade patronal, todavia, quando o
contrato se encontra suspenso por mais de um mês por motivo de doença, acidente ou
facto decorrente da aplicação da lei militar, nos termos do art. 296.º CT, a
responsabilidade de pagar o subsidio de natal relativamente a este período de
suspensão transfere-se para a segurança social ou seguradora.
No caso da segurança social tem o trabalhador que requerer o seu pagamento à
Segurança Social através de formulário próprio onde a entidade empregadora atesta o
valor que deixou de pagar bem como o período/s a que refere a suspensão.
O requerimento tem de ser submetido à SS no prazo de 6 meses a partir de 1 de janeiro
do ano seguinte àquele em que o subsídio de natal era devido ou da data de fim de
contrato se este tiver cessado.
Caso, no entanto, a suspensão seja devida a acidente de trabalho – a referência feita
a acidente é acidente de trabalho – não será necessário requerer o pagamento da parte
do subsídio de natal correspondente à ausência, porquanto a seguradora incluirá nos
pagamentos o valor correspondente ao subsídio de natal.
68
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
10.1.1.Trabalho suplementar
16
P. 133, Falcão, David e Tomás, Sérgio Tenreiro, Lições de Direito do Trabalho
– A relação individual de trabalho, Almedina, 2015, 3.ª Edição Revista e
Ampliada, Coimbra
69
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Para António Nunes de Carvalho, este regime estabelecia os limites mínimos e máximos
do valor do trabalho suplementar17, tendo terminado tal obrigatoriedade em 31 de
Dezembro de 2014, altura a partir da qual se não fosse negociado novo IRCT os valores
constantes nos IRCTs antigos seriam reduzidos para metade, desde que não fossem
inferiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho (cfr. art. 7.º, n.º 5).
17
P. 41, António Nunes de Carvalho, in Revista de Direito e Estudos Sociais, Número
Especial sobre a Revisão do Código de Trabalho, Ano LIII, n.ºs 1 e 2, Coimbra, Almedina
70
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
E alem do caso do trabalho suplementar, que já vimos anteriormente, isso sucede com
o regime da isenção de horário de trabalho. Este regime não pode, no entanto, ser
visto como uma “fuga ao pagamento do trabalho suplementar”, na medida em que o
legislador tipifica os casos e os trabalhadores que podem estar sujeitos a este regime.
Assim, apenas podem ser celebrados acordos de isenção de horário de trabalho nos
seguintes casos (cfr. Art. 218.º, n.º 1):
• Exercício de cargos de administração ou direcção, ou de funções de confiança,
fiscalização ou apoio a titular desses cargos;
• Execução de trabalhos preparatórios ou complementares que, pela sua
natureza, só possam ser efectuados fora dos limites do horário de trabalho;
• Teletrabalho e outros casos de exercício regular de actividade fora do
estabelecimento, sem controlo imediato por superior hierárquico.
A isenção do horário de trabalho pode revestir uma das seguintes três modalidades:
18
P. 37, Carvalho, António Nunes de, in Revista de Direito e Estudos Sociais, Número
Especial sobre a Revisão do Código de Trabalho, Ano LIII, n.ºs 1 e 2, Coimbra, Almedina
71
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Caso o IRCT não fixe um subsídio específico para a Isenção de Horário de Trabalho,
terá o trabalhador tem direito, de acordo com o art. 265.º CT a uma retribuição não
inferior a uma hora de trabalho suplementar por dia ou a duas horas de trabalho
suplementar por semana quando o regime de isenção de horário preveja a observância
do período normal de trabalho.
Uma nota importante sobre este regime consiste no facto de os trabalhadores sujeitos
a este regime estarem, à semelhança dos restantes trabalhadores, obrigados a registar
os seus tempos de trabalho (cfr. Art. 202.º, n.º 1).
72
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Importa, antes de mais, clarificar que, sem prejuízo de norma mais favorável ao
trabalhador prevista em IRCT, nos termos do artigo 223.º do CT considera-se trabalho
nocturno, todo o que for realizado entre as 22 horas de um dia e as 7 horas do dia
seguinte, podendo este período, por determinação de IRCT situar-se entre as 0 e as 5
horas.
Considera-se trabalhador nocturno aquele que preste pelo menos 3 horas de trabalho
durante o período nocturno ou que efetue durante esse período parte do seu tempo
de trabalho anual correspondente a 3 hora por dia ou outra definida em IRCT.
73
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Uma última nota sobre este regime para referir que a lei dispensa determinadas
categorias de trabalhadores da prestação do seu trabalho no período nocturno, como
sucede com os trabalhadores-estudantes, as trabalhadoras grávidas, puérperas ou
lactantes, os trabalhadores menores e os trabalhadores portadores de deficiência ou
doença crónica.
O código de IRS ajuda a definir o que são rendimentos de trabalho dependente e dentro
destes quais os que são sujeitos, parcialmente sujeitos, não sujeitos ou isentos.
Faz uma ressalva importante de que os rendimentos são sujeitos a tributação, quer
sejam lícitos ou ilícitos e independentemente do seu pagamento ser feito em dinheiro
ou em espécie.
74
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
1 - O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) incide sobre o valor anual
dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando provenientes de atos ilícitos,
depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:
(…)
(...)
Os artigos supra referidos discriminam as rubricas que são consideradas rendimentos
de categoria A.
75
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
• Ajudas de custo ou Kms em viatura própria nos valores que excedam os limites de
isenção estabelecidos *
• Abono para falhas que exceda 5% da remuneração mensal fixa
• Indemnização de cessação de contrato de trabalho que exceda o limite isento **
• Vales de educação (para crianças com idade superior a 7 anos)
Também o artigo 2.º identifica tipos de rendimentos menos comuns como sejam:
• Importâncias pagas com seguros e operações do ramo vida, fundos de pensões de
reforma, que constituam direitos adquiridos e individualizados, ou não o sendo, possam
ser resgatados, adiantados, remidos antes da idade legal de acesso à reforma
• Subsídios de residência ou utilização de casa de habitação fornecida pela entidade
patronal;
• Empréstimos sem juros ou a taxa de juros inferiores à de referência (exceção dos
empréstimos à habitação praticados pelos bancos aos seus empregados)
• Importâncias pagas com viagens e estadas, de turismo e similares, não relacionadas
com as funções do trabalhador
• Ganhos derivados de planos de opções sejam de subscrição ou atribuição, na parte que
este constitua remuneração (as “stock options” são as situações mais comuns com
atribuição de ações a título gratuito ou com preço fixo inferior ao valor de transação)
• Os resultantes de utilização pessoal pelo trabalhador ou membro de órgão estatutário,
de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal quando existir acordo
escrito sobre a imputação àquele da referida viatura
76
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Relativamente às duas últimas referências, de acordo com o artº 2-A da Lei nº82-
E/2014 de 31 de dezembro ambas passaram a ter de considerar o valor de mercado
para cálculo do rendimento a tributar no lugar do preço de aquisição.
O código de IRS também define o que não são rendimentos de trabalho dependente,
no artigo 2-A.
De acordo com o artigo 24, os rendimentos em espécie mais comuns são os seguintes:
• Géneros
• Utilização de habitação
• Empréstimos com taxas de juros mais favoráveis
• Uso de viatura automóvel
• Aquisição de viatura da empresa abaixo do preço de mercado
77
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
78
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Tabelas em vigor
As tabelas de 2021 para Continente, Açores e Madeira forma publicadas nos seguintes
documentos:
Podem ser encontradas versões em formato de folha de cálculo no portal das finanças
através do endereço abaixo:
http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/tabela_ret_doclib/Pages
/default.aspx
79
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
80
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
No final de cada ano, a empresa entrega ainda ao trabalhador uma declaração onde
resume todos os rendimentos pagos e postos à disposição, retenções de IRS e descontos
para a Segurança social e sindicatos.
Estas obrigações estão vertidas no artº 119 do Código de IRS. No caso da DMR foi
acrescentada a obrigação com a Lei que aprovou o OE para 2013.
Artigo 119.º
1 - (...)
81
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
ii) Até ao final do mês de janeiro de cada ano, relativamente aos restantes rendimentos
do ano anterior; Modelo 10
Exemplo da DMR:
82
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
83
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Rendimentos Sujeitos
84
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
85
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Correção de erros
Exemplo 1:
Esta alteração produz efeitos a todo o ano pelo que temos que corrigir a retenção
efetuada.
86
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Janeiro 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Fevereiro 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Março 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Abril 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Maio 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Proposta de DMR
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Junho 2 500,00 A CT -185,00 275,00
Uma das possibilidades é substituir cada uma das DMR com a retenção correta.
Podemos corrigir cada uma das DMR à partida sem erros desde que esta correção ocorra
no prazo de 30 dias após tomada de conhecimento dos fatos.
Outra hipótese pode ser acertar a diferença de retenção nas DMR futuras, fazendo o
encontro de contas, desde que esta situação fique regularizada dentro do ano civil.
87
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Exemplo 2
Em 9 de Janeiro de 2020, verificou-se que por lapso, foram incluídos nas DMR entregues
nos meses de janeiro a dezembro, o rendimento de trabalhador declarado como não
residente.
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Janeiro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Fevereiro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Março 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Abril 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Maio 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Junho 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Julho 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Agosto 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Setembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Outubro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Novembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Dezembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Dezembro -22 000,00 A CT -4 950,00 -2 420,00
88
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
89
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
No artigo 46 volta a ser feita a correlação entre base de incidência contributiva com
remunerações em dinheiro ou em espécie pagas ao abrigo de um contrato de trabalho.
90
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
o) As gratificações, pelo valor total atribuído, devidas por força do contrato ou das
normas que o regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços
dos trabalhadores, bem como as que pela sua importância e caráter regular e
permanente, devam, segundo os usos, considerar-se como elemento integrante da
remuneração;
v) Compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações
com direito a prestações de desemprego;
91
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
aa) As prestações relacionadas com o desempenho obtido pela empresa quando, quer
no respetivo título atributivo quer pela sua atribuição regular e permanente, revistam
caráter estável independentemente da variabilidade do seu montante. (Nos termos
dos artigos 4º e 6º da Lei n.º 110/2009, na redação dada pela Lei n.º 55-A/2010,
esta alínea carece de regulamentação, que será precedida de avaliação efetuada
em Concertação Social e não ocorre antes de 1 de janeiro de 2014)*1.
As prestações a que se referem as alíneas l), q), u), v), z) e bb) do número anterior
estão sujeitas a incidência contributiva, nos mesmos termos previstos no Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
Para as prestações a que se referem as alíneas p), q), v) e z) do n.º 2, o limite legal
previsto pode ser acrescido até 50%, desde que o acréscimo resulte de aplicação, de
forma geral por parte da entidade empregadora, de instrumento de regulação coletiva
de trabalho.
*1 A referência a 1 de Janeiro de 2014 embora ultrapassada consta efetivamente da letra de lei. Em 2018 foi
apresentada uma proposta de alteração ao código de trabalho e código contributivo, que não foi para a frente
mas uma das alterações previstas então era retirar a data ficando apenas a seguinte redacção : “…que será
precedida de avaliação efetuada em Concertação Social.”
92
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por último, para o caso de haver alguma remuneração que não esteja discriminada, e
não tenha sido excecionada no artigo 48, o artigo 46 reforça que constituem base de
incidência contributiva, além das prestações a que se referem os números anteriores,
todas as que sejam atribuídas ao trabalhador, com caráter de regularidade, em
dinheiro ou em espécie, direta ou indiretamente como contrapartida da prestação do
trabalho.
Esta inclui-se na base de incidência contributiva sempre que tal se encontre previsto
em acordo escrito entre o trabalhador e a entidade empregadora do qual conste:
Considera-se ainda que a viatura é para uso pessoal sempre que no acordo escrito seja
afeta ao trabalhador, em permanência, viatura automóvel concreta, com expressa
possibilidade de utilização nos dias de descanso semanal.
Esta componente não constitui base de incidência nos meses em que o trabalhador
preste trabalho suplementar em pelo menos dois dos dias de descanso semanal
obrigatório ou em quatro dias de descanso semanal obrigatório ou complementar.
93
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Para acabar com essas questões, foi definido no artigo 47 em 2013 que uma prestação
reveste caráter de regularidade quando constitui direito do trabalhador, por se
encontrar preestabelecida segundo critérios objetivos e gerais, ainda que condicionais,
por forma que este possa contar com o seu recebimento e a sua concessão tenha lugar
com uma frequência igual ou inferior a cinco anos.
Não pode ser inferido deste conceito de regularidade que a primeira vez que um
trabalhador recebe o referido prémio o isenta, se este estiver estabelecido na política
da empresa e reunir as condições descritas para que este seja regular.
*2 A compensação pela não concessão de férias resulta de imposição judicial ou inspectiva (ACT) quando
uma entidade empregadora obsta ao gozo de férias do seu trabalhador sendo obrigada por esta via ao
94
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
pagamento do triplo da retribuição correspondente ao período em falta tendo este direito ainda que ser
exercido até 30 de Abril do ano seguinte. Não deve ser confundido com o pagamento de férias não gozadas
que no caso são sujeitas a incidência de segurança social.
Esta situação está regulada nos Artº 129 e 130 do código contributivo.
Sabendo o que tem e o que não tem incidência contributiva, importa agora saber quais
as taxas a considerar para efeitos de apuramento das cotizações e contribuições.
95
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
96
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
97
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
98
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A segurança social fez estudos onde determinou qual o custo hoje de cada uma das
eventualidades cobertas no futuro.
No quadro abaixo vemos a definição do custo do regime geral detalhado por cada uma
das eventualidades cobertas.
Até Fevereiro de 2020 nenhum beneficiário seria enquadrado em mais que um regime
de segurança social num mesmo mês. As situações em que havia requerimento de
passagem à situação de pensionista por exemplo, só produziam efeitos no mês seguinte
independentemente da data efetiva.
Por exemplo em Março alguém podia estar em regime geral durante 10 dias, ter tido
enquadramento dos apoios pelo encerramento de escolas durante 8 dias e passar para
o enquadramento em lay off para os restantes 12 dias.
99
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
100
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por exemplo, existem remunerações que têm de reportar dias como é o caso do código
P, 2 e I.
As restantes não reportam dias pelo que esse campo é informado a zeros.
Só se reportam valores negativos (e dias negativos nos códigos referidos) para corrigir
valores positivos entregues com essa codificação e no mês referido.
101
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
No mês seguinte somos informados que há lugar a correção pelo desconto de 3 dias no
valor de 100 €.
102
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A declaração terá que ter as linhas todas corrigidas ou retiradas para se conseguir
submeter a mesma.
103
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Para além da obrigação de submeter a declaração de remunerações, têm que ser pagas
as contribuições até ao dia 20 do mês seguinte a que diz respeito.
Deve ser pago no banco indicando para tal, o NIF da empresa, mês de referência e
valor a pagar.
104
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O pagamento fora de prazo estará sujeito a juros de mora à taxa legal em vigor.
Esta comunicação pode ser feita nas 24 horas seguintes a título excecional quando se
trate de contratos de muito curta duração ou se trate de prestação de trabalho por
turnos.
No caso de não ter ainda NISS, mais frequente no caso de trabalhadores estrangeiros
que iniciam a sua atividade profissional em Portugal, terão de preencher os formulários
RV1009 e RV1006, anexar cópia autenticada dos documentos pessoais, cópia do
contrato e fazer a sua entrega numa delegação da segurança social.
Atualmente, com a situação dos estrangeiros têm o entendimento que após atribuição
do NISS remetem para a empresa para enquadrar na segurança social direta.
As coimas para a não comunicação da admissão dos trabalhadores dentro do prazo são
as seguintes:
105
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
106
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
107
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
108
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
109
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O diploma que abriu este caminho foi a Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro de 2011 –
entretanto revogada - responsável pela segunda alteração ao Código do Trabalho e
pelo estabelecimento de um novo sistema de compensação em diversas modalidades
de cessação do contrato de trabalho.
A opção do legislador com este diploma passou por criar um regime transitório, sendo
que o regime era aplicável apenas aos contratos celebrados após o dia 1 de Novembro
de 2011, sendo que os trabalhadores contratados anteriormente mantinham a sua
indemnização e compensação de 30 dias por cada ano completo de duração do
contrato.
110
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Desta transição gradual operada a “a dois tempos” resultou que os novos contratos, ou
seja, os contratos celebrados após o dia 1 de Novembro de 2011 passaram a ter novas
regras de cálculo da indemnização devida por despedimento colectivo, por extinção
do posto de trabalho ou por inadaptação ou por compensação por caducidade. Quanto
às restantes modalidades de cessação do contrato o anterior regime não sofreu
qualquer alteração.
Esta transição gradual, primeiro relativamente aos novos contratos e só mais tarde
com aplicação aos restantes contratos, tinha como grande objetivo não pôr em causa
os direitos adquiridos dos trabalhadores mais antigos.
Apesar da sua fugaz existência, o artigo 366.º-A foi, no ano seguinte, revogado pela
Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho que entrou em vigor no dia 1 de agosto, tendo sido
responsável por abrir caminho na redução da compensação devida por cessação do
contrato de trabalho, a qual teve o mais recente desenvolvimento com a Lei 69/2013,
de 30 de agosto que reduziu a compensação devida a partir do dia 1 de Outubro de
2013, a qual passou a ser de 18 dias, nos casos em que os contratos ainda não tivessem
atingido 3 anos de duração, ou de 12 dias quando os contratos já tivessem mais de 3
anos de duração.
Remonta ainda à Lei n.º 53/2011 a referência, pela primeira vez, ao Fundo de
Compensação de Trabalho, tendo sido introduzidas alterações a vários artigos do
111
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Resulta assim, por força da alteração introduzida pelas Lei n.º 53/2011, de 14/10, Lei
n.º 23/2012, de 25/06 e Lei n.º 69/2013, de 30/08 que a compensação por caducidade
dos contratos a termo viu alterada a sua forma de cálculo, que num momento
compreendia 2 ou 3 dias por mês consoante o contrato fosse superior a 6 meses ou
não, para passar a 1,67 por mês transitoriamente até ter sido fixada em 1,5 dias por
mês para cessações ocorridas até 3 anos e 1 dia por mês para cessações de contratos
a termo superiores a 3 anos, que na prática se trata apenas dos contratos a termo
incerto que podem durar 6 anos (desde que celebrados antes de 1/10/2019).
Antes de iniciarmos a análise deste regime, importa aqui esclarecer que o legislador
não alterou o regime de todas as modalidades de cessação do contrato de trabalho,
estabelecendo regimes distintos consoante a causa que levou ao fim do contrato.
112
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Assim, vejamos:
Modalidade de
Foi objecto
cessação do Direito ao subsídio
Direitos do trabalhador de
contrato de de desemprego?
alteração?
trabalho
• Pagamento dos direitos
adquiridos (proporcionais);
Caducidade • Compensação por Sim Sim
caducidade.
• Pagamento dos direitos
Apenas nos casos
adquiridos (proporcionais);
em que tal for
• Não é obrigatória uma
fundamentado com
indemnização; caso esta seja
Revogação motivos objetivos Não
acordada a Lei não prevê limite
(v.g. Decreto-Lei n.º
mínimo nem máximo.
220/2006, de 3 de
Novembro)
113
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
ou 18 dias a partir de 1 de
Outubro de 2013).
• Pagamento dos direitos
adquiridos (proporcionais);
Sim, se ficar provado
Resolução pelo • Indemnização entre 15 a 45 o despedimento Não
trabalhador dias no caso de resolução nos involuntário
termos do art. 249.º, n.º 219.
• Pagamento dos direitos
Denúncia pelo
adquiridos (proporcionais.) Não Não
trabalhador
A Lei n.º 53/2011, para além de ter previsto a criação do Fundo de Compensação do
Trabalho, reduziu o montante devido a título de indemnização em virtude de
despedimento objectivo (colectivo, por extinção do posto de trabalho e por
inadaptação) e a título de compensação devida por caducidade do contrato.
19
Art. 249.º, n.º 2 - falta culposa do pagamento pontual da retribuição; violação culposa de garantias legais ou
convencionas do trabalhador; aplicação de sanção abusiva; falta culposa de condições de segurança e saúde no
trabalho; lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador; ofensa à integridade física ou moral, liberdade,
honra ou dignidade do trabalhador, punível por lei, praticada pelo empregador ou seu representante.
114
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Por força desde artigo, de vigência fugaz, foi possível a coexistência na mesma
empresa, de trabalhadores sujeitos a regimes distintos.
Por sua vez, o cálculo das compensações e indemnizações devidas aos trabalhadores
contratados após o dia 1 de Novembro de 2011 estavam sujeitas às seguintes regras
(art. 366.º-A do CT):
• 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade;
• O valor da retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar
para efeitos de cálculo da compensação não podia ser superior a 20 vezes a
retribuição mínima mensal garantida;
• O montante global da compensação não pode ser superior a 12 vezes a
retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador - ou seja, 12 salários;
• Caso o trabalhador auferisse mais de 10.600,00€ por mês e por força da redução
da regra das 20 vezes a RMMG, apenas este montante podia ser considerado, o
trabalhador não podia receber, a título de indemnização, mais de 240 vezes o
valor da retribuição mínima mensal garantida;
• O valor diário de retribuição base e diuturnidades era o resultante da divisão
por 30 da retribuição base mensal e diuturnidades;
• Em caso de fracção de ano, o montante da compensação era calculado
proporcionalmente.
115
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Destacamos ainda que esta Lei, com o objectivo de tornar menos dispendioso o
pagamento das indemnizações e compensações devidas por parte do empregador, ter
estabelecido que parte desta indemnização e compensação seriam assumidas pelo
Fundo de Compensação do Trabalho, mas este apenas foi criado pela Lei n.º 70/2013,
de 30 de Agosto.
Não passava de uma ilusão na medida que o valor a ser assumido pelo Fundo de
Compensação de Trabalho já tinha sido previamente pago pelo Empregador acrescido
também do Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho, sendo este último não
reembolsável.
A questão que mais se colocou na altura foi saber como se deveria proceder ao cálculo
da indemnização e compensação dos trabalhadores cujos contratos eram anteriores a
esta data. Mas, a esta pergunta, já a Lei n.º 53/2011 havia respondido com o regime
transitório por si introduzido e com a revogação do art. 366.º-A.
116
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Assim passámos a ter que considerar três datas para o cálculo da indemnização e
compensação por caducidade, ficando salvaguardados todos os direitos adquiridos até
ao dia 31 de Outubro de 2012, nos seguintes termos:
117
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O cálculo das compensações e indemnizações sofreu mais uma alteração com a Lei n.º
69/2013, de 30 de agosto da qual resultou nova regra de cálculo a partir do dia 1 de
Outubro desse ano.
Assim, ao esquema que fizemos anteriormente, temos agora que acrescentar uma nova
data, com novas regras, sendo, à data, este o esquema aplicável ao cálculo da
compensação e indemnização:
118
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
119
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
120
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Esta regra terá, contudo, que ser complementada com as seguintes condições:
• O valor da retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador não pode ser
superior a 20XRMMG;
• O montante global da compensação não pode ser superior a 12 vezes a
retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador ou, no caso de se ter
limitado a remuneração mensal a 20XRMMG, não pode ser superior a
240XRMMG.
De referir porém que, apesar da remissão para o art. 366.º, a compensação no caso
dos contratos a termo certo, deve corresponder a 18 dias de retribuição base e
diuturnidades por cada ano completo de serviço, porquanto se trata de contratos que,
por via de regra, não excedem os 3 anos de duração (cfr. Art. 148.º, n.º 1, c)).
121
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Relativamente aos contratos a termo incerto e uma vez que estes podem ter uma
duração superior aos 3 anos, não só o n.º 5 do art. 345.º remete para o artigo 366.º no
que respeita á fórmula de cálculo da compensação, como também o n.º 4 deste
preceito refere dois montantes distintos: 18 dias de retribuição base e diuturnidades
por cada ano completo de antiguidade nos três primeiros anos de duração do contrato;
12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos
anos subsequentes.
A remissão para o artigo 366.º é feita também pelo art. 194.º, n.º 5 que permite ao
trabalhador, em caso de transferência definitiva do local de trabalho, resolver o
contrato se demonstrar prejuízo sério, tendo, neste caso, direito a uma indemnização
calculada nos termos do art. 366.º.
Também no art. 164.º, n.º 1, b) é feita uma remissão para o art. 366.º referindo-se
que cessando a comissão de serviço, o trabalhador tem direito a resolver o contrato
nos 30 dias seguintes à decisão do empregador que ponha termo à comissão de
serviço, com direito a indemnização calculada nos termos do artigo 366.º.
Uma das questões que se coloca com mais frequência consiste em saber o que se deve
pagar ao trabalhador no momento da cessação do contrato de trabalho, ou, como
vulgarmente se diz, a título de “fecho de contas”.
Nas demais situações, apenas é exigível o pagamento dos direitos adquiridos a título
de férias, subsídio de férias, subsídio de natal e compensação por formação profissional
não ministrada.
Começando pelas férias, uma vez que estas se reportam ao trabalho prestado no ano
civil anterior, importa distinguir as férias vencidas no dia 1 de Janeiro do ano da
122
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
cessação das férias que se adquiriram no ano da cessação e que apenas se venceriam
no dia 1 de Janeiro do ano seguinte – se o trabalhador estivesse ao serviço.
O mesmo sucede relativamente ao subsídio de natal que deve ser pago de forma
proporcional ao tempo prestado no ano civil da cessação do contrato de trabalho (1/12
por cada mês completo ou fracção de execução do contrato), como decorre do art.
263.º, n.º 2, b).
Por último, importa aqui referir a questão da formação profissional que, sendo uma
obrigação para o empregador, insusceptível de ser convertida em pagamento, apenas
deve ser pago se o contrato cessar sem ter sido ministrada ao trabalhador o número
mínimo de horas anual (cfr. Art. 134.º) ou ter sido por este utilizado a conversão em
crédito de horas para auto-formação. O apuramento de horas de formação ou crédito
de horas limita-se aos últimos 5 anos ou menos, se a duração do contrato fôr inferior.
Feitos estes pagamentos e não existindo outros que se considerem devidos por força
da Lei ou do IRCT, nada mais poderá o trabalhador exigir ao empregador em virtude
da cessação do contrato de trabalho.
Aplica-se a contratos a termo, certo e incerto mas também aos sem termo nos casos
de passagem à situação de pensionista ou ao atingir 70 anos.
Obriga a aviso prévio de 15 dias antes do termo para não renovar no caso dos contratos
a termo certo
123
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Obriga a processo disciplinar e entrega de nota de culpa indicando que é para despedir.
124
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
125
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A cessação por mútuo acordo não confere direito a subsídio de desemprego porquanto
configura uma decisão voluntária por parte do trabalhador.
As cotas são de 25% para empresas com quadro até 250 trabalhadores no início do
triénio e de 20% para empresas com quadro superior a 250 trabalhadores no início do
triénio até ao máximo de 80 trabalhadores.
Caso o acordo, seja para substituir por trabalhador mais qualificado não consome
quotas.
126
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Caso prático:
IHT 20 % = 300,00
Diuturnidade = 150,00
• 1/1/2006 até 31/10/2012 – 1 mês por cada ano ou fração = 6 anos e 10 meses
• 1/11/2012 até 30/9/2013 – 20 /30 dias por cada ano ou fração = 11 meses
127
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
De referir que, mesmo nos casos de trabalhadores que celebrem um novo contrato mas
mantenham a sua antiguidade, está a entidade empregadora obrigada a aderir a este
fundo na medida em que o que determina a aplicação da Lei 70/2013 de 30 de Agosto
é a celebração de um contrato após o dia 1 de Outubro de 2013, sendo que tudo o que
for descontado para este fundo indemnizará apenas o período laboral após esta data.
128
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O trabalhador não tem qualquer responsabilidade na opção por esta adesão, sendo a
entidade empregadora que opta pela adesão ao FCT, mediante o registo de admissão
do trabalhador no site, efetuado pela empregadora.
Depois desta adesão, a entidade empregadora fica obrigada a efectuar todos os meses
as entregas ao FCT calculadas sobre a retribuição base e diuturnidades dos seus
trabalhadores, correspondente a 0,925% da retribuição base e diuturnidades por cada
trabalhador abrangido.
129
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
A entidade empregadora aderente do FCT que não realize a entrega mensal ao FCT até
ao dia 20 de cada mês entra em incumprimento, facto que constitui contraordenação
muito grave, sendo notificada para proceder à regularização dos pagamentos em falta,
sob pena de dar origem à respetiva cobrança coerciva. Tal incumprimento da obrigação
de entrega é comunicado à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) com vista
à eventual realização de ação inspectiva e aplicação de coimas.
130
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
O mesmo sucederá se, após o despedimento, se verificar decisão judicial que imponha
a reintegração do trabalhador, ficando a entidade empregadora obrigada, no prazo de
30 dias contados a partir da data do trânsito em julgado daquela decisão, a efetuar
nova inclusão do trabalhador no FCT e a repor o saldo da conta de registo
individualizado do trabalhador que existia à data do despedimento e ainda à entrega
dos valores que deixou de efetuar desde aquela data até ao momento presente.
Site: www.fundoscompensacao.pt
131
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
Todavia o reembolso só é possível após pagamento da última guia onde constem dias
do contrato entretanto cessado.
Na prática, para um contrato que tenha terminado em 31/12/2019, vai ter ainda
obrigação de pagar estes dias na guia de dezembro, emitida a partir do dia 11 a 12 de
Janeiro e a pagar até dia 20 de Janeiro. Só após este pagamento vai poder ser exercido
o direito de reembolso.
132
Processamento de salários: legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADO
É um tema complexo que obriga a tratar matérias tão diferentes como Código laboral,
Código de IRS, Código dos regimes contributivos de segurança social e ainda outros
documentos avulsos.
São estes conhecimentos que permitem materializar o salário que é acordado entre
ambas as partes em rendimento líquido disponível, em imposto sobre o rendimento,
contribuições para a carreira contributiva e ainda o cumprimento das obrigações
inerentes associadas aos pagamentos.
Temos no entanto noção que não se esgota dada a dinâmica das empresas e dos
contextos económicos.
133