Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
2
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
3. RETRIBUIÇÃO-------------------------------------------------------------------------------- 14
3.1. Cálculo do valor hora -------------------------------------------------------------------15
3.2. Modalidades de retribuição------------------------------------------------------------ 16
3.3. Princípios essenciais da retribuição --------------------------------------------------17
3
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
7.1.2. Férias dos trabalhadores com contratos de duração inferior a 6 meses ---41
7.1.3. Férias no ano da contratação ----------------------------------------------------41
7.1.4. Direito a férias no ano da cessação do impedimento prolongado ----------45
7.1.5. Direito a férias no ano da cessação do contrato ------------------------------ 46
7.2. Marcação do período de férias -------------------------------------------------------- 47
7.2.1. Alteração do período de férias---------------------------------------------------48
7.3. Da possibilidade de encerramento da empresa ------------------------------------50
7.4. Retribuição durante as férias --------------------------------------------------------- 50
16. Da Lei n.º 53/2011 e da sua importância para os contratos celebrados após 1
de Novembro de 2011 ---------------------------------------------------------------------- 104
19. Créditos vencidos e exigíveis por cessação do contrato de trabalho -------- 113
4
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta noção corresponde, na sua essência, à noção plasmada no art. 1152.º do Código
Civil, qual considera este tipo de contrato como um contrato nominado e com um
regime próprio, objeto de regulamentação em sede própria, neste caso, no Direito de
Trabalho.
5
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
- este contrato enquadra e regula uma prestação realizada pelo homem, excluindo-
se, assim as prestações realizadas por máquinas ou animais.
6
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta distinção pode partir do art. 12.º do Código de Trabalho, norma que, não obstante
tenha por objetivo sancionar o recurso ao contrato de prestação de serviços em
situações que materialmente se enquadrariam no regime do contrato de trabalho,
acaba por elencar as principais características do contrato de trabalho, fornecendo os
elementos que permitem qualificar, ainda que presumidamente, este tipo de contrato.
Todavia, a prática e a jurisprudência têm demonstrado que estes indícios nem sempre
são suficientes para proceder a esta distinção, sendo, por vezes, passiveis de existirem
nos dois tipos de contrato.
7
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em todo o caso, trata-se de um elemento que, por si só, não é conclusivo, carecendo
de ser complementado com outros e de uma análise integrada mais completa.
Um segundo indício avançado pelo legislador consiste na propriedade dos
equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados que deve pertencer ao
beneficiário da actividade. Mas, mais uma vez, nem sempre este indício é linear pois
pode o beneficiário da atividade fornecer os equipamentos e instrumentos de trabalho
a um prestador de serviços sem que isto implique a laboralidade deste contrato.
Como quinto indício, o art. 12.º refere o exercício, pelo prestador de actividade, de
funções de direcção ou chefia na estrutura orgânica da empresa. Efetivamente, a
inserção do trabalhador na estrutura organizativa do beneficiário da atividade e o
desempenho de funções de direção ou de chefia são indícios de laboralidade muito
importantes, na medida em que são funções que dificilmente poderão ser exercidas
por alguém que não tenha vínculo à entidade patronal.
8
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Pelo facto desta questão ser cada vez mais facilmente constatável pelos documentos
enviados ao ACT, SS e AT, parece-nos que não deve ser encarado com leviandade o
recurso aos contratos de prestação de serviços em situações que materialmente
reúnem os requisitos do contrato de trabalho.
A Secção VIII do Código do Trabalho tem por epígrafe Direitos, deveres e garantias das
partes e estabelece o estatuto de cada uma das partes contratuais e, na Subsecção I
encerra as Disposições gerais.
9
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
10
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Destacamos aqui, pela relevância que tem para a temática deste manual, o dever do
empregador de pagar pontualmente a retribuição, que deve ser justa, e adequada ao
trabalho. A violação deste dever consubstancia uma contraordenação grave.
g) Velar pela conservação e boa utilização de bens relacionados com o trabalho que
lhe forem confiados pelo empregador;
11
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por último, esta Subsecção encerra com a consagração das garantias do trabalhador
no artigo 129.º, as quais consubstanciam proibições para o empregador.
a) Opor-se, por qualquer forma, a que o trabalhador exerça os seus direitos, bem como
despedi-lo, aplicar-lhe outra sanção, ou tratá-lo desfavoravelmente por causa desse
exercício;
e) Mudar o trabalhador para categoria inferior, salvo nos casos previstos neste Código;
f) Transferir o trabalhador para outro local de trabalho, salvo nos casos previstos neste
Código ou em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, ou ainda quando
haja acordo;
g) Ceder trabalhador para utilização de terceiro, salvo nos casos previstos neste Código
ou em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho;
h) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou serviços a ele próprio ou a pessoa por ele
indicada;
j) Fazer cessar o contrato e readmitir o trabalhador, mesmo com o seu acordo, com o
propósito de o prejudicar em direito ou garantia decorrente da antiguidade.
12
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por se tratar das questões mais relevantes para o trabalhador, a violação destas
garantias consubstancia não uma contra-ordenacão grave mas sim uma contra-
ordenação muito grave.
Por último, referir que o art. 129.º, n.º 1, d) do Código de Trabalho proíbe o
empregador de:
13
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
3. RETRIBUIÇÃO
O conceito de retribuição está definido no código de trabalho no seu artº 258 como
sendo a prestação a que o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho,
de acordo com as normas que o regem ou dos usos. Neste aspeto, assume especial
relevância, para alem das normas e princípios que constam do Código de Trabalho e
que são transversais a todas as entidades empregadoras, independentemente da
tipologia que revistam, do setor privado, conhecer também o regime que consta dos
Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho (doravante abreviadamente
IRCT’s) que consta nos termos do contrato e ainda das normas ou dos usos que o regem.
Decompondo este conceito, o n.º 2 do art. 258.º refere ainda que a retribuição
compreende a retribuição base (vulgarmente designada por salário) e outras
prestações regulares e periódicas (mensal/trimestral/anual) feitas, direta ou
indiretamente, em dinheiro ou em espécie, que sejam pagas ou entregues pelo
empregador ao trabalhador.
14
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Sendo que:
Rm = Retribuição mensal
n = Horário semanal
15
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo Prático:
O João aufere 1.000 € de salário mensal (RM=1000), trabalha 8 h por dia (h=8)
totalizando 40 horas por semana (n=40).
De acordo com o disposto no art. 261.º a retribuição pode ser certa, variável ou mista,
correspondendo esta última, a uma parte fixa e outra variável.
Já a retribuição variável é aquela que não é fixa todos os meses, sendo o seu valor
determinado pela média dos montantes das prestações auferidas nos últimos 12 meses,
ou o tempo de contrato caso inferior.
Isto aplica-se quando não é possível aplicar o respetivo critério ou na falta de indicação
em IRCT.
A retribuição mista é a combinação de uma retribuição certa com uma parte variável.
Esta forma de retribuição é muito usual no setor automóvel, nomeadamente para a
remuneração dos vendedores. Nestes casos, é paga uma retribuição certa de acordo
com o definido em IRCT e uma retribuição variável indexada a objetivos de venda.
16
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Uma das grandes diferenças entre o Código de Trabalho de 2003 e o atual Código de
Trabalho encontra-se no art. 3.º cuja epígrafe “Relações entre fontes de regulação”
vem substituir o anterior princípio ínsito no art. 4.º, n.º 1 do anterior Código de
Trabalho – que consagrava o princípio favor laboratoris.
Embora se possa identificar neste art. 3.º do Código de Trabalho um pálido reflexo do
princípio favor laboratoris, não assume a inflexibilidade anteriormente exigida.
17
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Proteção na parentalidade;
• Trabalho de menores;
• Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida, com deficiência ou doença
crónica;
• Trabalhador-estudante;
• Dever de informação do empregador;
• Limites à duração dos períodos normais de trabalho diário e semanal;
• Duração mínima dos períodos de repouso, incluindo a duração mínima do
período anual de férias;
• Duração máxima do trabalho dos trabalhadores noturnos;
• Forma de cumprimento e garantias da retribuição, bem como o pagamento do
trabalho suplementar4;
• Capítulo sobre prevenção e reparação de acidentes de trabalho e doenças
profissionais e legislação que o regulamenta;
• Transmissão de empresa ou estabelecimento;
• Direitos dos representantes eleitos dos trabalhadores.
As normas do Código de Trabalho também podem ser afastadas pelo Contrato Individual
de Trabalho mas, neste caso, apenas quando tal se revele mais favorável para o
trabalhador.
Chegados aqui podemos então afirmar que as normas que respeitam às matérias
elencadas no n.º 3 do art. 3.º têm um carácter absolutamente imperativo, ou seja, não
podem ser afastadas por normas menos vantajosas para o trabalhador. As restantes
matérias têm uma imperatividade relativa ou mesmo uma imperatividade mínima.
18
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Os instrumentos negociais:
❖ Convenções colectivas;
o Contrato colectivo - convenção celebrada entre associação sindical
e associação de empregadores;
o Acordo colectivo - convenção celebrada entre associação sindical e
uma pluralidade de empregadores para diferentes empresas;
o Acordo de empresa - convenção celebrada entre associação sindical
e um empregador para uma empresa ou estabelecimento.
❖ Acordo de adesão;
❖ Decisão arbitral em processo de arbitragem voluntária.
• Os Instrumentos de Regulamentação Colectiva de trabalho não Negociais:
❖ Portaria de extensão;
❖ Portaria de condições de trabalho;
❖ Decisão arbitral em processo de arbitragem obrigatória ou necessária.
QUESTÃO:
RESPOSTA:
Neste caso, uma vez que se trata de uma matéria elencada no n.º 3 do art. 3.º do Código
de Trabalho, mais concretamente na alínea h) deste preceito, a norma do Código de
Trabalho que estabelece um período mínimo de 22 dias úteis de férias (cfr. art. 238.º, n.º
1) é imperativa, apenas podendo ser afastada por uma norma mais benéfica ao trabalhador.
Pelo contrário, se o IRCT aumentasse o período de férias para 30 dias, essa norma
prevaleceria relativamente ao artigo 238.º do Código de Trabalho.
19
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Este é, assim, um direito/dever que assume uma dupla função: dotar as empresas de
recursos humanos mais qualificados, aumentando assim a competitividade das
empresas e aumentar as qualificações e competências dos trabalhadores, preparando-
os para assumir novas funções e abraçar novos desafios.
De facto, já desde 2006 era obrigatório, de acordo com o Código de Trabalho de 2003
proporcionar 35 horas de formação anual a todos os trabalhadores. Todavia, a redação
da lei não fazia qualquer referência aos contratos a termo nem aos contratos de
duração inferior a 1 ano, pelo que era entendimento pacifico que esses não teriam
direito a formação profissional.
20
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ora, esse foi um dos importantes esclarecimentos do Código de 2009 – a referencia aos
contratos a termo e aos contratos com duração inferior a 1 ano (cfr. art. 131., n.º 2
CT) – tendo no passado mês de outubro sido completada com o aumento do período
mínimo de formação anual para 40 horas anuais de formação profissional ou ao numero
de horas proporcionais caso o seu vínculo laboral tenha uma duração igual ou superior
a 3 meses.
Exemplo:
O legislador, percebendo com é difícil cumprir com as 40 horas anuais mitigou tal
imposição estabelecendo que seriam consideradas para o efeito as horas de dispensa
de trabalho para frequência de aulas e de faltas para prestação de provas de avaliação,
ao abrigo do estatuto do trabalhador-estudante, bem como as ausências a que haja
lugar no âmbito do processo de reconhecimento, validação e certificação de
competências (cfr. art. 131.º, n.º 4).
21
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por outro lado o Código prevê a possibilidade do empregador gerir estas horas de
formação numa janela temporal de 3 anos, admitindo no art. 131.º, n.ºs 6 e 7, a sua
antecipação até dois anos ou, desde que o plano de formação o preveja, o seu
diferimento por igual período, podendo a antecipação ser de 5 anos no caso de
frequência de processo de reconhecimento, validação e certificação de competências,
ou de formação que confira dupla certificação.
• Quadro de pessoal;
• Comunicação trimestral de celebração e cessação de contratos de trabalho a
termo;
• Relação semestral dos trabalhadores que prestaram trabalho suplementar;
• Relatório da formação profissional contínua;
• Relatório da actividade anual dos serviços de segurança e saúde no trabalho;
• Greves;
• Balanço Social, como resultado da informação constante dos itens descritos
acima desde que os mesmos tenham sido entregues;
• Informação anual inclui ainda informação sobre os prestadores de serviço.
Diga-se ainda que o direito à formação profissional está sujeito a prazo prescricional,
ao contrário do que sucedia no anterior regime. Assim resulta do n.º 8 do art. 131.º
que as 40 horas de formação profissional que não sejam asseguradas pelo empregador
22
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
até ao termo dos dois anos posteriores ao seu vencimento, transformam-se em crédito
de horas em igual número para formação por iniciativa do trabalhador.
23
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo:
Assim, não obstante o direito às horas de formação se vença anualmente, poderá ser
ministrado ou utilizado o crédito para auto-formação até 2 anos porquanto o art. 132.º,
n.º 6 CT o permite, podendo ainda ser solicitado até 3 anos após a sua cessação.
Se fizermos esse raciocínio nos últimos 5 anos de um contrato que cessa, numa empresa
que não proporcionou horas de formação e cujo trabalhador não utilizou crédito de
horas, chegamos a um resultado de 5 * Horas de formação anual, a pagar juntamente
com as contas finais.
Se quisermos ser mais rigorosos falamos de 2* Horas de formação e 3 * crédito de horas,
conforme infra se poderá compreender melhor.
24
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
É, pois, importante analisar aqui o regime das faltas – ausência do trabalhador do local
em que devia desempenhar a atividade durante o período normal de trabalho diário
(cfr. art. 248.º, n.º 1 CT).
O regime das faltas teve, recentemente, uma alteração introduzida pela Lei n.º
90/2019, de 04 de Setembro, responsável pela introdução da alínea f) - A motivada
pelo acompanhamento de grávida que se desloque a unidade hospitalar localizada fora
da ilha de residência para realização de parto – ao elenco de faltas do art. 249.º, n.º 2
CT.
É, pois, importante esclarecer que as faltas podem ser justificadas (as que se
encontrando no elenco de faltas do art. 249.º, n.º 2, sejam comunicadas e justificadas)
ou injustificadas. Por outro lado, frequentemente se pensa que as faltas justificadas
são sempre remuneradas, o que não é correto, pois as faltas justificadas podem ser:
- não remuneradas.
Antes de analisarmos as consequências das faltas olhemos então para o regime das
faltas, previsto nos artigos 248.º e seguintes do CT e complementado pelo IRCT que,
nesta matéria, tem sempre uma grande importância.
25
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Relacionar com a
Faltas
previsão do IRCT
sobre esta
matéria
Justificadas Injustificadas
As faltas, para serem justificadas devem, em primeiro lugar, ser comunicadas com 5
dias de antecedência – quando previsíveis – ou, logo que possível, quando imprevisíveis.
O segundo requisito é que estejam previstas no CT (art. 248.º, n.º 2) ou em IRCT se for
aplicável e, por último, deverão ser justificadas mediante documento idóneo.
Caso, pelo contrário, as faltas não forem comunicadas, não estiverem previstas ou não
forem justificadas (requisitos cumulativos) não são consideradas justificadas.
No que respeita à comunicação, a lei apenas estabelece que a mesma deve ser feita
com 5 dias de antecedência, quando as faltas forem previsíveis ou, logo que possível,
quando a falta for imprevisível. Todavia, a expressão “logo que possível” não é
completamente esclarecedora na medida em que não é suficientemente clara quanto
ao momento exacto em que tal comunicação deve ser feita, partindo-se do pressuposto
que deverá ser no momento em que o trabalhador toma consciência de que não pode
ir trabalhar ou quando reúne condições para o fazer, mas tal dependerá,
naturalmente, de cada caso concreto e do bom senso de cada trabalhador. É, pois, por
isso que esta é uma das matérias que carece de esclarecimento em sede de IRCT ou
mesmo em Regulamento Interno da Empresa, no qual se poderá definir um período
temporalmente limitado.
26
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
15 dias, na medida em que refere que, caso a prova não seja feita pelo trabalhador,
poderá o empregador, nos 15 dias seguintes à comunicação da ausência, exigir ao
trabalhador prova do facto invocado para a justificação, a prestar em prazo
razoável (cfr. Art. 254.º, n.º 1).
As faltas injustificadas, ou seja, todas aquelas que não cumpram com os requisitos
supra enunciados, consubstanciam uma violação do dever de assiduidade e
determinam a perda da retribuição correspondente ao período de ausência, o qual não
é contabilizado na antiguidade do trabalhador.
Há, no entanto, faltas injustificadas que têm consequências mais gravosas, como
sucede com as faltas injustificadas antes ou depois de um dia de descanso ou feriado,
porquanto estas, além de constituírem a violação do dever de assiduidade, implicam
a perda de retribuição relativa ao dia da falta e também ao feriado ou dia de descanso
que lhe antecederam ou sucederam. Assim, um trabalhador que falte
injustificadamente numa segunda-feira perde a remuneração de três dias (sábado,
domingo e segunda-feira).
Ainda no regime das faltas, importa aqui referir a consequência legal para os atrasos
injustificados, na medida em que o Código do Trabalho permite ao empregador não
aceitar o trabalho – o que significa não aceitar a prestação do seu trabalho nesse dia
27
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nota-se ainda que, embora as faltas não tenham qualquer efeito no direito a férias,
porquanto este não está condicionado à assiduidade ou efetividade de serviço, a perda
da retribuição por motivo de falta pode ser substituída pela renúncia a dias de férias
em igual número, desde que não ponha em causa um período mínimo de 20 dias de
férias ou pela prestação de trabalho em acréscimo ao período normal, dentro dos
limites previstos no código do trabalho quando o instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho o permita.
As faltas por altura do casamento são consideradas justificadas e não afetam qualquer
direito do trabalhador, sendo remuneradas pelo empregador. Uma vez que se trata de
faltas previsíveis, terão que ser comunicadas com 5 dias de antecedência, devendo ser
justificadas nos 15 dias seguintes.
28
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A lei refere 15 dias seguidos e não úteis (como fazia até ao Código de 2009), o que
significa que, a partir do momento em que o trabalhador começa a faltar, contam-se
os 15 dias de forma seguida e não interpolada, ou seja, são contabilizados os dias de
descanso.
De uma forma geral também se discute quando inicia a contagem destes dias, já que
a lei refere apenas por altura do casamento. Em redação mais antiga previa
inclusivamente a possibilidade expressa de antecipar o gozo da licença desde que
incluísse o dia do casamento.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador. Todavia, sendo faltas
imprevisíveis apenas poderão ser comunicadas logo que possível.
O regime do casamento foi alterado em 2008, pela Lei n.º 61/2008, de 31 de outubro,
prevendo-se agora que a afinidade se determina pelos mesmos graus e linhas que
definem o parentesco e não cessa pela dissolução do casamento por morte.
Logo, a afinidade cessa pelo divórcio, pelo que nos casamentos dissolvidos após o dia
1 de dezembro terminam os laços de afinidade a partir do divórcio, deixando assim de
existir afinidade com os sogros e cunhados do primeiro casamento.
Uma questão que se coloca aqui é saber a partir de quando começa a contar este
período, tendo sido interpretação unânime até à Nota Técnica n.º 7 do ACT – que se
29
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
anexa para analise - que os dias de faltas começam a contar da data do falecimento
ou da data em que o trabalhador tem conhecimento desse facto e o comunica ao
empregador. Todavia, se o trabalhador tem conhecimento do falecimento de uma
dessas pessoas num dia em que esteve a trabalhar, não poderá ser marcada uma falta,
uma vez que o trabalhador esteve ao serviço, razão pela qual apenas fará sentido que
tal período comece a contar no dia imediatamente seguinte.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador, sendo, em regra, faltas
previsíveis pelo que devem ser comunicadas com uma antecedência mínima de 5 dias.
O trabalhador deve entregar documento que comprove que esteve presente no exame,
sendo a véspera e o dia do exame justificados e remunerados pela entidade
empregadora.
Esta alínea concentra aqui diferentes tipos de faltas que embora tenham em comum o
facto de serem imprevisíveis, devendo por esse motivo, ser comunicadas logo que
possível, o que significa que logo que o trabalhador tem conhecimento que não poderá
ir trabalhar por este motivo, deverá comunicar ao empregador, nem todas são
remuneradas pelo empregador.
30
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Já no caso das faltas por doença a Segurança Social assume a sua compensação
mediante a atribuição de um subsídio por doença.
No caso das faltas por acidente de trabalho, será a seguradora a pagar o subsídio ao
trabalhador.
Tratando-se de baixa por doença, as prestações terão, contudo, que ser requeridas
pelo trabalhador directamente à Segurança social, apenas quando não tenha direito a
tais prestações por parte do empregador.
31
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O regime jurídico destes dois tipos de faltas é distinto: enquanto as faltas motivadas
pela prestação de assistência inadiável e imprescindível a filho ou neto são
compensadas pela SS com um subsidio no montante de 100% e 65% da sua remuneração
de referência respectivamente, as faltas por assistência a membro do agregado
familiar de trabalhador – cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou economia
comum com o trabalhador, parente ou afim na linha recta ascendente ou no 2.º grau
da linha colateral – não conferem direito a qualquer subsídio por parte da segurança
social ou do empregador, sendo apenas faltas justificadas mas não remuneradas.
30 dias por ano para prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de doença
ou acidente, a filho menor de 12 anos ou, independentemente da idade, a filho com
deficiência ou doença crónica;
15 dias por ano, para prestar assistência inadiável e imprescindível a filho maior de 12
anos que, no caso de ser maior, faça parte do agregado familiar do trabalhador.
Por cada filho menor além do primeiro, acresce um dia a este período.
Estes períodos podem ser maiores se o filho se encontrar internado, sendo que, neste
caso, o trabalhador poderá faltar durante todo o tempo que durar o internamento.
De que o outro progenitor tem actividade profissional e não falta pelo mesmo motivo
ou está impossibilitado de prestar a assistência;
Idêntico direito é conferido aos avós, por ocasião do nascimento de neto que viva
consigo em comunhão de mesa e habitação e seja filho de um filho adolescente com
32
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
idade inferior a 16 anos. Este avô ou avó terá direito a 30 dias por ocasião do
nascimento do neto, nos termos do art. 50.º do CT, tendo direito a um subsídio pago
pela SS no valor de 100% da remuneração de referência do trabalhador (apenas um dos
avos pode requerer o subsídio).
O trabalhador tem direito a faltar até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável
e imprescindível a membro de agregado familiar, ou, no caso de cônjuge ou pessoa
que viva em união de facto com o trabalhador que seja portador de deficiência ou
doença crónica, até 30 dias por ano. O trabalhador pode ainda faltar para assistência
a parente ou afim na linha reta ascendente – pais, sogros ou avós – não sendo exigível
a pertença ao mesmo agregado familiar.
33
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ou seja, sempre que seja necessário acompanhar uma gravida a uma unidade
hospitalar localizada fora da ilha de residência para a realização do parto, tem o
referido acompanhante – a Lei não faz qualquer referência ao grau de parentesco ou
afinidade que deve existir entre ambos – tem o referido trabalhador direito a que as
suas faltas sejam justificadas e remuneradas pela entidade empregadora.
O trabalhador poderá faltar até 4 horas por trimestre por cada filho menor, sem que
isso signifique apenas uma deslocação, para se inteirar de assuntos relacionados com
a educação do seu filho.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador e sempre que previsíveis
deverão ser comunicadas com 5 dias de antecedência, devendo posteriormente ser
justificadas.
Sempre que os trabalhadores faltem por este motivo deverão informar o empregador
por escrito com dois das de antecedência, salvo motivo atendível.
34
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Estas faltas são justificadas e remuneradas pelo empregador dentro do limite de horas
deste crédito, sempre que ultrapassem este limite serão apenas justificadas, não
conferindo direito a qualquer remuneração.
Estas faltas são justificadas e remuneradas pela entidade empregadora, devendo ser
comunicadas ao empregador com uma antecedência mínima de 48h.
Estas faltas, apesar de justificadas, determinam a perda de retribuição (cfr. Art. 255.º,
n.º 2, e)) sendo assim possível utilizar esta alínea para justificar as faltas que não se
enquadrem nas outras alíneas do art. 249.º, n.º 2 CT, no entanto a justificação da falta
depende sempre da decisão, discricionária e casuística, do empregador.
35
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Estes são apenas exemplos de diplomas que, para além do Código do Trabalho,
estabelecem outros motivos para justificação de faltas. Por norma, estas faltas não
têm qualquer efeito nos direitos dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita à
36
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
remuneração, mas o diploma que considerar a falta como justificada devera definir o
seu regime de remuneração. No entanto, nos termos da alínea d) do n.º 2 do artigo
255.º do CT, a partir da 31.ª falta justificada previstas em diplomas avulsos o
trabalhador já não será remunerado.
Sem prejuízo dos diferentes casos de direito a férias– que veremos de seguida – podem
ser enunciados alguns princípios essenciais do regime de férias embora, esses princípios
possam sofrer algumas excepções.
37
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
internacionais (cfr. Art. 24.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, al. d) do
art. 7.º do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais, n.º 3
do art. 2.º da Carta Europeia e Convenção da OIT n.º 132 de 1970).
A importância das férias para a recuperação física e psíquica do trabalhador está ainda
patente na classificação das férias como um direito irrenunciável e insubstituível, não
podendo o seu gozo ser substituído por qualquer compensação económica ou outra,
mesmo com o acordo do trabalhador (cfr. Art. 237.º, n.º 3 CT), apenas sendo legítimo
ao trabalhador abdicar do gozo dos dias de férias que lhe garantam o gozo de 20 dias
úteis anuais (cfr. Arts. 237.º, n.º 3 e 238.º, n.º 5 CT).
Para João Leal Amado, o direito a féria não integra quatro sub-direitos mas apenas
três na medida em que o direito de aquisição e da consolidação têm entre si, um nexo
5 In NUNES, CLÁUDIA SOFIA HENRIQUES, O contrato de trabalho em funções públicas – face à Lei Geral do
38
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por último, o direito ao gozo de férias – 4.º sub-direito – ocorre, em regra, no ano em
que estas se vencem, sendo que excepcionalmente podem transitar para o ano
imediatamente seguinte (cfr. Art. 240.º, n.º 1).
7
AMADO, JOÃO LEAL, Contrato de Trabalho, 2.ª Edição, Wolters Kluwer Portugal – Coimbra Editora, Coimbra,
Janeiro 2010, p. 292.
39
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Atendendo a que esta é, porventura, uma das questões que mais problemas de
compreensão tem suscitado no domínio do Direito do Trabalho iremos agora analisar
cada um destes regimes.
O direito a férias dos trabalhadores cujo contrato já dure há mais de 12 meses vence-
se sempre no dia 1 de Janeiro e reporta-se ao trabalho prestado no ano civil anterior
(cfr. Art. 237.º, n.ºs 1 e 2) CT).
Todavia, importa aqui realçar que é requisito do vencimento deste direito a férias que
os trabalhadores se encontrem ao serviço no dia 1 de Janeiro do ano civil seguinte
àquele a que se reportam as férias – ou melhor, que o trabalhador não se encontre
com o contrato suspenso nesta altura.
40
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O regime de férias que menos dificuldades oferece é o que respeita aos trabalhadores
cujo vínculo contratual tenha uma duração inferior a seis meses (cfr. Art. 239.º, n.º 4
CT).
Estes trabalhadores têm direito a 2 dias úteis de férias por cada mês completo de
duração do contrato, contando-se para o efeito todos os dias seguidos ou interpolados
de prestação de trabalho, devendo as ferias ser gozadas no momento imediatamente
anterior ao da cessação, salvo acordo das partes.
Esta “aparente duplicação” das ferias, foi em tempos, das soluções legislativas que
mais injustiça criou sendo que, nas palavras de Bernardo da Gama Lobo Xavier era uma
solução que não era nem razoável nem justa8 o que fez com que o Código de trabalho
consagrasse algumas normas para evitar essas injustiças.
a) Limite da aquisição dos dias de férias no ano da contratação
41
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No ano da admissão, o trabalhador tem direito a gozar as férias após seis meses
completos de execução do contrato.
Por forma a evitar um tratamento mais favorável aos trabalhadores recém contratados
o Código do Trabalho apesar de prever que as ferias adquiridas no ano da contratação
possam ser acumuladas com as ferias vencidas no ano civil seguinte, estabelece que
da acumulação das férias adquiridas no ano da contratação com as vencidas no dia 1
de Janeiro do ano seguinte, não pode resultar o gozo de um período superior a 30 dias
úteis, sem prejuízo do disposto em IRCT (cfr. 239.º, n.º 3).
Somos da opinião que, o trabalhador apesar de não poder gozar mais do que 30 dias
de férias não perde os dias que excedam este período, tendo direito ao pagamento dos
dias de férias que excedessem o período de 30 dias no ano seguinte ao da contratação,
42
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ou ao seu gozo no ano civil seguinte, cumulativamente com as férias vencidas nesse
ano. No mesmo sentido, veja-se David Falcão e Sérgio Tenreiro Tomás9.
Se não existisse esta regra do artigo 245.º, n.º 3 do CT, alcançaríamos uma situação
profundamente injusta pois estando em causa um contrato de apenas 8 meses (de 1 de
agosto de 2018 a 1 de abril de 2019) o trabalhador, aplicando a regra das ferias no ano
da celebração do contrato adquiriria 10 dias ate ao final do ano (5 meses completos
de execução do contrato) a estes somar-se-iam 22 dias no dia 1 de janeiro (de acordo
com a regra de que as ferias se vencem a 1 de janeiro) e pela aplicação do regime de
ferias no ano da cessação (ferias proporcionais a duração do contrato no ano de
cessação) o trabalhador ainda teria direito a mais 5 meses). Ou seja, para um contrato
de apenas 8 meses o trabalhador adquiria 37 dias uteis de ferias.
43
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Foi para fazer face uma situação que, como esta, geraria uma enorme injustiça e
desigualdade que o legislador estabeleceu a regra da proporcionalidade no art. 245.º,
n.º 3 do Código do Trabalho.
Estas novas redações mitigaram esta “injustiça” mas só se verifica nos casos em que o
Exemplo:
No dia 1 de janeiro de 2021 não se vencem logo 22 dias uteis de ferias, porquanto
se o contrato terminar em 2021 – ano civil seguinte ao da admissão – ou tiver uma
duração inferior a 12 meses, aplica-se a regra do art. 245.º, n.º 3 CT e o
trabalhador só tem direito ao período de ferias proporcional ao período de duração
do contrato.
- 22 dias em 2021;
Ou seja, no total, o trabalhador teve direito a 86 dias uteis de ferias durante todo
o contrato.
contrato venha a cessar até final do ano subsequente. Caso contrário, o 1º ano civil de
contrato gera potencialmente um direito duplo de férias e subsídio de férias para o
trabalhador e desses mesmos custos para a empresa.
44
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A complexidade do regime não termina aqui, resultando ainda do art. 239.º, n.º 6 do
CT que no ano de cessação de impedimento prolongado iniciado em ano anterior, o
trabalhador tem direito a férias nos seguintes termos: 2 dias úteis por cada mês
completo de duração do contrato, até 20 dias, os quais se vencem após seis meses
completos de execução do contrato.
45
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
no ano da cessação (cfr. art. 245.º do CT), bem como os valores correspondentes a
férias vencidas e não gozadas (férias vencidas no dia 1 de Janeiro mas que o
46
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso a cessação do contrato esteja sujeita a aviso prévio, o gozo do período de férias
pode ser antecipado, sendo que, nessa eventualidade, o valor destas não será pago a
título de compensação, uma vez que as mesmas foram gozadas antes da cessação do
contrato (cfr. Art. 243.º, n.º 3 do CT). Convém, porém, esclarecer que a opção pelo
gozo das férias em substituição do seu pagamento apenas pode suceder com as férias
já vencidas e não com aquelas que apesar de adquiridas ainda não são suscetíveis de
serem exercitáveis.
As empresas ligadas ao turismo têm um regime especial que permite aos empregadores
marcar apenas 25% do período de férias dos trabalhadores entre 1 de maio e 31 de
Outubro, podendo os restantes 75% ser marcados em qualquer altura do ano (cfr. Art.
241.º, n.º 3 CT).
47
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As férias, depois de marcadas, devem constar do mapa de férias, o qual deve ser
elaborado até dia 15 de Abril e manter-se afixado desde esta data até ao dia 31 de
Outubro, devendo ainda encontrar-se registadas todas as alterações que o período de
férias inicialmente marcado venha a sofrer.
O período de férias uma vez marcado, poderá sofrer alterações por dois motivos: por
motivos relativos ao empregador ou ao trabalhador (cfr. Arts. 243.º e 244.º CT).
48
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Note-se que o espírito punitivo deste preceito é de tal forma que quando o empregador
altera o período de férias do trabalhador este adquire o direito a gozar metade do seu
período de férias de forma seguida, o que, na prática, nunca é inferior a 11 dias. Ora,
se no momento em que as suas férias são interrompidas, o trabalhador já tiver gozado
mais de 11 dias de férias, sem no entanto ter gozado um período mínimo de 10 dias
úteis consecutivos, o empregador fica obrigado a permitir ao trabalhador o gozo, já
não de 10 dias consecutivos de férias, mas sim de metade do seu período de férias o
que, considerando os dias que ainda lhe restem para gozar, pode implicar a atribuição
de mais dias de férias ao trabalhador por forma a que este possa gozar metade do
período de férias a que tem direito.
As férias podem também ser alteradas por motivo relacionado com o trabalhador,
nomeadamente por doença ou por outro facto que não lhe seja imputável, desde que
haja comunicação do mesmo ao empregador.
Alterado o período de férias por motivo não imputável ao trabalhador – e desde que
tal seja comunicado, sob pena de não se verificar a interrupção do período de férias –
o trabalhador tem o direito, após o termo do impedimento, de remarcar os dias de
férias que deixou de gozar.
49
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O empregador que pretenda marcar unilateralmente estes dias como férias dos seus
trabalhadores, apenas está obrigado a dar conhecimento de tal facto aos trabalhadores
abrangidos, até ao dia 15 de dezembro do ano anterior.
10
AMADO, JOÃO LEAL, ob. cit., p. 290.
50
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Subsiste porém a dúvida quanto ao valor exacto que deve ser pago neste período, não
existindo consenso relativamente à questão de saber se os suplementos remuneratórios
devem integrar este pagamento ou não.
Da análise da jurisprudência sobre este tema não podemos retirar uma conclusão
única.
11
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/12a2f18f6bfff0338025758b0050365c?OpenDocument
12
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/747c6a16cc26a029802577fc0039b093?Open
Document
51
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por outro lado, retiramos do Acórdão da Relação de Lisboa proferido no Processo n.º
13
1881/07.9TTLSB.L1-4 um importante contributo para esta querela que consiste no
reconhecimento de vários sentidos ao conceito de retribuição: remuneração em
sentido amplo, que abrange as diversas prestações remuneratórias de que o
trabalhador beneficia, e retribuição em sentido estrito ou técnico-jurídico, a qual
abrange o conjunto de valores pecuniários ou não que, nos termos do contrato,
das normas que o regem ou dos usos, o empregador está obrigado a pagar, regular
e periodicamente, ao trabalhador como contrapartida do seu trabalho. As
prestações regulares e periódicas pagas pelo empregador ao trabalhador,
independentemente da designação que lhes seja atribuída no contrato ou no recibo,
em princípio, só não serão consideradas parte integrante da retribuição se tiverem
uma causa específica e individualizável, diversa da remuneração do trabalho.
13
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/963004603d1d77ba802576b7003bf220?OpenDocument
14
Este Acórdão pronuncia-se relativamente ao subsídio de disponibilidade pago pela TAP aos técnicos de
manutenção de aeronaves que estão de “prevenção” não tem natureza retributiva, no sentido de que
tal tão integra a remuneração, uma vez que a justificação objectiva desta prestação não é a actividade prestada,
mas a especial penosidade que decorre do facto do trabalhador estar disponível para interromper o gozo do seu
direito ao descanso e ir trabalhar, ou seja, o custo superior que tem para este o facto de lhe poder ser exigida a
interrupção do seu período de descanso para ir trabalhar. Embora nas situações de trabalho nocturno habitual
faça sentido qualificar o acréscimo remuneratório como retribuição, por se tratar de uma contrapartida regular e
periódica do modo habitual de execução do trabalho, o acréscimo remuneratório de 100% que a TAP paga
aos técnicos de manutenção de aeronaves que prestem mais de 30 horas nocturnas de trabalho, não
pode ser considerado parte integrante da retribuição, pois além de ter carácter ocasional, visa
compensar a maior penosidade, o maior risco para a saúde que resulta do trabalho prestado durante
um número tão elevado de horas nocturnas. O mesmo sucede em relação ao acréscimo remuneratório
52
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Estes são, em suma, os requisitos constantes do art. 46.º Código dos Regimes
Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança Social, para a caracterização das
prestações que integram a base de incidência contributiva.
por “horas extra”. Além de ter uma causa específica e individualizável diversa da retribuição do
trabalho, trata-se de uma prestação variável que foi sempre inconstante e muito irregular.
15
https://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31923&idc=588&idsc=83058&ida=108137
53
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Sempre que se coloca a questão de saber que prestações integram a retribuição das
férias e do subsídio de férias, antes de recorrer à análise doutrinal e jurisprudencial
sobre a questão, é essencial analisar o respectivo IRCT, se o houver, porquanto nesta
matéria, estes instrumentos têm especial capacidade reguladora, desde que
estabeleçam um regime mais vantajoso para o trabalhador.
De referir ainda que a redução do período de férias em nada interfere com o direito
ao respectivo subsídio correspondente à duração mínima das férias, pelo que, na
eventualidade de o trabalhador substituir faltas injustificadas por dias de férias terá
sempre direito ao subsídio de férias na íntegra (cfr. Art. 257.º, n.º 2 CT).
Uma questão que se tem colocado amiúde tem sido a de saber a quem compete pagar
o subsídio de férias respeitante aos meses em que o trabalhador esteve de baixa. Ora,
durante estes meses, o trabalhador recebe um subsídio de doença e terá ainda direito
a uma prestação compensatória a título de subsídio de férias e de subsídio de natal.
54
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim, se o trabalhador estiver ao serviço nesta data vencem-se os 22 dias úteis das
férias tendo o trabalhador direito à sua retribuição e ao respectivo subsídio – ambos a
cargo da entidade empregadora.
Pelo contrário, se o trabalhador não se encontrar ao serviço nessa data, não se vence
o período de férias, sendo que, neste caso, terão as mesmas que ser compensadas pela
Segurança Social, devendo o trabalhador fazer requerimento relativamente a tal
pretensão.
55
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo:
Em 1/1/2021, o contrato de trabalho está suspenso, pelo que o direito a férias vai
corresponder a 2 dias úteis por cada mês completo a partir de 1/1/2021. No caso irá
ter direito a 12 dias úteis em 2021.
Nos casos em que o subsídio de férias não é pago devido a suspensão de contrato por
doença, deve o mesmo ser requerido pelo trabalhador à SS no prazo de 6 meses a partir
de 1 de janeiro do ano seguinte àquele em que o subsídio de férias era devido ou da
data de fim de contrato se este tiver cessado.
8. FERIADOS E “PONTES”
56
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Além dos feriados obrigatórios, o art. 235.º admite a possibilidade de poderem ser
observados a título de feriado, mediante IRCT ou contrato de trabalho, a terça-feira
de Carnaval e o feriado municipal da localidade.
- a injustificação das faltas neste dia que terá como consequência a perda de
remuneração no dia feriado, no dia de falta e nos dias de descanso que a antecedem
ou lhe sucedem. Assim, o artigo 256.º (“Efeitos de falta injustificada”) considera
injustificadas as faltas dadas em um ou meio período normal de trabalho diário,
imediatamente anterior ou posterior a dia ou meio dia de descanso ou a feriado.
Exemplo:
Madalena falta injustificadamente na sexta feira, dia 26 de abril. Uma vez que não
tem justificação para a sua falta, e na quinta feira foi feriado, Madalena terá uma
falta injustificada na sexta-feira, sendo que perderá a remuneração dos seguintes
dias:
- 27 de abril – sábado;
- 28 de abril – domingo.
57
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
58
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Logo, a menos que haja disposição legal, convencional ou contratual que disponha em
contrário, o cálculo da prestação complementar ou acessória é constituída pela
retribuição base e diuturnidades.
Não existindo no código de trabalho uma definição clara de como se deverá calcular a
proporcionalidade nos casos referidos acima, propomos que se faça mediante a
contagem de dias e a confrontação com essa proporção face ao ano comercial =
Xdias/360. No entanto, também não estará errado se fizer o cálculo sobre o ano civil,
ou seja, X dias/365.
O subsidio de natal é da responsabilidade da entidade patronal, todavia, quando o
contrato se encontra suspenso por mais de um mês por motivo de doença, acidente ou
facto decorrente da aplicação da lei militar, nos termos do art. 296.º CT, a
responsabilidade de pagar o subsidio de natal relativamente a este período de
suspensão transfere-se para a segurança social ou seguradora.
No caso da segurança social tem o trabalhador que requerer o seu pagamento à
Segurança Social através de formulário próprio onde a entidade empregadora atesta o
valor que deixou de pagar bem como o período/s a que refere a suspensão.
O requerimento tem de ser submetido à SS no prazo de 6 meses a partir de 1 de janeiro
do ano seguinte àquele em que o subsídio de natal era devido ou da data de fim de
contrato se este tiver cessado.
Caso, no entanto, a suspensão seja devida a acidente de trabalho – a referência feita
a acidente é acidente de trabalho – não será necessário requerer o pagamento da parte
do subsídio de natal correspondente à ausência, porquanto a seguradora incluirá nos
pagamentos o valor correspondente ao subsidio de natal.
59
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
10.1.1.Trabalho suplementar
Para António Nunes de Carvalho, este regime estabelecia os limites mínimos e máximos
do valor do trabalho suplementar17, tendo terminado tal obrigatoriedade em 31 de
60
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Dezembro de 2014, altura a partir da qual se não fosse negociado novo IRCT os valores
constantes nos IRCTs antigos seriam reduzidos para metade, desde que não fossem
inferiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho (cfr. art. 7.º, n.º 5).
61
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
E alem do caso do trabalho suplementar, que já vimos anteriormente, isso sucede com
o regime da isenção de horário de trabalho. Este regime não pode, no entanto, ser
visto como uma “fuga ao pagamento do trabalho suplementar”, na medida em que o
legislador tipifica os casos e os trabalhadores que podem estar sujeitos a este regime.
Assim, apenas podem ser celebrados acordos de isenção de horário de trabalho nos
seguintes casos (cfr. Art. 218.º, n.º 1):
• Exercício de cargos de administração ou direcção, ou de funções de confiança,
fiscalização ou apoio a titular desses cargos;
• Execução de trabalhos preparatórios ou complementares que, pela sua
natureza, só possam ser efectuados fora dos limites do horário de trabalho;
• Teletrabalho e outros casos de exercício regular de actividade fora do
estabelecimento, sem controlo imediato por superior hierárquico.
A isenção do horário de trabalho pode revestir uma das seguintes três modalidades:
• A modalidade-regra, que consiste na não sujeição do trabalhador aos limites
máximos do período normal de trabalho;
• A possibilidade de o trabalhador prestar mais algumas horas do que aquelas que
resultam do período normal de trabalho;
18
P. 37, Carvalho, António Nunes de, in Revista de Direito e Estudos Sociais, Número
Especial sobre a Revisão do Código de Trabalho, Ano LIII, n.ºs 1 e 2, Coimbra, Almedina
62
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso o IRCT não fixe um subsídio específico para a Isenção de Horário de Trabalho,
terá o trabalhador tem direito, de acordo com o art. 265.º CT a uma retribuição não
inferior a uma hora de trabalho suplementar por dia ou a duas horas de trabalho
suplementar por semana quando o regime de isenção de horário preveja a observância
do período normal de trabalho.
Uma nota importante sobre este regime consiste no facto de os trabalhadores sujeitos
a este regime estarem, à semelhança dos restantes trabalhadores, obrigados a registar
os seus tempos de trabalho (cfr. Art. 202.º, n.º 1).
63
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Importa, antes de mais, clarificar que, sem prejuízo de norma mais favorável ao
trabalhador prevista em IRCT, nos termos do artigo 223.º do CT considera-se trabalho
nocturno, todo o que for realizado entre as 22 horas de um dia e as 7 horas do dia
seguinte, podendo este período, por determinação de IRCT situar-se entre as 0 e as 5
horas.
Considera-se trabalhador nocturno aquele que preste pelo menos 3 horas de trabalho
durante o período nocturno ou que efetue durante esse período parte do seu tempo
de trabalho anual correspondente a 3 hora por dia ou outra definida em IRCT.
64
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Atividade que, pela sua natureza ou por força da lei, deva funcionar à
disposição do público durante o período nocturno, designadamente
empreendimento turístico, estabelecimento de restauração ou de bebidas, ou
farmácia, em período de abertura;
• Sempre que a retribuição seja estabelecida atendendo à circunstância de o
trabalho dever ser prestado em período nocturno.
Uma última nota sobre este regime para referir que a lei dispensa determinadas
categorias de trabalhadores da prestação do seu trabalho no período nocturno, como
sucede com os trabalhadores-estudantes, as trabalhadoras grávidas, puérperas ou
lactantes, os trabalhadores menores e os trabalhadores portadores de deficiência ou
doença crónica.
O código de IRS ajuda a definir o que são rendimentos de trabalho dependente e dentro
destes quais os que são sujeitos, parcialmente sujeitos, não sujeitos ou isentos.
Faz uma ressalva importante de que os rendimentos são sujeitos a tributação, quer
sejam lícitos ou ilícitos e independentemente do seu pagamento ser feito em dinheiro
ou em espécie.
65
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
1 - O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) incide sobre o valor anual
dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando provenientes de atos ilícitos,
depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:
(…)
(...)
Os artigos supra referidos discriminam as rubricas que são consideradas rendimentos
de categoria A.
66
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Também o artigo 2.º identifica tipos de rendimentos menos comuns como sejam:
• Importâncias pagas com seguros e operações do ramo vida, fundos de pensões de
reforma, que constituam direitos adquiridos e individualizados, ou não o sendo, possam
ser resgatados, adiantados, remidos antes da idade legal de acesso à reforma
• Subsídios de residência ou utilização de casa de habitação fornecida pela entidade
patronal;
• Empréstimos sem juros ou a taxa de juros inferiores à de referência (exceção dos
empréstimos à habitação praticados pelos bancos aos seus empregados)
• Importâncias pagas com viagens e estadas, de turismo e similares, não relacionadas
com as funções do trabalhador
• Ganhos derivados de planos de opções sejam de subscrição ou atribuição, na parte que
este constitua remuneração (as “stock options” são as situações mais comuns com
atribuição de ações a título gratuito ou com preço fixo e quando este seja inferior ao
valor de transação)
• Os resultantes de utilização pessoal pelo trabalhador ou MOE, de viatura automóvel
que gere encargos para a entidade patronal quando existir acordo escrito sobre a
imputação àquele da referida viatura
• Os resultantes da aquisição pelo trabalhador ou MOE por preço inferior ao valor de
mercado, de qualquer viatura que tenha originado encargos para a entidade patronal
67
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Relativamente às duas últimas referências, de acordo com o artº 2-A da Lei nº82-
E/2014 de 31 de dezembro ambas passaram a ter de considerar o valor de mercado
para cálculo do rendimento a tributar no lugar do preço de aquisição.
O código de IRS também define o que não são rendimentos de trabalho dependente,
no artigo 2-A.
De acordo com o artigo 24, os rendimentos em espécie mais comuns são os seguintes:
• Géneros
• Utilização de habitação
• Empréstimos com taxas de juros mais favoráveis
• Uso de viatura automóvel
• Aquisição de viatura da empresa abaixo do preço de mercado
68
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
69
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Tabelas em vigor
As tabelas de 2020 para Continente, Açores e Madeira forma publicadas nos seguintes
documentos:
Podem ser encontradas versões em formato de folha de cálculo no portal das finanças
através do endereço abaixo:
http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/tabela_ret_doclib/Pages
/default.aspx
70
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
71
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No final de cada ano, a empresa entrega ainda ao trabalhador uma declaração onde
resume todos os rendimentos pagos e postos à disposição, retenções de IRS e descontos
para a Segurança social e sindicatos.
Estas obrigações estão vertidas no artº 119 do Código de IRS. No caso da DMR foi
acrescentada a obrigação com a Lei que aprovou o OE para 2013.
Artigo 119.º
1 - (...)
72
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ii) Até ao final do mês de janeiro de cada ano, relativamente aos restantes rendimentos
do ano anterior; Modelo 10
• Não são aceites declarações com valores com sinal contranatura entre si,
ou seja, rendimento positivo implica descontos positivos.
Exemplo da DMR:
73
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
74
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Rendimentos Sujeitos
75
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
76
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Correção de erros
Exemplo 1:
Esta alteração produz efeitos a todo o ano pelo que temos que corrigir a retenção
efetuada.
77
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Janeiro 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Fevereiro 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Março 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Abril 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Maio 2 500,00 A CT 637,00 275,00
Proposta de DMR
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Junho 2 500,00 A CT -185,00 275,00
Uma das possibilidades é substituir cada uma das DMR com a retenção correta.
Podemos corrigir cada uma das DMR à partida sem erros desde que esta correção ocorra
no prazo de 30 dias após tomada de conhecimento dos fatos.
Outra hipótese pode ser acertar a diferença de retenção nas DMR futuras, fazendo o
encontro de contas.
Exemplo 2
Em 11 de Janeiro de 2018, verificou-se que por lapso, foram incluídos nas DMR
entregues nos meses de janeiro a dezembro, o rendimento de trabalhador declarado
como não residente.
78
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Janeiro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Fevereiro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Março 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Abril 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Maio 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Junho 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Julho 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Agosto 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Setembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Outubro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Novembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Dezembro 2 000,00 A CT 450,00 220,00
Contribuições
Meses Rendimento Tipo Local Retenção IRS
obrigatórias
Dezembro -22 000,00 A CT -4 950,00 -2 420,00
79
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
80
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No artigo 46 volta a ser feita a correlação entre base de incidência contributiva com
remunerações em dinheiro ou em espécie pagas ao abrigo de um contrato de trabalho.
81
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
o) As gratificações, pelo valor total atribuído, devidas por força do contrato ou das
normas que o regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços
dos trabalhadores, bem como as que pela sua importância e caráter regular e
permanente, devam, segundo os usos, considerar-se como elemento integrante da
remuneração;
v) Compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações
com direito a prestações de desemprego;
82
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
aa) As prestações relacionadas com o desempenho obtido pela empresa quando, quer
no respetivo título atributivo quer pela sua atribuição regular e permanente, revistam
caráter estável independentemente da variabilidade do seu montante. (Nos termos
dos artigos 4º e 6º da Lei n.º 110/2009, na redação dada pela Lei n.º 55-A/2010,
esta alínea carece de regulamentação, que será precedida de avaliação efetuada
em Concertação Social e não ocorre antes de 1 de janeiro de 2014).
As prestações a que se referem as alíneas l), q), u), v), z) e bb) do número anterior
estão sujeitas a incidência contributiva, nos mesmos termos previstos no Código do
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
Para as prestações a que se referem as alíneas p), q), v) e z) do n.º 2, o limite legal
previsto pode ser acrescido até 50%, desde que o acréscimo resulte de aplicação, de
forma geral por parte da entidade empregadora, de instrumento de regulação coletiva
de trabalho.
Por último, para o caso de haver alguma remuneração que não esteja discriminada, e
não tenha sido excecionada no artigo 48, o artigo 46 reforça que constituem base de
incidência contributiva, além das prestações a que se referem os números anteriores,
todas as que sejam atribuídas ao trabalhador, com caráter de regularidade, em
dinheiro ou em espécie, direta ou indiretamente como contrapartida da prestação do
trabalho.
83
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta inclui-se na base de incidência contributiva sempre que tal se encontre previsto
em acordo escrito entre o trabalhador e a entidade empregadora do qual conste:
Considera-se ainda que a viatura é para uso pessoal sempre que no acordo escrito seja
afeta ao trabalhador, em permanência, viatura automóvel concreta, com expressa
possibilidade de utilização nos dias de descanso semanal.
Esta componente não constitui base de incidência nos meses em que o trabalhador
preste trabalho suplementar em pelo menos dois dos dias de descanso semanal
obrigatório ou em quatro dias de descanso semanal obrigatório ou complementar.
Para acabar com essas questões, foi definido no artigo 47 em 2013 que uma prestação
reveste caráter de regularidade quando constitui direito do trabalhador, por se
encontrar preestabelecida segundo critérios objetivos e gerais, ainda que condicionais,
por forma que este possa contar com o seu recebimento e a sua concessão tenha lugar
com uma frequência igual ou inferior a cinco anos.
84
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Uma nota importante para falar no regime de acumulação. Sempre que um trabalhador
com enquadramento em segurança social numa empresa preste um serviço para a
empresa em âmbito distinto do seu contrato de trabalho, nomeadamente ao abrigo de
85
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
recibos verdes, este último valor apesar de ser passado em recibo verde, tem de ser
sujeito a segurança social de acordo com o enquadramento resultante do seu contrato
de trabalho.
Sabendo o que tem e o que não tem incidência contributiva, importa agora saber quais
as taxas a considerar para efeitos de apuramento das cotizações e contribuições.
86
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
87
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
88
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A segurança social fez estudos onde determinou qual o custo hoje de cada uma das
eventualidades cobertas no futuro.
No quadro abaixo vemos a definição do custo do regime geral detalhado por cada uma
das eventualidades cobertas.
A declaração do mês tem que ser submetida até dia 10 do mês seguinte a que se refere
através da segurança social direta.
89
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
90
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por exemplo, existem remunerações que têm de reportar dias como é o caso do código
P, 2 e I.
As restantes não reportam dias pelo que esse campo é informado a zeros.
Só à declaração com valores negativos (e dias negativos nos códigos referidos) para
corrigir valores positivos entregues com essa codificação e no mês referido.
No mês seguinte somos informados que há lugar a correção de 3 dias no valor de 100
€.
Existem erros de construção de ficheiro, mas a maior parte dos programas ou a própria
página da segurança social já está preparada para ultrapassá-los.
91
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
92
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A declaração terá que ter as linhas todas corrigidas ou retiradas para se conseguir
submeter a mesma.
Pessoa Singular: 50,00€ a 250,00€, se praticada por negligência; 100,00€ a 500, 00€,
se praticada com dolo.
Pessoa Coletiva com menos de 50 trabalhadores: 75,00€ a 375, 00€, se praticada por
negligência; 150,00€ a 750,00€, se praticada com dolo.
93
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para além da obrigação de submeter a declaração de remunerações, têm que ser pagas
as contribuições até ao dia 20 do mês seguinte a que diz respeito.
Deve ser pago no banco indicando para tal, o NIF da empresa, mês de referência e
valor a pagar.
O pagamento fora de prazo estará sujeito a juros de mora à taxa legal em vigor.
Esta comunicação pode ser feita nas 24 horas seguintes a título excecional quando se
trate de contratos de muito curta duração ou se trate de prestação de trabalho por
turnos.
No caso de não ter ainda NISS, mais frequente no caso de trabalhadores estrangeiros
que iniciam a sua atividade profissional em Portugal, terão de preencher os formulários
RV1009 e RV1006, anexar cópia autenticada dos documentos pessoais, cópia do
contrato e fazer a sua entrega numa delegação da segurança social.
Atualmente, com a situação dos estrangeiros têm o entendimento que após atribuição
do NISS remetem para a empresa para enquadrar na segurança social direta.
As coimas para a não comunicação da admissão dos trabalhadores dentro do prazo são
as seguintes:
94
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
95
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
96
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
97
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
98
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O diploma que impulsionou este caminho foi a Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro de
2011 – entretanto revogada - responsável pela segunda alteração ao Código do Trabalho
e pelo estabelecimento de um novo sistema de compensação em diversas modalidades
de cessação do contrato de trabalho.
A opção do legislador com este diploma passou por criar um regime transitório, sendo
que o regime era aplicável apenas aos contratos celebrados após o dia 1 de Novembro
de 2011, sendo que os trabalhadores contratados anteriormente mantinham a sua
indemnização e compensação de 30 dias por cada ano completo de duração do
contrato.
99
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Desta transição gradual operada a “a dois tempos” resultou que os novos contratos, ou
seja, os contratos celebrados após o dia 1 de Novembro de 2011 passaram a ter novas
regras de cálculo da indemnização devida por despedimento colectivo, por extinção
do posto de trabalho ou por inadaptação ou por compensação por caducidade. Quanto
às restantes modalidades de cessação do contrato o anterior regime não sofreu
qualquer alteração.
Esta transição gradual, primeiro relativamente aos novos contratos e só mais tarde
com aplicação aos restantes contratos, tinha como grande objetivo não pôr em causa
os direitos adquiridos dos trabalhadores mais antigos.
Apesar da sua fugaz existência, o artigo 366.º-A foi, no ano seguinte, revogado pela
Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho que entrou em vigor no dia 1 de agosto, tendo sido
responsável por abrir caminho na redução da compensação devida por cessação do
contrato de trabalho, a qual teve o mais recente desenvolvimento com a Lei 69/2013,
de 30 de agosto que reduziu a compensação devida a partir do dia 1 de Outubro de
2013, a qual passou a ser de 18 dias, nos casos em que os contratos ainda não tivessem
atingido 3 anos de duração, ou de 12 anos quando os contratos já tivessem mais de 3
anos de duração.
Remonta ainda à Lei n.º 53/2011 a referência, pela primeira vez, ao Fundo de
Compensação de Trabalho, tendo sido introduzidas alterações a vários artigos do
100
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Resulta assim, por força da alteração introduzida pelas Lei n.º 53/2011, de 14/10, Lei
n.º 23/2012, de 25/06 e Lei n.º 69/2013, de 30/08 que a compensação por caducidade
dos contratos a termo passa a ser calculada da seguinte forma:
• 2 ou 3 dias por cada mês completo de duração do contrato, quando este seja
superior ou inferior a 6 meses – desde a celebração do contrato até 31 de
outubro de 2012;
• 1,67 dias (proporcional aos 20 dias de indemnização por ano completo de
duração do contrato) por cada mês completo de duração do contrato – desde
1 de Novembro de 2012 ou, no caso de contratos celebrados após o dia 1
de Novembro de 2011 desde esta data, até ao dia 30 de Setembro de 2013;
• 1,5 dias por cada mês completo de duração do contrato nos 3 primeiros anos
de duração e 1 dia por cada mês completo de duração do contrato nos anos
seguintes – a partir de 1 de Outubro de 2013.
101
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Antes de iniciarmos a análise deste regime, importa aqui esclarecer o legislador não
alterou o regime de todas as modalidades de cessação do contrato de trabalho,
estabelecendo regimes distintos consoante a causa que levou ao fim do contrato.
Assim, vejamos:
Modalidade de
cessação do Direitos do Direito ao subsídio Foi objecto de
contrato de trabalhador de desemprego? alteração?
trabalho
• Pagamento dos
direitos adquiridos
102
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
partir de 1 de Outubro
de 2013).
• Pagamento dos
direitos adquiridos
(proporcionais);
• Indemnização (30
Despedimento por dias até 31 de nov de
extinção do posto 2012;20 dias até 30 Sim Sim
de trabalho de Setembro de 2013
e 12 ou 18 duas a
partir de 1 de Outubro
de 2013).
• Pagamento dos
direitos adquiridos
(proporcionais);
• Indemnização (30
19 Art. 249.º, n.º 2 - falta culposa do pagamento pontual da retribuição; violação culposa de garantias legais ou
convencionas do trabalhador; aplicação de sanção abusiva; falta culposa de condições de segurança e saúde no
trabalho; lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador; ofensa à integridade física ou moral, liberdade,
honra ou dignidade do trabalhador, punível por lei, praticada pelo empregador ou seu representante.
103
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A Lei n.º 53/2011, para além de ter previsto a criação do Fundo de Compensação do
Trabalho, reduziu o montante devido a título de indemnização em virtude de
despedimento objectivo (colectivo, por extinção do posto de trabalho e por
inadaptação) e a título de compensação devida por caducidade do contrato.
Por força desde artigo, de vigência fugaz, foi possível a coexistência na mesma
empresa, de trabalhadores sujeitos a regimes distintos.
104
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Por sua vez, o cálculo das compensações e indemnizações devidas aos trabalhadores
contratados após o dia 1 de Novembro de 2011 estavam sujeitas às seguintes regras
(art. 366.º-A do CT):
• 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade;
• O valor da retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar
para efeitos de cálculo da compensação não podia ser superior a 20 vezes a
retribuição mínima mensal garantida;
• O montante global da compensação não pode ser superior a 12 vezes a
retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador - ou seja, 12 salários;
• Caso o trabalhador auferisse mais de 10.600,00€ por mês e por força da redução
da regra das 20 vezes a RMMG, apenas este montante podia ser considerado, o
trabalhador não podia receber, a título de indemnização, mais de 240 vezes o
valor da retribuição mínima mensal garantida;
• O valor diário de retribuição base e diuturnidades era o resultante da divisão
por 30 da retribuição base mensal e diuturnidades;
• Em caso de fracção de ano, o montante da compensação era calculado
proporcionalmente.
105
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Destacamos ainda que esta Lei, com o objectivo de tornar menos dispendioso o
pagamento das indemnizações e compensações devidas por parte do empregador, ter
estabelecido que parte desta indemnização e compensação seriam assumidas pelo
Fundo de Compensação do Trabalho, mas este apenas foi criado pela Lei n.º 70/2013,
de 30 de Agosto.
A questão que mais se colocou na altura foi saber como se deveria proceder ao cálculo
da indemnização e compensação dos trabalhadores cujos contratos eram anteriores a
esta data. Mas, a esta pergunta, já a Lei n.º 53/2011 havia respondido com o regime
transitório por si introduzido e com a revogação do art. 366.º-A.
Assim passámos a ter que considerar três datas para o cálculo da indemnização e
compensação por caducidade, ficando salvaguardados todos os direitos adquiridos até
ao dia 31 de Outubro de 2012, nos seguintes termos:
106
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O cálculo das compensações e indemnizações sofreu mais uma alteração com a Lei n.º
69/2013, de 30 de agosto da qual resultou que a partir do dia 1 de Outubro desse ano.
107
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim, ao esquema que fizemos anteriormente, temos agora que acrescentar uma nova
data, com novas regras, sendo, à data, este o esquema aplicável ao cálculo da
compensação e indemnização:
108
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
109
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
110
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Período de duração do contrato a partir - 1,5 dias por cada mês (proporcional a
de 1 de Outubro de 2013 inclusive e até 18 dias de retribuição base e
o contrato perfazer 3 anos de duração diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade)
Aplicável apenas aos contratos que a 1
de outubro de 2013, ainda não tenha
atingido a duração de três anos
Período do contrato até 30 de Setembro - 1,67 dias por cada mês completo de
de 2013 duração do contrato (proporcional a 20
dias de retribuição base e diuturnidades
por cada ano completo de antiguidade)
Período de duração do contrato a partir - 1,5 dias por cada mês (proporcional a
de 1 de Outubro de 2013 inclusive e até 18 dias de retribuição base e
o contrato perfazer 3 anos de duração diuturnidades por cada ano completo de
antiguidade)
Aplicável apenas aos contratos que a 1
de outubro de 2013, ainda não tenha
atingido a duração de três anos
111
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta regra terá, contudo, que ser complementada com as seguintes condições:
• O valor da retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador não pode ser
superior a 20XRMMG;
• O montante global da compensação não pode ser superior a 12 vezes a
retribuição base mensal e diuturnidades do trabalhador ou, no caso de se ter
limitado a remuneração mensal a 20XRMMG, não pode ser superior a
240XRMMG.
De referir porém que, apesar da remissão para o art. 366.º, a compensação no caso
dos contratos a termo certo, deve corresponder a 18 dias de retribuição base e
112
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
diuturnidades por cada ano completo de serviço, porquanto se trata de contratos que,
por via de regra, não excedem os 3 anos de duração (cfr. Art. 148.º, n.º 1, c)).
Relativamente aos contratos a termo incerto e uma vez que estes podem ter uma
duração superior aos 3 anos, não só o n.º 5 do art. 345.º remete para o artigo 366.º no
que respeita á fórmula de cálculo da compensação, como também o n.º 4 deste
preceito refere dois montantes distintos: 18 dias de retribuição base e diuturnidades
por cada ano completo de antiguidade nos três primeiros anos de duração do contrato;
12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos
anos subsequentes.
A remissão para o artigo 366.º é feita também pelo art. 194.º, n.º 5 que permite ao
trabalhador, em caso de transferência definitiva do local de trabalho, resolver o
contrato se demonstrar prejuízo sério, tendo, neste caso, direito a uma indemnização
calculada nos termos do art. 366.º.
Também no art. 164.º, n.º 1, b) é feita uma remissão para o art. 366.º referindo-se
que cessando a comissão de serviço, o trabalhador tem direito a resolver o contrato
nos 30 dias seguintes à decisão do empregador que ponha termo à comissão de
serviço, com direito a indemnização calculada nos termos do artigo 366.º.
Uma das questões que se coloca com mais frequência consiste em saber o que se deve
pagar ao trabalhador no momento da cessação do contrato de trabalho, ou, como
vulgarmente se diz, a título de “fecho de contas”.
Nas demais situações, apenas é exigível o pagamento dos direitos adquiridos a título
de férias, subsídio de férias, subsídio de natal e compensação por formação profissional
não ministrada.
Começando pelas férias, uma vez que estas se reportam ao trabalho prestado no ano
civil anterior, importa distinguir as férias vencidas no dia 1 de Janeiro do ano da
113
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
cessação das férias que se adquiriram no ano da cessação e que apenas se venceriam
no dia 1 de Janeiro do ano seguinte – se o trabalhador estivesse ao serviço.
O mesmo sucede relativamente ao subsídio de natal que deve ser pago de forma
proporcional ao tempo prestado no ano civil da cessação do contrato de trabalho (1/12
por cada mês completo de execução do contrato), como decorre do art. 263.º, n.º 2,
b).
Por último, importa aqui referir a questão da formação profissional que, sendo uma
obrigação para o empregador, insusceptível de ser convertida em pagamento, apenas
deve ser pago se o contrato cessar sem ter sido ministrada ao trabalhador o número
mínimo de horas anual (cfr. Art. 134.º). No entanto este valor apenas será devido
relativamente aos três últimos anos (cfr. 131.º, n.º 6).
Feitos estes pagamentos e não existindo outros que se considerem devidos por força
da Lei ou do IRCT, nada mais poderá o trabalhador exigir ao empregador em virtude
da cessação do contrato de trabalho.
Aplica-se a contratos a termo, certo e incerto mas também aos sem termo nos casos
de passagem à situação de pensionista ou ao atingir 70 anos.
Obriga a aviso prévio de 15 dias antes do termo para não renovar no caso dos contratos
a termo certo
114
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
115
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A cessação por mútuo acordo não confere direito a subsídio de desemprego porquanto
configura uma decisão voluntária por parte do trabalhador.
116
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As cotas são de 25% para empresas com quadro até 250 trabalhadores no início do
triénio e de 20% para empresas com quadro superior a 250 trabalhadores no início do
triénio até ao máximo de 80 trabalhadores.
Caso o acordo, seja para substituir por trabalhador mais qualificado não consome
quotas.
117
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caso prático:
IHT 20 % = 300,00
Diuturnidade = 150,00
• 1/1/2006 até 31/10/2012 – 1 mês por cada ano ou fração = 6 anos e 10 meses
• 1/11/2012 até 30/9/2013 – 20 /30 dias por cada ano ou fração = 11 meses
118
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De referir que, mesmo nos casos de trabalhadores que celebrem um novo contrato mas
mantenham a sua antiguidade, está a entidade empregadora obrigada a aderir a este
fundo na medida em que o que determina a aplicação da Lei 70/2013 de 30 de Agosto
é a celebração de um contrato após o dia 1 de Outubro de 2013, sendo que tudo o que
for descontado para este fundo indemnizará apenas o período laboral após esta data.
119
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O trabalhador não tem qualquer responsabilidade na opção por esta adesão, sendo a
entidade empregadora que opta pela adesão ao FCT, mediante o registo de admissão
do trabalhador no site, efetuado pela empregadora.
Depois desta adesão, a entidade empregadora fica obrigada a efectuar todos os meses
as entregas ao FCT calculadas sobre a retribuição base e diuturnidades dos seus
trabalhadores, correspondente a 0,925% da retribuição base e diuturnidades por cada
trabalhador abrangido.
120
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A entidade empregadora aderente do FCT que não realize a entrega mensal ao FCT até
ao dia 20 de cada mês entra em incumprimento, facto que constitui contraordenação
muito grave, sendo notificada para proceder à regularização dos pagamentos em falta,
sob pena de dar origem à respetiva cobrança coerciva. Tal incumprimento da obrigação
de entrega é comunicado à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) com vista
à eventual realização de ação inspectiva e aplicação de coimas.
121
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O mesmo sucederá se, após o despedimento, se verificar decisão judicial que imponha
a reintegração do trabalhador, ficando a entidade empregadora obrigada, no prazo de
30 dias contados a partir da data do trânsito em julgado daquela decisão, a efetuar
nova inclusão do trabalhador no FCT e a repor o saldo da conta de registo
individualizado do trabalhador que existia à data do despedimento e ainda à entrega
dos valores que deixou de efetuar desde aquela data até ao momento presente.
Site: www.fundoscompensacao.pt
122
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Todavia o reembolso só é possível após pagamento da última guia onde constem dias
do contrato entretanto cessado.
Na prática, para um contrato que tenha terminado em 31/12/2019, vai ter ainda
obrigação de pagar estes dias na guia de dezembro, emitida a partir do dia 11 a 12 de
Janeiro e a pagar até dia 20 de Janeiro. Só após este pagamento vai poder ser exercido
o direito de reembolso.
123
Processamento de salários: Legislação laboral, código contributivo e convenções coletivas
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
124