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Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!

Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação!

Com carinho,

Equipe Ceisc. ♥

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Prof. Luiz Henrique Dutra

Sumário

1. CTPS, Empregado, Empregados Especiais, Empregador ....................................................... 4

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em agosto de 2023.

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1. CTPS, Empregado, Empregados Especiais, Empregador

Prof. Luiz Henrique Dutra


@prof.luiz.henrique

1.1 Carteira de Trabalho e Previdência Social


A CTPS é um documento obrigatório servindo principalmente para identificação do
empregado e suas relações de emprego, lembrando que a falta da CTPS e a falta da devida
anotação de um emprego por si só não afasta o direito do empregado do reconhecimento do
vínculo.
O conteúdo da Carteira de Trabalho e previdência Social está previsto na CLT nos arts.
13 ao 58 da CLT, sendo o principal artigo o 29, conforme segue transcrição:
Art. 29 da CLT – O2 empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS,
em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as
condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia.
§ 1º As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que
seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a
estimativa da gorjeta.
§ 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas:
a) na data-base;
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
c) no caso de rescisão contratual; ou
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social.
§ 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a
lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a
falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o processo de anotação.
§ 4º É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado
em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social.
§ 5º O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o empregador ao
pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo.
§ 6º A comunicação pelo trabalhador do número de inscrição no CPF ao empregador
equivale à apresentação da CTPS em meio digital, dispensado o empregador da emissão
de recibo.
§ 7º Os registros eletrônicos gerados pelo empregador nos sistemas informatizados da
CTPS em meio digital equivalem às anotações a que se refere esta Lei.
§ 8º O trabalhador deverá ter acesso às informações da sua CTPS no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas a partir de sua anotação.

Art. 41 da CLT - Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro


dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico,
conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Parágrafo único - Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão
ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e efetividade
do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem à proteção do
trabalhador.

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Art. 47 da CLT - O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do
art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais)
por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência.
§ 1º Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final
da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado,
quando se tratar de microempresa ou empresa de pequeno porte.
§ 2º A infração de que trata o caput deste artigo constitui exceção ao critério da dupla
visita.

Art. 47-A da CLT - Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o
parágrafo único do art. 41 desta Consolidação, o empregador ficará sujeito à multa de R$
600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado.

OBS: As indenizações dos art. 47 e 47-A da CLT, não são para o empregado, mas
sim para o governo, como forma de multa.

Súmulas 225 do STF - Não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira
profissional.

OJ n. 82 da SDI-1 do TST – A anotação do término do Contrato de trabalho, é após o


aviso prévio, ainda que indenizado

Uma informação importante: a prescrição não atinge o pedido de anotação e retificação


na CTPS conforme previsto no art. 11, §1º, da CLT, vejamos:
Art. 11 da CLT. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações
para fins de prova junto à Previdência Social.

Atenção!

• Prazo para anotação da CTPS: 5 dias úteis


• Não pode anotação desabonadora
• Havendo anotação desabonadora, possível o pedido de indenização por dano extrapatri-
monial, nos termos dos arts. 223-A a 223-G da CLT
• A prescrição não atinge pedido de anotação e retificação da CTPS para anotação da
CTPS 5 dias úteis

1.2 Empregado
Diferentemente, a relação de emprego é firmada mediante contrato de trabalho e
assinatura da Carteira de Trabalho do empregado mediante o preenchimento dos requisitos. O

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conceito e requisitos para que ocorra a configuração do vínculo de empregado estão previstos
no art. 3 da CLT, o qual segue transcrição:
Art. 3º da CLT - Considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de
trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Conforme redação do artigo supracitado, são requisitos para configuração de vínculo de


emprego:
• Ser pessoa física: pessoa jurídica não pode pleitear o reconhecimento do vínculo de
emprego;
• Onerosidade: para todo trabalho haverá sempre uma retribuição. O contrato de trabalho
é oneroso.
• Trabalho não-eventual: independentemente da pessoalidade ou da subordinação,
aquele que presta serviço em caráter eventual não é empregado.
• Pessoalidade: ideia que o empregado não pode fazer substituir por outra pessoa sem
autorização do empregador.
• Subordinação: Ocorre quando o empregador determina os serviços que o empregado
deve fazer, não havendo a possibilidade de recusa do empregado.

Atenção!

Ter exclusividade não é requisito para configuração de vínculo. Todos os elementos devem
estar presentes de forma concomitante para configurar o vínculo de emprego, como é o caso
do policial militar que será considerado empregado se preenchidos todos os requisitos (Súmula
n. 386 do TST), in verbis:

Súmula nº 386 do TST - Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o


reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada,
independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto
do Policial Militar.

Atenção!
Não há distinção entre trabalho no domicílio do empregado a distância e o trabalho exer-
cido na Empresa, conforme dispõe o artigo 6º da CLT:

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Art. 6º da CLT - Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do


empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que
estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e
supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos
de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.

1.3. Outras espécies de relação de trabalho


1.3.1 Estágio
a) Conceito
O estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho
que visa a preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o
ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio,
de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da
educação de jovens e adultos (CAIRO Jr., 2015).
A relação, nesse caso, é triangular, com a participação da empresa, do órgão público ou
do profissional liberal, denominada de parte concedente; do estudante e da instituição de ensino,
mediante ajuste de termo de compromisso. Existe, ainda, a figura dos agentes de integração (Ex.
CIEE), que podem ser públicos ou privados, e atuam com o propósito de intermediar a inserção
dos estudantes nos estágios oferecidos pelas partes concedentes. (CAIRO Jr., 2015, p. 161).

*Para todos verem: esquema.

Estudante

Parte Instituição
concedente de Ensino

b) Requisitos de validade

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O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que observados os
seguintes requisitos:

Atenção!

• Matrícula e frequência regular do educando no curso;


• Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio
e a instituição de ensino;
• Compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no
termo de compromisso;
• Acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por super-
visor da parte concedente, comprovado por meios de visto e relatórios obrigatórios.

c) Principais obrigações
Listam-se as principais obrigações e restrições instituídas pela Lei n. 11. 788/2008,
principalmente para a parte concedente (CAIRO Jr., 2015, P. 160):
• Limitação do número de estagiários por estabelecimento, salvo no caso de estudantes de
nível superior e de nível profissional: de 1 a 5 empregados – 1 estagiário | de 6 a 10
empregados – até 2 estagiários | de 11 a 25 empregados – até 5 estagiários;
• Prazo máximo de dois anos, salvo quando se tratar de estagiário portador de necessida-
des especiais;
• Reserva de 10% das vagas de estágio para estudantes portadores de necessidades es-
peciais;
• Obrigações especificas para a parte concedente, como por exemplo: a indicação de em-
pregado de seu quadro pessoal, com formação ou experiência profissional na área de
conhecimento desenvolvida no curso do estágio, para orientar e supervisionar até 10 es-
tagiários simultaneamente, e o envio à instituição de ensino, com periodicidade mínima
de 6 meses, de relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário.

1.3.2 Trabalho Voluntário


A Lei n. 9.608/98 disciplina o exercício do trabalho voluntário, conceituando-o no artigo 1º:

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Art. 1º - Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada,
prestada por pessoa física à entidade pública de qualquer natureza, ou à instituição
privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Trata-se de contrato formal efetivado por instrumento escrito, denominado pela lei de
termo de adesão, entre a entidade e o prestador de serviço voluntário, com o registro do objeto
e as condições de seu exercício. A entidade que se beneficia do serviço voluntário fica obrigada
a ressarcir o trabalhador pelas despesas necessárias à sua consecução, desde que haja
comprovação do desembolso respectivo. (CAIRO Jr., 2015, p. 169).

Atenção!

O trabalho voluntário é admitido em entidades privadas, desde que não possuem fins lu-
crativos e tenham objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assis-
tência social, inclusive mutualidade.

1.3.3 Autônomo
A prestação de serviços autônomos é aquela que é executada por conta e risco da pessoa
do trabalhador, ou simplesmente trabalho por conta própria. Representa uma das espécies do
gênero relação de trabalho lato sensu, da qual faz parte, também, as relações derivadas do
contrato de empreitada, do contrato de representação comercial, da prestação de serviços dos
profissionais liberais, como advogados, médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos, desde que
não haja subordinação. (CAIRO Jr., 2015, p. 148)
Para Sérgio Pinto Martins (2005, P. 186), trabalhador autônomo é “a pessoa física que
presta serviços habitualmente por conta própria a uma ou mais de uma pessoa, assumindo os
riscos de sua atividade econômica”.
Sintetizando: Existe ausência de subordinação jurídica para o trabalhador autônomo.
Art. 442-B da CLT - A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as
formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a
qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

1.3.4 Eventual
Como já exposto, a não-eventualidade na prestação de serviços constitui elemento
caracterizador da relação empregatícia. Se o empresário necessita por em marcha uma atividade
eventual, qual seja, que não tenha caráter de permanência, no que se refere ao objeto do seu

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empreendimento e necessita de trabalhadores para executar as tarefas ligadas a essa atividade,


não haverá relação empregatícia, mas sim uma outra, de relação de trabalho, e os trabalhadores
serão denominados eventuais. Ex.: Um empresário necessita realizar obras de construção civil
para uma reforma. Se essa atividade não for objeto do seu contrato social, a prestação de
serviços daí decorrente será do tipo eventual.

1.3.5 Avulso
Trabalhador avulso é aquele que presta serviços para terceiros, por intermédio de uma
terceira pessoa.
O art. 7º, XXXIV da CF, garante “igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso”.
De acordo com os arts. 643, § 3º da CLT e 652, V da CLT, a Justiça do Trabalho é
competente para julgar as ações dos trabalhadores avulsos.
Art. 643 da CLT - Os dissídios, oriundos das relações entre empregados e empregadores
bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades
reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo com o
presente Título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do trabalho.
§ 3º - A Justiça do Trabalho é competente, ainda, para processar e julgar as ações entre
trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra -
OGMO decorrentes da relação de trabalho.

Art. 652 da CLT - Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:


V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor
de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho.

1.4 Empregador
O Empregador está previsto no art. 2º da CLT, conforme segue transcrição abaixo:
Art. 2º da CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os
profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.

A jornada de trabalho do empregado que presta serviços para as instituições financeiras


bancárias é de seis horas diárias.

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Atenção!

Um cuidado que deve o aluno ter ao analisar uma questão sobre empregador é que o risco
do negócio é exclusivo seu, não podendo haver a transferência de prejuízos para o empregado.

1.4.1 Dos poderes do Empregador

Como já visto, o empregador, dentro da relação de emprego, é a pessoa que remunera e


dirige a prestação de serviço do obreiro, assumindo, assim, os riscos do negócio.
Outra característica relevante é seu poder de direção, prerrogativa atribuída ao emprega-
dor para que execute e organize o bom desempenho da empresa e manutenção da relação de
emprego. Dentre seus principais poderes de direção, destaca-se:

a) Poder de Organização: O empregador tem todo o direito de organizar seu empreen-


dimento, decorrente até mesmo do direito de propriedade. Estabelecerá o empregador qual a
atividade que será desenvolvida: agrícola, comercial, industrial, de serviços etc.., diante a livre
iniciativa. A estrutura jurídica também será determinada pelo empregador, que estabelecerá ser
o melhor o desenvolvimento de suas atividades mediante sociedade limitada, por ações etc.
Dentro do poder de regulamentação está a possibilidade de o empregador regulamentar o tra-
balho, elaborando regulamento da empresa. (MARTINS, 2016, p. 334)

b) Poder de Controle: O empregador tem o direito de fiscalizar e controlar as atividades


de seus empregados. O controle é sobre o trabalho e não sobre a pessoa do trabalhador. (MAR-
TINS, 2016, p. 334). Martins (2016, p. 334-335), destaca algumas situações sobre o poder de
controle:
b.1) Revista no Trabalho: Os empregados poderão ser revistados no final do expediente.
A revista do empregado é uma forma de salvaguarda do patrimônio da empresa.
Não poderá ser a revista feita de maneira abusiva ou vexatória, ou seja, deve ser mode-
rada. Vedada será a revista que violar a intimidade do empregado (Art. 5, X, da CF), além do que
ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante.

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As revistas íntimas não podem ser feitas tanto em mulheres (Art. 373-A, VI da CLT), como
em homens, por violarem a intimidade do empregado.
A revista não pode ser realizada em local não apropriado e na presença de clientes, pois
se torna vexatória.
b.2) Monitoramento de Atividade no Computador: Poderá o empregador monitorar a ativi-
dades do empregado no computador.
O empregador deverá tomar cuidado de não fazer um controle vexatório e quanto a dados
pessoais do empregado, pois um dos princípios da República Federativa do Brasil é a dignidade
da pessoa humana.
O telefone e o sistema utilizados para acesso à Internet são do empregador. Assim, o
recebimento da comunicação é do empregador e não do empregado, como na hipótese de ques-
tões relacionadas apenas com o serviço.
b.3) Instalação de Câmeras e Microfones: Considera-se lícita a instalação de câmeras ou
microfones no local de trabalho para fiscalizar o empregado, desde que não a intimidade do
trabalhador, nem sejam vexatórios.
Será vedado ao empregador utilizar de tais mecanismos em locais de intimidade do em-
pregado, como banheiros, vestiários, etc.
b.4) Exames Toxicológicos: É um dever de o motorista profissional submeter-se a exames
toxicológicos com janela de detecção mínima de 90 dias e programa de controle de uso de droga
e de bebida alcoólica, instituído pelo empregador, com sua ampla ciência, pelo menos uma vez
a cada dois anos e seis meses, podendo ser utilizado para esse fim o exame obrigatório previsto
no Código de Trânsito, desde que realizado nos últimos 60 dias.
Os pilotos de avião também devem se submeter a exames toxicológicos, pois põem em
risco a segurança das pessoas.
A recusa do empregado em submeter-se ao teste e ao programa de controle de uso de
droga e de bebida alcoólica será considerada infração disciplinar, passível de punição nos termos
da lei (parágrafo único do art. 235-B da CLT).

c) Poder Disciplinar: O poder disciplinar um complemento do poder de direção, do poder


de o empregador determinar ordens da empresa, que, se não cumpridas, podem gerar penalida-
des ao empregado, que deve ater-se à disciplina e respeito a seu patrão, por estar sujeito a

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ordens de serviço, que devem ser cumpridas, salvo se ilegais ou imorais. Logo, o empregador
pode estabelecer penalidades a seus empregados. (MARTINS, 2016, p. 338).
O empregado poderá ser advertido (verbalmente ou por escrito) e suspenso. Não poderá
ser multado, salvo o atleta profissional. Como sinônimo de advertência são usadas as palavras
admoestação, repreensão. A advertência muitas vezes é feita verbalmente. Caso o empregado
reitere o cometimento de uma falta, aí será advertido por escrito. Na próxima falta, deveria ser
suspenso. O empregado não poderá, porém, ser suspenso por mais de 30 dias, o que importará
a rescisão injusta do contrato de trabalho (Art. 474 da CLT). Normalmente o empregado é sus-
penso por 5 dias. (MARTINS, 2016, p. 338-339).
Lei 13.271/16: Dispõe sobre a proibição de revista íntima de funcionárias nos locais de
trabalho e trata da revista íntima em ambientes prisionais.
Art. 1º - As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e
indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias
e de clientes do sexo feminino.
Art. 2º - Pelo não cumprimento do art. 1o, ficam os infratores sujeitos a:
I - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos órgãos de prote-
ção dos direitos da mulher;
II - multa em dobro do valor estipulado no inciso I, em caso de reincidência, independen-
temente da indenização por danos morais e materiais e sanções de ordem penal.

1.4.2 Grupo econômico


Art. 2º da CLT:
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda
quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão
responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
§ 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias,
para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão
de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.

A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a


mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho,
salvo ajuste em contrário. (Súmula n. 129 do TST).
Súmula n. 129 do TST. Contrato de trabalho. Grupo econômico
A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a
mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de
trabalho, salvo ajuste em contrário.

1.4.3 Sócio Retirante


Sócio retirante é aquele que se retira da empresa.
Art. 10-A da CLT - O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações traba-
lhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações
ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a se-
guinte ordem de preferência:

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I - A empresa devedora.
II - Os sócios atuais; e
III - Os sócios retirantes.
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar
comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato.

1.4.4 Alteraçao na estrutura jurídica do empregador


A alteração jurídica da empresa não altera o contrato de trabalho que já está em vigor.
Art. 10 da CLT - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os
direitos adquiridos por seus empregados.

Art. 448 da CLT - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não


afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.

1.4.5 Da sucessão empresarial


Art. 448-A da CLT - Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista
nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas
à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de
responsabilidade do sucessor.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora
quando ficar comprovada fraude na transferência.

São necessários dois requisitos para a configuração da sucessão:


a) Transferência de estabelecimento: Transferência de unidade ao qual o sucessor
continue explorando a unidade produtiva.
b) Não ocorrência da paralisação da atividade: Não pode haver a paralisação por muito
tempo do empreendimento.
Realizada a sucessão trabalhista, o sucessor responderá pelos débitos trabalhistas, ou
seja, irá assumir o bônus e arcar com o ônus.
OJ n. 411 do TST – Em caso de grupo econômico, não gera responsabilidade solidaria
do novo empregador, salvo comprovada má-fé.

Atenção!

A doutrina tem citado como principais características do empregador a DESPERSONALI-


ZAÇÃO ou IMPESSOALIDADE, que possibilita a alteração subjetiva no polo empresarial sem
que importe extinção contratual; e a ALTERIDADE, por meio da qual todos os riscos de empre-
endimento são suportados pelo empregador (CAIRO Jr., 2015, p. 362).

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Legislação ou artigos destaques do conteúdo:

Leia com atenção:


CTPS: Art. 13 ao 58 da CLT
Empregado: Art. 3º da CLT; S. 386 do TST
Estágio: Lei nº 11.788/2008
Trabalho voluntário: Lei nº 9.608/98
Autônomo: Art. 442-B da CLT
Empregador: Art. 2º da CLT
Revista no trabalho: Art. 5, X, da CF; Art. 235-B, §Ú e 373-A, VI da CLT; Lei 13.271/16
Poder disciplinar: Art. 474 da CLT
Grupo econômico: Art. 2º da CLT; S. 129 do TST
Sócio retirante: Art. 10-A da CLT
Alteração na estrutura jurídica do empregador: Art. 10 e 448 da CLT
Sucessão empresarial: Art. 448-A da CLT; OJ 411 do TST

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