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Olá, pessoal! Tudo bem?

Aqui é Ricardo Torques, coordenador do Estratégia Carreira Jurídica e


do Estratégia OAB. Além disso, sou professor de Direito Processual
Civil, Direito Eleitoral e Direitos Humanos.

Instagram: www.instagram.com/proftorques

E-mail da coordenação: ecj@estrategiaconcursos.com.br

Em nome dos nossos professores, gostaria de lhes apresentar o e-book "Resumo de Direito
Material e Processual do Trabalho para Magistratura do Trabalho". Elaborado com muito carinho
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Ricardo Torques
Sumário
Direito do Trabalho ............................................................................................................................. 4

1 - Introdução. Princípios e Fontes. ................................................................................................................ 4

2 - Relação de trabalho e relação de emprego .............................................................................................. 7

3 - Terceirização e Trabalho Temporário ..................................................................................................... 14

4 - Contrato de trabalho ............................................................................................................................... 17

5 - Término do contrato de trabalho ............................................................................................................ 25

6 - Jornada de trabalho ................................................................................................................................ 34

7 - Remuneração e salário e Equiparação Salarial....................................................................................... 42

8 – Férias e Prescrição e Decadência ........................................................................................................... 47

9 - Segurança e Medicina do Trabalho. Trabalho do Menor. Trabalho da Mulher ..................................... 50

10 - Comissão de Conciliação Prévia. Comissões de Entendimento Do Direito. Direito Coletivo do Trabalho


...................................................................................................................................................................... 56

11 - Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço - FGTS.................................................................................. 59

12 - Liberdade Sindical e Greve .................................................................................................................... 63

13 – Empregados Domésticos ...................................................................................................................... 66

Direito Processual do Trabalho........................................................................................................... 69

1 - Direito Processual do Trabalho, Princípios, Organização da Justiça do Trabalho e Ministério Público do


Trabalho ....................................................................................................................................................... 69

2 - Jurisdição e Competência - I .................................................................................................................... 88

3 - Competência-II, Partes e Procuradores ................................................................................................... 95

4 - ação trabalhista, procedimentos, petição inicial, audiência trabalhista -1, defesa do reclamado. ..... 106

5 - Despesas Processuais e Atos, termos e prazos processuais .................................................................. 118

6 - Teoria Geral dos Recursos e Embargos de Declaração ......................................................................... 126

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7 - Recurso de Revista; Recursos de Revista Repetitivos; Embargos no TST; Agravo Interno/Regimental;
Recurso Extraordinário; Recurso Adesivo .................................................................................................. 141

8 - Execução Trabalhista ............................................................................................................................ 151

9 - Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave, Processo de Jurisdição Voluntária para Homologação
de Acordo Extrajudicial, Ação Rescisória, Mandado de Segurança ........................................................... 166

10 - Dissídio Coletivo, Ação de Cumprimento, Ação Civil Pública e Coletiva ............................................. 177

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RESUMO DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL DO
TRABALHO PARA MAGISTRATURA
DIREITO DO TRABALHO

1 - INTRODUÇÃO. PRINCÍPIOS E FONTES.

Princípios:

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Fontes:

Direitos Constitucionais dos trabalhadores:

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Renúncia e transação:

2 - RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO

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Elementos fático-jurídicos da relação de emprego:

Elementos que não afastam/caracterizam a relação de emprego:

➢ local de prestação dos serviços (CLT, art. 6º)


➢ exclusividade
➢ proibição legal ao policial militar (SUM-386)

Características de algumas modalidades de trabalho:

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Figura jurídica do empregado:
CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição


de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

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Características de algumas modalidades de emprego:

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Figura jurídica do empregador:

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3 - TERCEIRIZAÇÃO E TRABALHO TEMPORÁRIO

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4 - CONTRATO DE TRABALHO

Aspectos gerais

CLT, art. 442-A. Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a
emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no
mesmo tipo de atividade.

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Modalidades contratuais: por prazo determinado

CLT, art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder,
dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração
deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos
acontecimentos.

Poderes do empregador

Abuso do poder fiscalizatório:

1) monitoramento de e-mail pessoal: diferentemente do monitoramento do e-mail corporativo

2) revista íntima de empregada: diferentemente da revista pessoal

3) submeter empregado ao polígrafo (detector de mentiras)

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Alterações do contrato de trabalho

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Suspensão e Interrupção do contrato de trabalho

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CLT, art. 471 - Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de
sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria
a que pertencia na empresa.

CLT, art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço


militar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo para alteração ou rescisão
do contrato de trabalho por parte do empregador.

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Modalidades contratuais: empregado intermitente

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Modalidades contratuais: teletrabalho

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CTPS

5 - TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO

Pedido de demissão

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Dispensa com Justa Causa

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Rescisão indireta

✓ Decorre da falta grave cometida pelo empregador


✓ Deve ser reconhecida pela Justiça do Trabalho

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Culpa recíproca

Extinção por acordo

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Extinção do contrato por prazo determinado

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Procedimentos rescisórios

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Aviso prévio

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Estabilidades

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6 - JORNADA DE TRABALHO

Compensação de jornada

COMPENSAÇÃO DE JORNADA

Acordo de prorrogação de jornada Banco de horas

Compensação que ultrapassa o módulo


Compensação mensal
mensal

ANUAL:
SEMESTRAL:
Sua validade demanda acordo escrito ou sua validade
sua validade
tácito entre empregador e empregado demanda previsão
demanda acordo
em negociação
escrito
coletiva

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➢ Não atendimento das exigências legais para compensação de jornada:
o se não ultrapassada a duração máxima semanal: não implica a repetição do
pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, sendo devido
apenas o respectivo adicional;
o se ultrapassada a duração máxima semanal: implica o pagamento das horas
acrescidas do respectivo adicional.

➢ A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação


de jornada e o banco de horas.

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Hora noturna

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Aspectos gerais

➢ Segundo a CLT, o tempo gasto no deslocamento da residência do empregado até o local


da efetiva ocupação do posto de trabalho: não será computado na jornada de trabalho
(qualquer que seja o meio de transporte).

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Controle da jornada de trabalho

Intervalos

A) Intervalo intrajornada (regra geral):

JORNADA INTERVALO INTRAJORNADA

Não há obrigatoriedade de concessão de


Igual ou inferior a 04 horas
intervalo intrajornada

Maior que 04 horas e igual ou inferior a 06


Intervalo de 15 minutos
horas

Superior a 06 horas Intervalo de 1 a 2 horas

Superior a 2 horas somente se houver


Superior a 06 horas acordo escrito ou previsão em
negociação coletiva

Inferior a 1 hora, somente se:


Superior a 06 horas

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✓ negociação coletiva (mínimo de 30
min) ou
✓ houver autorização do MTb ou
✓ doméstico (acordo escrito) ou
✓ motorista profissional (negociação
coletiva)

CLT, art. 71, § 4º - A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada


mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo
de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

B) Intervalos intrajornada especiais:

INTERVALO ESPECIAL
ATIVIDADE FUNDAMENTO
REMUNERADO
interior das câmaras frigoríficas
20min de descanso para cada CLT, art. 253
(ou ambiente artificialmente
1:40 de trabalho contínuo SUM-438
frio)
digitador e serviços de
mecanografia 10min de descanso para cada CLT, art. 72
(datilografia, escrituração ou 90min de trabalho SUM-346
cálculo)
Serviços de telefonia,
20min de descanso para cada
radiotelefonia e radiotelegrafia CLT, art. 229
3hs de trabalho contínuo
- variáveis
15min de descanso para cada
Minas de subsolo CLT, art. 298
3 hs consecutivas de trabalho

C) Intervalo interjornada

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D) Repouso Semanal Remunerado

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7 - REMUNERAÇÃO E SALÁRIO E EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Salário e Remuneração:

REMUNERAÇÃO = SALÁRIO + GORJETAS

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Equiparação salarial:

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8 – FÉRIAS E PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Férias

Período aquisitivo Período concessivo

lapso temporal que sucede o


lapso temporal necessário para que
período aquisitivo, no qual o
o empregado adquira o direito às
empregador deve conceder as férias
férias
ao obreiro

CLT, art. 134 - As férias serão


CLT, art. 130 - Após cada período
concedidas por ato do empregador,
de 12 (doze) meses de vigência do
em um só período, nos 12 (doze)
contrato de trabalho, o empregado
meses subseqüentes à data em que
terá direito a férias, na seguinte
o empregado tiver adquirido o
proporção
direito

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QUANTIDADE DE FALTAS INJUSTIFICADAS NO
DIAS DE FÉRIAS
PERÍODO AQUISITIVO
≤ 5 faltas 30 (trinta) dias corridos
6 ≤ faltas ≤ 14 24 (vinte e quatro) dias corridos
15 ≤ faltas ≤ 23 18 (dezoito) dias corridos
24 ≤ faltas ≤ 32 12 (doze) dias corridos
> 32 faltas Perde o direito às férias

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Prescrição

9 - SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. TRABALHO DO


MENOR. TRABALHO DA MULHER

SMT

➢ Atribuições:

MTB EMPREGADOR EMPREGADO

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• Estabelecer normas sobre
SST
• cumprir e fazer
• Fiscalizar o cumprimento
cumprir as normas de SST • observar as normas
das normas, inclusive a CANPAT
• instruir os de SST, inclusive as
• impor penalidades
empregados, através de instruções ordens de
cabíveis por descumprimento
ordens de serviço, para serviço do empregador
das normas
evitar acidentes do trabalho • colaborar com a
• adotar medidas que se
• adotar as medidas empresa na aplicação das
tornem exigíveis, inclusive obras
determinadas pelo MTb regras sobre SST
e reparos que se façam
• facilitar o exercício da • usar os EPIs
necessárias
fiscalização

➢ Atividades insalubres e perigosas:

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CIPA

Representantes dos empregados Representantes do empregador


São eleitos São designados
Entre eles é eleito o Vice-Presidente da CIPA Entre eles é eleito o Presidente da CIPA
Possuem estabilidade provisória no emprego Não possuem estabilidade provisória no emprego
mandato = 1 ano

permitida 1 reeleição

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Proteção ao trabalho do menor:

Proibição de
trabalho noturno,
Menor de 18 anos
perigoso ou
insalubre

Proibição de Exceção: aprendiz, a


Menor de 16 anos
qualquer trabalho partir dos 14 anos

Carregamento de peso (mesmas regras para mulher):

• 20 quilos: trabalho contínuo


• 25 quilos: trabalho ocasional
• Exceto se houver uso de vagonetes sobre trilhos etc

Prescrição: contra os menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição.

Quitação: Menor pode receber salário sem assistência. Mas, quitação das verbas rescisórias, ele
deve ser assistido pelo responsável legal.

Duração do trabalho: vedado prorrogar a duração normal do trabalho do menor, salvo:

• até mais 2 horas diárias: destinadas à compensação, mediante convenção ou acordo


coletivo;
• por motivo de força maior: excepcionalmente, até o máximo de 12 horas, com
acréscimo salarial, desde que o trabalho do menor seja imprescindível.

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Proteção ao trabalho da mulher:

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10 - COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. COMISSÕES DE
ENTENDIMENTO DO DIREITO. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

CCP:

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Comissão para entendimento direto:

ACT e CCT:

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CCT E ACT

Polos subjetivos pactuantes Abrangência das normas pactuadas

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Na CCT, como os sujeitos pactuantes são os
Na CCT, a negociação é entabulada
sindicatos obreiro e patronal, as normas jurídicas
entre sindicatos (o sindicato obreiro
por ela definidas abrangem toda a base territorial
e o sindicato patronal); no ACT a
das categorias profissional e econômica
negociação conta com o sindicato
representadas pelos sindicatos pactuantes; já o
obreiro, mas no outro polo da
ACT terá aplicação apenas nas empresas que
negociação há uma (ou mais de uma)
figuraram como polo subjetivo (assim, sua
empresa, e não o sindicato patronal.
abrangência é mais restrita que a da CCT).

Empregado Hipersuficiente:

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11 - FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS

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12 - LIBERDADE SINDICAL E GREVE

Direito de greve:

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Sindicatos:

CLT, ART. 511, § 1º A SOLIDARIEDADE DE INTERESSES ECONÔMICOS DOS


CATEGORIA » QUE EMPREENDEM ATIVIDADES IDÊNTICAS, SIMILARES OU CONEXAS,
ECONÔMICA » CONSTITUI O VÍNCULO SOCIAL BÁSICO QUE SE DENOMINA CATEGORIA
ECONÔMICA.

CLT, art. 511, § 2º A similitude de condições de vida oriunda da


profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma
Categoria »
atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou
profissional »
conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como
categoria profissional.
CLT, art. 511, § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma
Categoria
» dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por
profissional
» força de estatuto profissional especial ou em consequência de
diferenciada
condições de vida singulares.

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13 – EMPREGADOS DOMÉSTICOS

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1 - DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, PRINCÍPIOS,


ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO E MINISTÉRIO PÚBLICO
DO TRABALHO

Direito processual do trabalho

No Brasil, a origem do direito processual do trabalho se confunde com a própria história da Justiça
do Trabalho.

A primeira fase histórica do direito processual do trabalho diz respeito à sua institucionalização.
Os primeiros órgãos criados para solucionar conflitos trabalhistas foram os Conselhos
Permanentes de Conciliação e Arbitragem, instituídos pela Lei n. 1.637, de 5 de novembro de
1907, mas que não chegaram a ser efetivamente implantados. Em 1932, surgiram as Comissões
Mistas de Conciliação, com competência para conciliar os dissídios coletivos, e as Juntas de
Conciliação e Julgamento, a quem competia conciliar e julgar os dissídios individuais entre
trabalhadores e empregadores, e que se constituíam como instâncias únicas de julgamento, cujas
decisões valiam como título de dívida líquida e certa para execução judicial.

A segunda fase histórica do direito processual do trabalho é caracterizada pela


constitucionalização da Justiça do Trabalho. As Constituições brasileiras de 1934 e 1937 passaram
a dispor, expressamente, sobre a Justiça do Trabalho. Mesmo não integrando o Poder Judiciário,
a Justiça do Trabalho passou a exercer função jurisdicional, com poder de executar suas próprias
decisões, sendo dividida em três instâncias: Juntas de Conciliação e Julgamento, Conselhos do
Trabalho e Conselho Nacional do Trabalho.

A terceira fase histórica do direito processual do trabalho decorre do reconhecimento da Justiça


do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário. A Justiça do Trabalho foi reconhecida
como integrante do Poder Judiciário através do Decreto-Lei n. 9.777/1946, que dispôs sobre sua
organização. Tais disposições foram recepcionadas pela Constituição de 1946, que estruturou a
Justiça do Trabalho através dos seguintes órgãos: I – Tribunal Superior do Trabalho; II – Tribunais
Regionais do Trabalho; III – Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento. A Constituição Federal
de 1967 e a posterior Emenda Constitucional nº 01 de 1969 mantiveram a estrutura da Justiça do
Trabalho de forma similar àquela insculpida na Carta de 1946.

A Constituição de 1988 manteve a estrutura já delineada da Justiça do Trabalho, conservando,


assim, a representação classista na Justiça do Trabalho, com a participação paritária de juízes
leigos representantes de trabalhadores e empregadores nos seus órgãos jurisdicionais. Somente

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com o advento da Emenda Constitucional nº 24/99, excluiu-se a representação classista da
estrutura da justiça laboral. Dessa maneira, as juntas de conciliação e julgamento deixaram de ser
órgãos da Justiça do Trabalho, exaltando-se a competência singular dos juízes do trabalho.

O direito processual do trabalho é o ramo da ciência jurídica, dotado de normas e princípios


próprios para a atuação do direito do trabalho e que disciplina a atividade das partes, juízes e
seus auxiliares, no processo individual e coletivo do trabalho.

No que tange à autonomia do direito processual do trabalho em relação ao direito processual


comum, existem duas teorias divergentes: a monista e a dualista.

A teoria monista (minoritária) entende que o direito processual é unitário, sendo formado por
normas que não se diferem substancialmente a ponto de justificar uma divisão e autonomia entre
o direito processual do trabalho, direito processual civil e o direito processual penal.

A teoria dualista (majoritária), entende que o direito processual do trabalho é autônomo em


relação ao direito processual comum, uma vez que o direito instrumental laboral possui
regulamentação própria na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo dotado de institutos,
princípios e peculiaridades que o diferenciam do processo civil, bem como possuindo
independência didática e jurisdicional.

As fontes materiais do direito processual do trabalho são os acontecimentos responsáveis pelo


nascimento da regra jurídica, ou seja, é o fato social, econômico ou político que inspira o legislador
em um dado momento histórico.

As fontes formais do direito processual do trabalho são as que lhe conferem o caráter de direito
positivo. São aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico.

No topo das fontes formais diretas do direito processual do trabalho, encontram-se as normas
constitucionais. A Constituição brasileira de 1988 contém não apenas normas gerais do direito
processual, mas, também, normas específicas do direito processual do trabalho.

Abaixo da Constituição Federal, podemos destacar as seguintes fontes formais diretas básicas do
direito processual do trabalho: Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de
maio de 1943), que dedica o Título X ao “Processo Judiciário do Trabalho”; Lei n. 5.584/70, que
estabelece algumas importantes normas procedimentais e complementares aplicáveis ao processo
do trabalho; Novo Código de Processo Civil, aplicado supletiva e subsidiariamente (CPC, art. 15)
em caso de lacuna da legislação processual trabalhista, desde que haja compatibilidade daquele
com os valores, princípios e regras do direito processual do trabalho (CLT, art. 769); Lei n. 6.830/80
(Lei de Execução Fiscal), aplicada subsidiariamente (CLT, art. 889) na execução trabalhista; Lei n.
7.701/88, que dispõe sobre organização e especialização dos tribunais para processar e julgar
dissídios coletivos e individuais.

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Algumas normas sobre procedimento nos Tribunais são encontradas, ainda, nos Regimentos
Internos de Tribunais, espécies normativas são autorizadas pelo art. 96, I, a, da Constituição
Federal que somente podem dispor, com observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos.

Deve ser destacada, ainda, a utilização do costume como fonte do Direito Processual geral e, por
consequência, também do Direito Processual do Trabalho, conforme dispõe LINDB (art. 4ª); o CPC
(art. 126) e a CLT (art. 8º).

Fontes formais indiretas, que são aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência, que cumprem
importante papel na interpretação e aplicação do direito processual do trabalho.

Além das fontes já mencionadas, existem as fontes formais de explicitação cujas expressões mais
importantes são a analogia, os princípios gerais de direito e a equidade.

No que tange às normas aplicáveis ao processo do trabalho é necessário distinguir a integração


ocorrida na fase de conhecimento da ocorrida na fase de execução.

Na fase de conhecimento aplica-se inicialmente a CLT e legislação esparsa, mas, se não houver
norma aplicável na legislação trabalhista, o intérprete poderá se socorrer do CPC, desde que haja
compatibilidade com o direito processual trabalhista.

Na fase de execução aplica-se inicialmente a CLT e legislação esparsa, mas, se não houver norma
aplicável na legislação trabalhista, o intérprete poderá se socorrer dos preceitos que regem o
processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal,
desde que haja compatibilidade com o direito processual trabalhista. Apenas na eventualidade de
não ser encontrada norma aplicável na legislação trabalhista e dentre os preceitos que regem o
processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal
é que será aplicável, à execução trabalhista, o processo civil comum.

Os artigos celetistas admitem a incidência do CPC, desde que previstos dois requisitos: omissão
e compatibilidade. Por sua vez, o art. 15 do CPC exige apenas a omissão. Ademais, o novo CPC
admite a possibilidade de aplicação do processo civil em caráter subsidiário, mas também em
caráter supletivo, quando a CLT versa apenas acerca da aplicação subsidiária. Conjugando-se o
art. 15 do CPC com os artigos 769 e 889 da CLT, a doutrina majoritária conclui que a norma
processual civil se aplica ao processo do trabalho da seguinte forma: supletiva e subsidiariamente,
nas omissões da legislação processual trabalhista, desde que compatível com os princípios e
singularidades do processo do trabalho.

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As normas de Direito Processual, em regra, apresentam eficácia imediata, entrando em vigor a
partir da data de publicação da lei, de modo que incidem nas relações jurídicas processuais em
curso, desde que respeitados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

O processo do trabalho compreende uma série de atos processuais, que se coordenam e se


sucedem dentro do procedimento, pelo que é relevante compreender de que maneira resta
materializada a aplicação imediata da norma processual. É majoritária teoria do isolamento dos
atos processuais, considerando que a lei superveniente não deve atinge os atos processuais já
praticados, nem os seus efeitos, mas é aplicável aos atos processuais ainda não iniciados,
independentemente da fase processual em que tais atos estejam situados. Estando em
desenvolvimento um processo, a lei nova regula apenas os atos processuais que se praticarão sob
sua vigência. Os atos processuais realizados sob o império da lei anterior são válidos e produzem
os efeitos que lhes imprimia a lei revogada. A teoria do isolamento dos atos processuais foi
expressamente adotada pelo sistema processual brasileiro, estando prevista no art. 14 do CPC.

Na análise da eficácia especial do direito processual trabalhista aplica-se o princípio da


territorialidade, ou seja, a lei processual trabalhista vigora em todo o território nacional e tem por
destinatários tanto os trabalhadores brasileiros quanto os estrangeiros residentes no Brasil.

Princípios

Princípios são proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas e
institutos subsequentes de uma determinada disciplina.

Os princípios têm três funções, quais sejam: função informadora - destinada ao legislador,
inspirando a atividade legislativa em sintonia com os princípios e valores políticos, sociais, éticos
e econômicos do ordenamento jurídico; função interpretativa - destinada ao aplicador do direito,
pois os princípios se prestam à compreensão dos significados e sentidos das normas que
compõem o ordenamento jurídico; e, função normativa - também destinada ao aplicador do
direito, decorre da constatação de que os princípios podem ser aplicados tanto de forma direta,
na solução dos casos concretos mediante a derrogação de uma norma por um princípio, quanto
de forma indireta, por meio da integração do sistema nas hipóteses de lacuna. Além disso, é
importante reconhecer sua função de sistematizar o ordenamento jurídico, dando suporte a todas
as normas jurídicas, possibilitando o equilíbrio do sistema.

Princípio da igualdade: O princípio da igualdade ou isonomia está consagrado no art. 5º, caput,
da CF, segundo o qual todos são iguais perante a lei. No CPC o princípio da isonomia é tratado
como princípio da paridade de armas. O princípio da igualdade/paridade de armas há de ser
entendido no seu sentido amplo, isto é, tanto no aspecto da igualdade formal quanto no da
igualdade substancial. Disso resulta a necessidade de adaptação da aplicabilidade deste princípio
nos domínios do direito processual do trabalho, no qual se observa, não raro, manifesta
desigualdade econômica entre as partes que figuram no processo.

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Princípio do duplo grau de jurisdição: implica a possibilidade do reexame de uma demanda pela
instância superior, mediante interposição de recurso em face da decisão do órgão de instância
inferior. O STF firmou, contudo, o entendimento de que o duplo grau de jurisdição não é uma
garantia constitucional na atual Constituição Federal. No processo do trabalho há um exemplo da
não aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição: trata-se dos dissídios de alçada serão
julgados em instância única pelas Varas do Trabalho, não sendo admitido qualquer recurso, salvo
se envolver matéria constitucional.

Princípio da oralidade: consubstancia-se na realização de atos processuais pelas partes e pelo


magistrado de forma oral. Embora este princípio também faça parte do direito processual comum,
no Processo do Trabalho ele se acentua, com a primazia da palavra.

Tradicionalmente afirma-se que o princípio da oralidade se exterioriza interagindo com outros


quatro princípios: I – princípio da imediatidade; II – princípio da identidade física do juiz; III –
princípio da concentração dos atos processuais; e, IV – princípio da irrecorribilidade imediata das
decisões interlocutórias.

O princípio da imediatidade ou imediação permite um contato direito do juiz com as partes,


testemunhas, peritos, terceiros e com a própria coisa litigiosa, objetivando firmar o seu
convencimento, através da busca da verdade real.

O princípio da identidade física do juiz determina que o juiz que instruiu processo, que colheu
diretamente a prova, deve julgá-lo, pois possui melhores de valorar a prova, uma vez que a colheu
diretamente ao ter contato com as partes e testemunhas. O CPC atual não contém nenhum
dispositivo semelhante ao art. 132 do CPC revogado, que previa tal princípio, de maneira que o
princípio da identidade física não é mais aplicável ao processo civil e também na esfera trabalhista.

O princípio da concentração dos atos processuais decorre da aplicação conjunta de vários


princípios procedimentais destinados a regulamentar e orientar a apuração de provas e a decisão
judicial em uma única audiência, de maneira a possibilitar que a tutela jurisdicional seja prestada
no menor tempo possível.

O princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias tem por objetivo dar maior
celeridade ao processo e prestigiar a autoridade do juiz. A base legal do princípio em estudo no
direito processual do trabalho está no art. 893, § 1º, da CLT, segundo o qual os incidentes do
processo serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do
merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva. As decisões
interlocutórias no processo do trabalho são recorríveis, apenas não podem ser impugnadas de
imediato.

Princípio da boa-fé processual: Está intimamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa


humana e a um dos objetivos fundamentais da República, consubstanciado no art. 3º, I, da CF,

73
187
qual seja, o de “construir uma sociedade livre, justa e solidária”. Também chamado de princípio
da probidade ou da lealdade, o princípio da boa-fé processual, que era tratado como dever das
partes não proceder com má-fé, está agora consignado expressamente no art. 5º do CPC que
determina que aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.

O direito processual trabalhista possui previsão peculiar sobre o tema, acrescentado pela reforma
trabalhista, no art. 793-D da CLT, que prevê a responsabilidade por dano processual da
testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao
julgamento da causa. As multas aplicadas a título de dano processual serão cobradas nos próprios
autos em que se verificou a prática do ato contrário à boa-fé processual.

Princípio da proteção: O princípio da proteção é peculiar tanto ao direito do trabalho quanto ao


direito processual do trabalho. A diretriz básica do princípio é a proteção do trabalhador. O
princípio da proteção processual, também é conhecido princípio do protecionismo temperado ao
trabalhador, deriva da própria razão de ser do processo do trabalho, o qual foi concebido para
efetivar os direitos materiais reconhecidos pelo Direito do Trabalho, criado exatamente para
compensar ou reduzir a desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais
litigantes do processo laboral.

Significa a presença de previsões que procuram conferir tratamento mais favorável à parte mais
vulnerável da relação processual, ou seja, ao empregado, sendo aplicado predominantemente sob
a perspectiva da função informadora, inspirando e condicionando a atividade do legislador no
momento da criação da norma.

Princípio da informalidade: O princípio da informalidade ou simplicidade, permite que o processo


do trabalho tenha maior flexibilidade, a revelar maior facilidade de acesso à justiça, bem como na
prestação da tutela jurisdicional. Significa que o sistema processual trabalhista é menos
burocrático, mais simples e mais ágil que o processo comum, com linguagem mais acessível ao
cidadão não versado em direito.

Princípio da conciliação: Segundo o princípio da conciliação, a solução do conflito deve ser,


preferencialmente, alcançada por meio da conciliação. Por mandamento expresso do art. 764 da
CLT, os magistrados devem empregar seus bons ofícios e persuasão para tentar obter a
conciliação.

Princípio da busca da verdade real: Derivado do princípio do direito material do trabalho da


primazia da realidade, o princípio informa que no direito processual do trabalho deve haver uma
busca da verdadeira realidade dos fatos. A CLT consagrou tal princípio no art. 765 da CLT que
confere aos Juízos e Tribunais do Trabalho ampla liberdade na direção do processo.

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187
No campo probatório a aplicação do princípio da busca da verdade real faz com que a prova
documental ceda espaço à prova testemunhal quando esta se mostra firme no sentido da
desconstituição daquela.

Princípio da normatização coletiva: A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o
chamado poder normativo, que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas
(atividade típica do Poder Legislativo), proferindo sentença normativa com eficácia ultra partes,
cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria
profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.

Princípio da celeridade: Comum a todos os ramos do direito processual, é um desdobramento do


princípio constitucional da duração razoável do processo (CF, art. 5º, LXXVIII) e encontra no
processo do trabalho aplicação, uma vez que, em regra, os créditos trabalhistas nele veiculados
têm natureza alimentícia.

Princípio do jus postulandi: O jus postulandi é o direito de postular em juízo sem ter advogado.
No processo do trabalho como regra não há necessidade de advogado para se ajuizar uma
demanda trabalhista ou para apresentar a defesa. A capacidade postulatória é conferida às partes
e não somente ao advogado.

Princípio da extrapetição: A jurisdição tem como característica essencial a inércia, de modo que o
judiciário somente atuará quando provocado. O princípio da extrapetição permite, contudo, que
o juiz, nos casos expressamente previstos em lei, condene o réu em pedidos não contidos na
petição inicial.

Organização da justiça do trabalho

No campo da União, o Poder Judiciário conta com as seguintes unidades: a Justiça Federal
(comum) – incluindo os juizados especiais federais –; e a Justiça Especializada – composta pela
Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.

A Justiça do Trabalho, um dos três ramos da Justiça Federal da União especializada, é regulada
nos artigos 111 a 116 da Constituição Federal.

São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juizes do Trabalho.

75
187
O STF e STJ não integram a Justiça do Trabalho.

Desde sua instituição, a Justiça do Trabalho tinha como característica marcante a representação
paritária, inspirada no sistema da Itália fascista, em cuja composição figuravam representantes do
Estado (juízes togados), da classe empresarial e da classe trabalhadora (juízes classistas). Tal
estrutura foi mantida até a Emenda Constitucional n. 24, de 9 de dezembro de 1999, que extinguiu
a representação classista.

A Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição. No primeiro grau, funcionam
as Varas do Trabalho (antes, EC n. 24/99, juntas de Conciliação e Julgamento), onde atuam os
Juízes do Trabalho. No segundo grau, funcionam os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), onde
atuam os Desembargadores do Trabalho. No terceiro grau, funciona o Tribunal Superior do
Trabalho (TST), composto por Ministros.

O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, com jurisdição em


todo o território nacional, e sede em Brasília.

O Tribunal Superior do Trabalho, que é integrado por vinte e sete Ministros escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico
e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
absoluta do Senado Federal.

Da totalidade de 27 ministros, um quinto das vagas devem ser ocupadas por advogados com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho – MPT
com mais de dez anos de efetivo exercício.

O MPT e a OAB indicam lista sêxtupla composta por nomes de membros do MPT, com mais de
dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional, respectivamente. Recebidas as indicações, o TST
forma lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, no prazo de 20 dias, escolhe um dentre
os três nomes da lista. O escolhido é sabatinado e, se aprovado pelo Senado, é nomeado pelo
Presidente da República.

A seleção dos demais ministros é realizada dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

São órgãos do Tribunal Superior do Trabalho:

I – Tribunal Pleno;

II – Órgão Especial;

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187
III – Seção Especializada em Dissídios Coletivos;

IV – Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas subseções;

V – Turmas.

Funcionam junto ao TST os seguintes órgãos (não judicantes):

I – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho


(ENAMAT);

II – Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT);

III – Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Assessores e Servidores do Tribunal


Superior do Trabalho (CEFAST); e,

IV – Ouvidoria.

O Conselho Superior da Justiça Do Trabalho (CSJT), que exerce a supervisão administrativa,


orçamentária, financeira e patrimonial da justiça do trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões têm efeito vinculante.

Aos Tribunais Regionais do Trabalho compete, originariamente, processar e julgar as ações de sua
competência originária (dissídios coletivos, mandados de segurança, ações rescisórias, etc) e em
grau recursal (recursos das decisões de Varas do Trabalho e juízes de Direito com jurisdição
trabalhista).

Atualmente, nos termos do art. 674 da CLT, o território nacional é dividido em 24 regiões para
efeito de Jurisdição dos Tribunais Regionais. Assim, existem 24 TRTs, sendo que o estado de São
Paulo possui dois TRTs (2ª e 15ª Região, com sede em São Paulo e Campinas, respectivamente), a
maioria dos estados possui seu próprio TRT, e alguns TRTs abrangem mais de um estado. O TRT
da 10ª Região abrange o Distrito Federal e o estado de Tocantins, com sede em Brasília; o TRT da
14ª Região abrange os estados de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho; o TRT da 11ª
Região abrange os estados do Amazonas e Roraima, com sede em Manaus; e o TRT da 8ª Região
abrange os estados do Pará e Amapá, com sede em Belém.

Os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por, no mínimo, 7 juízes (atualmente


denominados Desembargadores do Trabalho), recrutados nas respectivas regiões, quando
possível, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
de sessenta e cinco anos.

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187
Deve ser observado o quinto constitucional de membros oriundos da advocacia e do Ministério
Público do Trabalho. Os demais membros são juízes do trabalho promovidos por antiguidade e
merecimento, alternadamente.

Os Tribunais Regionais do Trabalho deverão instalar a Justiça Itinerante, com a realização de


audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

Os Tribunais Regionais do Trabalho podem funcionar de forma descentralizada, mediante criação


de Câmaras Regionais que assegurem o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo.

Desde a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento, realizada pela Emenda Constitucional
n.24/99, a jurisdição trabalhista no primeiro grau é exercida por um juiz singular, chamado de juiz
do trabalho, o qual exerce suas funções nas Varas do Trabalho.

A Lei n. 10.770/03, contrariando parcialmente o art. 650 da CLT, estabelece que cabe a cada TRT,
no âmbito de sua região, mediante ato próprio, alterar e estabelecer a jurisdição das Varas do
Trabalho, bem como transferir-lhes a sede de um Município para outro, de acordo com a
necessidade de agilização da prestação jurisdicional trabalhista.

Nas comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional
trabalhista aos juízes de direito.

Caberá ao juiz de direito, então, julgar a demanda, observando o sistema procedimental previsto
na CLT, sendo que o recurso interposto em face de sua decisão será apreciado e julgado pelo
respectivo TRT.

Instalada a Justiça do Trabalho naquela comarca, cessa de imediato a competência do juiz de


direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças já proferidas.

No âmbito da Justiça do Trabalho, há duas corregedorias: a geral e a regional.

A Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho – CGJT é órgão de direção do TST, juntamente com


o Presidente e Vice-Presidente daquela Corte, tendo a função de fiscalizar, disciplinar e orientar
administrativamente os Tribunais Regionais do Trabalho, seus juízes e serviços judiciários.

Não há na CLT previsão da Corregedoria Regional como órgão autônomo. Prevê, sobre o tema,
o art. 682, XI, da CLT, que “competem privativamente aos Presidentes dos Tribunais Regionais (...)
exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Varas do Trabalho, ou parcialmente
sempre que se fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar conveniente, ao Presidente do Tribunal

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187
de Apelação relativamente aos Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do
Trabalho”.

Contudo, embora a CLT estabeleça que a função de correição nos TRTs é exercida cumulativa
pelos Presidentes do TRTs, por força do art. 96, I, a e b, da CF, os tribunais têm competência
privativa para “eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, (...) dispondo
sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos”,
bem como “organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva”, o que permite que alguns
TRTs possuam previsão regimental do cargo de Corregedor Regional exercido por
Desembargador do Trabalho eleito pelo Tribunal Pleno ou Órgão Especial de forma autônoma em
relação ao Presidente do Tribunal, com atribuições delineadas no respectivo regimento interno.

Compete privativamente aos tribunais organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos
juízos que lhes forem vinculados.

Observada a autonomia de cada tribunal dispor em contrário, são órgãos auxiliares da Justiça do
Trabalho: secretarias, distribuidores, oficiais de justiça avaliadores.

As secretarias das Varas do Trabalho são órgãos auxiliares da primeira instância trabalhista, sendo
responsáveis pela manutenção e conservação dos autos judiciais, bem como movimentação
processual para o desenvolvimento da demanda.

Cada Vara do Trabalho tem uma Secretaria e cada Secretaria tem um Diretor.

Cada Secretaria de Vara do Trabalho possui um Diretor, indicado pelo Juiz Titular e nomeado pelo
Presidente do TRT.

Onde houver mais de uma Vara do Trabalho haverá, também, um distribuidor, designado pelo
Presidente do Tribunal, a quem compete, principalmente, a distribuição, pela ordem rigorosa de
entrada, e sucessivamente a cada Vara, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados
pelos interessados.

Nos mesmos moldes das secretarias da Vara do Trabalho, existem no âmbito dos Tribunais
Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho secretarias dirigidas por diretores
designados pelos respectivos presidentes do Tribunal.

Os oficiais de justiça avaliadores na esfera trabalhista possuem mais atribuições na fase de


execução, momento em que exercem sua atribuição de realizar os atos processuais externos
decorrentes da execução dos julgados das Varas e dos Tribunais Regionais do Trabalho.

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O oficial de justiça avaliador, além das atribuições relacionadas à prática de atos de constrição de
bens do devedor, avalia os bens objeto da constrição.

É de nove dias o prazo para cumprimento de qualquer ato a cargo do oficial de justiça avaliador,
salvo o ato destinado à avaliação dos bens penhorados, caso em que o prazo será de dez dias
contados da nomeação do avaliador.

Ministério público do trabalho

A maioria dos autores revela a origem do Ministério Público na ordenança francesa, de 1302, cujo
rei francês Felipe IV, o belo, impunha que seus procuradores prestassem o mesmo juramento dos
juízes, proibindo-lhes o patrocínio de outros que não a majestade.

No Brasil, alguns sinais da existência do Ministério Público podem ser percebidos desde as
Ordenações Afonsinas, de 1477, através do chamado Procurador dos Nossos Feitos. A partir da
Constituição de 1891 passou a ser reconhecido o “Ministério Público”, mas apenas para
estabelecer que o Presidente da República designaria, dentre os membros do Supremo Tribunal
Federal, o Procurador-Geral da República, com atribuições definidas em lei. Em geral, as
Constituições Brasileiras posteriores trataram timidamente do Ministério Público, ora vinculando-
o ao Poder Judiciário, ora ao Poder Executivo.

Foi a partir da Constituição Federal de 1988 que o Ministério Público alcançou seu crescimento
maior, desvinculando-se dos demais poderes (deixou de ser mero apêndice do Poder Executivo,
tal como estava previsto na EC n. 1/69), para se transformar em instituição permanente, autônoma,
desempenhando função essencial à Justiça e com a incumbência de defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

A importância conferida ao Ministério Público pela Constituição de 1988 pode ser


constatada analisando o artigo 129, no qual são enumeradas as funções da instituição,
quais sejam: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar
pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V -
defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir
notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar
mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações

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187
processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a
consultoria jurídica de entidades públicas.

Ademais, a Lei Complementar n. 75/93, também chamada de Lei Orgânica do Ministério Público
da União – LOMPU, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério
Público da União, elenca em seus artigos 6, 7 e 8, diferentes formas de atuação do Ministério
Público da União.

A Constituição de 1988 elencou princípios institucionais do Ministério Público que se


consubstanciam em bases estruturais de suas atribuições, destinados à realização de sua atividade
finalística. O art. 127, §1º, da Constituição estabelece quais são tais princípios institucionais:

• O princípio institucional da unidade determina que os membros de cada um dos


ramos do Ministério Público formam uma só instituição, sob a direção única de
um só Procurador-Geral.
• O princípio institucional da indivisibilidade define que os membros do Ministério
Público não se vinculam aos processos que atuam, admitindo-se a substituição
de uns pelos outros, na forma da lei. Quem se manifesta nos processos é a
própria instituição.
• O princípio institucional da independência funcional estabelece que não há
hierarquia funcional entre os membros do Ministério Público, nem mesmo em
relação à sua chefia. A existência de chefias está ligada à hierarquia
administrativa, que não deve impedir a independência funcional.

Doutrina e jurisprudência reconhecem a existência do princípio do promotor natural, para impedir


designações arbitrárias efetuadas pela chefia do Ministério Público, de maneira a proteger a
atuação independente do membro da instituição.

A Constituição de 1988 estabelece, em seu art. 128, §2º, a autonomia funcional e administrativa
ao Ministério Público, de maneira a permitir que a instituição tenha liberdade para exercer seu
ofício sem a intervenção de outros órgãos do Estado, subordinando-se apenas à Constituição e às
leis.

A fim de garantir a autonomia da instituição em relação aos poderes executivo e legislativo é


constitucionalmente assegurada ao Ministério Público a iniciativa legislativa para propor a criação
e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, a política remuneratória e os planos de carreira,
bem como a competência para elaborar sua própria proposta orçamentária, dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

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187
As garantias dos membros do Ministério Público estão ligadas ao próprio membro, sendo
destinadas a garantir o exercício de suas funções de forma independente, em face da própria
instituição, dos demais poderes constituídos e também da pressão social.

À luz do art. 21 da Lei Complementar n. 75/93, “as garantias e prerrogativas dos membros do
Ministério Público da União são inerentes ao exercício de suas funções e irrenunciáveis”, sendo
certo que o seu parágrafo único dispõe que as “garantias e prerrogativas previstas nesta Lei
Complementar não excluem as que sejam estabelecidas em outras leis”.

Aos membros do MP são destinadas garantias idênticas às asseguradas aos magistrados:

Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença
judicial transitada em julgado.

Os dois primeiros anos de efetivo exercício do cargo constituem estágio probatório necessário
para que o membro alcance a estabilidade, sendo que, durante o estágio probatório o membro
do Ministério Público pode perder o cargo mediante decisão da maioria absoluta do respectivo
Conselho Superior, em processo administrativo em que assegurada a ampla defesa do acusado.

Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa; ou, decisão do Conselho Nacional do MP.

Irredutibilidade de subsídio, que não é uma garantia exclusiva do Ministério Público, mas sim dos
servidores públicos em geral.

Além das garantias expostas, previstas na Constituição, a Lei Complementar nº 75/93, em seu
artigo 18, conferiu singular rol de prerrogativas aos membros do Ministério Público da União, quais
sejam:

Institucionais: sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou


presidentes dos órgãos judiciários perante os quais oficiem; usar vestes talares; ter ingresso e
trânsito livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou privado, respeitada a garantia
constitucional da inviolabilidade do domicílio; prioridade em qualquer serviço de transporte ou
comunicação, público ou privado, no território nacional, quando em serviço de caráter urgente;
porte de arma, independentemente de autorização; carteira de identidade especial, de acordo
com modelo aprovado pelo Procurador-Geral da República e por ele expedida, nela se
consignando as prerrogativas constantes do inciso I, alíneas c, d e e e, do inciso II, alíneas d, e e f,
deste artigo;

Processuais: do Procurador-Geral da República, ser processado e julgado, nos crimes comuns,


pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade; do

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membro do Ministério Público da União que oficie perante tribunais, ser processado e julgado,
nos crimes comuns e de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça; do membro do
Ministério Público da União que oficie perante juízos de primeira instância, ser processado e
julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelos Tribunais Regionais Federais, ressalvada
a competência da Justiça Eleitoral; ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal
competente ou em razão de flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará
imediata comunicação àquele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de
responsabilidade; ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado-Maior, com direito
a privacidade e à disposição do tribunal competente para o julgamento, quando sujeito a prisão
antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em que tiver de ser
cumprida a pena; não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único
deste artigo; ser ouvido, como testemunha, em dia, hora e local previamente ajustados com o
magistrado ou a autoridade competente; receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer
processo e grau de jurisdição nos feitos em que tiver de oficiar.

Ao Procurador-Geral da República são conferidas, ainda, as mesmas honras e tratamento dos


Ministros do Supremo Tribunal Federal, e, aos demais membros da instituição, as que forem
reservadas aos magistrados perante os quais oficiem.

As vedações relativas ao Ministério Público, como um todo, estão contidas no art. 128, § 2º, II, da
Constituição, e são praticamente as mesmas aplicáveis aos membros da magistratura: receber, a
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; exercer
a advocacia ( sendo que antes da Constituição Federal de 1988 não havia tal vedação, pelo que o
art. 29,§3º, do ADCT possibilitou que continuassem a exercer a advocacia os membros do
Ministério Público que já advogavam antes da promulgação da constituição, desde que optassem
pelo regime anterior); participar de sociedade comercial, na forma da lei; exercer, ainda que em
disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; exercer atividade
político-partidária (vedação só foi inserida pela EC n. 45/04); receber, a qualquer título ou
pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
as exceções previstas em lei; exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Por sua vez, o art. 237 da Lei Complementar n. 75/1993 também estabelece vedações ao
Ministério Público da União: receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto; honorários,
percentagens ou custas processuais; exercer a advocacia; exercer o comércio ou participar de
sociedade comercial, exceto como cotista ou acionista; exercer, ainda que em disponibilidade,
qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; exercer atividade político-partidária,
ressalvada a filiação e o direito de afastar-se para exercer cargo eletivo ou a ele concorrer.

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O ingresso na carreira do Ministério Público depende de prévia aprovação em concurso público
de provas e títulos, exigindo-se que o candidato seja bacharel em direito com mais de 3 anos de
atividade jurídica.

O Ministério Público brasileiro compõe-se dos seguintes órgãos, divididos em dois grandes ramos:

I - o Ministério Público da União, que compreende:


a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; e,
II - os Ministérios Públicos dos Estados.

A EC n. 45/2004 acrescentou, à organização do Ministério Público, o art. 130-A à CF, que trata do
Conselho Nacional do Ministério Público, voltado a realizar uma forma moderada de controle
externo do Ministério Público. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e
financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.

O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo
Presidente da República dentre os integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após
aprovação de seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal. Seu mandato é de dois anos,
permitida a recondução. Sua destituição, por iniciativa do Presidente da República, deve ser
precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal

O Ministério Público do Trabalho – MPT é o ramo do Ministério Público da União que atua
processualmente nas causas de competência da Justiça do Trabalho.

Estruturado em carreira, com autonomia funcional, administrativa e financeira, o MPT é integrado


por diversos órgãos. São órgãos do Ministério Público do Trabalho: o Procurador-Geral do
Trabalho; o Colégio de Procuradores do Trabalho; o Conselho Superior do Ministério Público do
Trabalho; a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho; a Corregedoria
do Ministério Público do Trabalho; os Subprocuradores-Gerais do Trabalho; os Procuradores
Regionais do Trabalho; os Procuradores do Trabalho.

A carreira do Ministério Público do Trabalho inicia-se no cargo de Procurador do Trabalho, por


meio de concurso público de provas e títulos, nos termos do § 3º do art. 129 da CF, e finda no de
Subprocurador-Geral do Trabalho.

O chefe do Ministério Público do Trabalho é o Procurador-Geral do Trabalho, nomeado pelo


Procurador-Geral da República, dentre os membros da instituição com mais de trinta e cinco anos
de idade e cinco anos na carreira, integrantes de lista tríplice escolhida mediante voto

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plurinominal, facultativo e secreto, pelo Colégio de Procuradores, para mandato de 2 anos,
permitida uma recondução, observado o mesmo processo. Caso não haja número suficiente de
candidatos com mais de cinco anos na carreira, poderá concorrer à lista tríplice quem contar mais
de dois anos na carreira. A exoneração do Procurador-Geral do Trabalho, antes do término do
mandato, será proposta ao Procurador-Geral da República pelo Conselho Superior, mediante
deliberação obtida com base em voto secreto de dois terços de seus integrantes. Compete ao
Procurador-Geral do Trabalho exercer as funções atribuídas ao MPT junto ao Plenário do TST,
propondo as ações cabíveis e manifestando-se nos processos de sua competência, bem como as
atribuições definidas no art. 91 da Lei Complementar n. 75/1993.

O Colégio de Procuradores do Trabalho é integrado por todos os membros da carreira em


atividade, sendo presidido pelo Procurador-Geral do trabalho, com atribuições de elaborar a lista
tríplice para a escolha do Procurador-Geral do Trabalho, as listas sêxtuplas para a composição do
Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, bem como eleger quatro
membros do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho.

O Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho é composto pelo o Procurador-Geral do


Trabalho e o Vice-Procurador-Geral do Trabalho; quatro Subprocuradores-Gerais do Trabalho,
eleitos para um mandato de dois anos, pelo Colégio de Procuradores do Trabalho; e, quatro
Subprocuradores-Gerais do Trabalho, eleitos para um mandato de dois anos, por seus pares.
Possui atribuições estabelecidas no art. 98 da Lei Complementar n. 75/1993.

A Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho é um órgão de


coordenação, de integração e de revisão do exercício funcional na Instituição, composta por três
membros do Ministério Público do Trabalho, sendo um indicado pelo Procurador-Geral do
Trabalho e dois pelo Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, juntamente com seus
suplentes, para um mandato de dois anos, sempre que possível, dentre integrantes do último grau
da carreira.

A Corregedoria do Ministério Público do Trabalho é o órgão fiscalizador das atividades funcionais


e da conduta dos membros do Ministério Público. É dirigida pelo Corregedor-Geral que é
nomeado pelo Procurador-Geral do Trabalho dentre os Subprocuradores-Gerais do Trabalho,
integrantes de lista tríplice elaborada pelo Conselho Superior, para mandato de dois anos,
renovável uma vez.

Subprocuradores-Gerais do Trabalho são órgãos designados para oficiar junto ao Tribunal


Superior do Trabalho e nos ofícios na Câmara de Coordenação e Revisão. São lotados nos ofícios
na Procuradoria-Geral do Trabalho.

Procuradores Regionais do Trabalho são os órgãos designados para oficiar junto aos Tribunais
Regionais do Trabalho. São lotados nos ofícios nas Procuradorias Regionais do Trabalho nos
Estados e no Distrito Federal.

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187
Procuradores do Trabalho são designados para funcionar junto às Varas do Trabalho ou aos
Tribunais Regionais do Trabalho. São lotados nos ofícios nas Procuradorias Regionais do Trabalho
nos Estados e no Distrito Federal.

São duas as formas básicas de atuação do Ministério Público do Trabalho: judicial e extrajudicial.
A atuação judicial, resulta da sua participação nos processos judiciais, seja como parte, autora ou
ré, seja como fiscal da lei. Já a atuação extrajudicial ocorre, via de regra, no âmbito administrativo,
mas pode converter-se em atuação judicial.

Quando atua judicialmente o Ministério Público do Trabalho o faz na condição de parte ou custos
legis.

A atuação do MPT como parte ganhou enorme relevo com a Constituição de 1988, passando sua
função institucional mais importante, ao defender os interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos.

É mais comum a atuação do MPT como autor da ação (órgão agente), tal como ocorre nas
hipóteses previstas no art. 83, incisos I, III, IV, V, VI (quando recorrer como parte), VIII e X da Lei
Complementar n. 75/1993, quais sejam: promover as ações que lhe sejam atribuídas pela
Constituição Federal e pelas leis trabalhistas; promover a ação civil pública no âmbito da Justiça
do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos; propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula
de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas
ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; propor as ações necessárias à defesa
dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho;
recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos
em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos
Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho; instaurar instâncias
em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público assim o exigir;
promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho.

Na condição de custos legis, ou seja, fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público do Trabalho
age como órgão interveniente, nas hipóteses dos incisos II, VI (quando não for parte), VII, IX, XII e
XIII, do art. 83 da Lei Complementar n. 75/1993, quais sejam: manifestar-se em qualquer fase do
processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente
interesse público que justifique a intervenção; recorrer das decisões da Justiça do Trabalho,
quando entender necessário, tanto nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar
como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho; promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios
decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos
processos, manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes
da homologação, resguardado o direito de recorrer em caso de violação à lei e à Constituição

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187
Federal; requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos
e para a melhor solução das lides trabalhistas; intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos
segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica
de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional.

A atuação extrajudicial do Ministério Público do Trabalho, como órgão estatal que é, ocorre na
esfera administrativa, sendo iniciados de ofício ou em virtude de denúncia. A condução de
procedimento administrativos se mostra importante mecanismo de investigação e coleta de
provas, objetivando a propositura de ação judicial cabível, ou mesmo funcionando como
instrumento de convencimento para que o investigado ajuste sua conduta à lei (mediante a
assinatura de Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta).

O art. 84 da Lei Complementar n. 75/1993 traz algumas hipóteses de atuação extrajudicial do


MPT: integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam pertinentes;
instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para
assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores; requisitar à autoridade
administrativa federal competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a instauração de
procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e produzir provas; ser cientificado
pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas causas em que o órgão tenha
intervido ou emitido parecer escrito; exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei,
desde que compatíveis com sua finalidade.

O Inquérito Civil - IC é um procedimento administrativo inquisitivo, cuja instauração e presidência


são exclusivas do Ministério Público. Em geral ele é instaurado quando o membro do MPT tem
indícios fortes de que um interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos foi lesado ou
sofre risco de lesão, podendo o fato narrado ensejar futura propositura de ação civil pública (art.
8º, § 1º, da Lei n. 7.347/1985 – LACP).

Diferentemente do inquérito civil, que é privativo do Ministério Público, o Termo de Ajustamento


de Conduta – TAC, que é um acordo que o Ministério Público celebra com o violador de
determinado direito, pode ser tomado por outros órgãos públicos legitimados para promoverem
a ação civil pública (art. 5º, § 6º, da Lei n. 7.347/1985 – LACP), tendo por finalidade de impedir a
continuidade da situação de ilegalidade, reparar o dano causado e evitar a ação judicial.

O Ministério Público do Trabalho atua, ainda, como árbitro, nos dissídios de competência da
Justiça do Trabalho, quais seja, nos dissídios coletivos (art. 114, §1º, da CF/1988) e individuais nos
contratos de trabalho em cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo do Regime
Geral da Previdência Social, desde que pactuada cláusula compromissória de arbitragem, por
iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, antes ou após o término do
contrato (art. 507-A da CLT).

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187
2 - JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA - I

Jurisdição

Tradicionalmente são mencionadas três formas distintas de solução de conflitos:

• a autotutela - em que uma das partes, com utilização de força, impõe sua vontade sobre a
vontade da outra parte. Excepcionalmente, o ordenamento admite a autotutela, como é o
caso, no direito do trabalho, do exercício do direito de greve.
• a autocomposição - em que a solução do conflito de maneira consensual pelas próprias
partes interessadas. Pode-se citar, como exemplo, a resolução de conflito trabalhista em
Comissão de Conciliação Prévia.

Conciliação é o meio alternativo de resolução de disputas em que as partes confiam a uma terceira
pessoa - magistrado ou servidor público por este sempre supervisionado -, a função de aproximá-
las, empoderá-las e orientá-las na construção de um acordo quando a lide já está instaurada, com
a criação ou proposta de opções para composição do litígio.

Mediação é o meio alternativo de resolução de disputas em que as partes confiam a uma terceira
pessoa - magistrado ou servidor público por este sempre supervisionado -, a função de aproximá-
las, empoderá-las e orientá-las na construção de um acordo quando a lide já está instaurada, sem
a criação ou proposta de opções para composição do litígio.

• e a heterocomposição - em que a solução do conflito se dá pelo ingresso de um terceiro,


que decide de modo obrigatório para as partes. A obrigatoriedade do poder decisório
desse terceiro pode ser imposta por lei ou pela vontade das partes. Suas principais formas
são:
o a Arbitragem (Lei 9307/96) - situação em que as partes escolhem um terceiro
imparcial para solucionar o conflito.
No processo do trabalho, a arbitragem é prevista para os conflitos coletivos (art. 114,
§1º, da CF/88). Nos conflitos individuais, doutrina e jurisprudência, majoritariamente,
não permitiam a utilização da arbitragem, por considerar: que os direitos dos
trabalhadores são irrenunciáveis; a hipossuficiência do trabalhador; e, o estado de
subordinação do trabalhador que faz presumir viciada sua vontade em aderir à
cláusula compromissória. A Reforma Trabalhista alterou diretamente a questão!
Conforme previsto no art. 507-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, passa
a haver a possibilidade de pactuação de cláusula compromissória de arbitragem,
desde que por iniciativa do empregado ou mediante sua concordância expressa, em
conflitos individuais, mas apenas quando a remuneração recebida seja superior a

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duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
o a Jurisdição - quando aquele que vai decidir o conflito é investido pela lei. Entende-
se por jurisdição a prerrogativa de “dizer o direito”, prerrogativa esta que compete
ao Estado como forma de resolução de conflitos e consequentemente de mantença
da ordem jurídica e a autoridade da lei. Diz-se que a jurisdição (juris dicere) é o poder
que o Estado avocou para si de dizer o direito, de fazer justiça, em substituição aos
particulares.

Competência

A jurisdição tem íntima relação com a competência. A jurisdição é una e indivisível, mas para maior
efetividade ela é dividia por meio da competência.

É a competência que legitima o exercício do poder jurisdicional. Todos os juízes possuem


jurisdição, mas somente atuarão de forma legítima se tiverem competência.

Com base na teoria geral do direito processual, é possível formular inúmeros critérios para
determinar a competência. Tais critérios levam em conta a matéria, a qualidade das partes, a
função, a hierarquia do órgão julgador, o lugar e o valor da causa. Esses critérios podem ser
trasladados para os domínios do direito processual do trabalho, desde que observadas algumas
peculiaridades.

A competência originária corresponde à competência atribuída ao órgão que irá analisar a causa
em primeiro lugar. Por sua vez, a competência derivada (recursal ou hierárquica) é atribuída ao
órgão jurisdicional com a função de reanalisar a decisão proferida pelo órgão de competência
originária.

Competência exclusiva é aquela que não dá alternativa para o reclamante, indicando um único
órgão jurisdicional para seu ajuizamento. Já a competência concorrente é aquela que a própria lei
confere ao reclamante a opção de escolher dentre dois ou mais juízos.

A COMPETÊNCIA ABSOLUTA é aquela criada em razão do interesse público. Diante disso, as


partes não têm liberdade entre aplicá-la ou não (art. 62 do CPC). A competência absoluta tem
natureza cogente (obrigatória), motivo pelo que pode ser alegada por todos os sujeitos do
processo, podendo inclusive ser conhecida ex officio pelo juiz, bem como pode ser alegada a
qualquer tempo e grau de jurisdição, salvo quando for exigido seu prequestionamento. Ademais,
a incompetência absoluta gera nulidade absoluta do processo, podendo até mesmo ser alegada
na ação rescisória. A nulidade de foro prevista no §1º do art. 795 da CLT deve ser entendida como
nulidade absoluta, daí a possibilidade de declaração de ofício, e a consequência de que sejam
considerados nulos todos os atos decisórios já praticados. São espécies de competência absoluta:

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competência em razão da matéria; competência em razão da pessoa; competência em razão da
função (funcional).

A COMPETÊNCIA RELATIVA é aquela que privilegia a vontade das partes. Assim, as próprias
partes podem aplicá-la ou não no caso concreto, sem que haja qualquer vício processual. Isso não
quer dizer que a lei não vai definir a competência relativa. O que ocorre nesse caso é que a lei
define um juízo competente, mas, se as partes quiserem, poderão modificá-lo. Por se tratar de
opção concedida às partes, a incompetência relativa não pode ser conhecida ex officio,
dependendo, obrigatoriamente, de provocação do réu, na primeira oportunidade, sob pena de
preclusão e prorrogação de competência. São espécies de competência relativa: competência em
razão do lugar (territorial); e, competência em razão do valor da causa. Ocorre que, na Justiça do
Trabalho, o critério do valor da causa NÃO é delimitador de competência, mas sim de rito
processual (sumário e sumaríssimo).

Competência em razão da matéria e da pessoa

A competência em razão da matéria é delimitada em virtude da natureza da relação jurídica


material deduzida em juízo, sendo identificada pela causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos)
e o pedido.

Já a competência em razão da pessoa é definida levando-se em conta a qualidade das partes


envolvidas na relação jurídico-processual.

O fundamento constitucional da competência em razão da matéria e da pessoa da Justiça do


Trabalho reside no art. 114 da CF.

A Emenda Constitucional n. 45/04 alterou significativamente o art. 114 da Constituição medida


em que o critério que era eminentemente pessoal (tendo como partes envolvidas trabalhadores e
empregadores), passou a ser eminentemente material (em razão de uma relação jurídica de
trabalho).

Com a Emenda Constitucional n. 45/04 a competência da Justiça do Trabalho teve significativa


ampliação, pois, dentre outros acréscimos, passou a ter competência para julgar quaisquer ações
referentes à relação de trabalho. Relação de trabalho é gênero, nele incluindo: relação de
emprego; trabalho autônomo; trabalho eventual; trabalho avulso; trabalho voluntário; estágio etc.

O art. 114, I, da CF/88 indica que a justiça do Trabalho é competente para processar e
julgar "as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo".

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Os Estados estrangeiros realizam dois tipos de ato: Atos de império, entendidos como aqueles
praticados no exercício de suas prerrogativas soberanas. Nesse caso, há imunidade absoluta de
jurisdição (não se submetem à jurisdição brasileira); e, Atos de gestão, entendidos aqueles em
que o Estado estrangeiro atua em matéria de ordem estritamente privada, equiparando-se ao
particular. Nessa hipótese, não há imunidade de jurisdição (submetem-se à jurisdição brasileira).

Já quanto às Organizações ou Organismos Internacionais o STF posiciona-se pela imunidade


absoluta. As imunidades dessas organizações vêm estabelecidas em tratados internacionais, os
quais, depois de ratificados, integram o ordenamento interno brasileiro.

O inciso I do art. 114 da CF estende a competência da Justiça do Trabalho aos dissídios


envolvendo os entes da administração direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal,
e dos Munícipios, sem estabelecer qualquer ressalva.

Logo com a publicação da Emenda Constitucional n. 45/04, alguns operadores do direito passaram
a entender que a Justiça do Trabalho teria competência para processar e julgar ações envolvendo
servidores públicos, fossem eles regidos pela CLT (empregados públicos) ou por estatuto próprio
(ocupantes de cargos públicos).

Ocorre que o STF (ADI 3.395) reconheceu a INCOMPETÊNCIA da Justiça do Trabalho para
apreciar as causas que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, quando a relação
entre eles for de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. Assim, cabe a Justiça
Comum julgar as ações referente a servidores com relações de ordem estatutária ou de caráter
jurídico-administrativo. A Justiça Federal julga os servidores estatutários federais e a Justiça
Estadual julga os estaduais e municipais.

Predomina o entendimento de que nas ações em que o consumidor e o prestador dos serviços
são partes a competência é da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho. Na relação de
consumo o protegido é o consumidor e não o prestador dos serviços, que aparece como o
detentor do poder econômico.

O STF entende que as demandas oriundas de contrato de representação comercial autônoma são
de competência da Justiça Comum.

A Emenda Constitucional 45 de 2004 não atribuiu competência penal à Justiça do Trabalho. Esse
é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que deferiu liminar na ADIN 3.684, para afastar
da competência da Justiça do Trabalho o julgamento das ações de natureza penal.

Entende o STF que a relação entre os trabalhadores e os titulares dos cartórios extrajudiciais é
tipicamente de emprego, sendo a atuação da Corregedoria dos Tribunais de Justiça meramente
fiscalizatória e disciplinar, sendo da Justiça do Trabalho a competência para dirimir conflito
envolvendo tais empregados e os cartórios não oficializados

91
187
A competência da Justiça do Trabalho para as ações “que envolvam o exercício do direito de
greve” já estava autorizada implicitamente pelo texto original do art. 114 da CF, para julgar, “na
forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho”. Não obstante, a redação
conferida ao art. 114, II, da Constituição, acrescentado pela Emenda Constitucional n. 45/04,
ampliou a competência da Justiça do Trabalho, que passou a ser responsável para processar e
julgar quaisquer ações que envolvam o exercício do direito de greve, salvo as de natureza penal.

A competência estabelecida no art. 114, II, da CF/88, inclui as ações possessórias (reintegração e
manutenção da posse e interdito proibitório), as ações indenizatórias (prejuízos causados ao
empregador quando do exercício de greve) e obrigações de fazer (medidas que evitem prejuízos
ao empregador durante o exercício da greve pelos empregados).

A competência funcional para processar dissídios coletivos pretendendo a declaração da


abusividade do exercício do direito de greve irá variar de acordo com a área de extensão do
conflito. Quando alcançar apenas um TRT, será dele a competência. No entanto, quando atingir
mais de um Tribunal Regional caberá ao TST o julgamento, exceto quando abarcar o TRT da 2º
Região (SP) e o TRT da 15º (Campinas), cuja competência será do TRT da 2º Região (SP).

Considerando a essencialidade das atividades desempenhadas, o Supremo Tribunal Federal fixou


tese, no RE 846854, estabelecendo que a justiça comum, federal e estadual, é competente para
julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração Pública direta,
autárquica e fundações públicas. Não importa, portanto, se a greve é de servidor público celetista
ou estatutário. A competência é da Justiça Comum, federal ou estadual.

Com o advento da EC n. 45/2004, que acrescentou o inciso III ao art. 114 da CF, a Justiça do
Trabalho passou a ser competente para processar e julgar: a) as ações que tenham por objeto a
disputa sobre representação sindical; b) as ações entre sindicatos; c) as ações entre sindicatos e
trabalhadores; d) as ações entre sindicatos e empregadores.

O novo art. 114, IV, da Constituição estabeleceu como competência da Justiça do Trabalho
processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.

A nova redação do art. 114, V, da CF confere competência para a Justiça do Trabalho examinar
os conflitos de competência apenas entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvando
expressamente a competência do Supremo tribunal Federal para julgar os conflitos entre o
Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre tribunais superiores ou entre estes e
qualquer outro tribunal.

Os conflitos de competência serão resolvidos (art. 808 da CLT c/c art. 102, I, o, da CF c/c art. 105,
I, d, CR):

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187
• pelos Tribunais Regionais:
o Juízes do Trabalho X Juízes do Trabalho, quando abrangidos pelo mesmo TRT;
o Juízos de Direito investidos na jurisdição trabalhista X Juízos de Direito investidos na
jurisdição trabalhista, quando abrangidos pelo mesmo TRT; ou
o Juízes do Trabalho X Juízos de Direito investidos na jurisdição trabalhista, quando
abrangidos pelo mesmo TRT;
• pelo Tribunal Superior do Trabalho:
o Tribunal Regional do Trabalho X Tribunal Regional do Trabalho; ou
o Juízes do Trabalho X Juízes do Trabalho, quando sujeitos à jurisdição de Tribunais
Regionais diferentes.
o Juízos de Direito investidos na jurisdição trabalhista X Juízos de Direito investidos na
jurisdição trabalhista, quando sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes.
o Juízes do Trabalho X Juízos de Direito, quando sujeitos à jurisdição de Tribunais
Regionais diferentes.
• Pelo Superior Tribunal de Justiça:
o Tribunal Regional do Trabalho ou Vara do Trabalho X Tribunal de Justiça, Juiz de
Direito, Tribunal Regional Federal, Juiz Federal, e quaisquer outros tribunais.
• Pelo Supremo Tribunal Federal:
o os conflitos de competência entre o Tribunal Superior do Trabalho X Superior
Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça, Juiz de Direito, Tribunal Regional Federal,
Juiz Federal, e quaisquer outros tribunais.

A Constituição determina, em seu art. 114, VI, a competência material da Justiça do Trabalho para
processar e julgar as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação
de trabalho.

O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 22, estabelecendo que a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e
patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador,
inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito de primeiro grau quando da
promulgação da Emenda Constitucional n. 45/04.

É importante observar que do acidente de trabalho podem se originar ao menos três ações
distintas:

• Promovida pelo trabalhador em face do INSS, para recebimento de benefício


previdenciário: nesse caso, embora a entidade autárquica seja integrante do polo da ação,
a competência é da Justiça Comum Estadual, uma vez que o art. 109, I, da CF

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187
expressamente exclui essa ação da competência da Justiça Federal, mesmo o INSS sendo
uma autarquia federal;
• Ajuizadas pelo INSS em face de empregador causador do acidente do trabalho que tenha
agido de forma negligente no cumprimento de normas de segurança e saúde no trabalho:
aqui, a competência é da Justiça Federal.
• Ajuizada pelo trabalhador em face do empregador, postulando indenização por danos
morais ou patrimoniais: aqui, a competência é da Justiça do Trabalho.

Com a promulgação e publicação da Emenda Constitucional n. 45/2004, que acrescentou o inciso


VII do art. 114 da CF, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar as ações
concernentes às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho.

Ocorre que a competência prevista no inciso VII do art. 114 da CF não alcança as ações oriundas
de penalidades impostas pelos órgãos de fiscalização do exercício profissional

A Justiça do Trabalho é competente para executar as contribuições sociais decorrentes de


sentença condenatória que proferir ou objeto de acordo homologado.

Não tem competência na hipótese de sentença meramente declaratória.

O TST tem decidido que cabe a Justiça do trabalho as ações ajuizadas por empregados em face
de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS). Por ser o
seguro-desemprego um direito social assegurado ao empregado em decorrência da relação de
trabalho, as lides envolvendo seu não fornecimento de guias para sua percepção são de
competência da Justiça do Trabalho.

O quadro de carreira decorre, normalmente, de ato infralegal ou de regulamento de empresa,


sendo competente a justiça do trabalho para apreciar reclamação de empregado que tenha por
objeto direito fundado em quadro de carreira.

O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que compete à Justiça do Trabalho julgar
ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à
segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) inseriu na CLT dispositivo prevendo a possibilidade de


a Justiça do Trabalho decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de sua
competência.

A Justiça do Trabalho é o único ramo do Poder Judiciário que possui competência material para
criar normas gerais e abstratas destinadas às categorias profissionais ou econômicas, desde que

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respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente. Trata-se do chamado poder normativo, que consiste na possibilidade de o poder
judiciário trabalhista emitir disposições normativas vinculantes em relação a classes determinadas
de empregadores e trabalhadores, cuja negociação coletiva tenha restado infrutífera. O poder
normativo da Justiça do Trabalho era amplo, sendo suficiente a provocação de sindicato caso
alguma das partes recusasse a negociação coletiva ou arbitragem proposta, mas foi restringido
pela Emenda Constitucional n. 45/2004. A atual redação da Constituição Federal prevê o poder
normativo mais amplo para a negociação coletiva, resguardando apenas a hipótese do §2º do art.
114 para a Justiça do Trabalho, isto é, apenas nos dissídios de natureza econômica e havendo
comum acordo na instauração do dissídio coletivo.

3 - COMPETÊNCIA-II, PARTES E PROCURADORES

Competência - II

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR

A competência em razão do lugar é aquela delimitada com base nos limites geográficos (territorial)
de cada órgão do Poder judiciário. Portanto, divide-se a competência considerando cada parte
do território nacional.

Conforme já estudado anteriormente, essa modalidade de competência é relativa, o que significa


que depende de provocação da parte interessada, a ser alegada em exceção de incompetência,
sob pena tornar competente o juiz que anteriormente era incompetente (prorrogação de
competência).

A competência territorial, no processo do trabalho, vem descrita no art. 651 da CLT.

A regra é o ajuizamento da reclamação trabalhista no local da prestação dos serviços. Quando o


empregado prestou serviços em mais de uma localidade a justiça competente será, de acordo
com a corrente majoritária, o do último local da prestação dos serviços.

A primeira exceção da competência territorial trabalhista é a reclamação do agente ou viajante


comercial, disposta no §1º do art. 651 da CLT. Nessa hipótese, serão aplicadas duas regras
sucessivas: 1. Regra principal: caso o empregado seja subordinado a determinada agência ou filial
→ competência da Vara do Trabalho em que a empresa tenha agência ou filial a que o empregado
esteja subordinado; 2. Regra subsidiária: caso o empregado não esteja subordinado a
determinada agência ou filial → o empregado poderá optar entre ajuizar a ação no seu domicílio
ou na localidade mais próxima.

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A segunda exceção é do empregado brasileiro que trabalha no exterior, de modo que, embora a
prestação do serviço tenha ocorrido no exterior, a reclamação poderá ser ajuizar na justiça
brasileira.

Quanto à Vara do Trabalho competente, prevalecendo que a competência será do local em que
empresa tenha sede ou filial no Brasil.

O §3º do art. 651 da CLT estabelece a competência no caso de o empregador promover atividades
fora do local da contratação. A tese clássica faz uma interpretação restritiva. Considera que o art.
651, §3º, da CLT somente terá aplicação quando o empregador exercer atividades em locais
incertos, transitórios ou eventuais. Nessa hipótese, a legislação confere a opção de o empregado
escolher entre: Vara do Trabalho da celebração do contrato ou; Vara do Trabalho do local de
prestação dos serviços. A tese moderna, que vem sendo observada pela jurisprudência, impõe
que o §3º deve ser interpretado, não sob o aspecto da transitoriedade das atividades da empresa,
mas sim com o objetivo de alargar o acesso ao judiciário. Desse modo, ampliam a interpretação
dessa exceção, permitindo sua incidência quando a empresa realiza suas atividades em local
diverso da contratação.

A modificação da competência ocorre quando se amplia a competência de um órgão judiciário


para conhecer de causas que não eram de sua competência originária. Somente haverá
modificação na competência relativa!

A modificação da competência poderá ocorrer em três situações: Prorrogação da competência;


foro de eleição; e conexão e continência.

Na esfera trabalhista, o entendimento majoritário é de não ser admitido o foro de eleição na


relação de emprego, vez que a sua admissibilidade redundaria em problemas de difícil solução,
dada a hipossuficiência do trabalhador.

COMPETÊNCIA FUNCIONAL

A competência funcional (ou em razão da função) é fixada em virtude da distribuição interna de


atribuições (funções) dos órgãos judiciais, no caso, da Justiça do Trabalho.

Tomando-se por base os órgãos que compõem a Justiça do Trabalho, pode ser afirmado que há
competência funcional das Varas do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal
Superior do Trabalho.

Algumas classificações de competência funcional são úteis

o Vertical, fixada com base no sistema hierarquizado de distribuição de competências entre


os diversos órgãos judiciais, ou

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o Horizontal, atribuída aos órgãos judiciais do mesmo grau de jurisdição.

Pode, ainda, a competência funcional pode ser:

o Originaria: competência para conhecer a causa em primeiro plano;


o Recursal: competência para apreciar determinados atos do processo, em razão da
apresentação de recursos pelas partes;
o Executória: competência para realizar execução no processo.

Regra especial é dada a competência da Ação Civil Pública, cujo art. 2º da Lei n. 7.347/85, dispõe
o art. 2º que o foro competente é o local onde ocorrer o dano, sendo que o juízo terá competência
ao mesmo tempo funcional e territorial, pelo que a competência é absoluta.

Deve-se observar a extensão do dano, que pode ser de 4 tipos: Dano local: ocorrido dentro da
circunscrição da Vara do Trabalho; Dano regional: atinge localidades com Varas do Trabalho
diversas dentro de um estado ou TRT e Varas do Trabalho limítrofes, ainda que em estados ou
TRT's diferentes; Dano suprarregional: ocorrido dentro de uma mesma região do País; e, Dano
nacional: atinge mais de uma região do País ou a maioria dos estados.

A competência é sempre de uma VARA do trabalho, ou seja, jamais haverá competência originária
de um Tribunal.

Definida a extensão do dano, passa-se a estabelecer o juízo competente: em caso de dano de


abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma vara do trabalho, a
competência será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que vinculadas a
Tribunais Regionais do Trabalho distintos; em caso de dano de abrangência suprarregional ou
nacional, há competência concorrente para a ação civil pública das varas do trabalho das sedes
dos tribunais regionais do trabalho.

Partes e Procuradores

Sujeitos do processo são todos aqueles que participam da relação processual.

Os sujeitos imparciais do processo são os juízes, os peritos, o Ministério Público e os demais


auxiliares de justiça.

As partes, ao revés, são sujeitos interessados em um resultado que lhes seja favorável, em função
do que são sempre parciais.

As partes do processo são, de um lado, a pessoa (ou ente) que postula a prestação jurisdicional
do Estado, e, de outro, a pessoa (ou ente) em relação à qual tal providência é pedida.

97
187
A capacidade de ser parte (ou capacidade de direito) diz respeito à possibilidade de a pessoa
(física ou jurídica) se apresentar em juízo como autor ou réu, ocupando um dos polos do processo.

Toda pessoa humana, também chamada de pessoa natural ou pessoa física, é capaz de adquirir
direitos e contrair obrigações. Além das pessoas naturais, o ordenamento jurídico reconhece às
pessoas jurídicas e, ainda, a outros entes abstratos não reconhecidos juridicamente como pessoas
jurídicas, a capacidade de ser parte.

A capacidade processual, ou capacidade de fato, ou de estar em juízo, é a aptidão para praticar


os atos processuais pessoalmente, sem o auxílio ou acompanhamento de outras pessoas.
Possuindo a pessoa capacidade civil plena, também possuirá capacidade processual, que é exigida
para a prática de atos processuais.

No direito do trabalho, a capacidade civil plena dos empregados dá-se aos 18 anos.

O empregador pessoa física também adquire capacidade processual aos 18 anos de idade.

Algumas pessoas não tem capacidade processual e, por isso, devem ser representadas ou
assistidas, uma vez que dependem de outras pessoas para a manifestação de sua vontade.

Os absolutamente incapazes serão representados em juízo e os relativamente incapazes serão


assistidos em juízo.

Na representação os atos são exercidos exclusivamente pelo representante. O representante age


em nome e por conta do representado. Basta a declaração de vontade do representante em
substituição à do representado.

Já na assistência é necessária a declaração de vontade do assistente e do assistido. O assistente


assiste os atos praticados pelo assistido, ratificando-os. O assistido está presente nos atos
processuais, inclusive presencialmente naqueles em que se fizer necessário, cabendo apenas
confirmação de vontade pelo responsável legal (assistente).

São representados os menores de 16 anos e são assistidos os maiores de 16 anos e menores de


18 anos, desde que não sejam emancipados.

Nas ações individuais trabalhistas, os empregados e os empregadores poderão fazer-se


representar por intermédio do respectivo sindicato representativo da categoria – profissional ou
econômica – a que pertencem, nos termos do art. 791, § 1º, combinado com o art. 513, a, da CLT,
sendo certo que a representação do trabalhador pelo sindicato de sua categoria profissional
independe de ser ele associado ou não

98
187
Ao lado das pessoas naturais ou físicas, há as pessoas jurídicas, de direito público ou de direito
privado. As pessoas jurídicas são fictícias, por isso precisam de uma pessoa física para
manifestação de sua vontade. Daí se exigir representantes em juízo.

Nas audiências trabalhistas, em regra, é exigida a presença obrigatória das próprias partes.
Entretanto, a própria CLT traz exceções a essa regra.

1. Representação em audiência do empregado pelo sindicato nas reclamações plúrimas.


2. Representação em audiência do empregado pelo sindicato nas ações de cumprimento.
3. Representação em audiência do empregado por outro empregado que pertença à mesmo
profissão ou pelo sindicato.
4. Representação em audiência do empregador pelo preposto.

O preposto é um representante do empregador pessoa jurídica cuja missão é específica


para substituí-lo na audiência e nela prestar declarações que o vincularão para fins de
confissão quanto aos fatos deduzidos na relação processual. O preposto não precisa ser
empregado da parte reclamada.

Além da legitimação ordinária, que implica a coincidência entre a titularidade do direito material
e a legitimidade para ser parte, o nosso direito positivo prevê a chamada legitimação
extraordinária, por meio da qual, em determinadas circunstâncias, pessoas ou entes, desde que
autorizados por lei, podem figurar no processo em nome próprio, mas defendendo direito alheio.

O Supremo Tribunal Federal passou a decidir que o art. 8º, III, da CF confere às
entidades sindicais o direito de atuar como substitutos processuais dos integrantes da
categoria.
A defesa coletiva dos interesses individuais homogêneos realiza-se mediante
legitimação extraordinária (ou substituição processual), uma vez que as pessoas jurídicas
e os entes legalmente legitimados para a ação coletiva litigam em nome próprio, mas
defendendo direitos (ou interesses) individuais alheios, cujos titulares poderiam,
isoladamente ou formando litisconsórcio, propor ações individuais em defesa dos seus
próprios interesses.

A lógica da legitimação extraordinária do sindicatos para defender direitos individuais


homogêneos, contudo, não pode ser aplicado na temática da legitimação ativa na defesa dos
interesses difusos ou coletivos stricto sensu, pois estes não são individuais, mas transindividuais.
Trata-se, ao revés, de uma “legitimação autônoma” para a condução do processo”.

A sucessão processual corresponde a alteração da titularidade da ação – no polo ativo ou passivo


–, podendo decorrer por ato inter vivos ou causa mortis.

99
187
A sucessão processual da parte, quando esta é pessoa física, ocorre com a morte. Assim, falecendo
empregado ou empregador durante o processo, serão substituídos pelo espólio, que é, segundo
já vimos, representado pelo inventariante.

Na seara trabalhista é comum que, diante da insuficiência de recursos e bens a serem


repartidos, não haja inventário. Nessa hipótese a jurisprudência admite a habilitação
incidente no processo diretamente pelos dependentes habilitados perante a
Previdência Social. Caso não haja dependentes inscritos perante a Previdência Social
serão habilitados os sucessores da parte.

Quando o empregador for pessoa jurídica, haverá sucessão processual nas hipóteses de sucessão
de empregadores

Capacidade postulatória, também chamada de jus postulandi, é a capacidade para postular em


juízo. Trata-se de autorização reconhecida a alguém pelo ordenamento jurídico para praticar atos
processuais.

No processo do trabalho a lei confere às partes, quando sujeitos de relação de emprego, a


capacidade para postularem diretamente em juízo, sem necessidade de serem representadas por
advogado.

O TST possui entendimento que limita o jus postulandi dos sujeitos da relação de
emprego. De acordo com a Súmula n. 425 do TST, o jus postulandi está restrito às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não se aplicando nos casos de ação
rescisória, ação cautelar, mandado de segurança e nos recursos de competência do
TST.
Ademais, a reforma trabalhista acrescentou à CLT situação na qual não é admitido o jus
postulandi das partes, qual seja, o processo para homologação de acordo extrajudicial,
no qual é obrigatória a representação por advogado

Em caso de reclamação trabalhista ligada à relação de trabalho não subordinado, as partes


deverão estar representadas por advogados, a elas não se aplicando o art. 791 da CLT, restrito a
empregados e empregadores.

O jus postulandi é mera faculdade concedida às partes, ou seja, a parte não é obrigada a ir a juízo
sem advogado. Caso a parte opte, ela pode ser representada por advogado regularmente inscrito
na OAB. A representação por advogado exige um instrumento que outorgue poderes para a
prática dos atos processuais. Tal mandato é instrumentalizado pela procuração.

100
187
Não é permitido ao advogado postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.

É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento
da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015),
admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5
(cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por igual período mediante despacho do
juiz.

Verificada a irregularidade de representação da parte na instância originária, o juiz designará prazo


de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, extinguirá o processo,
sem resolução de mérito, se a providência couber ao reclamante, ou considerará revel o
reclamado, se a providência lhe couber

O Advogado pode substabelecer o mandato que recebeu, transferindo os poderes a ele


concedidos a outro advogado, inclusive sem a necessidade de comunicação ao representado.

A juntada de nova procuração aos autos, sem ressalva de poderes conferidos ao antigo patrono,
implica revogação tácita do mandato anterior.

O mandato tácito é formado em função do comparecimento do advogado à audiência,


representando qualquer das partes e praticando atos processuais em favor de seu representado,
constando seu nome na ata de audiência.

O advogado com mandato tácito não poderá praticar atos que dependam de poderes específicos.
É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

A procuração apud acta é conferida pelo juiz em audiência, mediante ato formal, solene,
devidamente registrado na ata de audiência. Na procuração apud acta o advogado comparece à
audiência e requer o registro em ata de audiência, devendo ser especificada a extensão dos
poderes conferidos pelo representado.

A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando
representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da
juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.

É essencial que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo de procurador, não bastando
a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias e das
fundações públicas.

101
187
Os procuradores estaduais e municipais podem representar as respectivas autarquias e fundações
públicas em juízo somente se designados pela lei da respectiva unidade da federação ou se
investidos de instrumento de mandato válido.

Entende-se por litisconsórcio a autorização legal para que mais de uma pessoa figure no polo ativo
(autor), no passivo (réu) ou em ambos da relação processual.

Litisconsórcio

O litisconsórcio pode ser classificado quanto à posição dos litisconsortes:

• Ocorre o litisconsórcio ativo quando duas ou mais pessoas se reúnem para ajuizar uma ação
em face de um único demandado.
• Se uma só pessoa ajuíza ação em face de duas ou mais pessoas, estaremos diante do
litisconsórcio passivo.
• se duas ou mais pessoas ajuízam ação em face de duas ou mais pessoas, teremos, aí, o
litisconsórcio misto.

Outra classificação do litisconsórcio concerne ao momento da sua formação:

• Temos o litisconsórcio inicial, quando indicado, desde logo, na petição inicial,


• ou o litisconsórcio ulterior, que se forma no decorrer do prosseguimento do processo.

O litisconsórcio também pode ser classificado segundo a obrigatoriedade ou não da sua formação.

• Pode ser necessário, quando a presença de todos os litisconsortes for essencial para a
prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. O litisconsórcio será necessário por disposição
da lei ou pela natureza da relação jurídica, que exige mais de um litigante no processo para
que a sentença seja eficaz.

Intervenção iussu iudicis é a intervenção de um terceiro à lide decorrente de


determinação judicial. Esclarece a doutrina que só se permite essa interferência na
esfera de vontade das partes litigantes nas hipóteses de litisconsorte necessário.

• Também pode ser facultativo, quando a formação do litisconsórcio é opção da parte.


A regra é a que o litisconsórcio seja facultativo. Nesse caso não se impõe e formação do
litisconsórcio, mas apenas se permite a existência do mesmo.

102
187
é possível a limitação do litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na
hipótese em que o número de coligados puder dificultar a defesa ou a rápida solução
do processo.
A limitação poderá ser feita pelo juiz, de ofício, ou a requerimento da parte.

O litisconsórcio pode, ainda, ser classificado quanto à exigência ou não da uniformidade da


decisão a ser proferida.

• Assim, se a sentença tiver que ser uniforme para todos os litisconsortes, haverá o
litisconsórcio unitário;
No litisconsórcio unitário a ausência de citação de um dos litisconsortes implica a nulidade
da sentença.
• se não for necessária a uniformidade da sentença para todos os litisconsortes, estar-se-á
diante de litisconsórcio simples.

Apesar do litisconsórcio, as partes são tratadas, exceto no litisconsórcio unitário, como litigantes
diversos em relação à parte contrária, isto é, os atos e as omissões de uma não prejudicarão nem
beneficiarão as outras.

Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem ser
intimados dos respectivos

Há possibilidade de benefício de um litisconsorte decorrer de ato de outro. Os efeitos da revelia


serão afastados se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a reclamação

Tratando-se de litisconsorte passivo em que houver condenação das empresas litisconsortes, o


recurso interposto por uma delas pode, ou não, aproveitar a outra. Haverá o aproveitamento se
forem comuns (litisconsórcio unitário) os interesses defendidos pelos litisconsortes passivos na
demanda. Caso contrário (litisconsórcio passivo simples), os litisconsortes serão considerados
litigantes distintos.

A regra geral do direito processual brasileiro exige que todos os sujeitos que nele atuam pautem-
se dos deveres éticos e de honestidade

Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

São deveres das partes e de seus procuradores:

• expor os fatos em juízo conforme a verdade;


• proceder com lealdade e boa-fé;
• formular pretensões e/ou defesas devidamente fundamentadas;

103
187
• se abster de produzir provas e/ou praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou
defesa de direito;
• cumprir os provimentos mandamentais, sem criar embaraços à sua efetivação;

A Reforma Trabalhista de 2017 incluiu na CLT o Capítulo - DO PROCESSO EM GERAL – a Seção


IV-A e passou a prever a possibilidade de responsabilidade por dano processual, em decorrência
da litigância de má-fé.

Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

O litigante de má-fé na Justiça do Trabalho será condenado, de ofício ou a requerimento, a:

• pagar multa, que será superior a 1% e inferior a 10% do valor corrigido da causa;
• indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu;
• arcar com os honorários advocatícios; e
• pagar todas as despesas que a parte contrária efetuou.

Quando forem dois ou mais litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de seu
respectivo interesse na causa ou solidariamente os que se coligaram para lesar a parte contrária.

A reforma trabalhista inova ao determinar que a multa por litigância de má-fé será aplicada à
testemunha que alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.

O assédio processual caracteriza-se pela reiteração de atos praticados por uma parte com o intuito
de humilhar ou desestimular a outra, mediante utilização de artifícios aparentemente válidos, mas

104
187
que visam, de forma dissimulada, à obtenção de vantagem de ordem processual, o que, não raro,
implica vantagens de ordem econômica para quem pratica o assédio processual1.

Uma vez caracterizado o assédio processual, a parte lesada tem direito à reparação, sendo a
indenização fixada conforme a reparação por danos morais.

Intervenção de Terceiros

A assistência é uma espécie de intervenção voluntária em que o terceiro ingressa na relação


processual em curso, com a finalidade exclusiva de auxiliar uma das partes (arts. 119 a 124 do
CPC). Seu interesse é “jurídico”, pois consiste em que a sentença venha a ser favorável ao
assistido.

A assistência pode ser simples ou litisconsorcial.

• Na assistência simples o assistente não possui qualquer relação jurídica com o adversário
do assistido. O assistente atua como auxiliar da parte assistida, exercendo os mesmos
poderes e sujeitando-se aos mesmos ônus processuais.
• Na assistência litisconsorcial a sentença tem aptidão para influir na relação jurídica entre o
assistente e o adversário do assistido. O assistente também é titular da relação jurídica
deduzida em juízo, embora não tenha sido parte na demanda.

A denunciação da lide é modalidade de intervenção de terceiros, no qual a parte pode optar por
provocar terceiro a integrar o processo de conhecimento, a fim de possibilitar o exercício do
direito de regresso sem a necessidade de ação autônoma

Na denunciação da lide são julgadas tanto a demanda entre as partes originárias quanto a da lide
decorrente da denunciação, possuindo a sentença dupla finalidade.

O chamamento ao processo é uma espécie de intervenção facultada ao réu para requerer ao juiz
a convocação para integrar a lide, como seu litisconsorte, o devedor principal, os corresponsáveis
ou coobrigados solidários que serão responsabilizados pelas obrigações correspondentes (arts.
130 a 132 do CPC). Sua finalidade do instituto é trazer para o mesmo processo outros responsáveis
pelo débito reclamado pelo autor.

1LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019, p. 543.

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187
A desconsideração da personalidade jurídica do empregador vem sendo tradicionalmente
utilizada, mormente em sede de execução trabalhista, e consiste na possibilidade de a execução
em face da empresa executada ser redirecionada ao patrimônio dos seus sócios, a fim de viabilizar
a satisfação dos créditos dos trabalhadores constantes do título judicial

Duas teorias de desconsideração são utilizadas para permitir que os atos executórios alcancem o
patrimônio dos sócios:

1. A teoria maior – quando se verifica a insuficiência do patrimônio societário + for


comprovado o abuso da personalidade jurídica em razão do desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial.
2. A teoria menor – quando se verifica a insuficiência do patrimônio societário.

A teoria menor está pautada no art. 28, §5º, do Código de Defesa do Consumidor e é aplicável
ao processo do trabalho em razão dos princípios da celeridade, proteção ao trabalhador
hipossuficiente, efetividade da execução trabalhista e do privilégio do crédito laboral. Nesse
sentido o posicionamento da doutrina e da jurisprudência.

a CLT, em redação conferida pela reforma trabalhista, define que os dispositivos do CPC sobre o
incidente de desconsideração se aplicam no processo do trabalho

Amicus curiae, ou amigo da corte, é um terceiro (pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada) que intervém em processo alheio, de forma
espontânea ou provocada para colaborar com a solução do processo, trazendo subsídios técnicos
ou jurídicos para o julgador, uma vez que tem interesse na matéria jurídica discutida em juízo (art.
138 do CPC).

4 - AÇÃO TRABALHISTA, PROCEDIMENTOS, PETIÇÃO INICIAL,


AUDIÊNCIA TRABALHISTA -1, DEFESA DO RECLAMADO.

Ação Trabalhista

Ação é direito abstrato, autônomo, público e em regra subjetivo, constitucionalmente assegurado


a qualquer pessoa objetivando provocar a prestação da tutela jurisdicional pelo Estado.

Para propor a ação é necessário ter interesse e legitimidade.

Os elementos da ação são:

• Partes
• Causa de pedir

106
187
• Pedido

É importante verificar se existe a identidade de elementos de duas ou mais ações a fim de evitar
que uma demanda seja julgada mais de uma vez.

A coisa julgada é o fundamento da extinção da demanda quando proposta ação idêntica à uma
primeira ação que foi decidida por decisão transitada em julgado.

A litispendência é o fundamento da extinção da demanda quando proposta ação idêntica à uma


primeira ação que ainda está em curso.

Procedimentos

Na Justiça do Trabalho o acesso à jurisdição é feito por duas vias distintas: a via individual e a
coletiva.

- O dissídio individual é aquele utilizado para solução de situações particulares, que interessam
tão somente aos indivíduos em litígio, ainda que uma dessas partes seja um ente coletivo por
natureza (sociedade empresária). Além disso, no dissídio individual a lide é concreta.

- O dissídio coletivo tem por fim solucionar lides coletivas por entes específicos e de forma
abstrata: os sindicatos e os empregadores.

As Comissões de Conciliação Prévia não integram a estrutura da Justiça do Trabalho. De


composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, foram instituídas
no âmbito das empresas e dos sindicatos com a atribuição de tentar conciliar os conflitos
individuais do trabalho.

O STF (ADINs nº 2139, 2160 e 2237) deu interpretação conforme a Constituição ao art. 625-D da
CLT e firmou o entendimento de que a passagem do trabalhador pela CCP é facultativa, razão
pela qual não pode obstaculizar o acesso direto do cidadão ao Judiciário Trabalhista.

No processo do trabalho de conhecimento, há dois tipos de procedimentos:

• Procedimento comum, que se subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo.


o O procedimento comum ORDINÁRIO, que é a regra no processo do trabalho, encontra-
se regulado do art. 837 ao art. 852 da CLT.
o O procedimento comum SUMÁRIO, no âmbito do processo laboral, foi introduzido pela
Lei n. 5.584/70, cujo objetivo fundamental era empreender maior celeridade às causas
trabalhistas com valor de até dois salários mínimos.
o O procedimento comum SUMARÍSSIMO foi introduzido no processo do trabalho por
força da Lei n. 9.957/00, que acrescentou à CLT os arts. 852-A a 852-I.

107
187
O procedimento sumaríssimo só tem lugar nas ações trabalhistas individuais (simples ou
plúrimas), cujo valor da causa seja superior a dois salários mínimos e inferior a quarenta
salários mínimos.

O legislador excluiu expressamente da incidência do procedimento sumaríssimo as causas em que


figurarem os órgãos da Administração Direta, autárquica ou fundacional

• Procedimento especial, que é adotado para as ações especiais previstas na própria CLT,
como o inquérito judicial para apuração de falta grave, o dissídio coletivo e a ação de
cumprimento.

Petição Inicial

Em razão do princípio da inércia da jurisdição, o juiz somente prestará a tutela jurisdicional quando
provocado.

A petição inicial é peça formal que rompe a inércia do Judiciário e individualiza os sujeitos da lide
e limita os pedidos da demanda.

A reclamação trabalhista pode ser apresentada de forma escrita ou verbal.

Se verbal, a petição inicial deve ser reduzida a termo pelo reclamante, que deverá apresentar-se
no cartório ou secretaria da vara para converter para a forma escrita sua reclamação oralmente
apresentada, de forma a ser formalizado ‘termo de reclamação’ em duas vias datadas e assinadas
pelo Diretor de Secretaria ou escrivão.

A petição inicial verbal deverá ser distribuída antes mesmo de sua redução a termo.

Salvo motivo de força maior, o reclamante deve reduzir a termo sua reclamação verbal no prazo
de 5 dias de sua distribuição, sob pena de perempção em caso de não comparecimento, ou seja,
sob pena de perder o direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho, pelo prazo de 6 (seis)
meses.

A petição inicial verbal deve observar, no que couber, os requisitos exigidos para a petição inicial
escrita, que são estabelecidos no §1º, do art. 840 da CLT.

A petição inicial escrita nos dissídios individuais deverá conter, obrigatoriamente, seis requisitos:

1) a designação do Juízo

2) a qualificação das partes

3) a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio

108
187
Majoritariamente entende-se pela necessidade de demonstração também dos fundamentos
jurídicos a embasar os pedidos formulados na inicial.

4) o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor

o pedido deverá ser:

I – certo;

II – determinado;

III – com indicação de seu valor (líquido).

Caso o autor não formule na petição inicial pedido certo, determinado e líquido:

- no procedimento sumaríssimo, haverá extinção do processo e condenação ao autor ao


pagamento das custas;

- no procedimento comum ordinário (ou sumário), haverá extinção do(s) pedido(os) sem resolução
do mérito, continuando a tramitação do processo em relação aos demais pedidos.

5) a data

6) a assinatura do reclamante ou de seu representante

Alteração da petição inicial é gênero que tem como espécies o aditamento e a emenda da petição
inicial.

O aditamento da petição inicial é a possibilidade de o reclamante alterar o pedido ou a causa de


pedir.

Pode a petição inicial ser alterada independentemente de consentimento do reclamado antes da


apresentação da defesa pelo reclamado.

Após a apresentação da defesa, o aditamento ainda é possível, desde que o reclamado consinta.

A emenda da petição inicial objetiva corrigir vícios sanáveis. Se insanável, haverá o indeferimento
da petição inicial.

Verificando que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 319 e 320, ou que
apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor, no prazo de quinze dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que
deve ser corrigido ou completado.

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Ocorrendo algum dos vícios do art. 330 desnecessária a intimação para emendar-se a petição
inicial, cabendo mesmo é o indeferimento desta, com a consequente extinção da ação de forma
prematura e sem resolução do mérito.

Sendo indeferida a petição inicial, da sentença caberá o recurso ordinário, nos termos do art. 895,
I, da CLT, com a peculiaridade imposta pela aplicação do art. 331 do CPC/15, qual seja, a
possibilidade de retratação pelo juiz prolator da sentença, no prazo de 5 dias

Uma vez oferecida a contestação, ainda que eletronicamente e antes da audiência, para que ocorra
a desistência da ação passa a ser necessário o consentimento do reclamado.

Audiência Trabalhista

Na designação da audiência há que ser respeitado um prazo mínimo de 5 (cinco) dias entre a
notificação e a audiência, de forma a que seja garantido um prazo mínimo para que o reclamado
possa preparar sua defesa, documentos e testemunhas.

Este prazo é em quadruplo, ou seja, 20 (vinte) dias, se o polo passivo é ocupado pela União,
Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações públicas (Decreto-lei 779/1969).

Se o réu for o Ministério Público do Trabalho, então o prazo é em dobro, ou seja, 10 (dez) dias,
seguindo a nova regra do art. 180 do CPC.

Na Justiça do Trabalho, as audiências (ou sessões) são públicas e realizadas na sede do Juízo (ou
Tribunal). Apenas em casos especiais poderá ser designado outro local para a realização das
audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo do Tribunal, com a antecedência mínima de
24 horas.

O funcionamento das audiências ocorre em dias úteis, previamente fixados, entre 8 e 18 horas,
não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.

A lei, no entanto, admite que, havendo necessidade imperiosa, poderão ser convocadas
audiências extraordinárias, desde que seja afixado edital na sede do Juízo do Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 horas.

À hora marcada, o juiz presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo Diretor de
Secretaria ou escrivão a chamada (ou pregão) das partes, testemunhas e demais pessoas que
devem comparecer.

Se até 15 minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os
presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.

110
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As partes e seus representantes, inclusive os advogados, não têm qualquer tolerância
quanto a atrasos.

O art. 849 da CLT prescreve que a audiência de julgamento deverá ser contínua, única, em
observância ao princípio da celeridade processual e concentração dos atos processuais.

Admite-se, no entanto, que, por motivo de força maior, o juiz determine a sua continuação para a
primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.

Na prática é comum o fracionamento da audiência de julgamento em três: “audiência de


conciliação”, “audiência de instrução” e “audiência de julgamento”.

À data e hora marcada, deverão comparecer reclamante e reclamado à audiência, arcando cada
uma das partes pelos ônus da ausência.

Nas audiências trabalhistas, em regra, é exigida a presença obrigatória das próprias partes.

Defesa do Reclamado

→ Exceções ao comparecimento do reclamante e reclamado:

1. Representação do EMPREGADO pelo sindicato nas reclamações plúrimas.


2. Representação do EMPREGADO pelo sindicato nas ações de cumprimento.
3. Representação do EMPREGADO por outro empregado que pertença à mesmo profissão
OU pelo sindicato.

Nos casos de doença ou qualquer outro motivo ponderoso.

4. Representação do empregador pelo PREPOSTO.

O preposto é um representante do empregador pessoa jurídica cuja missão é específica


para substituí-lo na audiência e nela prestar declarações que o vincularão para fins de
confissão quanto aos fatos deduzidos na relação processual.

O preposto deverá ter conhecimento dos fatos, podendo exercer todos os atos necessários
na audiência, tais como realizar acordos, apresentar defesa oral, prestar depoimento
pessoal e razões finais. Entretanto, acabada a audiência, o preposto não poderá interpor
recursos.

A Reforma Trabalhista eliminou a exigência consagrada na jurisprudência trabalhista, ao estatuir


que o preposto não precisa ser empregado da parte reclamada.

111
187
A ausência do reclamante na audiência inaugural provoca o ARQUIVAMENTO da reclamação
(extinção sem julgamento do mérito).

Arquivada a ação, poderá o reclamante ajuizá-la novamente.

Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas, ainda
que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a ausência
ocorreu por motivo legalmente justificável.

Sendo o reclamante condenado ao pagamento de custas, tal pagamento será condição para a
propositura de nova demanda.

Se o autor, porém, der causa a 2 (dois) arquivamentos seguidos por ausência à audiência inaugural,
sem comprovar que a ausência ocorreu por motivo relevante, ficará impedido, pelo prazo de 6
(seis) meses, de ajuizar ação trabalhista. Trata-se da perempção trabalhista.

Tais sanções (arquivamento e perempção) somente ocorrem na audiência de conciliação


(inaugural). Caso o autor não compareça à “audiência em prosseguimento”, não há falar em
arquivamento, mas poderá haver confissão ficta quanto à matéria de fato (presumem-se
verdadeiros os fatos alegados), se ele for expressamente intimado com essa cominação para a
audiência em prosseguimento.

Se houver a apresentação de defesa e a audiência for adiada, não haverá arquivamento do


processo, pois nasceu para o reclamado, com a apresentação da defesa, o direito ao julgamento
de mérito.

A ausência do reclamado na audiência inaugural também possui efeito fundamental à lide.


Obrigado a comparecer, salvo quando substituído, a sua ausência acarreta REVELIA e
CONFISSÃO FICTA.

A apresentação de contestação é uma faculdade do reclamado, mas não fazendo, sofrerá os


efeitos da revelia, que podem ser materiais ou processuais.

Os efeitos materiais da revelia fazem presumir a veracidade dos fatos alegados na inicial.

A confissão se limita à matéria fática, vez que é um efeito da revelia (presunção de veracidade dos
fatos alegados) e não instituto próprio.

Ademais, a confissão ficta pode ser ilidida por prova em contrário, pois a presunção é relativa.

Por sua vez, os efeitos processuais da revelia permitem:

• o julgamento antecipado da lide, e

112
187
• a não obrigatoriedade de intimação do reclamado, exceto da sentença.

Ocorre que os efeitos da revelia não serão aplicados quando: havendo litisconsórcio, um deles
contestar; quando versar sobre direitos indisponíveis; se a petição estiver desacompanhada de
documento público indispensável para a prova do ato, quando as alegações do reclamante forem
inverossímeis, e, especificamente na justiça do trabalho, quando a lei exigir prova pericial acerca
do fato.

Nos termos do novo § 5º do art. 844 da CLT, em redação dada pela reforma trabalhista, ainda que
ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os
documentos eventualmente apresentados.

As pessoas jurídicas de direito público também estão sujeitas à revelia

Caso se trate de audiência em prosseguimento para a qual as partes tenham sido intimadas para
depor (TST, Súmula 74), o não comparecimento de ambas não deve implicar o arquivamento dos
autos e revelia, respectivamente, mas sim, o julgamento do processo segundo a dinâmica da
distribuição do ônus da prova.

Nos processos submetidos aos procedimentos ordinário e sumário, há duas oportunidades em


que o juiz DEVERÁ propor a conciliação. A primeira ocorre logo após a abertura da audiência.

Se houver acordo entre os litigantes, será lavrado um termo assinado pelo Juiz Titular ou
Substituto da Vara e pelas partes. O termo de conciliação é irrecorrível, exceto para a Previdência
Social, no tocante às contribuições devidas, produzindo os mesmos efeitos de uma sentença.

Por ser irrecorrível, somente por ação rescisória é possível desconstituir o referido termo de
conciliação.

Inclusive, o acordo homologado que dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva, impede o
ajuizamento de ação reclamatória referente a todo o contrato de trabalho.

Do termo de acordo, devem constar o prazo, se for o caso, e as demais condições para o seu
cumprimento, podendo ser estabelecida a condição de ficar a parte que não cumprir o acordo
obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou a pagar uma indenização convencionada, sem
prejuízo do cumprimento do acordo.

É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, mesmo depois de encerrado o
juízo conciliatório, mas, caso não haja acordo nesta primeira tentativa obrigatória de conciliação
pelo juízo, deve ocorrer a leitura da petição inicial, podendo esta ser dispensada por ambas as
partes.

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187
O acordo judicial deverá discriminar a natureza das parcelas que o compõem, indicando a
responsabilidade pelo recolhimento das contribuições, se for o caso. Se inexistente a
discriminação, recairá sobre o valor integral do acordo.
mesmo havendo pedidos delimitados na petição inicial (pedidos de verbas salariais e
indenizatórias), nada impede que as partes transacionem de modo diverso (acordando verbas
indenizatórias). Atitude que não pode ser tomada por fraude ao recolhimento de contribuições
previdenciárias.

O marco para tal liberdade é, contudo, o trânsito em julgado de decisão condenatória, pois o
acordo realizado após o trânsito em julgado não poderá prejudicar os créditos da União.

Não havendo acordo, após aberta a audiência, ocorrerá a leitura da reclamação, quando esta não
for dispensada pelas partes. Em seguida o reclamado tem a oportunidade de aduzir sua defesa.

O direito de resposta surge dos princípios do contraditório e da ampla defesa.

O direito de defesa é uma faculdade do reclamado, podendo inclusive se manter inerte. Defesa é
gênero que tem como espécies a exceção e a contestação.

Já a reconvenção não constitui propriamente defesa. Ao revés, é ação do réu em face do autor
dentro do mesmo processo em que aquele é demandado por este.

A CLT só prevê duas modalidades de exceção com suspensão do processo: a exceção de


suspeição e a exceção de incompetência (art. 799, caput).

As demais exceções, nos termos do § 1º do referido art. 799 da CLT, “serão alegadas como
matéria de defesa”.

A defesa do réu é apresentada em audiência que, nos termos do art. 841 da CLT, ocorrerá no
mínimo no prazo de 5 (cinco) dias depois do recebimento da notificação citatória.

Tendo em vista o princípio da concentração dos atos processuais, o réu poderá, na própria
audiência para a qual fora notificado, apresentar oralmente, pelo prazo de até vinte minutos, sua
defesa.

Com a reforma trabalhista foi acrescentado dispositivo que assegura a possibilidade do reclamado
de apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a data da audiência.

As exceções processuais constituem-se em espécie de defesa do reclamado que objetivam


resolver determinada questão pendente, sem operar a extinção do processo com ou sem
resolução do mérito.

114
187
As exceções processuais objetivam atacar a imparcialidade do magistrado ou a competência do
juízo a ele vinculado para processar e julgar a demanda.

O oferecimento de qualquer exceção acarreta a suspensão do processo até que a questão seja
decidida.

Não obstante a CLT falar apenas em exceção de suspeição, trazendo hipóteses consideradas de
impedimento do juiz (segundo o CPC), deve ser entendido que as hipóteses previstas no art. 801
da CLT são meramente exemplificativas, aplicando-se, de forma subsidiária os arts. 144 e 145 do
CPC, que elencam as possibilidades de impedimento e suspeição.

As causas geradoras da suspeição têm natureza subjetiva, isto é, seus sinais exteriores carecem de
força própria para convencer da quebra da imparcialidade, dependendo do exame do ânimo ou
do sentimento do juiz.

Assim, em tais hipóteses, não basta a mera alegação, devendo ser demonstrada a efetiva influência
do juiz no caso concreto.

Por sua vez, as causas capazes de gerar o impedimento têm natureza objetiva, isto é, revelam-se
por sinais exteriores suficientes em si mesmos para imprimir a certeza do comprometimento da
imparcialidade.

Uma vez apresentados, não é necessário demonstrar a efetiva influência do julgador no caso

De acordo com o art.795 da CLT, o momento para que a parte possa opor a exceção de
impedimento ou suspeição é a primeira vez em que o excipiente tiver para falar nos autos ou em
audiência, após a ciência pela parte do fundamento legal ensejador da suspeição ou impedimento.

A competência relativa, de interesse particular, deve ser alegada por uma das partes.

A incompetência relativa em razão do lugar é atacável por meio de exceção, cuja ausência de
alegação gera a preclusão da matéria, prorrogando-se a competência da Vara, isto é, o juiz que
era incompetente se torna competente para julgar a demanda.

O art. 800 da CLT, em redação conferida pela reforma trabalhista, estabelece que a exceção de
incompetência territorial deverá ser apresentada no prazo de 5 (cinco) dias a contar da notificação,
antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção.

Apresentada a exceção de incompetência territorial o processo será suspenso, os autos serão


imediatamente conclusos ao juiz, devendo este determinar a imediata intimação do reclamante e,
se existentes, dos litisconsortes, para manifestação no prazo comum de até 5 (cinco) dias.

115
187
O juiz poderá, então, julgar a exceção se sua decisão estiver fundada em elementos constantes
dos autos.

Se entender necessária a produção de prova oral, o juiz designará audiência, garantindo o direito
de o excipiente e suas testemunhas serem ouvidos por carta precatória no juízo indicado como
competente pelo próprio excipiente.

Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação
de audiência.

Em face de decisão interlocutória que, acolhendo exceção de incompetência territorial, remete os


autos para TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, será cabível Recurso
Ordinário de imediato.

No processo do trabalho, aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação e, não havendo acordo,
o reclamado terá 20 (vinte) minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando
esta não for dispensada por ambas as partes.

A CLT não define a contestação, uma vez que emprega genericamente o vocábulo “defesa”.
Compatível, não obstante, a aplicação subsidiária do art. 336 do CPC

Essa norma consagra, a um só tempo, os princípios da impugnação especificada e o princípio da


eventualidade.

→ O princípio da impugnação especificada veda que o réu apresente contestação genérica, se


limitando a indicar quais os argumentos do autor não merecem acolhida, requerendo,
genericamente, a improcedência dos pedidos contidos na peça vestibular, sem especificar as
razões que subsidiam essa conclusão.

→ O princípio da eventualidade, também conhecido como princípio da concentração da defesa,


determina que toda a matéria de defesa deve ser arguida na contestação, sob pena de preclusão.

A reforma trabalhista acrescentou um parágrafo único ao art. 847 da CLT, permitindo a


apresentação de defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.

A contestação pode ser dirigida: contra o processo ou contra o mérito.

A contestação contra o processo, também conhecida por defesa processual ou simplesmente


objeção, está prevista no art. 337 do CPC, que é aplicável com algumas adaptações ao processo
do trabalho.

116
187
As defesas processuais são direcionadas ao processo, ou seja, vícios verificados na petição inicial,
pressupostos processuais, e/ou as condições da ação. Na defesa processual não há abordagem
quanto ao mérito da causa.

Podem ser classificadas em:

- dilatórias, quando não visam extinguir o processo sem resolução de mérito, como no caso
da conexão, e

- peremptórias, que são aquelas que visam pôr fim ao processo, como a preliminar de coisa
julgada.

Assim, compete ao réu, antes de discutir o mérito, isto é, antes de se insurgir contra os fatos e o
pedido constantes da petição inicial, alegar as defesas processuais elencadas.

Há mais de um modo de o réu opor-se ao mérito (pedido) formulado pelo autor na petição inicial.
Na verdade, a contestação contra o mérito pode ser indireta ou direta.

- Defesas de mérito indiretas: Na contestação indireta do mérito, também cognominada de


‘exceção substancial’, o réu reconhece o fato constitutivo do direito do autor, mas opõe
outro fato impeditivo, modificativo ou extintivo do pedido formulado na petição inicial.

A decadência e a prescrição são consideradas defesas de mérito indiretas, uma vez que são fatos
extintivos do direito do reclamante. Entretanto, a doutrina entende que elas são as chamadas
‘prejudiciais de mérito’, tendo em vista que, estando presentes, extinguem o processo com
resolução do mérito, impedindo a análise das demais matérias de mérito.

No processo do trabalho, a compensação e a retenção também são consideradas defesas indiretas


do mérito, uma vez que constituem fatos extintivos do direito alegado pelo autor.

Na compensação duas pessoas reúnem reciprocamente as qualidades de credor e devedor.

A compensação na Justiça do Trabalho se restringe a dívidas de natureza trabalhista.

- Defesas de mérito diretas. Dá-se a contestação direta, também chamada de defesa direta
de mérito, quando o réu se defende sem trazer ao processo nenhum fato novo. O réu ataca
o fato constitutivo do direito alegado pelo autor, seja pela negativa de sua existência, seja
pela negativa de seus efeitos jurídicos.

A reconvenção é uma ação que o réu propõe, em face do autor, dentro do mesmo processo em
que o primeiro é demandado, buscando tutela jurisdicional em que se resguarde um direito seu
que alega ter sido lesado ou ameaçado de lesão pelo autor.

117
187
A reconvenção tem natureza jurídica de ação autônoma proposta pelo réu em face do autor, mas
o processo será único, abrangendo duas demandas: a originar e a reconvencional.

Na justiça do trabalho a reconvenção deve ser apresentada na audiência, no momento de defesa


do reclamado, ainda que não apresente contestação. Recomenda-se a apresentação da
reconvenção em peça distinta, muito embora isso não seja obrigatório, porquanto o processo do
trabalho admite a resposta oral, pelo que tem-se admitido a reconvenção no corpo da
contestação.

São requisitos para o cabimento da reconvenção:

• O juízo deve ser absolutamente competente para ambas as ações;


• Compatibilidade de ritos processuais;
• Estar pendente o julgamento da causa principal;
• Haver conexão entre a reconvenção, a ação principal ou algum dos fundamentos da defesa.

A ação originária e reconvenção devem ser julgadas na mesma sentença.

Nos ritos SUMÁRIO e SUMARÍSSIMO não se admite a reconvenção, tendo em vista celeridade
processual.

5 - DESPESAS PROCESSUAIS E ATOS, TERMOS E PRAZOS


PROCESSUAIS

Despesas processuais

As despesas são o gênero que tem como espécies as custas, os honorários do perito, do assistente
técnico e do advogado, os emolumentos, as indenizações de viagens, as diárias de testemunhas,
as multas impostas pelo juiz e todos os demais gastos realizados pelos participantes da relação
processual.

A assistência judiciária gratuita consiste no patrocínio gratuito da causa que é prestada, na Justiça
do Trabalho, pelo sindicato ao trabalhador que sem condições financeiras para demandar sem
prejuízo do seu próprio sustento ou de sua família.

Nos termos do art. 14 da Lei n. 5.584/70, na Justiça do Trabalho, a Assistência Judiciária a que se
refere a Lei n. 1.060/50, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o
trabalhador, inclusive para aquele que não esteja associado ao sindicato.

O § 1º do art. 14 da Lei n. 5.584/70 estabelece que a assistência judiciária é devida a todo


trabalhador que perceber salário igual ou inferior ao dobro do salário mínimo legal, ficando,

118
187
porém, assegurado idêntico direito ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua
situação econômica não lhe permita demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

O benefício da justiça gratuita consiste na possibilidade de a parte postular em juízo sem ter que
arcar com as despesas processuais (abrangendo as custas, emolumentos, honorários advocatícios
e periciais), ante sua condição de miserabilidade.

A justiça gratuita é concedida, de ofício ou a requerimento:


➔ àqueles que receberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS; e
➔ àqueles que receberem mais que o limite acima, mas que comprovarem que não
possuem recursos para arcar com as despesas do processo.

Assistência Judiciária Gratuita e Benefício da Justiça Gratuita, institutos de direito processual


individual, não se confundem com o princípio da gratuidade, que é inerente ao direito processual
coletivo.

No princípio da gratuidade, que é norma de ordem pública, portanto independentemente de


requerimento ou de qualquer declaração da parte, não há quaisquer despesas para o autor da
ação coletiva, salvo quando este for uma associação que esteja litigando de má-fé.

As custas relativas ao processo trabalhista de conhecimento, nos dissídios individuais e coletivos


ou em quaisquer outras ações (ou procedimentos) de competência da Justiça do Trabalho
incidirão na base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e
quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social, e serão calculadas:

• sobre o valor do acordo homologado ou da condenação;


• sobre o valor da causa – quando houver extinção do processo sem resolução do mérito ou
o pedido for julgado totalmente improcedente;
• sobre o valor da causa – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória
e em ação constitutiva;
• sobre o valor que o juiz fixar – quando o valor da causa for indeterminado.

As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão.

além dos beneficiários de justiça gratuita, também estão isentos de pagamento de custas:

• União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações


públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica (art. 790-
A, I, da CLT);

119
187
• Ministério Público do Trabalho (art. 790-A, II, da CLT);
• Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Decreto-lei 509/1969);
• Massa falida (Súmula n. 86 do TST);

Na Justiça do Trabalho, até a aprovação da Reforma Trabalhista, não eram cabíveis, em regra,
honorários sucumbenciais nas lides oriundas da relação de emprego ou relação de trabalho avulso.

Os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho eram devidos em todas as relações de trabalho,


que não configuravam relação de emprego ou de trabalho avulso.

A Reforma Trabalhista inseriu o art. 791 – A à CLT, alterando o regramento dos honorários
advocatícios na Justiça do Trabalho, de maneira que passaram a ser devidos, em qualquer
processo, honorários advocatícios de sucumbência.

A parte que perder, deverá pagar honorários sucumbenciais para a outra parte, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento).

Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I – o grau de zelo do profissional;

II – o lugar de prestação do serviço;

III – a natureza e a importância da causa;

IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca.

Os honorários devidos ao advogado possuem natureza alimentar, pelo qual é vedada a


compensação.

Os honorários periciais são despesas que devem ser pagas pela parte sucumbente na pretensão
objeto da perícia.

Em julgamento da ADIn n. 5766, concluído em outubro de 2021, o STF julgou inconstitucional a


obrigação de pagamento de honorários advocatícios e periciais por beneficiário da justiça gratuita
na Justiça do Trabalho, conforme disposto nos artigos 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da CLT.

Por outro lado, o STF manteve a disposição de que o reclamante, mesmo beneficiário da justiça
gratuita, deverá pagar as custas judiciais se não comparecer à audiência da reclamação trabalhista,
salvo no caso de comprovar, em até 15 dias, que a falta ocorreu por motivo justificável, conforme
disposto no art. 844, § 2º da CLT.

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187
Atos termos e prazos processuais

O ato processual constitui uma espécie de ato jurídico que objetiva a constituição, a conservação
o desenvolvimento, a modificação ou a extinção da relação processual.

Os atos processuais ocorrem no curso do processo, podendo ser praticados pelas partes, pelo juiz
ou pelos órgãos auxiliares da Justiça.

Os atos processuais são, em regra, públicos. Apenas o juiz pode restringir a publicidade dos atos
processuais, quando o interesse social o determinar.

Os atos processuais trabalhistas devem ser realizados nos dias úteis, ou seja, nos dias de
expediente forense (de segunda a sexta-feira), das 6 às 20 horas.

As audiências na justiça do trabalho devem ocorrer das 8 às 18h, não podendo ultrapassar 5 horas
seguidas, salvo quando houver matéria urgente.

Excepcionalmente, mediante autorização expressa do magistrado, poderá ser realizada penhora


em domingo ou feriado.

Termo processual é a reprodução gráfica do ato processual, que torna possível sua juntada no
processo.

Os termos e atos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo.

A parte, a fim de que seja instada à faculdade processual de praticar um ato processual, deve ser
comunicada.

Dois institutos principais dão efeito à comunicação dos atos processuais: citação e intimação.

• A citação é ato pelo qual se dá ciência a alguém que contra si há uma reclamação em curso.
Tal comunicação permite que a parte citada apresente defesa.
• Já a intimação é ato pelo qual se dá informação a alguém de um ato processual para que
pratique ou deixe de praticar um ato.

A CLT utiliza, de forma indiscriminada, o termo notificação, como meio adequado para a
comunicação de todo e qualquer ato processual realizado no âmbito da Justiça do Trabalho.

Quando a notificação tem por objetivo dar ciência ao reclamado para, querendo, apresente
defesa, dar-se-á o nome de notificação inicial. A notificação inicial é realizada de forma
‘automática’ pelo diretor ou outro servidor da secretaria da Vara do Trabalho, sem a necessidade
de determinação para tanto pelo magistrado. O diretor ou outro servidor da secretaria da Vara do

121
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Trabalho recebe a petição inicial trabalhista e, dentro de 48 horas do recebimento, notifica o
reclamado, enviando-lhe a segunda via da petição inicial, para comparecer à audiência de
conciliação, instrução e julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 dias.

A comunicação do reclamado para que apresente defesa pode se dar de 4 formas: postal, por
edital, por oficial de justiça ou por meio eletrônico.

• Notificação postal: é aquela enviada pelos correios.

É a notificação por excelência na Justiça do Trabalho e utilizada na fase de conhecimento.

• Notificação por edital: Realizada através da inserção no jornal oficial ou no que publicar
o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Vara ou Juízo. Pela análise do §1º
do art. 841 da CLT, observa-se a possibilidade de notificação por edital em 2 hipóteses:
a. embaraços da parte, ou
b. quando não é encontrado, depois da notificação postal.

Na fase de conhecimento a notificação por edital sucede a postal ineficaz. Contudo, também será
admitida na fase de execução, quando o executado, procurado por 2 vezes dentro de 48h, não
for encontrado

• Notificação por oficial de justiça: trata-se de notificação pessoal, isto é, o oficial de justiça
entrega pessoalmente ao destinatário.

Na justiça do trabalho a notificação por oficial de justiça ocorre, em regra, apenas na fase de
execução. Nos termos do art. 880 da CLT, requerida a execução, o juiz “mandará expedir
mandado de citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo”. É a única hipótese
de citação pessoal prevista expressamente na legislação processual trabalhista pelo fato de ser
feita por meio de oficial de justiça.

Todavia há casos em que a lei determina a citação pessoal do réu, isto é, via mandado e por meio
de oficial de justiça.

• Notificação por meio eletrônico: com a digitalização dos processos, surge o processo
eletrônico. Nesta hipótese, a notificação, incluída a citação, serão realizadas por meio
eletrônico, isto é, geradas pelo sistema, conforme certificação digital.

O reclamante é notificado da data designada para a audiência no ato da distribuição da


reclamação ou então via postal, na forma do art. 841, §2º, da CLT.

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A comunicação de ato à parte para que faça ou deixe de fazer algo pode se dar de 5 maneiras:
diário oficial, postal, oficial de justiça, eletrônica ou em audiência.

• A intimação por diário oficial é regra geral, assim, o despacho ou decisão é publicado no
diário oficial ou diário de Justiça eletrônico, em nome do advogado das partes.
• Já as intimações via postal e por oficial de justiça, serão utilizadas quando as partes
estiverem postulando pessoalmente, isto é, no exercício do jus postulandi.

Também é cabível a intimação por oficial de justiça por determinação do magistrado.

• A intimação eletrônica será admissível quando houver cadastro no banco de dados, nos
termos da Lei 11.419/06, cuja intimação pelo sistema dispensa aquela por diário oficial.
• Quando em audiência houver necessidade de comunicação às partes para que faça ou não
faça algo, elas se darão por intimadas.

Entende-se por prazo processual o lapso de tempo dado para a prática de um ato processual. Este
período pode ser estabelecido pela lei, pelo juiz ou pela parte, sob pena de preclusão processual.

Quanto à origem da sua fixação, os prazos podem ser:

• LEGAIS, quando são fixados pela própria lei.


• JUDICIAIS, quando são fixados pelo juiz.
• CONVENCIONAIS, quando podem ser objeto de acordo entre as partes.

Quanto ao sujeito a que se destinam, os prazos podem ser:

• IMPRÓPRIOS, quando seu descumprimento não causa efeitos processuais.

Diz-se impróprios porque não são vulneráveis ao instituto da preclusão. Daí por que, mesmo
praticados fora do prazo, são válidos.

• PRÓPRIOS, quando seu descumprimento acarreta na perda do direito de praticar o ato,


provocando a preclusão (temporal, consumativa ou lógica).

Prazos próprios são os destinados às partes.

Quanto à sua natureza, os prazos processuais podem ser:

• DILATÓRIOS. Os prazos dilatórios são aqueles que PODEM ser fixados ou prorrogados
pelas partes ou pelo juiz. São os que decorrem de normas de natureza dispositiva, isto é,
normas que permitem à parte dispor do prazo para a prática de determinado ato.

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• PRECLUSIVOS. Entende-se por prazos preclusivos, fatais ou peremptórios aqueles cujo
lapso temporal NÃO se prorroga nem podem ser alterados pelas partes.

Prevê o CPC a possibilidade de prorrogação dos prazos apenas nas comarcas onde for difícil o
transporte, mas nunca por prazo superior a dois meses, sendo que em caso de calamidade pública
tal prazo poderá ser excedido.

O art. 223, do CPC, por sua vez autoriza que a prática do ato seja realizado depois do prazo
estabelecido legalmente, desde que comprove a uma justa causa, que é o evento alheio à vontade
da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.

A Reforma Trabalhista introduziu disposição análoga nos §§ 1º e 2º do art. 775 da CLT, que
dispõem que os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário:

• pelo juízo, quando entender necessário, ou


• em virtude de força maior, devidamente comprovada.

Além disso, orientado pelo princípio da busca da verdade real, acentuado no processo do
trabalho, o legislador reformista acrescentou à CPC que pode o juízo dilatar os prazos processuais
ou alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito
de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.

Preclusão é, no direito processual, a perda do direito de agir nos autos em face da perda da
oportunidade, conferida por certo prazo.

• Preclusão TEMPORAL: é a perda da faculdade processual de praticar um ato em virtude de


ter deixado escoar o prazo em branco.
• Preclusão LÓGICA: se dá quando a parte pratica ato incompatível logicamente com o ato
processual anterior.
• Preclusão CONSUMATIVA: ocorre quando a parte pratica o ato, tornando o perfeito, mas,
alegando que ainda dispõe de prazo para fazê-lo, deseja complementar ou retificar sua
manifestação.

Uma primeira diferenciação a ser feita na contagem dos prazos é entre o início do prazo e o início
da contagem do prazo.

O início do prazo ocorre no momento em que o interessado toma conhecimento ou ciência do ato
processual a ser realizado.

O art. 774 da CLT deixa patente a regra geral, segundo a qual os prazos são contados a partir do
conhecimento (do notificando) sobre os termos da notificação.

124
187
O início da contagem do prazo, por sua vez, acontece no dia útil seguinte ao início do prazo.

Assim, regra geral, para a contagem do prazo processual, exclui-se o dia do começo do prazo e
inclui-se o dia do vencimento do prazo.

Os prazos no processo do trabalho são contados em dias úteis.

O início do prazo começa com a ciência do ato, mas apenas se houver expediente forense.

Da mesma forma, o início da contagem do prazo se dá no dia subsequente ao da ciência, se houver


expediente forense.

O início do prazo ou da contagem do prazo não terão início ou término no sábado, embora a
notificação/ciência possa ter ocorrido no sábado, pois no sábado não há expediente forense.

Cabe à parte o ônus de comprovar, quando interpuser recurso, a existência de feriado local que
leve à prorrogação do prazo recursal.

Caso a parte alegue, mas não comprove, no momento da interposição do recurso, a existência do
feriado local, o relator deverá conceder o prazo de 5 dias para que seja sanado o vício.

O art. 775-A, da CLT, acrescentado pela reforma trabalhista, traz a previsão do recesso judicial,
entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, durante o qual o curso dos prazos processuais é suspenso.

Nos processos trabalhistas, de acordo com o art. 1º, II e III do Decreto-lei 779/1969, a União, os
Estados, os Municípios, o Distrito Federal e as autarquias ou fundações de direito público federais,
estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica possuem como prerrogativa o
prazo em quádruplo entre a data do recebimento da notificação e da audiência e em dobro para
recurso.

Considerando que o Decreto-lei 779/69 trata-se de disposição específica relativa ao processo do


trabalho, afasta-se a incidência do art. 183, caput, do CPC, o qual estabelece para a Fazenda
Pública o prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.

Quanto ao Ministério Público, não havendo prazo legal específico (v. g., art. 5º da Lei n. 5.584/70,
que prevê o prazo de oito dias para o MPT emitir parecer nos autos do processo trabalhista), é
aplicado o art. 180 do CPC, que prevê o prazo em dobro para o Ministério Público manifestar-se
nos autos, quer atue como órgão agente (parte), quer atue como órgão interveniente (fiscal da
ordem jurídica), que terá início a partir da sua intimação pessoal.

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6 - TEORIA GERAL DOS RECURSOS E EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Teoria geral dos recursos

Recurso é instrumento voluntário de impugnação de decisão judicial não transitada em julgado.

O recurso tem por finalidade alterar ou esclarecer a decisão impugnada. A alteração pode se dar
por uma reforma (questão de mérito) ou por uma anulação (vício processual). Já o esclarecimento
pode ocorrer quando a decisão é omissa, obscura, incompleta ou contraditória.

O princípio do duplo grau de jurisdição implica a possibilidade do reexame de uma demanda pela
instância superior, mediante interposição de recurso em face da decisão do órgão de instância
inferior. Impõe a obrigatoriedade de, ao menos, duas instâncias.

O STF firmou, contudo, o entendimento de que o duplo grau de jurisdição não é uma garantia
constitucional na atual Constituição Federal, não havendo vedação constitucional à existência de
processos administrativos ou judiciais com uma única instância de julgamento.

No processo do trabalho há um exemplo da não aplicação do princípio do duplo grau de


jurisdição: trata-se dos dissídios de alçada (demandas submetidas à Justiça do Trabalho que não
ultrapassam a dois salários mínimos), previstos no art.2º, § § 3º e 4º, da Lei n. 5.584/1970.

Os dissídios de alçada serão julgados em instância única pelas Varas do Trabalho, não sendo
admitido qualquer recurso, salvo se envolver matéria constitucional.

As decisões interlocutórias no processo do trabalho são recorríveis, apenas não podem ser
impugnadas de imediato.

O princípio apresenta exceções, contudo, mesmo no processo do trabalho. A decisão


interlocutória poderá ser impugnada imediatamente quando:

- contrária a OJ ou Súmula do TST;

- suscetível impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; ou

- acolher exceção de incompetência territorial que acarreta a remessa dos autos para TRT distinto.

Entende-se por fungível aquilo que pode ser substituído. O princípio da fungibilidade (ou
conversibilidade) permite o conhecimento de um recurso impetrado (inadequado) ao invés do
outro (apropriado), desde que preenchidos 3 requisitos:

a) dúvida objetiva quanto à interposição do recurso cabível;

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187
b) inexistência de má-fé ou erro grosseiro;

c) interposição dentro do prazo do recurso considerado correto.

A interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em


ação rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência
jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de
autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT.

É incabível agravo interno (art. 1.021 do CPC de 2015, art. 557, §1º, do CPC de 1973) ou agravo
regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado. Tais recursos
destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas hipóteses previstas. Inaplicável,
no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro.

Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os


embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade
processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015.

Recurso ordinário interposto contra despacho monocrático indeferitório da petição inicial de ação
rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio de fungibilidade recursal, ser
recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso pelo TST e
devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental.

Considerando o princípio da voluntariedade, este princípio informa que, recorrendo a parte para
obter decisão que lhe seja mais favorável, não pode o julgamento de seu recurso agravar-lhe a
situação.

O princípio da dialeticidade está relacionado com a fundamentação do inconformismo da decisão.


A parte deve apontar as questões da decisão que pretende a reforma. Referida medida delimita
a matéria ao Tribunal, possibilita o contraditório e a efetividade da jurisdição recursal.

Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não
impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida.

A interposição do recurso encerra uma manifestação do princípio dispositivo em outra fase do


processo, que é a fase recursal, pelo que é preciso que a parte deixe clara a sua intenção de
recorrer, que é um ato processual voluntário.

A remessa necessária ocorre quando a sentença for proferida contra a União, o Estado, o Distrito
Federal, o Município ou as respectivas autarquias e fundações de direito públicos ou quando julgar

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187
procedentes os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública. Em tais casos, mesmo
não havendo recurso interposto voluntariamente, a decisão desfavorável não transitará em julgado
até ser novamente analisada pela instância superior.

A remessa necessária não impede a interposição de recurso voluntário por parte do ente público.
Contudo, não interpondo recurso ordinário voluntário, lhe será vedado interpor recurso de revista,
ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação imposta.

Mesmo havendo condenação da Fazenda Pública, não haverá remessa necessária nas
condenações de menores valores.

Abaixo de 1.000 salários mínimos para a União.


Abaixo de 500 salários mínimos para os Estados e o Distrito Federal.
Abaixo de 100 salários mínimos para os Municípios.
O mesmo se aplica para as respectivas autarquias e fundações de direito público.

Ademais, mesmo havendo condenação da Fazenda Pública, não haverá remessa necessária
quando a decisão estiver presumidamente correta, por estar fundada em:

- súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;


- acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do
Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;
- entendimento firmado em incidente deresolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
- entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.

Por efeito devolutivo entende-se a delimitação da matéria submetida à apreciação e julgamento


pelo órgão judicial destinatário do recurso, uma vez que este só poderá, em regra, julgar as
questões debatidas no processo e que constem das razões recursais, mediante pedido de nova
decisão.

- O efeito devolutivo quanto à EXTENSÃO (dimensão horizontal) relaciona-se com a quantidade


de matérias a serem apreciadas pelo Tribunal.

Diz respeito ao conhecimento pelo tribunal das matérias impugnadas ou das questões suscitadas
e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo
impugnado.

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- Já o efeito quanto à PROFUNDIDADE (devolutivo vertical), relaciona-se com a qualidade das
matérias a serem apreciadas pelo Tribunal.

O recurso devolve ao tribunal o conhecimento de todas as questões discutidas (existentes no


processo), ainda que o recorrente não as tenha alegado no recurso ou a sentença não as tenha
feito referência.

O recurso recebido apenas no efeito devolutivo permite, desde logo, o cumprimento provisório
(execução provisória) da decisão hostilizada.

Como já mencionado, os recursos trabalhistas não possuem efeitos suspensivos, salvo situações
excepcionais. Por essa razão, não há necessidade de o juiz declarar o efeito em que recebe o
recurso para, só então, remetê-lo ao juízo ad quem. No silêncio, incide a regra legal.

A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de
segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito
suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao
presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do
trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.

No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe
mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio.

O efeito translativo na possibilidade do juízo ad quem (juízo destinatário do recurso - que vai julgar
o recurso) apreciar, ainda que não impugnadas pelo recorrente, matérias de ordem pública,
aquelas que podem ser reconhecidas de ofício, sobre as quais não operam a preclusão.

O efeito substitutivo tem lugar quando o objeto do recurso for o error in judicando. Em outros
termos, só haverá efeito substitutivo se – e quando – o órgão judicial superior conhecer do recurso
e, em seguida, apreciar e julgar o mérito da causa.

Haverá efeito substitutivo quando: a) o recurso é conhecido e provido pelo mérito da causa; b) o
recurso é conhecido e não provido, isto é, o tribunal “mantém” a sentença de mérito pelos
mesmos ou por outros fundamentos da decisão recorrida.

Com o efeito obstativo impede-se que a sentença transite em julgado enquanto pendente de
julgamento o recurso.

Através do efeito expansivo é possível que a nova decisão alcance um novo objeto que não foi
impugnado ou novo sujeito que não recorreu.

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O efeito regressivo tem cabimento na hipótese de possibilidade de retratação ou reconsideração
pelo mesmo juízo prolator do da decisão recorrida.

A admissibilidade dos recursos está condicionada à satisfação, pelo recorrente, de pressupostos


previstos em lei para que o recurso interposto possa ser conhecido.

A ausência de satisfação dos pressupostos de admissibilidade (também conhecidos como


requisitos de admissibilidade) impede o exame do mérito do recurso pelo órgão competente para
sua apreciação.

Estando presentes todos os pressupostos recursais, o recurso será conhecido.

A doutrina classifica os pressupostos recursais em subjetivos (ou intrínsecos) e objetivos (ou


extrínsecos).

Pressupostos recursais subjetivos (intrísecos)

→ LEGITIMIDADE

A legitimidade recursal é a habilitação para recorrer outorgada por lei às partes originárias da
relação processual, aos terceiros prejudicados ou juridicamente interessados e ao Ministério
Público (seja como parte processual ou como fiscal da lei).

→ CAPACIDADE

É preciso, também, que o recorrente, no momento da interposição do recurso, esteja plenamente


capaz.

→ INTERESSE

O interesse recursal repousa no binômio utilidade-necessidade.

O recurso deve ser necessário ao recorrente, como meio de obter a anulação ou reforma da
decisão impugnada.

Além disso, o recurso deve ser útil ao recorrente, utilidade esta ferível pela existência de gravame
– prejuízo ou sucumbência – suportado pela parte ou pelo terceiro interveniente.

Pressupostos recursais objetivos (extrínsecos)

→ CABIMENTO (ou recorribilidade do ato)

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É necessário verificar se o ato judicial atacado é recorrível, pois o recurso somente poderá ser
admitido, se inexistir, no ordenamento jurídico, óbice ao exercício do direito de recorrer.

→ ADEQUAÇÃO

É imprescindível que o recurso utilizado esteja em conformidade com o que a lei estabelece como
adequado e próprio para atacar o ato judicial passível de impugnação recursal.

→ TEMPESTIVIDADE

O direito de recorrer deve ser exercitado no prazo legalmente fixado.

Decorrido o prazo para a interposição do recurso, ocorre a preclusão temporal do direito de


recorrer.

Os prazos recursais no direito processual trabalhista são de 8 dias, exceto para a interposição dos
embargos de declaração e à execução, serão interpostos no prazo de 5 dias e, o recurso
extraordinário no prazo de 15 dias.

O Ministério Público do Trabalho – MPT possui prazo em dobro para recorrer, seja na condição
de autor ou de fiscal da lei/ordem jurídica, nos termos do art. 180 do CPC.

A Fazenda Pública também goza de prazo em dobro para recorrer, conforme art. 1º, III do Decreto-
Lei 779/69.

→ REPRESENTAÇÃO

Como já estudado em aulas anteriores, o processo do trabalho admite que o jus postulandi possa
ser exercido pelas próprias partes, sendo, porém, facultado a estas a possibilidade de constituírem
advogados. Se a parte estiver assistida por advogado, este deverá estar devidamente constituído
nos autos, mediante instrumento de mandato.

São admitidos, ainda, o mandato tácito e a procuração apud acta.

O art. 3º, I, da IN n. 39/16 do TST, dispõe ser aplicável ao processo do trabalho, em face de
omissão e compatibilidade, o art. 76, §§ 1º e 2º, do CPC, que permitem o saneamento de
incapacidade processual ou de irregularidade de representação. Verificada a irregularidade de
representação do recorrente ou do recorrido, o relator suspenderá o processo e designará prazo
razoável para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação em fase recursal perante TRT
ou TST, o relator: I – não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II –
determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

→ PREPARO

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187
O preparo compreende o depósito recursal e as custas processuais.

A não realização do preparo, exceto beneficiários de justiça gratuita e outras exceções legais,
torna DESERTO o recurso, tendo como consequência o seu não conhecimento.

O entendimento do TST era de que o recolhimento incompleto do preparo, ainda que ínfima a
diferença, tornaria o recurso deserto. Tal posição, contudo, foi flexibilizada. O TST se rendeu à
orientação do art. 1007, § 2º, do CPC de 2015, passando a determinar a concessão de prazo de 5
dias para o recorrente complementar o valor de preparo realizado a menor.

As CUSTAS processuais são fixadas pela sentença e o seu pagamento depende do resultado da
decisão. As custas serão pagas pelo vencido. Quando procedente, ainda que em parte, o
pagamento das custas será ônus do reclamado. Contudo, sendo improcedente ou extinto o
processo sem resolução de mérito, caberá ao reclamante.

No caso de interposição de recurso no processo (fase) de conhecimento, as custas serão pagas e


comprovado o respectivo recolhimento dentro do prazo recursal.

A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada,


independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, das quais ficara
isenta a parte então vencida

No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do


valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela
parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a quantia

O recolhimento do valor da multa imposta como sanção por litigância de má-fé não é pressuposto
objetivo para interposição de recursos.

Entretanto, no caso de reiteração de embargos declaratórios procrastinatórios, o § 3º do art. 1.026


do CPC, aplicável ao processo do trabalho, estabelece que a multa será elevada a até 10% sobre
o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito
prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
que a recolherão ao final. O recolhimento da parcela se torna, portanto, pressuposto recursal
extrínseco/objetivo.

O DEPÓSITO RECURSAL (pressuposto recursal extrínseco) possui natureza jurídica mista, pois se
trata de preparo e, ao mesmo tempo, uma garantia de crédito futuro ao empregado-reclamante.

O depósito recursal somente é devido nas sentenças com condenação pecuniária.

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187
Com a Reforma Trabalhista, o depósito recursal passa a ser recolhido em conta vinculada ao Juízo
(conta judicial), com atualização pelos índices da poupança.

Ademais, a Reforma Trabalhista, reforçando a ideia do depósito judicial como garantia, permite
que o depósito recursal seja substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial.

O §10º do art. 899, acrescentado pela reforma trabalhista, assegura que são isentos de depósito
recursal:

- beneficiários da justiça gratuita

- entidades filantrópicas

- empresas em recuperação judicial.

As pessoas jurídicas de direito público (DL n. 779/69, art. 1º, IV) e o Ministério Público do Trabalho
NÃO estão sujeitos ao pagamento de custas e depósito recursal.

A massa falida não está sujeita ao pagamento de custas nem ao depósito recursal (Súmula n. 86
do TST), o mesmo não ocorrendo em relação às empresas em liquidação extrajudicial.

Ademais, o § 9º do art. 899 da CLT, acrescentado pela reforma trabalhista, prevê que o valor do
depósito recursal será reduzido pela metade para:

- entidades sem fins lucrativos

- empregadores domésticos

- microempreendedores individuais

- microempresas

- empresas de pequeno porte

O depósito é devido no recurso ordinário, de revista, extraordinário e agravo de instrumento.

Não é devido no agravo de petição em fase de execução, desde que haja penhora garantindo o
juízo integralmente.

Há dois tetos a serem observados quando da interposição do recurso: o teto legal e o teto
da condenação.
O teto legal – valor máximo a título de depósito recursal – é estabelecido anualmente por
ato do presidente do TST e somente será considerado quando o valor da condenação for

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maior. Assim, a cada recurso interposto será exigido o depósito recursal no valor fixado até
que se atinja o teto legal ou da condenação.
O teto da condenação é estabelecido pelo valor da condenação e sempre será o valor
máximo da somatória dos depósitos recursais realizados, ante seu caráter de garantia da
execução.
Regra especial é dada ao agravo de instrumento quanto ao valor do depósito recursal, que
será de 50% do valor referente ao recurso ao que se objetiva destrancar.

Em regra, o depósito recursal deve ser recolhido no prazo do recurso a ser interposto. Assim,
havendo a interposição de recurso antes de vencido o prazo recursal, o depósito pode ser feito
até o último dia do prazo para o respectivo recurso.

Exceção à regra exposta, no caso do agravo de instrumento o recolhimento deve ser feito na data
da interposição.

Embargos de declaração

Os embargos de declaração buscam esclarecimento, complementação ou aperfeiçoamento da


decisão prolatada (sentença ou acórdão).

Os embargos de declaração são julgados pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada.

Os embargos de declaração são cabíveis para impugnar qualquer decisão lato sensu, isto é,
sentença, acórdão ou decisão interlocutória, que for:

→ OMISSA: Cabem embargos declaratórios para suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual
devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento.

→ CONTRADITÓRIA: A contradição estará configurada quando houver conflitos lógicos de


pretensões deferidas.

→ OBSCURA: Apesar de não estar previsto expressamente na CLT, os embargos de declaração


também poderão ser opostos quando a sentença é obscura. A obscuridade há de ser entendida
como a falta de clareza que impede ou dificulta a correta compreensão do julgado.

→ CONTIVER ERRO MATERIAL: A decisão que contenha erros materiais, apesar da possibilidade
de correção de ofício ou por simples petição, também pode ser retificada por meio de embargos
de declaração. É o disposto no §1º do art. 897-A da CLT.

→ CONTIVER MANIFESTO EQUÍVOCO NO EXAME DOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DO


RECURSO: Os pressupostos recursais são os requisitos legais que deve cumprir o recorrente para
que seu recurso seja conhecido e julgado pelo Tribunal. Os pressupostos recursais objetivos ou

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extrínsecos relacionam-se com fatos externos à decisão, isto é, ao modo de exercer o direito
recursal, quais sejam: regularidade formal, tempestividade, representação e preparo.

Em razão de seu efeito devolutivo, os embargos devolvem ao juiz, relator ou outro órgão do
tribunal as matérias contidas na decisão hostilizada, sendo certo que o órgão julgador, ao
processar e julgar os embargos declaratórios, ficará limitado ao exame de tais matérias.

Os embargos de declaração também podem ter efeito translativo, caso a omissão contida na
decisão embargada diga respeito à questão de ordem pública, conhecível, de ofício, pelo
magistrado.

Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por


qualquer das partes.

Os embargos de declaração somente não interromperão os prazos para outros recursos,


interpostos por qualquer das partes, em três situações:

a) se forem intempestivos;

b) se houver irregularidade de representação do embargante;

c) se a petição dos embargos declaratórios for apócrifa, caso em que o recurso é considerado
juridicamente inexistente.

Os embargos de declaração não visam, em princípio, reformar a decisão embargada, razão pela
qual, a rigor, eles não devolvem ao juiz prolator o conhecimento da matéria impugnada. Ocorre
que, por vezes, a decisão proferida em julgado dos embargos de declaração pode, de fato,
modificar a decisão impugnada, pelo que se fala na possibilidade de os embargos de declaração
possuírem caráter infringente (efeitos modificativos).

Opostos os embargos de declaração com efeitos modificativos, deve ser assegurado à parte
contrária o direito à manifestação em 5 dias, sob pena de nulidade.

Os embargos serão interpostos, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da intimação da sentença ou


acórdão (ou, se for o caso, da decisão interlocutória), em petição dirigida ao juiz ou relator.

Caso o embargante seja pessoa jurídica de direito público, a OJ n. 192 da SBDI-1 do TST
assegura-lhe o prazo em dobro para a interposição de embargos declaratórios. Idêntico
entendimento deve ser aplicado ao Ministério Público do Trabalho.

A interposição de embargos de declaração não exige preparo (custas e depósito recursal).

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A oposição de embargos de declaração tem o condão de interromper o prazo recursal de outros
recursos. Para evitar que os embargos de declaração sejam opostos unicamente com esta
finalidade – interrupção de prazo – o legislador previu multa não excedente a 2% sobre o valor da
causa quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração.

Havendo reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será


elevada a até 10% sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará
condicionada ao depósito prévio do valor da multa (exceto para Fazenda Pública e beneficiário de
justiça gratuita).

Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 anteriores houverem sido


considerados protelatórios.

não se configura o caráter protelatório dos embargos de declaração se estes têm por escopo o
prequestionamento, pois somente assim estará aberta a possibilidade de a parte ter acesso às
instâncias extraordinárias.

Se os embargos declaratórios são utilizados para fins de prequestionamento e se o juiz ou tribunal


continua omitindo o ponto respectivo, não há necessidade de a parte interpor novos embargos,
uma vez que a Súmula 297, item III, do TST “considera prequestionada a questão jurídica invocada
no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos
embargos de declaração”. Neste caso, o prequestionamento estará satisfeito pelo exame não da
sentença ou do acórdão, mas, sim, das razões recursais contidas nos próprios embargos de
declaração. Trata-se do prequestionamento ficto.

Recurso ordinário

O recurso ordinário pode ser manejado tanto para a correção de erro in judicando quanto do erro
in procedendo, ou seja, sua finalidade pode ser a de reformar (função rescisória do recurso),
corrigindo as injustiças ou reexaminando as provas, ou a de anular (função rescindente) a sentença,
respectivamente.

Cabe Recurso Ordinário das decisões terminativas ou definitivas prolatadas por:


i. Vara do Trabalho ou pelo juiz de direito no exercício da jurisdição trabalhista;
ii. Tribunais Regionais do Trabalho em processos de sua competência originária (mandado de
segurança, ação rescisória, ação anulatória, dissídio coletivo, habeas corpus etc.), seja nos dissídios
individuais ou coletivos.

Deve ser acrescentado, ainda, que as decisões interlocutórias terminativas são excepcionalmente
atacáveis por recurso ordinário.

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Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho
contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência
territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o
juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário,


no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e
interessados apresentarem razões de contrariedade.

O recurso ordinário é o instrumento de impugnação da primeira decisão definitiva ou terminativa


do processo.

Os efeitos de sua interposição seguem a regra geral: meramente devolutivo, permitindo a


execução provisória do julgado, mas pode haver efeito suspensivo:

a) Contra sentença normativa, desde que o presidente do TST conceda tal efeito (Lei 7701/88, art.
7º, § 6º);

b) Se concedido pelo relator no Tribunal, por meio de requerimento fundamentado, a teor da


Súmula 414, I do TST.

O recurso ordinário também pode ter efeito translativo, caso a omissão contida na decisão
embargada diga respeito à questão de ordem pública, conhecível, de ofício, pelo magistrado.

O recurso ordinário está sujeito a preparo, ou seja, ao pagamento de custas e, no caso de sentença
contendo obrigação de pagar quantia, ao depósito recursal prévio, dentro do prazo de
interposição do recurso.

o recurso ordinário interposto contra sentença em dissídio individual admite o jus postulandi. Já o
recurso ordinário de sentença normativa ou acórdão de TRT em ações de sua competência
originária só será conhecido se for subscrito por advogado devidamente constituído nos autos.

O prazo para a interposição do Recurso Ordinário é de 8dias.

Na interposição dos recursos há dois juízos de admissibilidade – a quo e ad quem.

Se prolatada decisão que indefere a petição inicial e interposto o recurso ordinário, o juiz prolator
da decisão poderá se retratar no prazo de 5 (cinco) dias.

O recurso ordinário é interposto no juízo a quo - juiz prolator da decisão, que fará o primeiro juízo
de admissibilidade, e acolhendo, intimará a parte contrária para contrarrazoar em 8 dias.

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Admitido o recurso e, se houver, as contrarrazões, o juízo prolator da decisão remeterá os autos
ao juízo ad quem - órgão superior, o qual fará o segundo juízo de admissibilidade, para
julgamento, conforme procedimento estipulado pelo regimento interno do Tribunal.

No procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário será imediatamente distribuído, uma vez


recebido no Tribunal.

Deve o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma deve
colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor.

Ao MPT é facultado exarar parecer oral mediante registro na Sessão de Julgamento.

O acórdão consistirá apenas na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e


parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente.

Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando


tal circunstância, servirá de acórdão.

Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos
recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo.

Encontrando fundamento no §3º do art. 1.013 do CPC, a teoria da causa madura consiste na
possibilidade de o Tribunal apreciar o mérito da causa quando interposto recurso ordinário contra
decisão sem resolução de mérito, independente do requerimento da parte.

Com o intuito de dar efetividade e celeridade processual, o legislador amplia o efeito devolutivo
em profundidade, na hipótese de extinção do processo sem resolução de mérito e permite ao
Tribunal o julgamento da causa, em seu mérito, desde que o processo esteja “maduro”, nas
hipóteses do §3º do art. 1.013 do CPC.

Agravo de petição

O agravo de petição é o recurso próprio para impugnar decisões proferidas no curso do processo
(ou da fase) de execução.

Em regra, o agravo de petição será interposto em face das decisões definitivas ou terminativas
proferidas em processo de execução trabalhista.

Não cabe agravo de petição da decisão que rejeita exceção de pré-executividade, mas é cabível
agravo de petição da decisão que acolhe integralmente a exceção de pré-executividade, pois
neste caso ocorre a extinção da própria execução.

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O agravo de petição é interposto no prazo de 8 dias, contra decisão de primeira instância na fase
de execução, em petição dirigida ao juiz prolator, que exercerá o juízo primeiro de
admissibilidade.

Admitido o recurso, o agravado será intimado para contraminutar o agravo, também no prazo de
oito dias. Nesse caso, o juiz deverá remeter o recurso ao TRT, cabendo-lhe decidir sobre a extração
de carta de sentença ou formação de instrumento para a execução imediata da parcela
incontroversa, se houver.

Se o agravo de petição for interposto de decisão do Presidente do Tribunal (nas ações de


competência originária da Corte), a competência para julgá-lo é do Tribunal Pleno (ou Órgão
Especial, conforme dispuser o regimento interno). Se a decisão agravada for proferida por Juiz do
Trabalho (ou Juiz de Direito), a competência será da Turma.

A CLT exige que a parte delimite a matéria e valores impugnados no agravo de petição,
permitindo a execução dos valores incontroversos.

Os valores não impugnados serão executados definitivamente, não cabendo mandado de


segurança, pois inexiste direito líquido e certo do executado.

Não é exigido pagamento de custas, pois na execução elas sempre de responsabilidade do


executado e são pagas ao final.

Por sua vez, se garantido o juízo, será dispensado o depósito recursal.

Agravo de instrumento

O agravo de instrumento é recurso cabível para destrancar recurso negado no primeiro juízo de
admissibilidade (a quo).

Não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento ao recurso
de embargos no TST, pois, nesse caso, o recurso adequado é o agravo interno (RITST,
art. 261, parágrafo único).

O agravo de instrumento é interposto no prazo geral dos recursos trabalhistas, isto é, 8 dias,
contados da decisão que negou prosseguimento ao recurso, em face do juízo a quo. O mesmo
prazo será observado para as contrarrazões.

Apesar da omissão da CLT, admite-se o juízo de retratação que permite ao juízo a quo modificar
seu entendimento e dar seguimento ao recurso denegado.

139
187
Assim como no direito comum, o agravo de instrumento trabalhista deve ser formado em autos
apartados, com extração de peças do processo principal. Devem ser juntadas ao agravo de
instrumento:

→ Obrigatoriamente, as cópias:

- decisão agravada e certidão da intimação;


- das procurações dos advogados das partes;
- da petição inicial;
- contestação;
- da decisão originária;
- do comprovante de depósito recursal do recurso que se pretende destrancar;
- do próprio agravo;

→ Facultativamente: outras peças que entender necessárias.

Em se tratando de competência do TST, o agravo de instrumento será processado nos autos do


recurso denegado, logo, não há formação de instrumento, nos termos da resolução administrativa
nº 1.418/00 do TST.

O agravo de instrumento será dirigido ao juízo que negou seguimento ao recurso, por petição
escrita e as razões respectivas e não por simples petição, já que o agravante deve demonstrar o
equívoco do juízo a quo na apreciação dos pressupostos recursais. Contudo, o julgamento é
realizado pelo Tribunal competente para conhecer do recurso denegado (art. 897, §4º).

Importante observar que o agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber
agravo de petição não suspende a execução da sentença.

NÃO é exigido o recolhimento de custas processuais no agravo de instrumento. Já o depósito


recursal corresponde a 50% do valor do depósito do recurso que se pretende destrancar (art. 899,
§7º).

Todavia, não será exigido depósito recursal quando o agravo de instrumento tiver como única
finalidade destrancar recurso de revista contra decisão que contrariar Súmula do TST ou OJ.

Ademais, se houver depósito integral do valor da condenação quando da interposição do recurso


ao qual se pretende destrancar (com o agravo de instrumento), não há mais nenhum depósito
recursal a ser feito em nenhum recurso na mesma relação processual, inclusive no próprio agravo
de instrumento.

140
187
O depósito recursal em agravo de instrumento deve ser feito “no ato da sua interposição” (CLT,
art. 899, § 7º), razão pela qual não se aplica, no caso, o entendimento consubstanciado na Súmula
245 do TST, segundo o qual o “depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo
ao recurso”.

O Agravo de Instrumento devolve ao juízo ad quem o reexame integral dos pressupostos recursais
do recurso trancado, ainda que o juízo a quo não o tenha apreciado em decorrência da denegação
recursal.

Com exceção dos embargos no TST (infringente ou de divergência), cujo destrancamento se dá


via agravo regimental/interno, todos os outros recursos trabalhistas podem ser destrancados pelo
agravo de instrumento, inclusive ele próprio.

7 - RECURSO DE REVISTA; RECURSOS DE REVISTA REPETITIVOS;


EMBARGOS NO TST; AGRAVO INTERNO/REGIMENTAL; RECURSO
EXTRAORDINÁRIO; RECURSO ADESIVO

Recurso de Revista

Os recursos de natureza extraordinária são eminentemente técnicos e não se prestam a corrigir


eventual justiça ou injustiça da decisão recorrida.

Esta modalidade de recurso extraordinário não se presta a reexame de fatos e provas.

O Recurso de Revista segue a regra dos recursos trabalhistas e deve ser interposto no prazo de 8
dias úteis, com mesmo prazo para apresentação de contrarrazão.

O Súmula n. 425 do TST passou a exigir expressamente a subscrição dos recursos para o TST (e
das respectivas contrarrazões, por óbvio) por advogado.

As hipóteses de cabimento são taxativas.

O recurso de revista será usado para impugnar acórdão proferido pelo Tribunal Regional do
Trabalho em dissídios individuais, proferido em grau de recurso ordinário.

O art. 896 da CLT prevê as situações que justificam a interposição do recurso de revista.

→ DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL

141
187
Prevê a alínea “a” do art. 896 da CLT, que é cabível o recurso de revista dos acórdãos que derem
ao mesmo dispositivo de lei federal INTERPRETAÇÃO DIVERSA (conflitante) da que lhe houver
dado:

i. outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma,

ii. a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho

ou CONTRARIAREM

i. a Súmula de Jurisprudência Uniforme do TST ou

Orientação Jurisprudencial do TST.

ii. Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal.

a divergência apta para reconhecimento do recurso de revista deve ser ATUAL, entendida como
aquela não ultrapassada por súmula do TST ou do STF ou por iterativa e notória jurisprudência do
TST.

→ DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DE LEI ESTADUAL,


INSTRUMENTO COLETIVO OU REGULAMENTO DE EMPRESA

Prevê a alínea “b” do art. 896 da CLT, que também cabe Recurso de Revista dos acórdãos que
derem ao mesmo dispositivo de ...

i. lei estadual

ii. convenção coletiva de trabalho

iii. acordo coletivo

iv. sentença normativa

v. regulamento empresarial

... de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional
prolator da decisão recorrida, ...

... interpretação divergente da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou
Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho.

142
187
→ VIOLAÇÃO DE LITERAL DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL OU DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL

Prevê a alínea “c” do art. 896 da CLT, que o recurso de revista também será cabível quando a
decisão recorrida for proferida:

i. com violação de literal disposição de lei federal; ou

ii. afronta direta e literal à Constituição Federal.

Sob pena de indeferimento, a parte deve indicar o dispositivo legal violado e demonstrar a
violação no caso concreto.

→ RECURSO DE REVISTA NA EXECUÇÃO

Importante assinalar que o recurso de revista não se presta apenas a atacar acórdão proferido na
fase de conhecimento, em grau de recurso ordinário, sendo cabível, ainda, em face das decisões
proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença,
inclusive em processo incidente de embargos de terceiro...

- desde que diante de ofensa direta e literal à Constituição Federal.

Além disso, por força do § 10 do art. 896 da CLT, incluído pela Lei n. 13.015/14, também passou
a ser cabível recurso de revista por ...

i. violação à lei federal

ii. por divergência jurisprudencial

iii. e por ofensa à Constituição Federal

... nas execuções fiscais E nas controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão
Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT).

→ RECURSO DE REVISTA NO RITO SUMARÍSSIMO

3 são as hipóteses que se admite o recurso de revista no rito sumaríssimo:

i. Contrariedade à Súmula do TST;

ii. Contrariedade à Súmula vinculante;

iii. Violação direta à CF.

143
187
Além do preenchimento dos pressupostos recursais genéricos dos recursos (intrínsecos e
extrínsecos), o recurso de revista deve preencher alguns pressupostos recursais específicos. São
pressupostos específicos de admissibilidade do recurso de revista o prequestionamento e a
transcendência.

TRANSCENDÊNCIA

O recurso de revista apenas será admitido se o TST verificar previamente que o julgamento da
causa transcende dos interesses pessoais das partes.

A transcendência pode ser de 4 tipos:

i. econômica

ii. política

iii. social

iv. jurídica

Vale destacar que a transcendência do Recurso de Revista não pode ser analisada no juízo de
admissibilidade realizado pela Presidência dos TRTs.

PREQUESTIONAMENTO

Pelo prequestionamento exige-se que a matéria invocada no recurso de revista já tenha sido
debatida expressamente pelo órgão regional. Evita-se, assim, que a questão seja primeiramente
conhecida e julgada nas instâncias extraordinárias

Ocorre que o pronunciamento implícito não satisfaz o requisito do prequestionamento.

Há necessidade de que haja, no acórdão, de maneira clara, elementos que levem à conclusão de
que o Regional adotou uma tese contrária à lei ou à súmula.

Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia


objeto do recurso de revista;

II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou


orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional;

144
187
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão
recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte;

IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por


negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o
pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão
regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da
ocorrência da omissão.

Interposto o recurso de revista no prazo de 8 dias, é ele desde logo submetido a exame de
admissibilidade ao Presidente do TRT correspondente (ou outro órgão previsto no respectivo
regimento interno), em decisão que deve ser fundamentada, sob pena de nulidade.

Se o Presidente do TRT denegar seguimento ao recurso de revista, o recorrente poderá interpor


agravo de instrumento.

O Presidente do TRT também podia admitir parcialmente o recurso de revista.

Sobre o juízo de admissibilidade exercido pelo presidente do TRT, vale ressaltar que ele limita-se
à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério da
transcendência.

Admitido o processamento da revista, será intimado o recorrido para tomar ciência da decisão e,
querendo, apresentar contrarrazões, oportunidade em que poderá, se for o caso, interpor recurso
adesivo.

Decorrido o prazo para contrarrazões, com ou sem elas, o Presidente do TRT encaminhará os autos
ao TST.

No TST o Recurso de Revista será submetido a dois novos exames de admissibilidade: o primeiro
é exercido monocraticamente pelo Ministro Relator; o segundo, pela Turma.

Se a decisão recorrida estiver em consonância com Súmula do TST, poderá o Ministro Relator,
indicando-a, negar seguimento ao recurso de revista. Igualmente, será denegado seguimento à
revista nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de
representação, cabendo a interposição de agravo.

Sendo admitida a revista diretamente pelo Ministro Relator, ou se conhecido e provido o agravo
regimental pela Turma, o recurso de revista será incluído em pauta e julgado pela mesma Turma.

145
187
A Lei n. 13.015/24 inseriu na CLT os arts. 896-B e 896-C, instituindo o recurso de revista de causas
repetitivas. Trata-se de importante novidade que visa, entre outros aspectos, prevenir a
multiplicação excessiva de recursos de revista que poderiam ter uma solução idêntica.

Em casos de recursos de revista repetitivos são escolhidos alguns julgamentos e forma-se uma
tese jurídica a ser aplicada para os demais processos idênticos ou semelhantes que estejam em
andamento ou que venham a ser propostos com o mesmo objeto.

O art. 896-C da CLT estabelece que são requisitos para que o recurso de revista seja julgado pelo
rito de recursos de revista repetitivos:

Multiplicidade de recursos de revista;


+
Identidade de questão de direito veiculada nesses recursos;
+
Relevância da questão de direito OU divergência de interpretação da idêntica questão
de direito entre os Ministros da SBDI-1 ou das Turmas do TST.

O Presidente das Turmas do TST ou da Seção de Dissídios Individuais, por indicação dos ministros
relatores, submeterá um ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamento pela
SBDI-I ou pelo Tribunal Pleno, sob o rito dos recursos repetitivos.

A autoridade que tomar tal medida deverá expedir comunicação aos demais Presidentes de Turma
ou de Seção Especializada, que poderão afetar outros processos sobre a questão para julgamento
conjunto, a fim de conferir ao órgão julgador visão global da questão.

Afetado, o recurso repetitivo será distribuído a Ministro da Seção Especializada ou Pleno, que será
o Relator, sendo que também há Revisor.

Uma vez acolhida a proposta de afetação ao rito dos recursos repetitivos, o relator da SDI ou do
Pleno do TST proferirão decisão de afetação, identificando com precisão a questão a ser subjetida
a julgamento.

Nesse caso, o Presidente do TST oficiará os Presidentes dos TRTs para que suspendam os recursos
interpostos em casos idênticos aos afetados como recursos repetitivos, até o pronunciamento
definitivo do TST.

O prazo para julgamento dos recursos repetitivos é de 01 (um) ano, tendo preferência sobre os
demais feitos. Se não houver o julgamento nesse prazo, cessa os efeitos da suspensão de todos
os processos que tenham relação com o incidente.

146
187
No tocante aos recursos requisitados dos Tribunal Regional do Trabalhos que contiverem outras
questões além daquele objeto da afetação, caberá ao órgão jurisdicional competente, em acórdão
específico para cada processo, decidir a questão afetada em primeiro lugar e, posteriormente, as
demais.

Publicado o acórdão paradigma do TST, os recursos de revista sobrestados na origem:

i. terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a


orientação a respeito da matéria no Tribunal Superior do Trabalho; ou

ii. serão novamente examinados pelo Tribunal de origem na hipótese de o acórdão


recorrido divergir da orientação do TST a respeito da matéria.

Caso mantida a decisão divergente pelo Tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade
do recurso de revista.

Os processos eventualmente suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o


curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo Tribunal Superior do Trabalho.

Caberá revisão da decisão firmada em julgamento de recursos repetitivos quando se alterar a


situação econômica, social ou jurídica. Nesse caso, deverá ser respeitada a segurança jurídica das
relações firmadas sob a égide da decisão anterior, podendo o Tribunal Superior do Trabalho
modular os efeitos da decisão que a tenha alterado.

Por fim, no caso de a tese a ser discutida no Recurso de Revista repetitivo for de matriz
constitucional, o acórdão paradigma poderá ser objeto de recurso extraordinário para o TST.

Embargos no TST

Como a própria nomenclatura denuncia, os embargos no TST são recursos cabíveis exclusivamente
no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, os quais têm por finalidade unificar a interpretação
de suas turmas ou de decisões não unânime de competência originária.

A previsão legal deste recurso está no art. 894 da CLT. Há 2 espécies de embargos ao TST:
embargos infringentes e embargos de divergência (à SDI).

O prazo para a interposição de embargos, infringentes e de divergência, é de 8 dias úteis.

Os embargos infringentes são espécie recursal de natureza ordinária da competência da SDC –


Seção Especializada em Dissídios Coletivos.

147
187
Trata-se de recurso cabível para impugnar decisão não unânime proferida em dissídio coletivo de
competência originária do TST, salvo se esta estiver em consonância com Precedente (ou OJ da
SDC) ou Súmula do TST.

A finalidade dos embargos de divergência, também chamados de embargos à SDI, é uniformizar


a divergência interna na interpretação de lei federal ou da Constituição Federal no âmbito do
próprio TST.

É cabível apenas em dissídios individuais.

Este recurso, ao contrário dos embargos infringentes, possui natureza extraordinária e vinculada.
Não é permitida, portanto, a reapreciação de matéria fática.

Pela interpretação sistemática do art. 894, II, da CLT e das normas previstas no RITST, conclui-se
que os embargos de divergência são cabíveis das decisões:

a) divergentes entre a SBDI-1 e SBDI-2 a respeito de interpretação de norma prevista em lei federal
ou na Constituição;

b) divergentes entre duas ou mais Turmas;

c) de uma ou mais Turmas que divergirem das decisões da SDI;

d) de uma ou mais Turmas que divergirem de Orientação Jurisprudencial (da SDI ou SDC);

e) de uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula do TST;

f) de uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula Vinculante do STF.

Na hipótese da alínea a, a competência funcional originária para julgar os embargos de divergência


é da SDI, em sua composição plena; nas demais hipóteses, da SBDI-1.

A divergência oriunda da mesma turma não justifica a oposição dos embargos de divergência.

Ademais, eles atacam apenas decisão colegiada, não sendo recurso cabível para as decisões
monocráticas.

No rito sumaríssimo, somente quando a divergência consistir em dispositivo constitucional ou


matéria sumulada será possível a oposição de embargos de divergência.

Na execução os embargos de divergência devem demonstrar divergência entre Turmas ou entre


Turmas e a SDI em relação a dispositivo constitucional, segundo entendimento sumulado do TST.

148
187
Os embargos no TST são opostos ao presidente do TST, da SDI-I ou SDI-II, conforme o caso, em
petição escrita e com as devidas razões, demonstrando no corpo dos embargos, a respectiva
divergência suscitada, postulando, ao final, a reforma da decisão.

O prazo segue a regra geral, 8 dias, inclusive para contrarrazoar.

Por fim, devem observar as regras do preparo (custas e depósito recursal) e serão recebidos
apenas no efeito devolutivo.

Ressalta-se que o relator também possui poderes para negar seguimento quando a decisão
recorrida estiver em consonância com Súmula ou OJ do TST ou quando houver irregularidade nos
pressupostos extrínsecos/objetivos do recurso. Da decisão do relator cabe agravo
regimental/interno no prazo de 8 dias.

Agravo Interno/Regimental

O agravo interno/regimental não está previsto no elenco recursal do art. 893 da CLT.

A finalidade do agravo interno/regimental é a de impugnar decisão monocrática para avocar a


competência colegiada.

Portanto, é inadmissível agravo interno ou agravo regimental contra acórdão, ou seja, decisão por
órgão colegiado, não sendo aplicável, inclusive, o princípio da fungibilidade.

O agravo interno/regimental tem efeito meramente devolutivo, o que equivale a dizer que a
matéria nele versada é restrita ao exame do acerto ou não da decisão agravada, salvo em se
tratando de decisão do Corregedor, cuja devolutibilidade é mais ampla, permitindo, assim, a plena
revisão do ato processual proferido, abordando questões fáticas e jurídicas.

O julgamento do agravo interno é da competência do respectivo órgão colegiado do tribunal.

O agravo interno/regimental não se submete ao preparo.

Recurso Extraordinário

No âmbito da Justiça do Trabalho, o recurso extraordinário somente poderá ser interposto, em


regra, da última decisão prolatada no TST, em geral, em sede de embargos, desde que haja
violação ou ofensa direta à Constituição Federal.

Além dos requisitos intrínsecos e extrínsecos comuns aos recursos, é necessário, que o Recurso
Extraordinário preencha dois pressupostos específicos:

149
187
i. Prequestionamento – conforme estabelece a Súmula n. 282 do STF, e é inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.

ii. Repercussão geral – que serve como um filtro de recursos, a fim de que somente seja levado a
conhecimento e julgamento pela mais Alta Corte da República Federativa do Brasil causas que
despertem relevância jurídica, política, social ou econômica. Está regulada no art. 102, § 3º, da CF
e arts. 1.035, 1.036 e 1.039 do CPC/ 2015.

O prazo para interposição do Recurso Extraordinário é de 15 (quinze) dias úteis.

Por fim, o Recurso Extraordinário não é utilizado para revolvimento de fatos e provas.

Recurso Adesivo

A CLT não prevê o recurso adesivo, o que exige o diálogo das fontes por meio da aplicação
subsidiária do CPC e as devidas adaptações. Aplicável, assim, o art. 997 do CPC, conforme
estabelecido na Súmula 283 do TST.

Os mesmos requisitos do recurso principal devem estar presentes no recurso adesivo, sob pena
de não conhecimento. Desse modo, se o recurso principal exigir pagamento de custas e depósito
recursal, no recurso adesivo também deve ser recolhido.

Além dos pressupostos genéricos inerentes aos recursos em geral, o recurso adesivo exige, ainda,
quatro outros pressupostos específicos de admissibilidade:

- sucumbência recíproca – é preciso que autor e réu tenham tido pelo menos uma de suas
pretensões rejeitadas pelo juízo a quo;

- possibilidade de a parte ter recorrido autonomamente – o recurso adesivo apenas está sendo
utilizado no lugar do recurso que a parte poderia, no prazo legal contado da ciência da decisão
que reconheceu a sucumbência recíproca, ter interposto;

- existência do recurso principal;

O recurso adesivo pode ser interposto em face de:

- recurso ordinário

- recurso de revista

- embargos

- agravo de petição

150
187
Sempre no prazo de 8 dias.

Embora a Súmula 283 do TST não mencione, também é possível a utilização de recurso adesivo
ao recurso extraordinário, nesse caso, interposto no prazo de 15 dias.

Não cabe a interposição de recurso adesivo no caso de reexame necessário em face de decisão
proferida contra ente público.

Caso o litigante recorra de forma autônoma da parte da decisão que lhe seja desfavorável, não
poderá mais se valer do recurso adesivo, em função da denominada preclusão consumativa e de
ofensa ao princípio da unirrecorribilidade.

8 - EXECUÇÃO TRABALHISTA

Execução Trabalhista

A execução trabalhista encontra-se disciplinada por quatro normas legais a serem aplicadas na
seguinte ordem:

• 1 - Consolidação das Leis do Trabalho

• 2 - Lei 5.584/1970

• 3 - Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal)

• 4 - Código de Processo Civil

Quanto à legitimidade ativa, o art. 878 da CLT dispõe que a execução poderá ser promovida pelas
partes, sendo permitida a execução de ofício, pelo próprio juiz ou o presidente do tribunal
competente, quando as partes não estiverem representadas por advogado (quando as partes
estiverem no exercício do jus postulandi).

Embora a CLT faça referência apenas às partes como legitimadas a iniciar a execução, ela também
poderá ser promovida pelos legitimados do art. 778, §1º, do CPC, quais sejam:

i. Ministério Público do Trabalho

nos seguintes casos:

- existência de títulos executivos judicias, em função de ações promovidas pelo MPT

- execução de TAC

- como substituto processual de incapaz

151
187
- nas ações civis coletivas patrocinadas por outros legitimados, quando houver
abandono da ação pelo autor

ii. espólio, herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte destes, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo

Sobrevindo a morte do credor, o juiz suspenderá a execução (art. 921, II, do CPC)
até que se formalize a habilitação do espólio, dos herdeiros ou dos sucessores.

iii. o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato
entre vivos,

iv. o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional

É competente para execução das decisões o juiz ou o presidente do tribunal que tiver conciliado
ou julgado originariamente o dissídio.

Em relação à execução dos títulos executivos extrajudiciais será competente para a execução o
juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria.

O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

A responsabilidade patrimonial, em regra, recai sobre o patrimônio do devedor, mas podem


ocorrer situações em que a responsabilidade passa a ser atribuída a sujeito diverso do devedor.
Nessas hipóteses, passa a haver uma responsabilidade patrimonial secundária.

São sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou


obrigação reipersecutória;

II - do sócio, nos termos da lei;

III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;

IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua


meação respondem pela dívida;

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;

VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;

152
187
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

Além desses, poderão figurar no polo passivo da execução trabalhista o responsável subsidiário
nos casos de intermediação de mão de obra ou terceirização, o dono da obra nos contratos de
empreitada e o empreiteiro nos contratos de subempreitada.

Muito comum no dia a dia da Justiça do Trabalho é a SUCESSÃO TRABALHISTA, caso em que o
sucessor responde integralmente pelas dívidas trabalhistas do sucedido, pelo que se torna
responsável pelo pagamento da condenação. No caso de fraude na transferência, sucessor e
sucedido respondem com seus bens de forma solidária para a quitação das obrigações.

É sabido que o patrimônio dos sócios da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio da
empresa. No entanto, aplicando a DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA os
sócios passam a responder pelas dívidas da empresa.

A moderna doutrina e jurisprudência trabalhista encamparam, dessa forma, a teoria objetiva


da desconsideração da personalidade jurídica que disciplina a possibilidade de execução dos
bens do sócio, independentemente se os atos violaram ou não o contrato, ou houve abuso
de poder. Basta a pessoa jurídica não possuir bens, para ter início a execução dos bens do
sócio.

O CPC institui regras para o processamento da desconsideração da personalidade jurídica da


empresa, prevendo o incidente processual específico em seus arts. 133 a 137. Por sua vez, a CLT,
em redação conferida pela reforma trabalhista, define que os dispositivos do CPC sobre o
incidente de desconsideração se aplicam no processo do trabalho.

Por ser o incidente resolvido por decisão interlocutória, que não é recorrível de imediato no
processo do trabalho, o §1º, do art. 855-A da CLT estabelece de que forma pode ser apresentado
recurso:

- Se o incidente for decidido na fase de cognição → não cabe recurso de imediato, na forma do
art. 893, §1º, da CLT.

- Se o incidente for decidido na fase de execução → cabe agravo de petição, independentemente


de garantia do juízo.

- Se o incidente for decidido por relator em incidente instaurado originalmente no tribunal → cabe
agravo interno.

Há dois sistemas destinados à satisfação das obrigações a cargo do devedor: o sistema destinado
à satisfação do título judicial e o sistema de execução de título extrajudicial.

153
187
i. judiciais:

- Sentenças transitadas em julgado;

- Sentenças sujeitas a recurso desprovido de efeito suspensivo;

- Acordos judiciais não cumpridos;

Só estão sujeitas ao processo de execução as ações condenatórias, posto que as sentenças


meramente declaratórias, constitutivas e desconstitutivas produzem efeitos por si só.

ii. extrajudiciais:

- Termos de compromisso de ajustamento de conduta firmados perante o Ministério Público do


Trabalho;

- Termos de conciliação firmados perante a comissão de conciliação prévia.

Os títulos executivos extrajudiciais dispensam o processo de conhecimento, ensejando,


diretamente, a ação executiva.

O rol de títulos executivos extrajudiciais não é taxativo, podendo-se executar, por exemplo,
Certidões da Dívida Ativa – CDA (Lei 6.830/80) fundada em multa aplicada pela fiscalização do
trabalho (art. 114, VII, da CF/88), sendo que o Tribunal Superior do Trabalho – TST (IN 39/2016)
faculta a execução de outros títulos executivos extrajudiciais, como cheques e notas promissões,
acaso veiculados por meio de ação monitória.

Liquidação da Sentença

A liquidação no processo do trabalho individual é um incidente processual situado entre a fase


cognitiva e a fase de cumprimento da sentença, tendo por objeto a fixação do valor líquido ou a
individuação do objeto da obrigação constante da sentença condenatória

No processo do trabalho, a liquidação da sentença pode ser realizada de três modos:

i. por cálculo

ii. por arbitramento

iii. por artigos

A liquidação por cálculo é realizada quando a determinação do valor da condenação depender


apenas de cálculo aritmético.

154
187
Todos os elementos necessários para se chegar ao quantum devido já se encontram nos autos.

A liquidação se inicia inicia-se com a elaboração dos cálculos, que podem ser elaborados pelas
partes, pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho ou, tratando-se de cálculos complexos, por
perito.

Uma vez elaborada a conta e tornada líquida, o juiz deve oportunizar às partes o prazo comum de
8 dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância,
sob pena de preclusão, decidindo em seguida.

Os cálculos devem conter as contribuições previdenciárias incidentes sobre as parcelas de


natureza salarial, devendo o magistrado, após a manifestação das partes, intimar a União para
manifestação, no prazo de 10 dias.

Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a elaboração
e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários.

Na sequência, o juiz apreciará os cálculos apresentados e proferirá sentença de liquidação, fixando


o valor da execução.

A liquidação será feita por arbitramento quando:

i. as partes o convencionarem expressamente, ou

ii. for determinado pela sentença, ou

iii. quando o exigir a natureza do objeto da liquidação.

A liquidação pelo procedimento comum será feita quando houver necessidade de alegar e provar
fatos novos que devam servir de base para apurar o quantum debeatur da condenação.

A liquidação pelo procedimento comum não pode ser determinada de ofício pelo juiz,
dependendo sempre de iniciativa da parte.

Os juros de mora também são liquidados por meio de cálculos e são devidos a partir do
ajuizamento da ação até o pagamento ou a efetivação do depósito, incidindo sobre a importância
da condenação já corrigida monetariamente.

Os juros de mora equivalem aos aplicados à caderneta de poupança.

Por sua vez, o índice de correção monetária aplicável é o IPCA-E ou por índice que venha substituí-
lo, calculado pelo IBGE, que deverá ser aplicado de forma uniforme por todo o prazo decorrido
entre a condenação e o cumprimento da sentença.

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No âmbito trabalhista, a correção monetária, em regra, é devida a partir do vencimento da
obrigação.

Após apreciar os cálculos, o juiz proferirá a sentença de liquidação, fixando o valor da execução e
encerrando a fase de liquidação.

Há pelo menos duas correntes na definição da natureza jurídica da sentença de liquidação.

i. A sentença de liquidação possui natureza de decisão interlocutória.

Embora o art. 884, § 3º da CLT mencione que “somente nos embargos à penhora poderá o
executado impugnar a sentença de liquidação, a análise não pode ser apenas gramatical, visto
que o conteúdo da “sentença de liquidação” não preenche os requisitos do art. 203, § 1º do CPC,
haja vista que a decisão não põe fim à fase cognitiva ou executiva.

Muito pelo contrário. Tratando-se a liquidação de fase preparatória da execução, a sentença de


liquidação dá início à fase de execução, valendo-se mencionar que a decisão em questão ainda
poderá ser discutida por meio de embargos, não estando sujeita a recurso de imediato (Princípio
da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias trabalhistas).

Trata-se de decisão interlocutória meramente declaratória, já que sua finalidade não é outro senão
declarar o quantum debeatur.

ii. A sentença de liquidação possui natureza de sentença declaratória, mesmo que


irrecorrível de imediato.

A decisão que julga a liquidação, nas suas três modalidades, é, na verdade, uma sentença
declaratória que, embora seja irrecorrível, poderá, posteriormente, ser impugnada na forma do
art. 884, § 3º, da CLT.

O TST tem se posicionado, na maioria, dos julgados, no sentido de que não cabe ação rescisória
ação rescisória em relação à decisão meramente homologatória de cálculos. Apenas quando
enfrentar o mérito das questões controvertidas a respeito da elaboração da conta de liquidação é
que se admite o ajuizamento de ação rescisória.

Tornada a dívida líquida e certa, com a respectiva homologação dos cálculos, inicia-se a execução
trabalhista.

A impugnação à decisão de liquidação é apresentada pelo executado (se não houver incorrido na
preclusão de que trata o art. 879, §2º, da CLT), de acordo com a sistemática da CLT, juntamente
com os embargos à execução.

As prestações sucessivas podem ser por tempo determinado ou indeterminado.

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Quando por tempo determinado, a execução pelo não pagamento de uma prestação deve
compreender, também, as que lhe sucederem.

Quando por tempo indeterminado, a execução deve compreender, inicialmente, as prestações


devidas até a data do ingresso na execução.

As prestações vencidas após o início da execução podem ser cobradas posteriormente, nos
mesmos autos, sempre observado o procedimento legal da fase de execução e o contraditório.

A execução das obrigações de fazer, não fazer ou entregar coisa pode ser fundada em título
judicial ou extrajudicial.

A CLT só trata, basicamente, da execução de título judicial por quantia certa e a LEF da execução
de título extrajudicial por quantia certa, sendo tais fontes omissas (lacuna normativa) a respeito do
cumprimento das sentenças que veiculam obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, o que
impõe a aplicação supletiva e subsidiária (art. 769 da CLT e art. 15 do CPC) dos arts. 536 a 538 do
CPC no processo do trabalho.

A execução de obrigação de pagar quantia certa tem como objetivo o pagamento de valor em
dinheiro.

O objetivo da execução por quantia certa é expropriar bens do devedor a fim de satisfazer o
direito do credor, respondendo o executado com seu património, presente ou futuro, para o
cumprimento das obrigações.

Achando-se a dívida já com seu valor líquido e certo, será expedido o mandado de citação,
penhora e avaliação, a ser cumprido pelo oficial de justiça.

O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo de acordo não cumprido.

A citação do devedor na execução trabalhista é pessoal, sendo realizada pelos oficiais de justiça.

Se o executado, procurado por duas vezes no espaço de 48 horas, não for encontrado, far-se-á a
citação por edital, publicada no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Vara ou Juízo,
durante 5 (cinco) dias.

Uma vez citado, o executado pode adotar quatro posicionamentos, dentro do prazo de 48 horas:

1. Efetuar o pagamento do valor da execução (art. 881 da CLT);

Optando o executado por efetuar o pagamento do valor da condenação, deverá fazê-lo perante
o escrivão ou secretário, que lavrará termo de quitação em 2 vias, assinadas pelo exequente, pelo
executado e pelo mesmo escrivão ou secretário.

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É comum na Justiça do Trabalho haver o depósito da quantia para a garantia da execução,
oportunizando-se ao Executado que embargue a execução. Todavia, deverá o Executado deixar
claro que se trata de depósito para garantia da execução. Se apenas houver o depósito, sem
sinalizar que se trata de garantia da execução, entende-se que houve o pagamento da execução,
de sorte que os Embargos, se opostos, não serão conhecidos, por faltar interesse ao Executado
que efetuou o pagamento da execução.

É inaplicável ao processo do trabalho o art. 523, §1º, do CPC, que prevê multa de 10% sobre o
valor do débito caso o pagamento não seja feito de forma voluntária no prazo de 15 dias.

2. Depositar em juízo o valor da execução objetivando a garantia do juízo e a oposição de


embargos à execução (art. 882 da CLT);

3. Apresentar seguro-garantia judicial, objetivando a garantia do juízo e a oposição de embargos


à execução (art. 882 da CLT);

4. Nomear bens à penhora, objetivando a garantia do juízo e a oposição de embargos à execução


(art. 882, parte final, da CLT).

Para a nomeação de bens à penhora, o executado (ou devedor) deverá, por força do art. 882 da
CLT, observar a ordem de preferência fixada no art. 655 do CPC/73, que tem como
correspondente o art. 835 do CPC atual.

Se no prazo de 48h não houver o pagamento, a indicação de bens à penhora ou a garantia (que
poderá ser feita por seguro garantia judicial), seguir-se-á com a penhora de tantos bens quantos
bastem à garantia da execução, inclusive de contribuições sociais, custas, emolumentos e
honorários advocatícios.

O instituto da penhora aplica-se tanto no cumprimento de título judicial quanto no processo de


execução de título extrajudicial.

Não pagando ou garantindo a execução, os bens do devedor, atuais e futuros, estarão sujeitos à
penhora, ou seja, constrição judicial que grava o bem com cláusula de inalienabilidade judicial.

A penhora é praticada pelo Oficial de Justiça, que, valendo-se da segunda via do mandado de
citação, penhora e avaliação, promove o ato constritivo em cumprimento de ordem judicial.

A penhora poderá ser realizada em dias úteis, podendo ser realizada em domingos e feriados
desde que haja expressa autorização do juiz.

O TST atualizou sua jurisprudência ao preceito do art. 835, § 1º, do CPC de 2015. Com a
atualização de sua jurisprudência, o TST passou a admitir o cabimento de penhora de dinheiro em

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187
execução provisória, sendo importante observar que houve modulação dos efeitos da nova
redação, de modo que só se aplica às penhoras em dinheiro em execução provisória efetivadas
após a entrada em vigor da nova legislação.

O art. 832 do CPC, que é aplicável ao processo do trabalho, prescreve que não estão sujeitos à
execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,


salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de


aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis


necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em


educação, saúde ou assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-


mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação


imobiliária, vinculados à execução da obra.

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Embora não constem no rol dos bens impenhoráveis contidos no art. 833 do digesto processual
civil, os bens públicos também são absolutamente impenhoráveis.

Ademais, a Lei 8.009/1990, por sua vez, tornou impenhoráveis os bens de família, quais sejam o
imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar, abrangendo o imóvel sobre o qual se
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os
equipamentos, inclusive de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que
quitados.

A Lei 11.232, de 22 de dezembro de 2005, acabou com os embargos à execução no processo civil
(mantendo-o apenas para a Fazenda Pública e para a execução dos títulos extrajudiciais) e criou a
impugnação ao cumprimento da sentença. Essa impugnação foi mantida no CPC atual, prevista
no art. 525, §§ 1° e 5°, do CPC. Todavia, tais dispositivos não são aplicáveis ao processo do
trabalho, que possui regramento específico.

Portanto, no processo laboral, continua existindo a figura dos embargos à execução, nos exatos
moldes definidos no art. 884 da CLT. Os embargos à execução no processo do trabalho, apesar
da natureza de ação, são incidentes ao processo existente, não dando origem a processo
autônomo.

Os embargos à execução no processo do trabalho são processados nos mesmos autos da


execução.

A garantia do juízo, por meio de depósito ou nomeação de bens à penhora ou após a penhora
coativa, representa requisito indispensável ao regular exercício do direito do devedor de oferecer
embargos à execução.

A Fazenda Pública, com base no art. 910 do CPC, estará dispensada de garantir previamente
o juízo para opor embargos à execução.

No processo do trabalho, o prazo para oferecimento dos embargos do devedor, que é de 5 (cinco)
dias, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.

Fazenda Pública – prazo de 30 dias para opor embargos à execução.

Atenção para o fato de que a exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições.

O art. 884, § 1°, da CLT determina que a matéria de defesa nos embargos à execução será restrita
às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida (fatos
estes ocorridos após à sentença).

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187
Não obstante a literalidade do art. 884, § 1º, da CLT, a doutrina vem alargando o rol das matérias
arguíveis nos embargos do executado, permitindo a aplicação subsidiária do CPC.

Assim, a interpretação ampliativa do preceptivo em causa permite que outras matérias ou


questões também possam ser deduzidas nos embargos de devedor. O art. 525, caput e § 1°, do
CPC será aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, tendo em vista que o art. 884, § 1°,
da CLT não esgotou todas as hipóteses arguíveis via embargos à execução.

Ademais, considerando as novas modalidades de execução que permitem a execução de títulos


executivos extrajudiciais na Justiça do Trabalho, também é aplicável o art. 917 do CPC, na análise
das matérias de que podem tratar os embargos à execução de título executivo extrajudicial.

Os embargos à execução não possuem efeito suspensivo

Não tendo sido arroladas testemunhas nos embargos, o juiz proferirá a decisão, dentro de cinco
dias, julgando subsistente ou insubsistente a penhora (art. 885 da CLT).

Caso tenham sido arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em audiência, o processo será
concluso ao juiz no prazo de 48 horas, e este proferirá sua decisão no prazo de 5 (cinco) dias.

Se os embargos à execução forem rejeitados a penhora é julgada subsistente, prosseguindo-se a


execução.

Proferida a sentença que julga os embargos à execução, inclusive na hipótese de indeferimento


liminar, é cabível recurso de agravo de petição.

O agravo de petição só é cabível contra a sentença de embargos à execução e de impugnação à


liquidação, e não da decisão de liquidação.

A exceção de pré-executividade constitui uma possibilidade conferida ao devedor para que este,
antes mesmo de ter seus bens constritos, ingresse no processo com o objetivo específico de
demonstrar a inexigibilidade do título executivo.

Há três correntes que se ocupam do cabimento da exceção de pré-executividade no


processo do trabalho.
- A primeira é restritiva e não admite o cabimento do instituto na seara laboral.
- A segunda é eclética, porquanto admite a exceção de pré-executividade desde que a
matéria versada diga respeito a questões exclusivamente processuais, como os pressupostos
processuais e as condições da ação de execução.

- A terceira corrente amplia o cabimento da exceção de pré-executividade para além das questões
processuais, na medida em que admite que outras matérias possam ser suscitadas com esse meio

161
187
de defesa do devedor, como nas hipóteses de invalidade do título executivo, prescrição ou
pagamento da dívida, além de matérias de ordem pública, cognoscíveis de ofício pelo Juiz,
quando desnecessária dilação probatória.

A exceção de pré-executividade poderá ser apresentada mediante simples petição nos autos da
execução, tão logo o devedor seja citado, ou mesmo já na fase de liquidação.

O ato jurisdicional que apreciar a exceção terá a seguinte natureza jurídica:

i. será considerado decisão interlocutória se a exceção de pré-executividade for rejeitada, não


sendo cabível, de imediato, qualquer recurso no âmbito laboral, o que não impede que as
questões suscitadas sejam novamente arguidas nos embargos à execução, desde que garantido o
juízo;

ii. será considerado sentença se a exceção de pré-executividade for acolhida, extinguindo-se, total
ou parcialmente, a execução, ensejando, portanto, a interposição de agravo de petição pelo
interessado.

Os embargos de terceiro se tratam de ação autônoma desconstitutiva, utilizada por terceiro,


estranho ao processo, a fim de salvaguardar seus bens, devendo os embargos obedecerem aos
requisitos da petição inicial, estando previsto nos arts. 674 a 681 do CPC.

É legitimado ativo aquele que, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, podendo requerer seu desfazimento ou sua inibição.

Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução,
até cinco dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta.

A competência para julgamento dos embargos de terceiro é sempre do juízo da execução, sendo
a apresentação, em regra, perante este Juízo.

Todavia, no caso de expedição de carta precatória, poderá o embargante ajuizar a ação perante
o Juízo Deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a
carta.

Da decisão dos embargos de terceiro:

a) No Processo de Conhecimento, caberá Recurso Ordinário;

b) Na Execução, caberá Agravo de Petição.

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187
O oficial de justiça avaliará o bem no momento da penhora, não havendo, regra geral, necessidade
de nomeação de perito para proceder à avaliação, salvo em se tratando de situações excepcionais
em que o meirinho não tenha conhecimentos técnicos para aferir o valor do bem.

Apenas se forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o comportar, o


juiz deve nomear avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 dias para entrega do laudo.

Uma vez realizadas a penhora e a avaliação, o juiz deve dar início aos atos de expropriação do
bem.

A ARREMATAÇÃO é ato público de execução, sendo modalidade de expropriação do bem para


a satisfação do direito do credor.

Uma das modalidades de expropriação é a alienação em hasta pública.

A hasta pública é um termo genérico que engloba a praça e o leilão.

A realização de hasta pública somente ocorrerá se não houver a adjudicação preferencial pelo
credor. Essa é forma preferencial, por trazer maior celeridade, economia e simplicidade ao
processo. Somente se o credor não tiver interesse em adjudicar o bem é que o mesmo será
vendido em hasta pública.

Atendendo ao princípio da publicidade, a arrematação dos bens será anunciada por edital afixado
na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de 20 dias.

No processo do trabalho a hasta pública é única, sendo os bens, desde logo, vendidos pelo maior
lance.

O arrematante deverá garantir o lance com sinal correspondente a 20% do seu valor.

Caso o arrematante ou seu fiador não pague em 24 horas o preço da arrematação, perderá, em
benefício da execução, o sinal dado.

A formalização da arrematação se dará por meio do competente auto, o qual será Lavrado no
prazo de 24 horas, contados da realização da hasta pública, facultando-se, nesse prazo, ao credor,
a adjudicação dos bens arrematados e, ao devedor, a remição do valor total da execução.

Assinada a carta de arrematação, não caberá mais nenhuma medida ou recurso nos mesmos autos,
nem mesmo a via rescisória, conforme a Súmula 399 do TST.

A ADJUDICAÇÃO é o ato processual pelo qual se transfere a propriedade do bem penhorado ao


patrimônio do exequente, desde que ofereça preço não inferior ao da avaliação.

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Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá solicitar a ALIENAÇÃO DO BEM POR
INICIATIVA PARTICULAR ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante
o órgão judiciário (art. 880 do CPC).

A REMIÇÃO consiste no ato processual do pagamento da totalidade da dívida executiva pelo


devedor, liberando-se os bens constritos e, privilegiando-se, assim, o princípio da não
prejudicialidade do devedor.

Doutrina e jurisprudência divergem sobre a competência ou não da Justiça do Trabalho para


executar seus julgados, quando decretada a falência do executado.

Caso os bens do executado sejam penhorados antes da decretação da quebra da empresa, não
serão eles alcançados pelo juízo falimentar.

Se os atos de constrição ocorrerem após a falência da empresa, cessa a competência da Justiça


do Trabalho, devendo o obreiro habilitar o seu crédito perante o juízo falimentar.

Prescrição intercorrente é a que se dá no curso da ação, em razão da paralisação ou não realização


de atos do processo executivo.

A Lei n. 13.467/17, a reforma trabalhista, passa a prevê-la, expressamente, na CLT.

Quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução, pelo prazo
de 2 (dois) anos, ocorre a prescrição intercorrente.

A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir


determinação judicial no curso da execução.

A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer


grau de jurisdição.

A execução contra a Fazenda Pública não se processa da mesma forma como se dá quando o
devedor é pessoa física ou jurídica de direito privado, uma vez que os bens da Fazenda Pública
são impenhoráveis e imprescritíveis e a Fazenda Pública está submetida ao princípio do
orçamento, segundo o qual todas as despesas públicas, inclusive as relacionadas ao pagamento
de débitos judiciais, devem estar previstas no orçamento, que observa a regra da anualidade.

Estão compreendidas no conceito de Fazenda Pública todas as pessoas jurídicas de direito


público interno, como a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Autarquias e Fundações
Públicas instituídas pelo poder público.

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos goza do mesmo tratamento destinado à
Fazenda Pública em relação à execução por precatório, além das prerrogativas de foro,
prazos e custas processuais.
As empresas públicas e sociedades de economia mista, por serem pessoas jurídicas de direito
privado, não se encaixam no conceito de Fazenda Pública.
Os pagamentos devidos em razão de pronunciamento judicial pelos Conselhos de
Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios.

Assim, a execução de obrigação de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública apresenta
disciplina própria.

A Fazenda Pública é intimada para, em 30 dias, apresentar embargos.

A Fazenda Pública estará dispensada de garantir previamente o juízo para opor embargos à
execução.

Portanto, a Fazenda Pública não será citada para pagar ou nomear bens à penhora, mas sim para
oferecer embargos, se desejar.

A Fazenda Pública deve ser intimada na pessoa do seu representante judicial, mediante carga,
remessa ou meio eletrônico para, querendo, em 30 dias e nos próprios autos, opor embargos à
execução.

O art. 535 do CPC dispõe sobre as matérias que poderão ser abordadas em caso de embargos
propostos na execução contra a Fazenda Pública.

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,


compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da
sentença.

Do julgamento dos embargos, mesmo que desfavoráveis ao ente público, não caberá a remessa
necessária, pois essa é inata ao processo de conhecimento.

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Se os embargos à execução não forem opostos, ou se forem rejeitadas as arguições da Fazenda
Pública, deve-se expedir:

- por intermédio do presidente do tribunal competente, PRECATÓRIO em favor do exequente,


observando-se o disposto na Constituição Federal; OU,

- por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para a
causa, o pagamento da OBRIGAÇÃO DE PEQUENO VALOR, que deve ser adimplido em 60
dias contados da entrega da requisição, mediante depósito na agência do banco oficial.

São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, de modo que o


pagamento se faça, em parte, por obrigação de pequeno valor e, em parte, mediante expedição
do precatório.

O sequestro da quantia devida pela Fazenda Pública só pode ocorrer em caso de preterimento,
isto é, descumprimento da ordem de pagamento, ou de não alocação orçamentária do valor
necessário à satisfação do seu débito. Para que ocorra o sequestro é necessário o requerimento
fundamentado do exequente.

A Lei 12.440/2011 acrescentou à CLT o art. 642-A, instituindo a denominada certidão negativa de
débitos trabalhistas - CNDT, objetivando comprovar a inexistência de débitos trabalhistas não
quitados perante a Justiça Especializada trabalhista.

A Reforma Trabalhista trazida pela Lei nº 13.467, de 2017 acrescentou o artigo 883-A na CLT,
prevendo a inscrição do devedor nos órgãos de proteção ao credito, desde que se trate de decisão
transitada em julgado, com transcurso do prazo de 45 dias sem que o executado garanta o juízo.

9 - INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE,


PROCESSO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA HOMOLOGAÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL, AÇÃO RESCISÓRIA, MANDADO DE
SEGURANÇA

Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave

Em regra, o empregador pode dispensar o empregado por justa causa sem qualquer
procedimento prévio, simplesmente afirmando que houve a justa causa, formalizando a rescisão e
realizando o pagamento das verbas devidas.

Ocorre que em algumas situações o empregador tem que se valer de um procedimento judicial
para buscar do Poder Judiciário a rescisão do vínculo por justa causa.

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O inquérito judicial para apuração de falta grave é o procedimento especial com a finalidade de
autorizar a resolução do contrato de trabalho do empregado estável, por iniciativa do
empregador.

Isso porque, conforme previsto no art. 494 da CLT, o empregado estável acusado de falta grave
poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito
em que se verifique a procedência da acusação.

Constitui falta grave a prática de qualquer dos fatos considerados justa causa, quando por sua
repetição ou natureza representem séria violação dos deveres e obrigações do empregado.

Verificada a falta grave, o empregador tem a faculdade de suspender o empregado de suas


funções, mas a sua despedida só se torna efetiva após o inquérito em que se verifique a
procedência da acusação, sendo que essa suspensão dura até o final do processo.

A suspensão do empregado é facultativa, não sendo cabível mandado de segurança contra tal
decisão, uma vez que é direito líquido e certo do empregador o direito de suspender o empregado
até decisão final do inquérito.

Para a apuração de falta grave o empregador deve ajuizar a reclamação por escrito (não é
permitida a reclamação verbal) perante a Vara do Trabalho dentro de 30 (trinta) dias, contados da
data da suspensão do empregado.

O inquérito para apuração de falta grave será ajuizado na Vara do Trabalho tendo duas
peculiaridades:

1. A petição inicial, obrigatoriamente, deverá ser escrita;

2. Poderão ser ouvidas até 6 testemunhas.

Se o pedido de resolução contratual formulado no inquérito judicial for julgado improcedente, ou


seja, reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador
obrigado a readmiti-lo no emprego e a pagar-lhe os salários e demais vantagens a que teria direito
no período de afastamento.

No entanto, quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de


incompatibilidade resultante do dissídio, o tribunal do trabalho poderá converter aquela
obrigação em indenização dobrada (art. 496 da CLT).

Processo de Jurisdição Voluntária para Homologação de Acordo Extrajudicial

Uma das novidades trazidas pela chamada reforma trabalhista foi a ampliação da competência da
Justiça do Trabalho para decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial.

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Antes da reforma, somente com ingresso da reclamatória trabalhista a Justiça do Trabalho tinha
competência para homologar acordo.

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) inseriu na CLT dispositivo prevendo a possibilidade de


a Justiça do Trabalho decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de sua
competência.

Trata-se de procedimento de jurisdição voluntária, em que o juiz apenas homologa o acordo


celebrado extrajudicialmente entre as partes.

A homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do Trabalho é


sempre competência da primeira instância.

O processo de homologação de acordo extrajudicial tem início por petição conjunta, sendo
obrigatória a representação das partes por advogado.

Observe-se que as partes não podem estar representadas por advogado em comum.

O procedimento estabelecido é extremamente célere. No prazo de 15 dias a contar da


distribuição da petição, o juiz deve analisar o acordo, designando audiência apenas se entender
necessário, e proferir sentença.

A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação quanto


aos direitos nela especificados. O prazo prescricional volta a fluir no dia útil seguinte ao do transito
em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.

Ação Rescisória

A ação rescisória é uma ação autônoma que tem como objetivo desconstituir sentença (ou
acórdão) de mérito transitada em julgado.

A ação rescisória é cabível no processo do trabalho, conforme disposto no art. 836 da CLT, que
determina a aplicação do disposto no CPC quanto ao tema, com a especificidade de estabelecer
que, no processo do trabalho, a propositura da ação rescisória está sujeita ao depósito prévio de
20% do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

As hipóteses de cabimento da ação rescisória, por falta de previsão legal na CLT, estão elencadas
no art. 966 do CPC. Tratam-se de hipóteses exaustivas.

A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

→ SE VERIFICAR QUE FOI PROFERIDA POR FORÇA DE PREVARICAÇÃO, CONCUSSÃO OU


CORRUPÇÃO DO JUIZ

168
187
→ PROFERIDA POR JUIZ IMPEDIDO OU POR JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE

Assim, considerando a redação imposta pelo art. 966, II, do CPC, a sentença proferida por um juiz
suspeito não ensejará o ajuizamento de ação rescisória.

Quando da utilização da ação rescisória em caso de sentença proferida por juiz absolutamente
incompetente não é exigido o prequestionamento.

→ RESULTAR DE DOLO OU COAÇÃO DA PARTE VENCEDORA EM DETRIMENTO DA PARTE


VENCIDA, OU, AINDA, DE SIMULAÇÃO OU COLUSÃO ENTRE AS PARTES, A FIM DE FRAUDAR
A LEI

→ OFENDER A COISA JULGADA

A coisa julgada em questão, que autoriza a propositura de ação rescisória, é a coisa julgada
material. A coisa julgada formal, que nasce da extinção do processo sem julgamento do mérito,
não pode ser atacada mediante ação rescisória.

Na hipótese de uma decisão de mérito transitar em julgado, formando coisa julgada material, mas,
posteriormente, ser ajuizada nova ação com as mesmas partes, pedidos e causa de pedir, sendo
proferida nova decisão, o que se verifica é que a segunda decisão ofende a coisa julgada,
tornando-se cabível ação rescisória.

O TST entende que o interessado somente poderá se utilizar da ação rescisória, à luz art. 966, IV,
do CPC, quando demonstrar que, na decisão rescindenda, arguiu a tese de ofensa à coisa julgada.

→ VIOLAR MANIFESTAMENTE NORMA JURÍDICA

Trata-se da hipótese mais comum de cabimento de ação rescisória.

O TST possui o entendimento o CPC de 1973 apenas aceitava a ação rescisória em face de decisão
que violasse lei em sentido estrito, não podendo a norma jurídica ser um acordo coletivo,
convenção coletiva, portaria, regulamento, súmula ou orientação jurisprudencial.

O atual CPC, contudo, substituiu a palavra "lei" por "norma jurídica", expressão mais ampla,
ficando claro que a hipótese em tela abrange violações à Constituição Federal, emendas à
Constituição, Lei complementar, Lei ordinária, decreto-lei, medida provisória, decreto e outras
normas de caráter assemelhado.

A violação de dispositivo de norma jurídica deverá ser direta, manifesta, frontal, não sendo possível
a utilização de ação rescisória quando a decisão rescindenda adota uma dentre várias
interpretações cabíveis ao diploma tido como violado, ainda que não seja a melhor.

169
187
Ademais, o TST exige, na hipótese de cabimento em questão, que a matéria tenha sido
prequestionada na decisão rescindenda, embora não seja necessária a direta menção ao
dispositivo tido por violado.

Na hipótese de a decisão de mérito que se pretende rescindir ter duplo fundamento é necessário
que a ação rescisória traga causas de rescindibilidade que, em tese, possam infirmar ambos os
fundamentos da decisão rescindenda.

A ação rescisória fundamentada na violação de norma jurídica não admite reexame de fatos e
provas do processo em que prolatada a decisão rescindenda.

→ POR FUNDADA EM PROVA, CUJA FALSIDADE TENHA SIDO APURADA EM PROCESSO


CRIMINAL OU VENHA A SER DEMONSTRADA NA PRÓPRIA AÇÃO RESCISÓRIA

→ OBTIVER O AUTOR, POSTERIORMENTE AO TRÂNSITO EM JULGADO, PROVA NOVA CUJA


EXISTÊNCIA IGNORAVA, OU DE QUE NÃO PÔDE FAZER USO, CAPAZ, POR SI SÓ, DE LHE
ASSEGURAR PRONUNCIAMENTO FAVORÁVEL

Prova nova não é aquela produzida após a decisão, mas sim aquela que já existia na época da
prolação da decisão rescindenda, e que a parte a ignorava ou não pôde fazer uso.

Não é documento novo apto a viabilizar a desconstituição de julgado:

a) sentença normativa proferida ou transitada em julgado posteriormente à sentença rescindenda;

b) sentença normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não exibida no processo


principal, em virtude de negligência da parte, quando podia e deveria louvar-se de documento já
existente e não ignorado quando emitida a decisão rescindenda.

→ FOR FUNDADA EM ERRO DE FATO VERIFICÁVEL DO EXAME DOS AUTOS

Assim, há erro de fato quando a decisão rescindenda:

- admitir fato inexiste ...

ou

- considerar inexistente fato efetivamente ocorrido ...

Em ambos os casos, o fato não pode representar ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria
ter se pronunciado.

--- AÇÃO RESCISÓRIA E SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO

170
187
No âmbito do processo civil, atos judiciais de disposição de direitos ou os atos homologatórios
praticados no curso da execução não serão submetidos à ação rescisória, podendo ser objeto de
simples ação anulatória.

No direito processual trabalhista, contudo, pensamento diverso tem sido adotado.

O art. 831 da CLT informa que, no caso de conciliação, o termo que for lavrado terá natureza
jurídica de título executivo judicial, salvo para a Previdência Social quanto às parcelas que lhe
forem devidas.

Interpretando o assunto, o TST firmou o entendimento, consubstanciado na Súmula n. 259, de que


somente por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no art. 831, parágrafo
único, da CLT.

Assim, homologado acordo na Justiça do Trabalho, não será cabível ação anulatória para
desconstituí-lo, como prevê o art. 966, § 4°, do CPC, mas, sim, ação rescisória.

Na decisão da ação rescisória, após o exame quanto á sua admissibilidade, realiza-se o juízo
rescindente (no sentido de rescindir a decisão) e, posteriormente, se for o caso, o juízo rescisório
(relativo ao novo julgamento).

Em várias hipóteses previstas no art. 966 do CPC, o autor da ação poderá cumular ao pedido
principal de rescisão do julgado pleito de novo julgamento da causa pelo mesmo tribunal que
apreciou a rescisória, de maneira que o tribunal exercerá, além do juízo rescindente, o juízo
rescisório, proferindo novo julgamento da causa.

A ação rescisória é de competência originária dos Tribunais. Trata-se de competência funcional


absoluta.

→ Compete aos TRTs processar e julgar as ações rescisórias das decisões das Varas do Trabalho,
dos juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista e de seus próprios julgados.

→ Compete ao TST processar e julgar as ações rescisórias de seus próprios julgados.

→ Compete ao STF processar e julgar as ações rescisórias de seus próprios julgados.

Possuem legitimidade para propor ação rescisória:

i. quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;

ii. o terceiro juridicamente interessado;

iii. o Ministério Público:

171
187
a. se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;

b. quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim


de fraudar a Lei;

c. em outros casos em que se imponha sua atuação;

O TST possui o entendimento consolidado de que a legitimidade do MPT não está


restrita às hipóteses mencionadas, eis que a legitimidade constitucional do MPT está
prevista no art. 127 da CF/88.

iv. aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo passivo da demanda, porque


supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os
litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o litisconsórcio
é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela necessidade
decorrente da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito individual
de um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para retomar a lide.

Na ação rescisória não se admite o exercício do jus postulandi.

Deve estar o advogado munido de procuração com poderes específicos para a propositura da
ação rescisória.

Como documentos indispensáveis à propositura da ação rescisória, podemos destacar a decisão


rescindenda e a prova de seu trânsito em julgado

A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada


a concessão de tutela provisória.

O valor da causa a ser fixado será:

- o valor da causa fixado no processo originário, quando se tratar de ação rescisória de sentença
de mérito advinda de processo de conhecimento;

- o montante da condenação, quando se tratar de ação rescisória de decisão proferida na fase de


execução.

Da decisão que julgar a ação rescisória caberão os seguintes recursos:

172
187
- embargos de declaração, sempre que houver omissão, obscuridade ou contradição, no prazo de
5 dias, a ser julgado pelo próprio órgão prolator, seja ele um TRT ou o TST.

- quando a decisão for proferida pelo TRT → cabe recurso ordinário, no prazo de 8 dias, a ser
julgado pelo TST (será julgada pela SBDI-II ou pela SDC, a depender de ser individual ou coletiva).

Configura erro grosseiro a interposição de recurso de revista de acórdão de TRT em ação


rescisória.

- quando a decisão for proferida pelo TST → cabe recurso extraordinário para o TST.

O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última


decisão proferida no processo, seja ela de mérito ou não.

Importante compreender que, de acordo com o atual entendimento do TST, se a decisão judicial
for composta de capítulos relativamente autônomos, em decorrência da cumulação de pedidos, é
possível o trânsito em julgado de cada um deles em tempos diversos. Se o recurso é parcial, o
capítulo não abrangido pelo recurso transita em julgado imediatamente, independentemente do
recurso interposto.

Mandado de Segurança

O mandado de segurança é ação constitucional, prevista no art. 5º, LXIX da CF/88, que pode ser
utilizado por pessoa, física ou jurídica, ou mesmo por ente despersonalizado com capacidade
processual objetivando a proteção de direito individual ou coletivo, liquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, toda vez que esse direito for lesionado ou ameaçado por ato
de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.

Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída, é inaplicável o art. 321 do


CPC (necessidade do juiz conceder prazo para que o autor emende ou complete a inicial com
algum defeito ou irregularidade), quando verificada, na petição inicial, a ausência de documento
indispensável ou de sua autenticação.

Não será cabível mandado de segurança se houver controvérsia sobre determinado fato.

Por sua vez, controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado de
segurança.

É admitida a interposição de mandado de segurança preventivo. O que não se admite é que o


mandado de segurança seja utilizado para obter sentença genérica, aplicável a eventos futuros,
cuja ocorrência é incerta.

173
187
A legitimidade ativa para a propositura do mandado de segurança é do titular do direito líquido
e certo violado ou com justo receio de violação.

Considera-se autoridade coatora aquela que tiver praticado o ato impugnado, ou da qual emane
a ordem para sua prática.

Não se concede mandado de segurança quando se tratar:

- de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente


de caução;

- de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

- de decisão judicial transitada em julgado.

O STF entende ser incabível a utilização do mandado de segurança para atacar lei em tese.

Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso
próprio, ainda que com efeito diferido.

O TST e o STF possuem entendimento no sentido do não cabimento do mandado de segurança


em face de decisão judicial transitada em julgado.

Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em
dinheiro do executado para garantir crédito exequendo, pois é prioritária e obedece à
gradação prevista no art. 835 do CPC de 2015 (art. 655 do CPC de 1973).
Ofende direito líquido e certo decisão que determina o bloqueio de numerário
existente em conta salário, para satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja limitado
a determinado percentual dos valores recebidos ou a valor revertido para fundo de
aplicação ou poupança, visto que o art. 649, IV, do CPC de 1973 contém norma
imperativa que não admite interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista no art.
649, § 2º, do CPC de 1973 espécie e não gênero de crédito de natureza alimentícia,
não englobando o crédito trabalhista.
A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo
tutelável pela via do mandado de segurança.

Em regra, o mandado de segurança será processado na Justiça do Trabalho quando o ato ilegal
for prolatado pelas autoridades da Justiça Laboral.

A competência originária para conhecimento e julgamento do Mandado de Segurança tanto pode


ser do juízo de 1º grau, quanto do TRT e também do TST, de sorte que é essencial saber quem é
autoridade coatora do ato supostamente lesivo ou abusivo.

174
187
No caso de mandado de segurança contra ato judicial, a competência originária é sempre dos
tribunais da Justiça do Trabalho.

- Se a autoridade coatora é Juiz do Trabalho ou Juiz de Direito investido em jurisdição


trabalhista, a competência é do TRT respectivo.

- Se a autoridade coatora é juiz ou desembargador de TRT, ou órgão do TRT, a competência


originária é do próprio TRT (a ser julgado no Pleno, Órgão Especial ou Seção especializada,
a depender do regimento interno).

- Se a autoridade coatora é ministro do TST, ou órgão do TST, a competência originária é


do TST (a ser julgado Órgão Especial ou Seção especializada, a depender do regimento
interno).

No caso de mandado de segurança impetrado contra penalidade administrativa imposta ao


empregador pelo órgão de fiscalização do trabalho, a competência originária é da Vara do
Trabalho.

O direito de impetrar mandado de segurança extingue-se depois de decorridos 120 (cento e vinte)
dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Trata-se de prazo decadencial.

No mandado de segurança não se admite o exercício do jus postulandi.

A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos no art. 319 do CPC, será
apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na
segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições.

Ao receber a inicial o juiz determinará:

i. a notificação da autoridade coatora para prestar informações em 10 (dez) dias;

ii. a ciência ao órgão de representação da pessoa jurídica interessada para que, querendo,
ingresse no feito;

iii. a suspensão do ato impugnado, quando houver fundamento relevante e do ato puder resultar
a ineficácia da medida, caso deferida.

Proferida a decisão pelo Juiz do Trabalho ou pelo Tribunal Regional do Trabalho originariamente
competente, caberá recurso ordinário para instância superior.

- Proferida decisão de primeira instância em mandado de segurança → Recurso Ordinário


a ser julgado pelo TRT.

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- Julgado o recurso ordinário interposto em face da sentença de primeiro grau → Recurso
de Revista para o TST (conhecido e julgado pela SBDI-II).

- Proferida decisão originariamente pelo TRT em mandado de segurança → Recurso


Ordinário a ser julgado pelo TST.

Caso o mandado de segurança seja julgado originariamente pelo TST, em caso de denegação de
segurança, o apelo cabível será o recurso ordinário (prazo de 15 dias - art. 1.003, § 5°, do CPC) a
ser julgado pelo STF, baseado no art. 102, II, a, da CF/88.

Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

Concedida a segurança, prevê o art. 14, §1º, da Lei n. 12.016/09, a sentença está sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

O TST restringe, contudo, o reexame necessário, em sua Súmula n. 303, afirmando que, em
mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação processual, figurar
pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação
não ocorre na hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado pessoa de
direito privado, ressalvada a hipótese de matéria administrativa.

A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo
nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

O Presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso poderá suspender,


em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença quando, a requerimento da
pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público, houver possibilidade de
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

A Lei n. 12.016/09, disciplina expressamente o cabimento do MS coletivo, dispondo que, o


mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

- partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses


legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou

- por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade,
ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

A lei do mandado de segurança prevê o cabimento de mandado de segurança coletivo para a


defesa de direitos coletivos (em sentido estrito) e individuais homogêneos, não mencionando os

176
187
direitos difusos, embora o STF possua jurisprudência admitindo o Mandado de Segurança coletivo
para direitos difusos (RE 196.184 - Informativo n. 372 do STF).

10 - DISSÍDIO COLETIVO, AÇÃO DE CUMPRIMENTO, AÇÃO CIVIL


PÚBLICA E COLETIVA

Dissídio Coletivo

A solução jurisdicional dos conflitos coletivos de trabalho entre categorias profissionais e


econômicas é feita por meio do dissídio coletivo.

Não sendo viável a composição do conflito de interesses pelas formas autônomas, geralmente
através da formulação de acordo coletivo de trabalho e convenção coletiva de trabalho, recorre-
se, em regra, ao Poder Judiciário Trabalhista, que decidirá o conflito, afirmando as normas que
serão aplicadas ao caso concreto.

A resolução judicial das questões coletivas dá-se por meio do procedimento denominado dissídio
coletivo, através do qual o Poder Judiciário, por meio de seu poder normativo, cria regras gerais
e abstratas a serem impostas aos membros da categoria em conflito.

O Dissídio Coletivo, que já estava previsto na redação original da CLT, é uma espécie de ação
especial do Direito Processual do Trabalho que os atores sociais – normalmente os sindicatos e/ou
empregadores – buscam criar, modificar e/ou extinguir condições de trabalho e de remuneração,
por meio de uma pauta de reinvindicações, de forma geral e abstrata, com fundamento no
princípio da autonomia privada coletiva.

No ordenamento jurídico brasileiro não apenas os sindicatos das categorias econômicas e das
categorias profissionais são legitimados para propor o dissídio coletivo, como também o
Ministério Público do Trabalho, nos casos de greve que atinja interesse público, ou a própria
empresa, na hipótese de fracasso na celebração de acordo coletivo ou de greve.

Há 3 classificações de dissídios coletivos:

i. DISSÍDIOS DE NATUREZA ECONÔMICA OU DE INTERESSE. Trata-se de ação


constitutiva que tem como objetivo a prolação de sentença normativa que criará normas ou
condições de trabalho que irão vigorar no âmbito das relações empregatícias individuais.

O dissidio coletivo originário ocorre quando inexistentes ou em vigor normas e condições


especiais de trabalho, decretadas em sentença normativa.

177
187
O dissídio coletivo de revisão é destinado a reavaliar normas e condições coletivas de trabalho
preexistentes que tenham se tornado injustas ou ineficazes pela modificação das circunstâncias
que as ditaram.

ii. DISSÍDIOS DE NATUREZA JURÍDICA. Trata-se de ação declaratória, cujo objeto reside
apenas na interpretação de cláusulas previstas em instrumentos normativos coletivos
preexistentes que vigoram no âmbito de uma dada categoria.

iii. DISSÍDIO DE GREVE. É um processo coletivo com peculiaridades, pois se presta a


reconhecer o exercício regular ou abusivo do direito de greve, mas também podendo
decidir sobre o estabelecimento de condições de trabalho.

Pode ter natureza meramente declaratória, se seu objeto residir apenas na declaração de
abusividade ou não do movimento paredista.

Se, todavia, o tribunal apreciar e julgar os pedidos versados nas cláusulas constantes da pauta de
reivindicações, o dissídio coletivo de greve terá natureza mista, pois, a um só tempo, a sentença
normativa correspondente declarará a abusividade (ou não) do movimento paredista e constituirá
(ou não) novas relações coletivas de trabalho.

Também o processo atinente ao dissídio coletivo deve satisfazer determinados pressupostos de


cabimento.

Os pressupostos processuais em sede de dissídio coletivo podem ser:

i. subjetivos

→ COMPETÊNCIA – A competência para processar e julgar os dissídios coletivos é original e


funcionalmente dos Tribunais (Superior ou Regionais) do Trabalho (CLT, arts. 856 e 860).

Se a categoria econômica tiver base territorial em áreas de jurisdição de dois ou mais TRTs
distintos é competente para conhecimento o TST.

- Exceção → No caso de empresas situadas na área de jurisdição dos TRTs da 2ª e 5º Região,


havendo dissídio coletivo, será competente para julgamento o TRT da 2ª Região.

Se a atividade da empresa não exceder à base de um TRT, será o respectivo TRT que irá conhecer
e julgar do Dissídio Coletivo.

→ CAPACIDADE PROCESSUAL – no dissídio coletivo quem postula em juízo não é a categoria


diretamente (o conjunto dos empregados), mas o sindicato que a representa (arts. 8º, III, e 114, §
2º da CF/88 art. 857 da CLT).

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Os sindicatos, para ajuizarem o Dissídio Coletivo, devem estar registrados no Ministério do
Trabalho:

nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado. Os sindicatos
podem, portanto, litigar sem advogado constituído.

→ LEGITIMIDADE - São legitimados para a instauração do Dissídio Coletivo, em regra, os


sindicatos e os empregadores.

No tocante ao sindicato dos empregados, o TST exige autorização específica, por meio da
Assembleia Geral, para a instauração do Dissídio.

A representação dos sindicatos para a instauração de dissídio coletivo deve ser aprovada por
assembleia na qual participem os associados interessados na solução do dissídio coletivo, em
primeira convocação, por maioria de 2/3 dos associados, ou, em segunda convocação, por 2/3
dos presentes.

Caso o dissídio coletivo seja instaurado em face de empresa o quórum terá por base os
trabalhadores diretamente envolvidos no conflito, e não, os associados em geral.

As confederações e federações também poderão ajuizar o Dissídio Coletivo, sempre que não
houver sindicato, e na seguinte ordem de preferência para ajuizamento:

1. Sindicato

2. Federação

3. Confederação

ii. objetivos.

→NEGOCIAÇÃO COLETIVA PRÉVIA – O Poder Judiciário Trabalhista somente receberá a petição


inicial do dissídio coletivo se o suscitante demonstrar que tentou a solução da questão por via da
negociação coletiva, mas que essa não foi possível. A não comprovação do exaurimento das
tentativas de negociação coletiva desaguará na extinção do processo sem resolução do mérito.

→ INEXISTÊNCIA DE NORMA COLETIVA EM VIGOR – Tanto as convenções coletivas e os acordos


coletivos quanto a sentença normativa têm vigência temporária, impedindo o ajuizamento de novo
dissídio coletivo durante esse período, salvo na hipótese de greve (art. 14, parágrafo único, da Lei
n. 7.783/89) e se o dissídio econômico for revisional.

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→ OBSERVÂNCIA DA ÉPOCA PRÓPRIA PARA AJUIZAMENTO – Não há prazo prescricional para
o ajuizamento do dissídio coletivo, tendo em vista que nele não se postulam créditos previstos em
normas preexistentes.

Todavia, a CLT estabelece algumas regras para o ajuizamento do dissídio coletivo apenas no que
concerne à eficácia no tempo da sentença normativa.

→ PETIÇÃO INICIAL APTA – A petição inicial do dissídio coletivo deve ser obrigatoriamente
escrita.

São documentos essenciais à propositura da ação:

a) edital – edital de convocação da assembleia geral da categoria;

b) ata – ata da assembleia geral;

c) listagem – lista de presença da assembleia geral;

d) registros da frustração da negociação coletiva – correspondência, registros e atas


referentes à negociação coletiva tentada ou realizada diretamente ou mediante a
intermediação do órgão competente do Ministério do Trabalho;

e) norma anterior – norma coletiva anterior (acordo coletivo, convenção coletiva ou


sentença normativa), se for o caso, (isto é, se o dissídio é revisional);

f) instrumento de mandato – procuração passada pelo presidente do suscitante ao


advogado subscritor da representação;

g) mútuo consentimento – comprovação da concordância.

→ “COMUM ACORDO” ENTRE AS PARTES – Tendo em vista a nova redação dada pela EC n.
45/2004 ao § 2º do art. 114 da CF, se uma das partes não concordar com a propositura do dissídio
coletivo de natureza econômica, a Justiça do Trabalho deverá extinguir o processo, sem resolução
do mérito.

A doutrina majoritária entende que para os dissídios coletivos de natureza jurídica ou de greve
não é necessário o comum acordo.

O comum acordo pode ser expresso ou tácito.

- Expresso quando os sindicatos e/ou empregadores ajuízam o Dissídio Coletivo em petição


conjunta ou na hipótese de, ajuizado o dissídio coletivo por uma das entidades, há concordância
expressa com o seguimento do dissídio pela parte contrária na relação processual.

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- Tácito quando o comportamento da parte suscitada é subentendido como permissivo ao dissídio
coletivo.

A petição inicial do dissídio coletivo deve ser escrita e dirigida ao presidente do tribunal
competente, sendo apresentada em tantas vias quantos forem os reclamados

Estando a inicial em termos, designa-se audiência de conciliação e instrução, no prazo de 10 (dez)


dias. Quando se tratar de dissídio coletivo de greve, a audiência deve ser realizada dentro do
prazo mais breve possível, após o reconhecimento do dissídio.

Durante a audiência, o Presidente do Tribunal, que preside a audiência, convidará as Partes para
se pronunciarem sobre as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o
Presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de resolver o dissídio.

Cabe ao suscitado (reclamado) apresentar a defesa em audiência, acompanhada de proposta de


conciliação.

Da sessão, dois encaminhamentos são possíveis:

- Havendo acordo, o Presidente submeterá ao crivo do Tribunal seus termos na próxima sessão.

- Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma delas, o presidente
submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as diligências que entender necessárias
e ouvido o Ministério Público do Trabalho, sendo proferida SENTENÇA NORMATIVA.

Ao julgar um dissídio coletivo, o TRT ou TST proferem, nos termos do art. 204 do CPC/15, um
acórdão. Contudo, tal acórdão recebe uma denominação especial, qual seja, SENTENÇA
NORMATIVA.

As sentenças normativas podem conter, em seu conteúdo, as seguintes espécies de cláusulas:

- CLÁUSULAS ECONÔMICAS: são aquelas relacionadas ao conteúdo de obrigação de natureza


pecuniária assumida pelo empregador em benefício do empregado.

- CLÁUSULAS SOCIAIS: não possuem conteúdo econômico, mas tem por desiderato criar direitos
aos empregados para a melhoria de sua condição social e de trabalho.

- CLÁUSULAS OBRIGACIONAIS: são relacionadas ao próprio instrumento, sua confiabilidade,


respeitabilidade e boa-fé.

- CLÁUSULAS SINDICAIS: dizem respeito ao estabelecimento de vantagens e prerrogativas


sindicais.

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O prazo de vigência da sentença normativa será fixado pelo Tribunal e não poderá ser poderá ser
superior a 4 (quatro) anos.

As sentenças normativas têm vigência limitada no tempo, mesmo porque as condições sociais e
econômicas também se alteram.

Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser
instaurado dentro dos 60 (sessenta) dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo
instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo.

Sendo assim, a sentença normativa vigorará:

- Do dia imediato ao término do acordo, convenção ou sentença normativa anterior, quando o


dissídio coletivo tiver sido ajuizado dentro do prazo de 60 (sessenta) dias do término da validade
do instrumento negocial ou sentença normativa anterior;

- Se ultrapassado os 60 (sessenta) dias acima mencionados, a sentença normativa terá validade a


partir de sua publicação.

- A sentença normativa terá validade a partir de sua publicação se não houver acordo, convenção
ou sentença normativa que regulasse as relações jurídicas entre as Partes, ou seja, no caso de
dissídio coletivo originário.

O acórdão proferido em Dissídio Coletivo (sentença normativa), por não ter carga condenatória,
não comporta execução.

Proferida a sentença normativa pelos TRTs é possível o manejo de Recurso Ordinário para a Seção
Especializada em Dissídios Coletivos do TST, no prazo de 08 (oito) dias poderá o Presidente do
TST atribuir efeito suspensivo ao Recurso Ordinário pelo prazo improrrogável de 120 (cento e
vinte) dias.

No caso de decisão unanime proferida em dissídio coletivo de competência originária da SDC do


TST, somente será possível a utilização de embargos de declaração e eventual recurso
extraordinário, se houver ofensa à CF/88.

Sendo a decisão não unanime proferida em dissídio coletivo de competência originária da SDC
do TST pode ser recorrida por meio de Embargos Infringentes, no prazo de 8 (oito) dias, à própria
SDC do TST, salvo se a decisão atacada estiver em consonância com precedente jurisprudencial
do TST ou da súmula de sua jurisprudência predominante, quando somente será possível a
utilização de embargos de declaração e eventual recurso extraordinário.

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As causas decididas em última instância, inclusive em dissídios coletivos, podem, ainda, ser objeto
de Recurso Extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, no prazo de 15 (quinze) dias.

A atividade desempenhada pelo Tribunal no Dissídio Coletivo se afasta, e muito, da jurisdicional,


isso porque por meio do Poder Normativo haverá criação de uma norma abstrata e geral para
determinada categoria, nascendo assim a possibilidade extensão de sua decisão.

Há duas formas de extensão dos efeitos da decisão:

1. A todos os empregados da empresa na mesma profissão.

Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de trabalho, e no qual figure
como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, pode o tribunal competente, na
própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais
empregados da empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes.

Nesse caso, o tribunal pode agir de ofício, com fundamento no Princípio da Isonomia.

2. A todos os empregados da categoria profissional.

A hipótese, prevista no art. 869 da CLT, também tem por fundamento o Princípio da Isonomia,
podendo ocorrer quando:

- requerida por um dos sindicatos envolvidos no dissídio;

- requerida por um ou mais empregadores;

- requerida pelo Ministério Público do Trabalho; ou,

- de ofício, por decisão do tribunal que houver proferido a decisão.

O tribunal deve ser competente para a extensão da decisão.

São, ainda, requisitos da extensão, que ¾ dos empregados E ¾ dos empregadores, ou respectivos
sindicatos, concordem com a extensão da decisão.

A sentença normativa poderá ser revista, após um ano de sua vigência, quando se tiverem
modificado as circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas
ou inaplicáveis.

O dissídio coletivo de revisão é uma nova ação, com causa de pedir e pedidos distintos daqueles
do dissídio anterior, com base em novos fatos, posteriores à decisão que se revisa.

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O dissídio coletivo revisional poderá ser promovido por iniciativa do Tribunal prolator, do MPT,
das associações sindicais ou de empregador ou empregadores no cumprimento da decisão.

Somente são possíveis de revisão as sentenças normativas proferidas em dissídios coletivos de


natureza econômica.

A competência para julgamento é do próprio tribunal prolator da decisão.

Após oitiva do Ministério Público do Trabalho, o tribunal julga o pedido de revisão, proferindo, se
for o caso, nova sentença normativa.

depois da ratificação, pelo Brasil, da Convenção nº 151 da OIT, que normatiza as relações de
trabalho com a Administração Pública, aí incluída a negociação coletiva, o TST modificou seu
entendimento, passando a admitir o dissídio coletivo em face da Administração Pública, desde
que limitado a cláusulas de natureza social.

Ação de Cumprimento

O conteúdo da sentença normativa, ou da decisão que homologa acordo nos autos do dissídio
coletivo, não se sujeita à execução forçada, mas sim ao cumprimento pelos seus destinatários, tal
como acontece com a eficácia das normas jurídicas de caráter geral e abstrato.

Esse cumprimento pode ser espontâneo, como se dá com a observância de uma lei, ou coercitivo,
mediante a propositura da chamada ação de cumprimento.

A ação de cumprimento dá origem a processo de conhecimento, tendo natureza de ação


condenatória.

A competência material e funcional para processar e julgar ação de cumprimento é das varas do
trabalho do local da prestação do serviço.

O procedimento da ação de cumprimento é semelhante ao de dissídio individual, com a ressalva


de que não será permitido às partes discutir questões de fato ou de direito que já foram apreciadas
na sentença normativa ou na decisão normativa, ainda que esta não tenha transitado em julgado.

Se o pedido da ação de cumprimento for acolhido, a sentença condenatória pode ser executada
como título judicial.

Ação Civil Pública e Coletiva

Há um sistema de tutela jurisdicional metaindividual, com fundamento na Constituição da


República, no qual merecem destaque o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Ação Civil
Pública e a Lei Orgânica do Ministério Público da União.

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Os direitos metaindividuais (também conhecidos por direitos coletivos em sentido amplo) são
entendidos como gênero, do qual fazem parte os direitos difusos, coletivos em sentido amplo e
individuais homogêneos. As ações civis públicas e coletivas são os instrumentos processuais para
a tutela dos mencionados direitos transindividuais.

--- Interesses e direitos DIFUSOS são aqueles transindividuais, de natureza indivisível de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato (não há qualquer vínculo
associativo ou jurídico que une os sujeitos afetados).

--- Interesses e direitos COLETIVOS são aqueles transindividuais, de natureza indivisível, de que
seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com parte contrária por uma
relação de base jurídica.

Abrangem um número de indivíduos indeterminado, mas os seus titulares, embora tratados


coletivamente, são determináveis, seja pela relação jurídica base que os une, seja por meio do
vínculo jurídico que os liga à parte contrária.

--- Interesses e direitos INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS representam um feixe de interesses


individuais com causa comum, cujos titulares são perfeitamente identificáveis e individualizáveis.
Não há uma relação jurídica base entre os indivíduos, ocorrendo sua ligação unicamente pela
origem comum em razão da qual os interesses decorrem.

A ação civil pública/coletiva é espécie de ação de conhecimento, com natureza declaratória e


constitutiva, de estatura constitucional.

Poderá ter por objeto a condenação em dinheiro, ou o cumprimento de obrigação de fazer ou


não fazer.

São legitimados para a propositura de ações civis públicas e coletivas:

i. a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

ii. as autarquias, empresa públicas, fundações ou sociedades de economia mista;

iii. o Ministério Público do Trabalho;

iv. a Defensoria Pública;

v. a associação que constituída há pelo menos 1 (um) ano e inclua, entre suas finalidades
institucionais, a defesa dos interesses metaindividuais.

Caso haja desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o MPT ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.

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Se o MPT não for parte ele atuará, necessariamente, como fiscal da lei.

O foro competente é o local onde ocorrer o dano, sendo que o juízo terá competência ao mesmo
tempo funcional e territorial, pelo que a competência da Ação Civil Pública é absoluta.

A extensão do dano, que pode ser de 4 tipos:

o Dano local: ocorrido dentro da circunscrição da Vara do Trabalho;


o Dano regional: atinge localidades com Varas do Trabalho diversas dentro de um estado ou
TRT e Varas do Trabalho limítrofes, ainda que em estados ou TRT's diferentes;
o Dano suprarregional: ocorrido dentro de uma mesma região do País.
o Dano nacional: atinge mais de uma região do País ou a maioria dos estados.

Em caso de dano de abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma
vara do trabalho, a competência será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que
vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.

Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há competência concorrente para a


ação civil pública das varas do trabalho das sedes dos tribunais regionais do trabalho.

Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido distribuída.

Doutrina e jurisprudência trabalhistas têm entendido que os direitos e interesses difusos ou


coletivos em sentido estrito são imprescritíveis

Os direitos individuais homogêneos, contudo, ante o fato de que os sujeitos são determináveis,
sendo o direito divisível, estão sujeitos à prescrição.

O ajuizamento de ação coletiva interrompe a prescrição para beneficiar os trabalhadores, ou seja,


os direitos individualmente considerados:

No caso de direitos e interesses DIFUSOS, a sentença faz coisa julgada erga omnes, ou seja,
alcançando todos (mesmo os que não foram parte da demanda) e impedindo a propositura de
nova ação, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, caso em que
qualquer legitimado poderá ajuizar nova ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova.

Há, contudo, uma mitigação, pela lei (art. 103, §3º, do CDC), da coisa julgada, a qual varia
conforme a decisão, pelo que denominada secundum eventum litis (segundo o resultado da lide).

Se a sentença declarar a procedência do pedido a coisa julgada vai beneficiar todos os integrantes
da coletividade representada na ação, os quais não precisarão ajuizar demandas individuais,

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devendo apenas promover a liquidação e execução dos seus créditos com base na certidão da
sentença coletiva.

Se a sentença declarar a improcedência do pedido haverá também a formação da coisa julgada,


mas apenas em relação aos legitimados ativos para a propositura da Ação Civil Pública ou Coletiva,
visto que os membros da coletividade atingidos pelo ato lesivo não estarão impedidos de propor
ações individuais para ressarcimento dos danos pessoalmente sofridos.

No caso de direitos e interesses COLETIVOS (em sentido estrito), a sentença faz coisa julgada ultra
partes, atingido os membros do grupo, categoria ou classe representada, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, caso em que qualquer legitimado poderá ajuizar
nova ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Ademais, há, assim como tratado quanto aos direitos interesses difusos, uma mitigação, pela lei,
da coisa julgada, a qual varia conforme a decisão, pelo que denominada secundum eventum litis
(segundo o resultado da lide), pelo que aplicáveis, aqui, as mesmas considerações fundamentadas
no art. 103, §3º, do CDC.

Aqui deve ser destacado que as ações coletivas que tratam de direitos e interesses difusos e
coletivos em sentido estrito não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
da coisa julgada erga omnes ou ultra partes não beneficiarão os autores das ações individuais, se
não for por eles requerida a suspensão das ações individuais no prazo de 30 dias a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

No caso de direitos e interesses INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, a coisa julgada será erga omnes,
apenas em caso de procedência do pedido, beneficiando todos os titulares individuais e seus
sucessores, que poderão iniciar a liquidação e execução individual da sentença (art. 97 do CDC,
sem a necessidade de ajuizar ações de conhecimento individuais.

Caso a ação coletiva tenha sido julgada improcedente, seja pela rejeição do pedido, seja pela
insuficiência de provas, nenhum efeito prejudicial sofrerão os titulares individuais, que poderão
ajuizar ação individual, desde que não tenham intervido como litisconsortes na ação coletiva.

O art. 16 da LACP, com redação dada pela Lei n. 9.494/97 estabelece que a “sentença civil fará
coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator”. Ocorre que
os direitos difusos e coletivos em sentido estrito são indivisíveis, pelo que não há como a decisão
judicial ter conteúdo não nacional. Assim, mesmo em se tratando de ação civil pública ou coletiva,
não se pode restringir o alcance da coisa julgada ao âmbito territorial do juiz prolator da decisão.

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