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2023
Atualização fiscal
em IRC - aspetos
práticos
Amândio Silva
www.occ.pt
PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS: LEGISLAÇÃO LABORAL, CÓDIGO CONTRIBUTIVO E CONVENÇÕES COLETIVAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certificados, entidade que detém os
direitos de autor.
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PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS: LEGISLAÇÃO LABORAL, CÓDIGO CONTRIBUTIVO E CONVENÇÕES COLETIVAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 5
1. DEFINIÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO E SEUS ELEMENTOS -- 6
2. Direitos e Obrigacoes das partes ----------------------------------------------------- 13
2.1. Do direito à retribuição do trabalho ---------------------------------------------------- 16
3. RETRIBUIÇÃO --------------------------------------------------------------------------- 17
3.1. Cálculo do valor hora -------------------------------------------------------------------- 19
3.2. Modalidades de retribuição ------------------------------------------------------------- 19
3.3. Princípios essenciais da retribuição ---------------------------------------------------- 20
4. ARTICULAÇÃO ENTRE O IRCT E O CÓDIGO DO TRABALHO --------- 21
5. O Direito à Formaçao profissional e o crédito de horas --------------------------- 24
6. Tipos de faltas e seus efeitos salariais ------------------------------------------------- 30
6.1. O regime das faltas injustificadas ------------------------------------------------------ 34
6.2. Elenco de faltas justificadas e suas consequências ---------------------------------- 35
6.2.1. Faltas dadas, durante 15 dias seguidos, por altura do casamento ------------- 35
6.2.2. Faltas motivadas por falecimento do cônjuge, parente ou afim --------------- 36
6.2.3. Faltas motivadas pela prestação de prova em estabelecimento de ensino --- 37
6.2.4. Faltas motivadas por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto não
imputável ao trabalhador ------------------------------------------------------------------- 37
6.2.5. Faltas motivadas pela prestação de assistência inadiável e imprescindível a
filho, a neto ou a membro do agregado familiar de trabalhador ---------------------- 39
6.2.6. Faltas motivadas pelo acompanhamento de grávida que se desloque a
unidade hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização do parto - 41
6.2.7. Faltas motivadas por deslocação a estabelecimento de ensino de responsável
pela educação de menor por motivo da situação educativa deste -------------------- 42
6.2.8. Falta motivada por luto gestacional, nos termos do artigo 38.º-A ------------ 42
6.2.9. Faltas do trabalhador eleito para estrutura de representação coletiva dos
trabalhadores--------------------------------------------------------------------------------- 43
6.2.10. Faltas de candidato a cargo público, nos termos da correspondente lei
eleitoral --------------------------------------------------------------------------------------- 43
6.2.11. Faltas autorizadas ou aprovadas pelo empregador ---------------------------- 44
6.2.12. Faltas que por lei sejam como tal justificadas ---------------------------------- 44
7. REGIME DE FERIAS: DA AQUISICAO AO GOZO E RESPETIVOS
DIREITOS------------------------------------------------------------------------------------- 46
7.1. Regimes de direito a férias -------------------------------------------------------------- 47
7.1.1. Regime-regra do direito a férias de todos os trabalhadores cujo contrato já se
encontra em execução há mais de 1 ano. ------------------------------------------------ 49
7.1.2. Férias dos trabalhadores com contratos de duração inferior a 6 meses ------ 50
7.1.3. Férias no ano da contratação e no ano seguinte --------------------------------- 50
7.1.4. Direito a férias no ano da cessação do impedimento prolongado ------------- 54
7.1.5. Direito a férias no ano da cessação do contrato --------------------------------- 55
7.2. Marcação do período de férias ---------------------------------------------------------- 56
7.2.1. Alteração do período de férias ----------------------------------------------------- 57
7.3. Da possibilidade de encerramento da empresa --------------------------------------- 58
7.4. Retribuição durante as férias ------------------------------------------------------------ 59
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS: LEGISLAÇÃO LABORAL, CÓDIGO CONTRIBUTIVO E CONVENÇÕES COLETIVAS
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
INTRODUÇÃO
Ciente da importância de que o conhecimento da legislação laboral se reveste para a
atividade dos Contabilistas Certificados, nomeadamente na vertente do processamento
salarial, considerou a Ordem dos Contabilistas Certificados essencial dotar os seus
membros dos conhecimentos necessários para dominar estas matérias que tanta
importância têm para uma parte significativa do seu trabalho.
Efetivamente, para alem da essencialidade destes conhecimentos, temos vindo a assistir
nos últimos anos a grandes alterações neste domínio – o Código do Trabalho foi alterado
pela 19.ª vez em abril do presente ano –, à necessidade de articular estas normas com
diversos diplomas que com ele se articulam e relacionam bem como com a
Regulamentação Coletiva, ao que acresce uma cada vez maior fiscalização por parte das
entidades oficiais.
Para melhor realizar o seu trabalho, cientes do correto enquadramento das questões
laborais, este manual, que serve de base à formação sob o mesmo título, destina-se a
fornecer aos Contabilistas Certificados as ferramentas legais consideradas essenciais para
os apoiar no processamento salarial, em toda a sua amplitude. Por se tratar de uma matéria
com muitas implicações praticas, consideramos essencial proceder à análise e respetivo
enquadramento legal, da formação do contrato de trabalho, sua distinção de figuras afins,
bem como diferentes modalidades e respetivos regimes, passando pelas vicissitudes e
elementos contratuais com maiores implicações no domínio salarial e culminando na
cessação do contrato e as suas implicações ao nível do processamento salarial.
Esta visão holística e integrada da relação jurídico-laboral é, assim, não só essencial ao
trabalho mais imediato de processamento salarial, bem como ao conhecimento de outras
matérias de apoio aos clientes na relação que mantem com os trabalhadores, sem nunca
sair dos atos próprios dos Contabilistas Certificados.
Respondendo ao repto lançado pela Ordem dos Contabilistas Certificados é, assim, nosso
objetivo que a leitura deste manual, que serve de base à formação, permita aos
Contabilistas Certificados adquirir os conhecimentos teóricos e práticos para proceder
ao processamento salarial, com o rigor e a certeza que gostam de impor ao vosso trabalho.
A necessidade de atualização permanente dos vossos conhecimentos nesta matéria, foi
tida em conta na elaboração do manual que dá destaque à 19.ª alteração ao Código do
Trabalho – a maior de todas as alterações ao presente Código – que ficou conhecida como
Agenda para o Trabalho Digno (ATD).
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Alterado pelo Decreto-Lei n.º 140-B/2010, Lei n.º 55-A/2010, Lei n.º 64-B/2011, Lei n.º 20/2012, Lei n.º 66-B/2012, Lei n.º 83-
C/2013, Lei n.º 82-B/2014, Lei n.º 23/2015, Lei n.º 42/2016, Decreto-Lei n.º 93/2017, Lei n.º 114/2017, Decreto-Lei n.º 2/2018,
Declaração de Retificação n.º 9/2018, Lei n.º 71/2018, Lei n.º 93/2019, Lei n.º 100/2019, Lei n.º 2/2020, Lei n.º 24-D/2022 e, mais
recentemente, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, pela Lei n.º 13/2023.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
sendo reflexo dessa importância a recente alteração por força da Agenda para o Trabalho
Digno (doravante, abreviadamente ATD). Efetivamente, o legislador tem vindo a proibir,
de forma cada vez mais incisiva, o recurso aos contratos de prestação de serviços nos
casos em que a relação material que se pretende regular seja, efetivamente, uma relação
jurídico-laboral.
Na recente alteração ao Código do Trabalho (ATD) o legislador foi ainda mais longe na
penalização do recurso indevido ao Contrato de Prestação de Serviços e no
reconhecimento aos prestadores de serviços irregulares dos direitos dos trabalhadores
com vínculo laboral. Destaca-se nesta recente alteração a preocupação com os
trabalhadores que prestam os seus serviços no âmbito de uma plataforma digital,
relativamente a quem se presume a existência de um contrato de trabalho, conforme
disposto no novo art.º 12.º-A.2
2
Artigo 12.º-A
Presunção de contrato de trabalho no âmbito de plataforma digital
1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, presume-se a existência de contrato de trabalho quando, na relação
entre o prestador de atividade e a plataforma digital se verifiquem algumas das seguintes características:
a) A plataforma digital fixa a retribuição para o trabalho efetuado na plataforma ou estabelece limites máximos e
mínimos para aquela;
b) A plataforma digital exerce o poder de direção e determina regras específicas, nomeadamente quanto à forma de
apresentação do prestador de atividade, à sua conduta perante o utilizador do serviço ou à prestação da atividade;
c) A plataforma digital controla e supervisiona a prestação da atividade, incluindo em tempo real, ou verifica a qualidade
da atividade prestada, nomeadamente através de meios eletrónicos ou de gestão algorítmica;
d) A plataforma digital restringe a autonomia do prestador de atividade quanto à organização do trabalho,
especialmente quanto à escolha do horário de trabalho ou dos períodos de ausência, à possibilidade de aceitar ou
recusar tarefas, à utilização de subcontratados ou substitutos, através da aplicação de sanções, à escolha dos clientes
ou de prestar atividade a terceiros via plataforma;
e) A plataforma digital exerce poderes laborais sobre o prestador de atividade, nomeadamente o poder disciplinar,
incluindo a exclusão de futuras atividades na plataforma através de desativação da conta;
f) Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertencem à plataforma digital ou são por esta explorados
através de contrato de locação.
2 - Para efeitos do número anterior, entende-se por plataforma digital a pessoa coletiva que presta ou disponibiliza
serviços à distância, através de meios eletrónicos, nomeadamente sítio da Internet ou aplicação informática, a pedido
de utilizadores e que envolvam, como componente necessária e essencial, a organização de trabalho prestado por
indivíduos a troco de pagamento, independentemente de esse trabalho ser prestado em linha ou numa localização
determinada, sob termos e condições de um modelo de negócio e uma marca próprios.
3 - O disposto no n.º 1 aplica-se independentemente da denominação que as partes tenham atribuído ao respetivo
vínculo jurídico.
4 - A presunção prevista no n.º 1 pode ser ilidida nos termos gerais, nomeadamente se a plataforma digital fizer prova
de que o prestador de atividade trabalha com efetiva autonomia, sem estar sujeito ao controlo, poder de direção e poder
disciplinar de quem o contrata.
5 - A plataforma digital pode, igualmente, invocar que a atividade é prestada perante pessoa singular ou coletiva que
atue como intermediário da plataforma digital para disponibilizar os serviços através dos respetivos trabalhadores.
6 - No caso previsto no número anterior, ou caso o prestador de atividade alegue que é trabalhador subordinado do
intermediário da plataforma digital, aplica-se igualmente, com as necessárias adaptações, a presunção a que se refere
o n.º 1, bem como o disposto no n.º 3, cabendo ao tribunal determinar quem é a entidade empregadora.
7 - A plataforma digital não pode estabelecer termos e condições de acesso à prestação de atividade, incluindo na
gestão algorítmica, mais desfavoráveis ou de natureza discriminatória para os prestadores de atividade que
estabeleçam uma relação direta com a plataforma, comparativamente com as regras e condições definidas para as
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Torna-se assim essencial, para evitar o recurso indevido aos contratos de prestação de
serviços, conhecer não só a definição do contrato de prestação de serviços, por oposição
ao contrato de trabalho, como também os elementos que caraterizam este último e o
distinguem das demais modalidades de contratos, nomeadamente do contrato de
prestação de serviços.
Destacam-se como caraterísticas essenciais do Contrato de Trabalho e distintivas dos
restantes tipos de contratos, os seguintes elementos:
- Contrato livre, na medida em que não são admissíveis prestações forçadas ou
compelidas, como sucede na escravatura ou servidão, e que não se fundem num
compromisso livremente assumido, mas sim numa imposição externa3;
- Contrato realizado para satisfação de necessidades de outra pessoa que assume os riscos
dessa prestação – por conta alheia;
- Regula uma prestação subordinada, na medida em que, quer do ponto de vista técnico,
quer económico ou até jurídico, o trabalhador está numa relação de subordinação
relativamente à entidade empregadora;
- Como contrapartida da prestação laboral, é paga ao trabalhador uma remuneração - no
que se distingue de outras relações, como é o caso do voluntariado ou outras formas de
pessoas singulares ou coletivas que atuem como intermediários da plataforma digital para disponibilizar os serviços
através dos respetivos trabalhadores.
8 - A plataforma digital e a pessoa singular ou coletiva que atue como intermediário da plataforma digital para
disponibilizar os serviços através dos respetivos trabalhadores, bem como os respetivos gerentes, administradores ou
diretores, assim como as sociedades que com estas se encontrem em relação de participações recíprocas, de domínio
ou de grupo, são solidariamente responsáveis pelos créditos do trabalhador emergentes de contrato de trabalho, ou da
sua violação ou cessação, celebrado entre o trabalhador e a pessoa singular ou coletiva que atue como intermediário
da plataforma digital, pelos encargos sociais correspondentes e pelo pagamento de coima aplicada pela prática de
contraordenação laboral relativos aos últimos três anos.
9 - Nos casos em que se considere a existência de contrato de trabalho, aplicam-se as normas previstas no presente
Código que sejam compatíveis com a natureza da atividade desempenhada, nomeadamente o disposto em matéria de
acidentes de trabalho, cessação do contrato, proibição do despedimento sem justa causa, remuneração mínima, férias,
limites do período normal de trabalho, igualdade e não discriminação.
10 - Constitui contraordenação muito grave imputável ao empregador, seja ele a plataforma digital ou pessoa singular
ou coletiva que atue como intermediário da plataforma digital para disponibilizar os serviços através dos respetivos
trabalhadores que nela opere, a contratação da prestação de atividade, de forma aparentemente autónoma, em
condições características de contrato de trabalho, que possa causar prejuízo ao trabalhador ou ao Estado.
11 - Em caso de reincidência, são ainda aplicadas ao empregador as seguintes sanções acessórias:
a) Privação do direito a apoio, subsídio ou benefício outorgado por entidade ou serviço público, designadamente de
natureza fiscal ou contributiva ou proveniente de fundos europeus, por período até dois anos;
b) Privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, por um período até dois anos.
12 - A presunção prevista no n.º 1 aplica-se às atividades de plataformas digitais, designadamente as que estão
reguladas por legislação específica relativa a transporte individual e remunerado de passageiros em veículos
descaracterizados a partir de plataforma eletrónica.
3
P. 84, Quintas, Paula e Quintas, Helder, Código do Trabalho Anotado e Comentado, 2012, 3.ª Edição, Almedina, Coimbra
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trabalho gratuito que não se integram na relação laboral – merecendo esta caraterística
essencial, a nossa maior atenção nesta análise;
e, por último, mas não de forma cumulativa e exclusiva,
- trata-se de um contrato que enquadra e regula uma prestação realizada pelo homem,
excluindo-se, assim as prestações realizadas por máquinas ou animais.
Não obstante as muitas alterações e mutações a que o contrato de trabalho tem estado
sujeito por força das exigências sociais, económicas, digitais e empresariais, a verdade é
que, continua a ser possível afirmar que o Contrato de Trabalho continua a assumir uma
forma e características que permitem distingui-lo de outras modalidades de contratos.
E não obstante o momento atual, designado como quarta revolução industrial, nos tenha
surpreendido com novas formas de trabalho em que homem e máquina trabalham, por
vezes, de forma quase indissociável, sendo, por isso, cada vez mais difícil isolar o homem
nesta prestação laboral, exigindo a modificação do contrato de trabalho para fazer face a
esta nova forma de trabalhar, a verdade é que, apesar de estarmos hoje perante um
Contrato de Trabalho com carateristicas e contornos muito distintos relativamente aos
que o caraterizavam na génese do direito do trabalho, a verdade é que os seus elementos
caraterizadores, na sua essência, se mantêm.
Assim, sem prejuízo de algumas caraterísticas mais especificas e ajustadas a modelos
contratuais mais particulares, continua a ser rigoroso referirmo-nos ao Contrato de
Trabalho como um contrato dotado das seguintes caraterísticas:
- Sinalagmaticidade – o contrato de trabalho gera obrigações para ambas as partes: a
prestação de trabalho para o trabalhador e a obrigação de pagamento para o empregador;
- Natureza não real – a relação laboral pode resumir-se ao simples consenso e prestação
de trabalho, sem necessidade de qualquer acto material de tradição, criação, modificação
ou extinção;
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P. 87, Quintas, Paula e Quintas, Helder
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- Onerosidade – a prestação de ambas as partes pode ser vista numa perspetiva onerosa:
um esforço económico para a entidade empregadora e uma vantagem patrimonial para o
trabalhador;
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O anexo F continua a ser de entrega facultativa, embora seja um elemento de controle muito importante nesta matéria.
https://download.gep.mtss.gov.pt/SGURI/downloads/Perguntas_frequentes.pdf
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Como quinto indício, o art. 12.º refere o exercício, pelo prestador de atividade, de funções
de direção ou chefia na estrutura orgânica da empresa. Efetivamente, a inserção do
trabalhador na estrutura organizativa do beneficiário da atividade e o desempenho de
funções de direção ou de chefia são indícios de laboralidade muito importantes, na medida
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em que são funções que dificilmente poderão ser exercidas por alguém que não tenha
vínculo à entidade patronal.
O legislador elencou assim, com um objetivo meramente indiciador, os elementos que
mais frequentemente se encontram presentes num contrato de trabalho, sem atribuir a
nenhum deles um peso determinante quanto à conclusão pela laboralidade do contrato.
Da análise de todos estes indícios e da sua aplicação prática podemos concluir que é
necessária a conjugação, caso a caso, de mais do que um indício para que se possa
concluir quanto à laboralidade que carateriza o Contrato de Trabalho.
A consequência do recurso a um Contrato de Prestação de Serviços em condições
características ao Contrato de Trabalho consubstancia uma contraordenação muito grave
por cuja coima, são solidariamente responsáveis o empregador, as sociedades que com
este se encontrem em relação de participações recíprocas, de domínio ou de grupo, bem
como o gerente, administrador ou diretor.
Acessoriamente, em caso de reincidência haverá lugar à privação do direito a subsídio ou
benefício outorgado por entidade ou serviço público, por período até 2 anos.
Este artigo 12.º foi alterado pela ATD, que acrescentou ao n.º 3, como penalização do
recurso abusivo aos Contratos de Prestação de Serviços a privação, não apenas de
subsídios ou benefícios outorgados por entidade ou serviço publico, como também os
apoios outorgados por estas, designadamente de natureza fiscal ou contributiva ou
proveniente de fundos europeus, por período até dois anos e ainda a privação do direito
de participar em arrematações ou concursos públicos pelo mesmo período.
Em virtude desta alteração, a redação do artigo 12.º passa assim a referir no seu n.º 3:
3 - Em caso de reincidência, são aplicadas ao empregador as seguintes sanções
acessórias:
a) de privação do direito a apoio, subsídio ou benefício outorgado por entidade ou
serviço público, designadamente de natureza fiscal ou contributiva ou proveniente de
fundos europeus, por período até dois anos;
b) Privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, por um
período até dois anos.
Esta redação vem assim, substitui-se a esta redação bem menos penalizadora:
3 - Em caso de reincidência, é aplicada a sanção acessória de privação do direito a subsídio ou
benefício outorgado por entidade ou serviço público, por período até dois anos.
Alertamos assim, mais uma vez, para a importância de não incorrer no recurso abusivo
aos contratos de prestação de serviços, o qual é, cada vez mais, penalizado de forma
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severa pela lei, como também os mecanismos criados para a sua deteção, facilmente
constatável pelos documentos enviados ao ACT, SS e AT, fazem com que esta situacao
se detete mais facilmente, partindo, em regra de comunicações obrigatórias por parte da
entidade empregadora.
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g) Ceder trabalhador para utilização de terceiro, salvo nos casos previstos neste Código
ou em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho;
h) Obrigar o trabalhador a adquirir bens ou serviços a ele próprio ou a pessoa por ele
indicada;
i) Explorar, com fim lucrativo, cantina, refeitório, economato ou outro estabelecimento
diretamente relacionado com o trabalho, para fornecimento de bens ou prestação de
serviços aos seus trabalhadores;
j) Fazer cessar o contrato e readmitir o trabalhador, mesmo com o seu acordo, com o
propósito de o prejudicar em direito ou garantia decorrente da antiguidade.
A ATD acrescentou a este artigo a nova alínea K e o n.º 2 que passam a proibir ao
empregador:
k) Obstar a que o trabalhador exerça outra atividade profissional, salvo com base em
fundamentos objetivos, designadamente segurança e saúde ou sigilo profissional, ou
tratá-lo desfavoravelmente por causa desse exercício.
Mais esclarece, no novo n.º 2, que o disposto na alínea k) do número anterior não isenta
o trabalhador do dever de lealdade previsto na alínea f) do n.º 1 do artigo anterior nem
do disposto em legislação especial quanto a impedimentos e incompatibilidades.
Por se tratar das questões mais relevantes para o trabalhador, a violação destas garantias
consubstancia não uma contraordenação grave mas sim uma contraordenação muito
grave.
Destacamos aqui, mais uma vez, a proibição do empregador diminuir a retribuição –
referindo-se apenas à retribuição e não aos suplementos remuneratórios - salvo nos casos
previstos no Código de Trabalho ou em IRCT, comummente conhecido como o princípio
da irredutibilidade salarial.
A remuneração aparece assim como um dever da entidade patronal como contrapartida
da prestação do trabalhador e como um direito essencial do trabalhador, sendo consagrada
a garantia da sua irredutibilidade por parte da entidade empregadora.
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3. RETRIBUIÇÃO
O conceito de retribuição está definido no código de trabalho no seu art.º 258 como sendo
a prestação a que o trabalhador tem direito em contrapartida do seu trabalho, de acordo
com as normas que o regem ou dos usos. Neste aspeto, assume especial relevância, para
além das normas e princípios que constam do Código de Trabalho e que são transversais
a todas as entidades empregadoras, independentemente da tipologia que revistam, do
setor privado, conhecer também o regime que consta dos Instrumentos de
Regulamentação Coletiva de Trabalho (doravante abreviadamente IRCT).
Efetivamente, como teremos oportunidade de desenvolver mais à frente, o próprio Código
de Trabalho, admite no seu art. 3.º a possibilidade de as suas normas poderem ser
afastadas por IRCT que, sem oposição às normas do Código de Trabalho, disponham em
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sentido mais favorável aos trabalhadores num elenco vasto que matérias aí enunciadas,
de entre as quais destacamos, pela sua importância para este tema, o que diz respeito à: j)
Forma de cumprimento e garantias de retribuição, bem como pagamento de trabalho
suplementar (cfr. art. 3.º, n.º 3, j) CT).
No que respeita ao conceito de retribuição e às suas componentes, o n.º 2 do art. 258.º
estabelece que esta compreende a retribuição base (vulgarmente designada por salário) e
outras prestações regulares e periódicas (mensal/trimestral/anual) feitas, direta ou
indiretamente, em dinheiro ou em espécie, que sejam pagas ou entregues pelo empregador
ao trabalhador.
Em princípio, toda e qualquer prestação paga pelo empregador ao trabalhador presume-
se constituir retribuição, cabendo a qualquer uma das partes ilidir esta presunção.
Parece-nos aqui importante chamar à colação o disposto no art. 46.º do Código
Contributivo da Segurança Social (CCSS) que consagra uma definição do que é a
remuneração, que traz um contributo importante nesta matéria: consideram-se
remunerações as prestações pecuniárias ou em espécie que, nos termos do contrato de
trabalho, das normas que o regem ou dos usos são devidas pelas entidades empregadoras
aos trabalhadores como contrapartida do seu trabalho.
Será, pois, importante na delimitação do conceito de retribuição ou remuneração atender
não só ao CT e ao IRCT aplicável, como também às normas ou usos que complementam
a definição da remuneração, como sucede, por vezes, com outro tipo de compensações
em vigor na empresa, aplicáveis aos trabalhadores que executem tarefas ou funções que
confiram esse direito, mesmo não estando especificado em contrato individual de
trabalho. Assume, também, por vezes, especial importância aqui o constante no
Regulamento Interno da Empresa, também ele podendo prever a atribuição de
determinadas prestações retributivas. De referir que este Instrumento – Regulamento
Interno da Empresa (cfr. Art. 99.º) – não sendo obrigatório (como o IRCT não é!) pode
ser muito relevante na definição de alguns aspetos relativamente à politica salarial interna.
É exemplo disso, o prémio de produtividade que é prática na empresa para determinadas
funções, não necessitando de estar contratualizado para que seja um direito do
trabalhador.
Efetivamente, o facto de ser prática da empresa – usos que regem o contrato de trabalho
-, serviço e/ou função já implica a expectativa legitima por parte do trabalhador
relativamente ao seu recebimento como contrapartida de um comportamento específico.
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Exemplo Prático:
O João aufere 1.000 € de salário mensal (RM=1000), trabalha 8 h por dia (h=8)
totalizando 40 horas por semana (n=40).
Qual o seu salário hora?
RH = (1.000 x 12) : (52 x4 0) = 12000 : 2080 = 5,769 €
Qual é então o seu salário diário?
RD = RH * h = [(1.000 x 12) : (52 x 40)] x 8 = 5,769 * 8 = 46,15 €
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Já a retribuição variável é aquela que não é fixa todos os meses, sendo o seu valor
determinado pela média dos montantes das prestações auferidas nos últimos 12 meses,
ou o tempo de contrato caso inferior.
Isto aplica-se quando não é possível aplicar o respetivo critério ou na falta de indicação
em IRCT.
Em Portugal, não é muito frequente haver relações de Contrato de Trabalho
exclusivamente com remuneração variável, aliás, sempre que tal ocorre deve haver o
cuidado de o seu valor médio ser igual ou superior ao salário mínimo nacional.
A retribuição mista é a combinação de uma retribuição certa com uma parte variável. Esta
forma de retribuição é muito usual no setor automóvel, imobiliário ou outro em que as
vendas, ou seja, é uma remuneração muito frequente entre os vendedores. Nestes casos,
é paga uma retribuição certa de acordo com o definido em IRCT e uma retribuição
variável indexada a objetivos de venda.
Assumindo a retribuição, em regra, a forma pecuniária, poderá também assumir a forma
de retribuição não pecuniária, devendo, neste caso, destinar-se à satisfação de
necessidades pessoais do trabalhador ou da sua família e não lhe podendo ser atribuído
um valor que exceda o da parte em dinheiro, a menos que o IRCT disponha de forma
distinta6.
6
Cfr. art. 259.º CT.
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• Trabalho de menores;
• Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida, com deficiência ou doença
crónica;
• Trabalhador-estudante;
• Dever de informação do empregador;
• Limites à duração dos períodos normais de trabalho diário e semanal;
• Duração mínima dos períodos de repouso, incluindo a duração mínima do período
anual de férias;
• Duração máxima do trabalho dos trabalhadores noturnos;
• Forma de cumprimento e garantias da retribuição, bem como o pagamento do
trabalho suplementar7;
• Teletrabalho;
• Capítulo sobre prevenção e reparação de acidentes de trabalho e doenças
profissionais e legislação que o regulamenta;
• Transmissão de empresa ou estabelecimento;
• Direitos dos representantes eleitos dos trabalhadores; e
A contrario, relativamente às matérias não incluídas neste elenco, podem os IRCT afastar
as disposições constantes do Código do Trabalho ainda que em sentido menos favorável
para o trabalhador.
Chegados aqui, é possível afirmar que as normas que respeitam às matérias elencadas no
n.º 3 do art. 3.º têm um carácter absolutamente imperativo, ou seja, não podem ser
afastadas por normas menos vantajosas para o trabalhador, enquanto as normas que dizem
respeito a outras matérias, que não constam deste elenco, têm uma imperatividade relativa
ou mesmo uma imperatividade mínima.
Ou seja, podemos encarar o Código de Trabalho, como um regime de normas que
consagram um “mínimo olímpico no que respeita aos direitos dos trabalhadores”, e que,
por isso, podem ser afastadas por Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho
e, eventualmente, também pelos Contratos Individuais de Trabalho.
7
Esta última parte “bem como o pagamento do trabalho suplementar” foi introduzida
pela Lei n.º 93/2019, de 04 de Setembro.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
QUESTÃO:
Existindo um Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT) que reduza o
período de férias para 18 dias, deve aplicar-se o Código de Trabalho ou o IRCT?
RESPOSTA:
Neste caso, uma vez que se trata de uma matéria elencada no n.º 3 do art. 3.º do Código de
Trabalho, mais concretamente na alínea h) deste preceito, a norma do Código de Trabalho
que estabelece um período mínimo de 22 dias úteis de férias (cfr. art. 238.º, n.º 1) é
imperativa, apenas podendo ser afastada por uma norma mais benéfica ao trabalhador, como
sucede com alguma frequência.
Ou seja, se o IRCT aumentasse o período de férias para 30 dias, essa norma já poderia
prevalecer relativamente ao artigo 238.º do Código de Trabalho, por ser mais benéfica ao
trabalhador.
Este é, assim, um direito/dever que assume uma dupla função: dotar as empresas de
recursos humanos mais qualificados, aumentando assim a sua competitividade e melhorar
as qualificações e competências dos trabalhadores, preparando-os para assumir novas
funções e abraçar novos desafios.
A formação profissional é, simultaneamente, um dever da entidade empregadora e um
direito do trabalhador, consagrando o art. 127.º, n.º 1, alínea d) o dever do empregador
de, nomeadamente: d) Contribuir para a elevação da produtividade e empregabilidade do
trabalhador, nomeadamente proporcionando-lhe formação profissional adequada a
desenvolver a sua qualificação. Por outro lado, é também um dever do trabalhador
participar de modo diligente nas ações de formação profissional que lhe sejam
proporcionadas pelo empregador (cfr. art. 128.º, n.º 1, d)).
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Exemplo:
Trabalhador com contrato de duração igual ou superior a um ano = 40 horas de
formação profissional
Trabalhador com contrato celebrado a 1 de abril de 2020 = 9 meses de duração do
contrato = 30 horas de formação profissional em 2020
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Por outro lado, o Código prevê a possibilidade do empregador gerir estas horas de
formação numa janela temporal de 3 anos, admitindo no art. 131.º, n.ºs 6 e 7, a sua
antecipação até dois anos ou, desde que o plano de formação o preveja, o seu diferimento
por igual período, podendo a antecipação ser de 5 anos no caso de frequência de processo
de reconhecimento, validação e certificação de competências, ou de formação que confira
dupla certificação.
• Quadro de pessoal;
• Comunicação trimestral de celebração e cessação de contratos de trabalho a
termo;
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Diga-se ainda que o direito à formação profissional está sujeito a prazo prescricional –
com duas componentes distintas -, ao contrário do que sucedia no anterior Código do
Trabalho, em que tal prazo não era definido. Distinguem-se aqui dois prazos
prescricionais distintos: o prazo de realização da formação e o prazo para pagamento do
respetivo crédito – e este é o aspeto com mais relevo para o processamento salarial.
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autoformação, desde 2009 que o legislador estabeleceu um prazo para que a formação
seja ministrada sob pena de a mesma não se converter em crédito de horas para
autoformação por iniciativa do trabalhador. Caso se verifique o termo do prazo, sem que
a formação seja ministrada e sem que o trabalhador tenha solicitado este crédito para ter
autoformação, este direito prescreve, sem que o trabalhador tenha direito a ser retribuído
por tal, verificando-se aqui apenas uma contraordenação grave por parte da entidade
empregadora.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Exemplo:
Trabalhador com um contrato celebrado em 1 de Abril de 2018 que cessa em 1 de
Outubro de 2020, sem que lhe tenha sido ministrada durante este período qualquer
formação profissional. Terá direito a alguma retribuição a este respeito?
RESPOSTA:
Neste caso, o trabalhador no primeiro ano de trabalho trabalhou 9 meses completos,
pelo que tinha direito a aproximadamente 28h de formação profissional no primeiro
ano – na altura o Código estabelecia a obrigatoriedade de 35h de formação anuais -,
a qual poderia ser ministrada até 2 anos após o seu vencimento, ou seja, este crédito
vence-se no dia 31 de Dezembro de 2018 e podia ser utilizado até ao dia 31 de
Dezembro de 2020 (diferimento de 2 anos). Todavia, como o contrato cessou antes
dessa data, sem que o crédito tivesse prescrito, o trabalhador tem direito a ser
indemnizado relativamente a este crédito, bem como do crédito correspondente à
formação não ministrada em 2019 (ainda se manteve a obrigatoriedade das 35h
anuais) e aos meses de trabalho em 2020 (9meses / x = 12/40 = x = 30h)
O valor a pagar, neste caso, correspondente a 28h + 35h + 30 horas de formação
profissional não ministrada.
Embora o direito às horas de formação se vença anualmente, esta poderá ser ministrada
ou utilizado o respetivo crédito para autoformação até 2 anos após o seu vencimento,
porquanto o art. 132.º, n.º 6 CT o permite, podendo ainda ser solicitado até 3 anos após a
sua cessação – mas apenas para efeito de pagamento.
Se fizermos esse raciocínio nos últimos 5 anos de um contrato que cessa, numa empresa
que não proporcionou horas de formação e cujo trabalhador não utilizou crédito de horas,
chegamos a um resultado de 5 * Horas de formação anual, a pagar juntamente com as
contas finais.
Se quisermos ser mais rigorosos falamos de 2* Horas de formação e 3 * crédito de horas,
conforme infra se poderá compreender melhor.
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entidade responsável pela sua remuneração ou ainda aos seus efeitos na antiguidade ou
equivalência a tempo de trabalho. De facto, no que à remuneração respeita, as faltas
justificadas podem ser:
- Remuneradas pela entidade empregadora;
- Pagas pela SS;
- Pagas pelo Seguro;
- Não remuneradas.
Antes de analisarmos as consequências das faltas, é essencial, num primeiro momento,
perceber como está estruturado o regime das faltas, previsto nos artigos 248.º e seguintes
do CT, complementado pelo IRCT e legislação avulsa. A importância dos IRCT neste
domínio é muito significativa, embora tenha vindo a diminuir a sua relevância e
concentrando-se no Código do Trabalho, um regime cada vez mais imperativo e sem
admitir desvios.
Mais uma vez, por força das alterações legislativas, o art. 250.º - Imperatividade do
regime de faltas – foi alterado por força da Agenda para o Trabalho Digno, na medida em
que ao contrario do que sucedia anteriormente, em que a lei estabelecia que as
disposições relativas aos motivos justificativos de faltas e à sua duração não podiam ser
afastadas por Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho, salvo em relação às
faltas motivadas por deslocação a estabelecimento de ensino de responsável pela
educação de menor por motivo da situação educativa deste, desde que em sentido mais
favorável ao trabalhador, ou por contrato de trabalho, agora, na mais recente versão desta
norma é consagrada como única possibilidade de afastar o regime do art. 249.º, n.º 2 por
IRCT relativamente às faltas de trabalhador eleito para estrutura de representação coletiva
dos trabalhadores, desde que em sentido, naturalmente, mais favorável aos trabalhadores.
No entanto, as alterações ao regime das faltas introduzidas pela ATD não se limitaram a
estes artigos, tendo sido alterados os seguintes artigos:
- art. 249.º - tipos de faltas;
- art. 250.º - imperatividade do regime de faltas;
- art. 251.º - faltas por motivo de falecimento do cônjuge, parente ou afins;
- art. 252.º - falta para assistência a membro do agregado familiar;
- art. 252.º-A – falta para acompanhamento de gravida que se desloque a unidade
hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização do parto;
- art. 254.º - prova do motivo justificativo de falta;
- art. 255.º - efeitos de falta justificada;
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Faltas
Justificadas Injustificadas
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Em suma, resulta do supra exposto que, para que as faltas sejam justificadas estejam
preenchidos os seguintes requisitos cumulativos:
1. Previsão – no elenco de faltas previsto no art. 249.º, n.º 2, nos restantes artigos do
Código do Trabalho ou legislação complementar e ainda em IRCT;
2. Comunicação - com 5 dias de antecedência – quando previsíveis – ou, logo que
possível, quando imprevisíveis;
3. Justificação – mediante documento idóneo.
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Embora as faltas não tenham qualquer efeito no direito a férias, pois este direito não está
condicionado à assiduidade ou efetividade de serviço, a perda da retribuição por motivo
de falta pode ser substituída pela renúncia a dias de férias em igual número, desde que
não ponha em causa um período mínimo de 20 dias de férias ou pela prestação de trabalho
em acréscimo ao período normal, dentro dos limites previstos no código do trabalho
quando o instrumento de regulamentação coletiva de trabalho o permita.
Da recente alteração ao regime das faltas no Código do Trabalho (cfr. Art. 257.º, n.º 3 e
4) resultou que o empregador não se pode opor ao pedido do trabalhador de substituir
uma falta com perda de retribuição por um dia de férias, sob pena de praticar uma
contraordenação grave.
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Ou seja, o gozo deste período pode iniciar antes ou depois do dia do casamento, contanto
que o primeiro dia do período seja um dia de trabalho, de acordo com o disposto no art.
248.º que prevê o conceito de falta.
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dia em que esta a trabalhar, a contagem só se pode iniciar, de acordo com o disposto no
art. 248.º, a partir do primeiro dia de ausência ao serviço.
De acordo no a Nota Tecnica referida em cima, a contagem é feita em dias uteis, ou seja,
não são contabilizados os feriados e os fins-de-semana intercorrentes.
6.2.4. Faltas motivadas por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto não
imputável ao trabalhador
Esta alínea concentra aqui diferentes tipos de faltas que embora tenham em comum o
facto de terem, na sua origem a impossibilidade de o trabalhador prestar trabalho por facto
que lhe é imputável, nomeadamente observância de prescrição médica no seguimento de
recurso a técnica de procriação medicamente assistida, doença, acidente ou cumprimento
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Tratando-se de baixa por doença, as prestações terão, contudo, que ser requeridas pelo
trabalhador diretamente à Segurança social, apenas nos casos em que não tenha direito a
tais prestações por parte do empregador.
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• De que o outro progenitor tem atividade profissional e não falta pelo mesmo
motivo ou está impossibilitado de prestar a assistência;
• Em caso de hospitalização, declaração comprovativa passada pelo
estabelecimento hospitalar.
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6.2.8. Falta motivada por luto gestacional, nos termos do artigo 38.º-A
A recente alteração ao Código do Trabalho (Lei n.º 13/2023) veio aditar ao elenco de
faltas do art. 249.º, n.º 2 um novo tipo de faltas previsto no Estatuto da Parentalidade no
artigo 38.º-A. Trata-se da falta por luto gestacional que prevê que a mãe, quando não
tenha a sua falta enquadrada no regime da interrupção da gravidez previsto no art. 38.º,
possa faltar por motivo de falta por luto gestacional. Esta falta é ainda reconhecida aos
pais, em caso de falta da mãe por motivo de interrupção da gravidez ou de falta por luto
gestacional.
Resulta assim do art. 38.º-A - Falta por luto gestacional – que, quando a mãe não tenha
direito à licença por interrupção de gravidez, pode faltar ao trabalho por motivo de luto
gestacional até três dias consecutivos.
Este direito é ainda reconhecido ao pai, em caso de licença por interrupção de gravidez
da mãe ou de falta por luto gestacional, sendo esta uma falta justificada e remunerada
pela entidade empregadora, ao contrário do que sucede na licença por interrupção de
gravidez.
Para justificar a falta nos termos deste artigo deve os trabalhadores devem informar os
respetivos empregadores, apresentando, logo que possível, prova do facto invocado,
através de declaração de estabelecimento hospitalar, centro de saúde, ou ainda atestado
médico.
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suspender o trabalho no dia de descanso semanal, nos dias das festividades e nos
períodos horários que lhes sejam prescritos pela confissão que professam, nas
seguintes condições:
ü Trabalharem em regime de flexibilidade de horário;
ü Serem membros de igreja ou comunidade religiosa inscrita que enviou no
ano anterior ao membro do Governo competente em razão da matéria a
indicação dos referidos dias e períodos horários no ano em curso – neste
caso, são dispensados da frequência das aulas nos dias de semana
consagrados ao repouso e culto pelas respetivas confissões religiosas os
alunos do ensino público ou privado que as professam, ressalvadas as
condições de normal aproveitamento escolar;
ü Haver compensação integral do respetivo período de trabalho.
Ø Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro – Bases do enquadramento jurídico do
voluntariado – dá ao voluntário direito a faltar justificadamente, se empregado,
quando convocado pela organização promotora, nomeadamente por motivo do
cumprimento de missões urgentes, em situações de emergência, calamidade
pública ou equiparadas (cfr. Art. 7.º, n.º 1, al. E) ).
Estes são apenas exemplos de diplomas que, para além do Código do Trabalho,
estabelecem outros motivos para justificação de faltas. Por norma, estas faltas não têm
qualquer efeito nos direitos dos trabalhadores, nomeadamente no que respeita à
remuneração, mas o diploma que considerar a falta como justificada devera definir o seu
regime de remuneração.
A recente alteração ao Código do Trabalho, feita pela ATD, procedeu a uma revisão da
alínea d) do n.º 2 do artigo 255.º do CT, que anteriormente referia que: as faltas previstas
nas alíneas f) (f) A motivada pelo acompanhamento de grávida que se desloque a unidade
hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização de parto) e k) (k) A que por
lei seja como tal considerada) do n.º 2 do artigo 249.º quando excedam 30 dias por ano.
Distintamente, a Lei prevê agora que as faltas previstas nas alíneas f) - A motivada pelo
acompanhamento de grávida que se desloque a unidade hospitalar localizada fora da ilha
de residência para realização de parto) e l) (a que por lei seja considerada como tal).quando
excedam 30 dias por ano.
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Contrariamente ao regime das faltas, o regime das férias não sofreu qualquer alteração
com a Lei n.º 13/2023, de 3 de abril, mas isso não significa que este regime não mereça
aqui a nossa especial atenção, bem pelo contrario, trata-se de um regime complexo não
só pelo facto de já ter sofrido anteriormente muitas alterações, como também pelo facto
de, apesar das tentativas do legislador para tornar este regime mais justo, continuar a gerar
algumas desigualdades. Para tal, contribui o facto de ser possível identificar 5 regimes
distintos do direito a férias: férias no ano da contratação e no ano seguinte, férias nos
contratos de duração inferior a 6 meses, férias nos contratos com duração superior a mais
de 12 meses e que não cessem no ano seguinte ao da contratação, férias no ano de
cessação da suspensão do contrato iniciado em ano anterior e férias no ano da cessação
do contrato. Por outo lado, importa aqui referir que o direito a férias encerra 4 subdireitos
distintos: a aquisição, a consolidação, o vencimento e o gozo. Aliás, é justamente pelo
facto de estes subdireitos não ocorrerem ao mesmo tempo, que determina a existência de
5 regimes distinto do direito a férias, como oportunamente sera objeto de analise neste
manual.
Sem prejuízo dos diferentes casos de direito a férias – que veremos de seguida – podem
ser enunciados alguns princípios essenciais do regime de férias embora, esses princípios
possam sofrer algumas exceções.
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8 In NUNES, CLÁUDIA SOFIA HENRIQUES, O contrato de trabalho em funções públicas – face à Lei Geral do
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10 AMADO, JOÃO LEAL, Contrato de Trabalho, 2.ª Edição, Wolters Kluwer Portugal – Coimbra Editora, Coimbra,
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Esta “aparente duplicação” das ferias, foi em tempos, das soluções legislativas que mais
injustiça criou sendo que, nas palavras de Bernardo da Gama Lobo Xavier era uma
solução que não era nem razoável nem justa11 o que fez com que o Código de trabalho
consagrasse algumas normas para evitar essas injustiças.
No ano da contratação, o trabalhador nunca pode adquirir mais de 20 dias de férias (art.
239.º, n.º1 do CT) pelo que, se o trabalhador for contratado no dia 15 de janeiro, apesar
de trabalhar mais de 10 meses, não poderá adquirir mais do que 20 dias de férias. Assim,
um trabalhador contratado a 15 de janeiro adquire o mesmo período de férias do
trabalhador contratado a 1 de março.
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não possa resultar o gozo de um período superior a 30 dias úteis, sem prejuízo do disposto
em IRCT (cfr. 239.º, n.º 3).
Somos da opinião que, o trabalhador apesar de não poder gozar mais do que 30 dias de
férias não perde os dias que excedam este período, tendo direito ao pagamento dos dias
de férias que excedessem o período de 30 dias no ano seguinte ao da contratação, ou ao
seu gozo no ano civil seguinte, cumulativamente com as férias vencidas nesse ano. No
mesmo sentido, veja-se David Falcão e Sérgio Tenreiro Tomás12.
12
FALCÃO, David e TOMÁS, Sérgio Tenreiro, Lições de Direito do Trabalho – A
relação individual de trabalho, 2015 – 3.ª Edição Revista e Ampliada, Almedina,
Coimbra, p. 141.
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esta situacao, que geraria uma enorme injustiça e desigualdade, que o legislador
estabeleceu a regra da proporcionalidade no art. 245.º, n.º 3 do Código do Trabalho.
É possível notar aqui a intervenção do legislador para mitigar a injustiça que existia no
regime anterior em que, independentemente da duração do contrato iniciado em ano
anterior, no dia 1 de janeiro do ano seguinte ao início do contrato, se venciam logo mais
22 dias uteis de férias (por aplicação da regra geral de que as férias se vencem a 1 de
janeiro) à semelhança do que sucedia com os trabalhadores com uma antiguidade superior
a um ano. Ao consagrar, no art. 245.º, n.º 3 esta regra da proporcionalidade, o legislador
consegue evitar esta “quase duplicação” do período de férias nos casos em que o contrato
começa num ano e termina no ano seguinte ou não atinge uma duração de mais de 12
meses.
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Exemplo:
Um trabalhador é admitido em 1/2/2020 tendo direito, no ano de admissão, a 2 dias
úteis por cada mês completo. Ou seja, como trabalhou 11 meses completos teria
direito (de acordo com a regra de 2 dias por mês, a 22 dias uteis).
Todavia, como no ano de admissão o direito a férias está limitado a 20 dias, o
trabalhador terá direito apenas a 20 dias no ano de admissão, sendo que ao fim de 6
meses de execução do contrato, ou seja, a partir de 1 de agosto poderá solicitar o
gozo de 12 dias uteis de ferias.
No dia 1 de janeiro de 2021 não se vencem logo 22 dias uteis de ferias, porquanto
se o contrato terminar em 2021 – ano civil seguinte ao da admissão – ou tiver uma
duração inferior a 12 meses, aplica-se a regra do art. 245.º, n.º 3 CT e o trabalhador
só tem direito ao período de ferias proporcional ao período de duração do contrato.
Se, pelo contrário, o contrato cessar em 31/1/2022, ao fim de 2 anos, o trabalhador
já terá direito a:
- 20 dias no ano de 2020;
- 22 dias em 2021;
- 22 dias que se vencem a 1 de janeiro de 2022 relativos ao trabalho prestado em
2021;
- 1,83 dias adquiridos (1/12) e não vencidos em 2022 (no ano de cessação do
contrato o trabalhador tem direito ao período de ferias proporcional ao tempo
trabalhado).
Ou seja, no total, o trabalhador teve direito a 65,83 dias uteis de ferias durante todo
o contrato.
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substituição do seu pagamento apenas pode suceder com as férias já vencidas e não com
aquelas que apesar de adquiridas ainda não são suscetíveis de serem gozadas (férias
vincendas).
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15
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/747c6a16cc26a029802577fc0039b093?Open
Document
16 http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/0/963004603d1d77ba802576b7003bf220?OpenDocument
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
que lhes seja atribuída no contrato ou no recibo, em princípio, só não serão consideradas
parte integrante da retribuição se tiverem uma causa específica e individualizável, diversa
da remuneração do trabalho.
A qualificação de uma prestação remuneratória como retribuição em sentido técnico-
jurídico depende da verificação cumulativa dos seguintes elementos: tem que
corresponder a um direito do trabalhador; tem que ter a sua base no contrato de
trabalho, no instrumento de regulamentação coletiva do trabalho ou na norma legal
aplicável ou no uso da empresa; tem que constituir numa contrapartida regular e
periódica do trabalho prestado e tem que ter um valor patrimonial. A falta de
qualquer um destes elementos descaracteriza esta prestação como retributiva.17
Em sentido semelhante, o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 16 de Dezembro
de 201018, proferido no processo n.º 2065/07 defendeu que as prestações
complementares pagas por uma entidade empregadora a título de trabalho
suplementar, de trabalho noturno, prémio de condução e as quantias pagas por
compensação para a falta de repouso, são suscetíveis de integrar o conceito de
retribuição para efeitos de cálculo dos referidos subsídios. Caso fique demonstrado que
determinadas prestações complementares de trabalho assumem carácter de prestações
pecuniárias, regulares e periódicas, estas devem ser consideradas como parte integrante
da retribuição do trabalhador para todos os efeitos. Quando tenham carácter regular e
periódico, as prestações a título de trabalho suplementar (prestado fora do horário normal
de trabalho), trabalho noturno (aquele efetuado entre as 20h00 e as 7h00) e o prémio de
condução (prémio atribuído aos trabalhadores de condução ferroviária em função dos
quilómetros percorridos), devem integrar o conceito de retribuição do trabalhador, e ser
tidos em conta para efeitos de cálculo da retribuição de férias, subsídio de férias e de
Natal.
17 Este Acórdão pronuncia-se relativamente ao subsídio de disponibilidade pago pela TAP aos técnicos de
manutenção de aeronaves que estão de “prevenção” não tem natureza retributiva, no sentido de que
tal tão integra a remuneração, uma vez que a justificação objectiva desta prestação não é a atividade prestada,
mas a especial penosidade que decorre do facto do trabalhador estar disponível para interromper o gozo do seu
direito ao descanso e ir trabalhar, ou seja, o custo superior que tem para este o facto de lhe poder ser exigida a
interrupção do seu período de descanso para ir trabalhar. Embora nas situações de trabalho noturno habitual
faça sentido qualificar o acréscimo remuneratório como retribuição, por se tratar de uma contrapartida regular
e periódica do modo habitual de execução do trabalho, o acréscimo remuneratório de 100% que a TAP
paga aos técnicos de manutenção de aeronaves que prestem mais de 30 horas noturnas de
trabalho, não pode ser considerado parte integrante da retribuição, pois além de ter carácter
ocasional, visa compensar a maior penosidade, o maior risco para a saúde que resulta do trabalho
prestado durante um número tão elevado de horas noturnas. O mesmo sucede em relação ao
acréscimo remuneratório por “horas extra”. Além de ter uma causa específica e individualizável
diversa da retribuição do trabalho, trata-se de uma prestação variável que foi sempre inconstante e
muito irregular.
18
https://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=31923&idc=588&idsc=83058&ida=108137
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De referir ainda que a redução do período de férias em nada interfere com o direito ao
respetivo subsídio correspondente à duração mínima das férias, pelo que, na
eventualidade de o trabalhador substituir faltas injustificadas por dias de férias terá
sempre direito ao subsídio de férias na íntegra (cfr. Art. 257.º, n.º 2 CT).
Uma questão que se tem colocado amiúde tem sido a de saber a quem compete pagar o
subsídio de férias respeitante aos meses em que o trabalhador esteve de baixa. Ora,
durante estes meses, o trabalhador recebe um subsídio de doença e terá ainda direito a
uma prestação compensatória a título de subsídio de férias e de subsídio de natal.
Todavia, se relativamente à prestação compensatória do subsídio de natal pelo período de
doença, não restam dúvidas que estas sejam da responsabilidade da Segurança Social,
devendo sempre ser previamente requeridas pelo trabalhador, já a prestação
compensatória do subsídio de férias oferece algumas dificuldades, uma vez que esta
apenas é da responsabilidade da Segurança Social quando o trabalhador não tenha direito
a ela por parte da entidade empregadora. Ora, como já vimos anteriormente, quando o
contrato de trabalho esteja suspenso por doença, durante um periodo superior a um mês,
o trabalhador apenas adquire direito a férias se estiver ao serviço no dia 1 de Janeiro do
ano civil seguinte ao da suspensão do contrato.
Assim, se o trabalhador estiver ao serviço nesta data vencem-se os 22 dias úteis das férias
tendo o trabalhador direito à sua retribuição e ao respetivo subsídio – ambos a cargo da
entidade empregadora.
Pelo contrário, se o trabalhador não se encontrar ao serviço nessa data, não se vence o
período de férias, sendo que, neste caso, terão as mesmas que ser compensadas pela
Segurança Social, devendo o trabalhador fazer requerimento relativamente a tal
pretensão.
Conforme já referimos anteriormente, as situações de ausência prolongada que
determinem a suspensão de contrato, poderão ter influência no direito de férias.
Todavia, no que respeita ao subsídio de férias apenas quando o contrato estiver suspenso
no dia 1 de janeiro é que a referida suspensão pode ter efeitos no subsídio de ferias
porquanto as férias e o correspondente subsídio se vencem nesta data. Efetivamente, se o
contrato estiver suspenso por facto respeitante ao trabalhador, seja doença ou acidente
superior a 30 dias, a 1 de janeiro, as férias não se vencem, sendo que quando terminar o
impedimento, o trabalhador terá direito a ferias como se se tratasse de um ano de admissão
(cfr. art. 239.º, n.º 6 CT).
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Exemplo:
1) Um trabalhador inicia uma baixa prolongada em 1/2/2020 e termina a mesma
em 31/10/2020.
Qual é o impacto nas férias?
Neste exemplo nenhum. As férias vencem-se em 1 de janeiro e nessa data o contrato
já não está suspenso.
Nos casos em que o subsídio de férias não é pago devido a suspensão de contrato por
doença, deve o mesmo ser requerido pelo trabalhador à SS no prazo de 6 meses a partir
de 1 de janeiro do ano seguinte àquele em que o subsídio de férias era devido ou da data
de fim de contrato se este tiver cessado.
Se a suspensão for motivada por acidente de trabalho, a seguradora inclui nos pagamentos
o valor correspondente ao subsídio de férias.
Em nenhuma das situações é paga remuneração de férias correspondente uma vez que
esta está coberta pelos subsídios de doença ou de incapacidade temporária.
8. FERIADOS E “PONTES”
Depois de, em 2012, terem sido suprimidos quatro feriados no elenco de feriados
constantes do Código do Trabalho, a Lei n.º 8/2016, de 01 de Abril, procedeu à sua
reposição, sendo que, neste momento, se consideram feriados obrigatórios os dias 1 de
janeiro, de Sexta-Feira Santa, de Domingo de Páscoa, 25 de abril, 1 de maio, de Corpo
de Deus, 10 de junho, 15 de agosto, 5 de outubro, 1 de novembro, 1, 8 e 25 de dezembro
(cfr. art. 234.º CT).
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Além dos feriados obrigatórios, o art. 235.º admite a possibilidade de poderem ser
observados, a título de feriado, mediante IRCT ou contrato de trabalho, a terça-feira de
Carnaval e o feriado municipal da localidade.
O legislador assumiu o objetivo em 2012 de reduzir as faltas injustificadas nas designadas
“pontes” e fê-lo recorrendo a dois mecanismos:
- A possibilidade de a entidade empregadora encerrar nos dias uteis entre os dias de
descanso e o feriado que ocorra a uma terça-feira ou a uma quinta-feira (cfr. artigo 242.º);
- A injustificação das faltas neste dia que terá como consequência a perda de remuneração
no dia feriado, no dia de falta e nos dias de descanso que a antecedem ou lhe sucedem.
Assim, o artigo 256.º (“Efeitos de falta injustificada”) considera injustificadas as faltas
dadas em um ou meio período normal de trabalho diário, imediatamente anterior ou
posterior a dia ou meio dia de descanso ou a feriado.
Exemplo:
Madalena falta injustificadamente na sexta feira, dia 26 de abril. Uma vez que não
tem justificação para a sua falta, e na quinta feira foi feriado, Madalena terá uma
falta injustificada na sexta-feira, sendo que perderá a remuneração dos seguintes
dias:
- 25 de abril – feriado (Quinta-feira);
- 26 de abril – falta injustificada (Sexta-feira);
- 27 de abril – sábado;
- 28 de abril – domingo.
Nota: não obstante se verifique a perda de remuneração em 4 dias, apenas pode ser
marcada uma falta injustificada na sexta-feira
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10.1.1.Trabalho suplementar
Embora não se trate propriamente de uma modalidade de horário de trabalho, a prestação
de trabalho suplementar, pelo sacrifício que impõe ao trabalhador, merece especial
proteção por parte do legislador. Esta é, aliás, uma das matérias sobre as quais o legislador
mais se tem debruçado, com o objetivo de, não só reduzir o recurso ao trabalho
suplementar por parte das empresas, como também reduzir o custo que tal prestação
implica para o empregador.
E se a Lei n.º 23/2012, de 25 de junho reduziu para metade o valor da compensação devida
e suprimiu alguns dos descansos compensatórios devidos pela prestação de trabalho
suplementar em algumas situações – impedindo que esses valores fossem objeto de
alteração por força de contratação coletiva ate 31 de dezembro de 2014 – este ano, a
alteração ao Código do Trabalho por força da Agenda para o Trabalho Digno, veio
aumentar o valor do pagamento do trabalho suplementar que exceda as 100 horas por ano.
De facto, a Lei n.º 23/2012 teve a singularidade de ter imposto que a redução do valor da
compensação pelo trabalho suplementar seria aplicável também aos trabalhadores
abrangidos por Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho, ao impôr, por força
do art. 7.º, n.º 4, als. a) e b), a suspensão das disposições de instrumento de
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19
P. 133, Falcão, David e Tomás, Sérgio Tenreiro, Lições de Direito do Trabalho – A
relação individual de trabalho, Almedina, 2015, 3.ª Edição Revista e Ampliada,
Coimbra
20
P. 41, António Nunes de Carvalho, in Revista de Direito e Estudos Sociais, Número
Especial sobre a Revisão do Código de Trabalho, Ano LIII, n.ºs 1 e 2, Coimbra,
Almedina
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É disso exemplo o suplemento devido por isenção de horário de trabalho, este sim, uma
verdadeira modalidade de prestação de trabalho que apenas pode ser utilizado em alguns
casos específicos previstos na lei.
De facto, resulta do art. 218.º, n.º 1 do Código do Trabalho que apenas podem ser
celebrados acordos de isenção de horário de trabalho nos seguintes casos:
• Exercício de cargos de administração ou direção, ou de funções de confiança,
fiscalização ou apoio a titular desses cargos;
• Execução de trabalhos preparatórios ou complementares que, pela sua natureza,
só possam ser efetuados fora dos limites do horário de trabalho;
• Teletrabalho e outros casos de exercício regular de atividade fora do
estabelecimento, sem controlo imediato por superior hierárquico.
Por sua vez, nem todos os acordos de isenção de horário de trabalho são iguais, podendo
assumir uma das seguintes três modalidades:
• A modalidade-regra, que consiste na não sujeição do trabalhador aos limites
máximos do período normal de trabalho;
• A possibilidade de o trabalhador prestar mais algumas horas do que aquelas que
resultam do período normal de trabalho;
• A observância do período normal de trabalho acordado, não sujeita a um horário
fixo, em que o trabalhador presta em cada dia o período normal de trabalho, mas
fá-lo de forma flexível.
A isenção de horário de trabalho permite – com as diferenças de regime supra referidas –
que os trabalhadores por ela abrangidos possam trabalhar mais do que o período normal
de trabalho acordado, sem que tal seja considerado trabalho suplementar. Todavia,
independentemente da modalidade acordada, o trabalhador terá sempre direito a(os)
dia(s) de descanso semanal, feriados e descanso de um mínimo de 11 horas entre jornadas
laborais, bem como a uma compensação pela isenção de horário de trabalho.
O subsídio de isenção de horário de trabalho é, na grande maioria dos casos, definido em
IRCT e consiste num direito do trabalhador e numa obrigação para o empregador que
apenas pode ser afastada no caso de trabalhadores que exerçam cargos de direção ou
administração e que expressamente renunciem ao seu pagamento.
Caso o IRCT não fixe um subsídio específico para a Isenção de Horário de Trabalho, terá
o trabalhador tem direito, de acordo com o art. 265.º CT a uma retribuição não inferior a
uma hora de trabalho suplementar por dia ou a duas horas de trabalho suplementar por
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Importa, antes de mais, clarificar que, sem prejuízo de norma mais favorável ao
trabalhador prevista em IRCT, de acordo com o artigo 223.º do CT considera-se trabalho
noturno, todo o que for realizado entre as 22 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte,
podendo este período, por determinação de IRCT situar-se entre as 0 e as 5 horas. O
período de trabalho noturno deve ter uma duração mínima de 7 horas.
É também muito relevante para este efeito a definição de trabalhador noturno, que é
aquele que presta, pelo menos, 3 horas de trabalho durante o período noturno ou que
efetuam durante esse período parte do seu tempo de trabalho anual correspondente a 3
hora por dia ou outra definida em IRCT.
O trabalhador noturno, definido nestes moldes, tem direito a um complemento retributivo
nos termos do artigo 266.º, n.º 1, correspondente a 25% da sua retribuição.
Este acréscimo pode ser substituído, mediante IRCT, por:
• Uma redução equivalente do período normal de trabalho;
• Um aumento fixo da retribuição base, desde que não importe tratamento menos
favorável para o trabalhador.
Todavia, nem todos os trabalhadores noturnos têm direito a receber um acréscimo
retributivo, como sucede nos seguintes casos:
• Atividade exercida exclusiva ou predominantemente durante o período noturno,
designadamente espetáculo ou diversão pública;
• Atividade que, pela sua natureza ou por força da lei, deva funcionar à disposição
do público durante o período noturno, designadamente empreendimento turístico,
estabelecimento de restauração ou de bebidas, ou farmácia, em período de
abertura;
• Sempre que a retribuição seja estabelecida atendendo à circunstância de o trabalho
dever ser prestado em período noturno.
Uma última nota sobre este regime para referir que a lei dispensa determinadas categorias
de trabalhadores da prestação do seu trabalho no período noturno, como sucede com os
trabalhadores-estudantes, as trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes, os
trabalhadores menores e os trabalhadores portadores de deficiência ou doença crónica.
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b) Que os encargos com a viatura e com a sua utilização sejam integralmente suportados
pela entidade empregadora;
c) Menção expressa da possibilidade de utilização para fins pessoais ou da possibilidade
de utilização durante 24 horas por dia e o trabalhador não se encontre sob o regime de
isenção de horário de trabalho.
Considera-se ainda que a viatura é para uso pessoal sempre que no acordo escrito seja
afeta ao trabalhador, em permanência, viatura automóvel concreta, com expressa
possibilidade de utilização nos dias de descanso semanal. Pelo contrário, a utilização da
viatura pelo trabalhador, não constitui base de incidência nos meses em que o trabalhador
preste trabalho suplementar em pelo menos dois dos dias de descanso semanal obrigatório
ou em quatro dias de descanso semanal obrigatório ou complementar.
O valor sujeito a base de incidência contributiva corresponde a 0,75% do custo de
aquisição da viatura por cada mês de utilização.
O artigo 46.º exige o carater de regularidade para que algumas das prestações aí elencadas
estejam sujeitas a Segurança Social. É o que sucede com os prémios de rendimento, de
produtividade, de assiduidade, de cobrança, de condução, de economia e outros de
natureza análoga que tenham carácter de regularidade (alínea d)) e com os subsídios de
residência, de renda de casa e outros de natureza análoga, que tenham carácter de
regularidade (alínea m)).
A questão da regularidade foi sido objeto de muita discussão e de diferentes
interpretações sendo que, para colmatar a duvida quanto a esta questão, o legislador
alterou o Código dos Regimes Contributivos em 2013 clarificando no artigo 47 que uma
prestação reveste caráter de regularidade quando constitui direito do trabalhador, por se
encontrar preestabelecida segundo critérios objetivos e gerais, ainda que condicionais,
por forma que este possa contar com o seu recebimento e a sua concessão tenha lugar
com uma frequência igual ou inferior a cinco anos.
Consequentemente, embora a concessão de um premio ou subsídio apenas uma vez não
determine a sua incidência, se tal direito estiver definido na política da empresa e o
trabalhador reúna as condições descritas para que tal lhe seja devido, esta certeza já o
torna regular.
E se o artigo 46.º delimita o que integra a base de incidência contributiva, o artigo 48.º, a
contrário, elenca as prestações que estão excluídas de incidência contributiva.
Resulta assim desta norma que, não integram a base de incidência contributiva
designadamente:
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A compensação pela não concessão de férias resulta de imposição judicial ou inspetiva (ACT) quando uma
entidade empregadora obsta ao gozo de férias do seu trabalhador sendo obrigada por esta via ao pagamento do triplo
da retribuição correspondente ao período em falta tendo este direito ainda que ser exercido até 30 de Abril do ano
seguinte. Não deve ser confundido com o pagamento de férias não gozadas que no caso são sujeitas a incidência de
segurança social.
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A diferença entre as taxas resulta do apuramento do custo medio de cada uma das
eventualidades cobertas e ainda da vulnerabilidade maior ou menor a que o trabalhador
se encontra sujeito.
Mensalmente, as empresas terão duas obrigações para com a Segurança Social – a
obrigação declarativa e a obrigação contributiva:
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A tabela supra descrita permite visualizar não só a descrição das prestações, como
também os respetivos códigos e enquadramento legal e ainda distinguir entre as
remunerações que devem ser reportadas relativamente aos dias e as restantes.
Regra geral, as remunerações são reportadas em valores positivos, apenas se reportando
valores negativos quando é necessário corrigir valores positivos entregues com essa
codificação e no mês referido.
Exemplo:
Reportámos no mês de janeiro, 30 dias de vencimento no código P, no valor de 1.000,00.
No mês seguinte somos informados que há lugar a correção pelo desconto de 3 dias no
valor de 100 €.
Reportamos -3 dias e – 100 € em código P para o mês de Janeiro (embora em Fevereiro)
O mês de Janeiro fica, assim, com esta correção, com 27 dias e 900,00.
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Desta transição gradual operada a “a dois tempos” resultou que os novos contratos, ou
seja, os contratos celebrados após o dia 1 de Novembro de 2011 passaram a ter novas
regras de cálculo da indemnização devida por despedimento coletivo, por extinção do
posto de trabalho ou por inadaptação ou por compensação por caducidade. Quanto às
restantes modalidades de cessação do contrato o anterior regime não sofreu qualquer
alteração.
Esta transição gradual, primeiro relativamente aos novos contratos e só mais tarde com
aplicação aos restantes contratos, tinha como grande objetivo não pôr em causa os direitos
adquiridos dos trabalhadores mais antigos.
Apesar da sua fugaz existência, o artigo 366.º-A foi, no ano seguinte, revogado pela Lei
n.º 23/2012, de 25 de Junho que entrou em vigor no dia 1 de agosto, tendo sido
responsável por abrir caminho na redução da compensação devida por cessação do
contrato de trabalho, a qual teve o mais recente desenvolvimento com a Lei 69/2013, de
30 de agosto que reduziu a compensação devida a partir do dia 1 de Outubro de 2013, a
qual passou a ser de 18 dias, nos casos em que os contratos ainda não tivessem atingido
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Antes de iniciarmos a análise deste regime, importa aqui esclarecer que o legislador não
alterou o regime de todas as modalidades de cessação do contrato de trabalho,
estabelecendo regimes distintos consoante a causa que levou ao fim do contrato.
Assim, vejamos:
Modalidade de Foi objeto
Direito ao subsídio
cessação do Direitos do trabalhador de
de desemprego?
contrato de trabalho alteração?
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30 de Setembro de 2013 e 12
ou 18 dias a partir de 1 de
Outubro de 2013).
• Pagamento dos direitos
adquiridos (proporcionais); Sim, se ficar provado
Resolução pelo
• Indemnização entre 15 a 45 o despedimento Não
trabalhador
dias no caso de resolução nos involuntário
22
termos do art. 249.º, n.º 2 .
Denúncia pelo • Pagamento dos direitos
Não Não
trabalhador adquiridos (proporcionais.)
12.1. Da Lei n.º 53/2011 e da sua importância para os contratos celebrados após 1 de
Novembro de 2011
A Lei n.º 53/2011, para além de ter previsto a criação do Fundo de Compensação do
Trabalho, reduziu o montante devido a título de indemnização em virtude de
despedimento objetivo (coletivo, por extinção do posto de trabalho e por inadaptação) e
a título de compensação devida por caducidade do contrato.
Destaca-se assim desta Lei o aditamento ao Código do Trabalho, de um novo artigo 366.º-
A – entretanto revogado pela Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho – que teve como principal
objetivo, proceder a uma alteração gradual do regime de cálculo das indemnizações e
22
Art. 249.º, n.º 2 - falta culposa do pagamento pontual da retribuição; violação culposa de garantias legais ou
convencionas do trabalhador; aplicação de sanção abusiva; falta culposa de condições de segurança e saúde no
trabalho; lesão culposa de interesses patrimoniais sérios do trabalhador; ofensa à integridade física ou moral,
liberdade, honra ou dignidade do trabalhador, punível por lei, praticada pelo empregador ou seu representante.
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2012 passaram a reger-se também pelas regras dos trabalhadores contratados após 1 de
Novembro de 2011, por força da Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho.
Destacamos ainda que esta Lei, com o objetivo de tornar menos dispendioso o pagamento
das indemnizações e compensações devidas por parte do empregador, ter estabelecido
que parte desta indemnização e compensação seriam assumidas pelo Fundo de
Compensação do Trabalho, mas este apenas foi criado pela Lei n.º 70/2013, de 30 de
Agosto.
Não passava de uma ilusão na medida que o valor a ser assumido pelo Fundo de
Compensação de Trabalho já tinha sido previamente pago pelo Empregador acrescido
também do Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho, sendo este último não
reembolsável.
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tem direito. Procedeu ainda a uma outra alteração importante, que deriva da suspensão do
Fundo de Compensação do Trabalho – criado em 2013 – e da consequente alteração do
seu n.º 3 que agora apenas refere que, o empregador é responsável pelo pagamento da
totalidade da compensação, sem prejuízo do direito ao reembolso, por aquele, junto do
fundo de compensação do trabalho ou de mecanismo equivalente e do direito do
trabalhador a acionar o FGCT, nos termos previstos em legislação específica.
Para a correta compreensão e aplicação da nova redação do artigo 366.º do Código do
Trabalho é essencial recorrer à norma do artigo 35.º - Aplicação no tempo – da Lei n.º
13/2023, que consagra que o constante da nova redação dada ao n.º 1 do artigo 366.º do
Código do Trabalho, apenas se aplica ao período da duração da relação contratual contado
do início da vigência e produção de efeitos da presente lei.
Ou seja, por força desta norma teremos que proceder ao cálculo da indemnização devida
em caso de despedimento (coletivo, por extinção do posto de trabalho ou inadaptação)
nos seguintes termos:
No que à nova redação do art. 366.º respeita e à sua aplicação, teremos agora que proceder
ao cálculo das indemnizações nos seguintes termos:
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Assim, uma vez que a nova redação dos artigos 344.º - Caducidade de contrato de trabalho
a termo certo estabelece em caso de caducidade de contrato de trabalho a termo certo por
verificação do seu termo, o trabalhador tem direito a compensação correspondente a 24
(ao invés dos anteriores 18) dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano
completo de antiguidade, calculada nos termos do artigo 366.º, salvo se a caducidade
decorrer de declaração do trabalhador nos termos do número anterior.
No que aos contratos a termo incerto respeita, resulta do Artigo 345.º - Caducidade de
contrato de trabalho a termo incerto em caso de caducidade de contrato de trabalho a
termo incerto, o trabalhador tem direito a compensação correspondente à soma dos
seguintes montantes:
a) A 24 (e não 18 dias nos primeiros 3 anos e 12 nos seguintes) dias de retribuição base e
diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, no que respeita aos três primeiros
anos de duração do contrato.
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Conforme vimos infra, a compensação por caducidade passa agora a ser de 24 duas por
cada ano de duração de contrato, ou proporcional, em ambas as modalidades de
contrato.
A compensação compreende apenas remuneração base e diuturnidades (quando
aplicável) conforme previsto nos Artºs 344 e 345 do CT.
A cessação do contrato por caducidade confere direito a subsídio de desemprego.
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Feitos estes pagamentos e não existindo outros que se considerem devidos por força da
Lei ou do IRCT, nada mais poderá o trabalhador exigir ao empregador em virtude da
cessação do contrato de trabalho.
É, a este respeito, muito significativa a mais recente alteração ao Código do Trabalho
com a Agenda para o Trabalho Digno que vem consagrar a insusceptibilidade de
extinção dos créditos do trabalhador emergentes de contrato de trabalho, por meio de
remissão abdicativa, salvo através de transação judicial. Sendo esta uma muito
frequente em caso de cessação do contrato e, muitas vezes, validada pelo tribunal por
corresponder à liberdade contratual das partes, é com surpresa que reparamos no
aditamento de um novo 3 ao artigo 337.º - Prescrição e prova de crédito que passa
agora a ter a seguinte redação:
1 - O crédito de empregador ou de trabalhador emergente de contrato de trabalho, da
sua violação ou cessação prescreve decorrido um ano a partir do dia seguinte àquele
em que cessou o contrato de trabalho.
2 - O crédito correspondente a compensação por violação do direito a férias,
indemnização por aplicação de sanção abusiva ou pagamento de trabalho suplementar,
vencido há mais de cinco anos, só pode ser provado por documento idóneo.
3 - O crédito de trabalhador, referido no n.º 1, não é suscetível de extinção por meio de
remissão abdicativa, salvo através de transação judicial.
Gostaríamos de deixar aqui este alerta, não só para a importância e novidade desta
norma como também para a atenção que a mesma nos deve merecer, uma vez que se
trata de uma norma que contraria a prática que tem vindo a ser seguida entre nos.
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Caso prático:
O Manuel celebrou contrato em 1/1/2006. O contrato foi cessado por extinção de
posto de trabalho em 31/01/2020. Auferia o seguinte:
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NOTAS FINAIS
Ao longo deste manual procuramos destacar as várias matérias que consideramos mais
importantes para reunir os conhecimentos necessários à complexa tarefa de processar
salários de trabalhadores.
Este é, de facto, um tema complexo que nos obriga a conciliar várias normas legais, como
o Código laboral, o Código de IRS, Código dos regimes contributivos de segurança social
e ainda outros diplomas complementares e para a qual é determinante o conhecimento
dos IRCT aplicáveis a cada caso.
Cientes da importância das recentes alterações ao Código do Trabalho, introduzidas com
a Agenda para o Trabalho Digno, quisemos também destacar a sua novidade e aplicação
pratica para vos dar o mais correto e atual enquadramento legal do processamento salarial,
dando também exemplos da sua aplicação pratica.
Procuramos, neste manual, abranger todos os temas e elementos do contrato de trabalho
com reflexos salariais e esperamos ter concretizado tal intento.
Cientes de que a formação a que este manual serve de base, permitira a consolidação
destes conhecimentos, gostaríamos que este manual que trazemos ao vosso
conhecimento, se venha a revelar uma ferramenta útil.
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