Legislação, ÚLTIMO

DIÁRIO
PESQUISADO
19/04/2023

ANO: 57 – 2023 FECHAMENTO: 19/04/2023 EXPEDIÇÃO: 23/04/2023 PÁGINAS: 124/119 FASCÍCULO Nº: 16

Sumário

TRABALHO Restituição – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS...............................119

Revisão – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS ...................................119
TRABALHO INTERMITENTE
Suspensão – Portaria 1.562 INSS ..................................................119
Normas Gerais – Orientação ..........................................................123
PECÚLIO
PREVIDÊNCIA SOCIAL Cálculo – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS ....................................119
APOSENTADORIA TRABALHO INTERMITENTE
Cálculo – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS ....................................119 Normas Gerais – Orientação ..........................................................123
AUXÍLIO-DOENÇA
Cálculo – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS ....................................119 FGTS
BENEFÍCIO TRABALHO INTERMITENTE
Pagamento em Atraso – Abril/2023 – Portaria 1.121 MPS.............119 Normas Gerais – Orientação ..........................................................123

LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA 124

TRABALHO FASCÍCULO 16/2023
TRABALHO
ORIENTAÇÃO
Conheças as regras do contrato de trabalho intermitente
A Reforma Trabalhista, aprovada pela Lei 13.467/2017, e que promoveu
uma série de alterações na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
instituiu a modalidade de contrato de trabalho chamada intermitente.
Nesta Orientação, vamos analisar as regras legais que se aplicam ao
trabalhador intermitente, bem como exemplificar as situações mais
comuns no dia a dia.
1. TRABALHO INTERMITENTE
Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a pres-
tação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com
alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, deter-
minados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de ativi-
dade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas,
regidos por legislação própria.
É importante frisar que o trabalhador intermitente é um empregado da
empresa, ou seja, deverá ter sua CTPS registrada, e que a principal
característica desse tipo de trabalho é, justamente, a alternância entre
trabalho e inatividade, conforme o conceito legal acima.
Como exemplos de contratação de empregado na modalidade intermi-
tente, podemos citar aqueles profissionais que atuam:
a) nos períodos de grande movimento em hotéis, restaurantes, bares e
similares;
b) nos períodos de maior demanda do comércio, como: Natal, Dia das
Mães, dos Namorados e das Crianças;
c) no fluxo turístico, como: Réveillon, Carnaval, Semana Santa, entre
outros.
(CLT – Art. 443, § 3º)
1.1. PERÍODO DE INATIVIDADE
Considera-se período de inatividade o intervalo temporal distinto daque-
le para o qual o empregado intermitente haja sido convocado e tenha
prestado serviços.
Durante o período de inatividade, o empregado poderá prestar serviços
de qualquer natureza a outros tomadores de serviço que exerçam ou
não a mesma atividade econômica, utilizando contrato de trabalho inter-
mitente ou outra modalidade de contrato de trabalho.
No contrato de trabalho intermitente, o período de inatividade não será
considerado tempo à disposição do empregador e não será remune-
rado, hipótese em que restará descaracterizado o contrato de trabalho
intermitente caso haja remuneração por tempo à disposição no período
de inatividade.
Por exemplo: Empregado intermitente, com cargo de garçom, foi convo-
cado para prestar serviços no estabelecimento do empregador nos dias
6, 7 e 8 de abril/2023 e, após, nos dias 21 e 22 de abril/2023, não
havendo nova convocação neste mesmo mês. Nesta situação, teremos:
remuneração dos 5 dias trabalhados 6, 7, 8, 21 e 22 de abril/2023 e
período de inatividade, não remunerado, nos dias 1º a 5, 9 a 20 e 23 a 30
de abril/2023.
(Portaria 671 MTP/2021 – Art. 36)
1.2. ADMISSÃO DO EMPREGADO INTERMITENTE
A admissão do empregado intermitente deve ser comunicada ao eSo-
cial – Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previden-
ciárias e Trabalhistas, até a véspera do início do trabalho, no evento
“S-2200 – Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão”. Na admissão,
deverá ser informada a categoria do trabalhador, com o código 111 –
Empregado – Contrato de trabalho intermitente.
Após o envio da admissão, também deverá ser informada ao eSocial a
realização do exame médico admissional (ASO – Atestado de Saúde
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
COAD
TRABALHO INTERMITENTE
Normas Gerais
Ocupacional). A informação ocorrerá através do evento S-2220 – Moni-
toramento da Saúde do Trabalhador, que deve ser enviado até o dia 15
do mês subsequente ao da admissão.
(Manual do eSocial)
2. REQUISITOS DO CONTRATO DE TRABALHO
O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e
registrado na CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social, ainda
que esteja previsto acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva,
devendo conter:
a) identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes;
b) valor da hora ou do dia de trabalho, que será abordado no subitem 2.1
desta Orientação; e
c) o local e o prazo para o pagamento da remuneração.
(Portaria 671 MTP/2021 – Art. 30)
2.1. REMUNERAÇÃO
O contrato de trabalho dos empregados intermitentes, como vimos no
item 2 desta Orientação, deve conter, obrigatoriamente, o valor da hora
ou do dia de trabalho, conforme analisaremos a seguir:
a) O valor da hora ou do dia trabalhado não poderá ser inferior ao valor
horário ou diário do salário-mínimo, nem inferior àquele devido aos
demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função
em contrato intermitente ou não. Ressaltamos aqui que também deverá
ser respeitado o valor horário ou diário previsto como piso salarial em
convenção ou acordo coletivo para o cargo que está sendo contratado,
visto que este é um direito assegurado pela Constituição Federal a todos
os trabalhadores.
Por exemplo, digamos que um comércio, situado no Rio de Janeiro, está
contratando um empregado intermitente para o cargo de balconista, em
abril/2023. Este empregado será horista. Temos as seguintes possibili-
dades de remuneração, considerando que a empresa já tem um empre-
gado no cargo de balconista, registrado por prazo indeterminado:
– Valor horário do salário-mínimo: R$ 6,00 (R$ 1.320,00 ÷ 220 h);
– Valor horário do piso da categoria: R$ 6,54 (R$ 1.439,00 ÷ 220 h);
– Valor horário do empregado balconista que a empresa já tem regis-
trado: R$ 6,82 (R$ 1.500,00 ÷ 220 h). Considerando esses valores e as
regras previstas na legislação, o empregado intermitente em questão,
deve ser registrado com o cargo de balconista e com o salário-hora de
R$ 6,82.
b) O trabalhador intermitente tem direito a remuneração do trabalho
noturno superior à do diurno, ou seja, com o acréscimo do adicional de
20%.
c) A remuneração horária ou diária do trabalhador intermitente pode ser
superior à paga aos demais trabalhadores da empresa contratados a
prazo indeterminado, dadas as características especiais do contrato de
trabalho intermitente.
Contudo, apesar do exposto no parágrafo anterior, cuja redação foi
fixada por Portaria do extinto MTP – Ministério do Trabalho e Previ-
dência, depreendemos que o dispositivo, se adotado, pode ser questio-
nado judicialmente, isto porque, além de ferir fortemente o princípio da
isonomia salarial, extrapola o texto constitucional que confere compe-
tência aos Ministros de Estado, apenas, para expedir instruções para a
execução das leis, decretos e regulamentos, e não para legislar.
Sobre a remuneração, sugerimos observar também o disposto no item 4
desta Orientação.
(Constituição Federal – Arts. 7º, Inciso XXVI e 87, parágrafo único, Inciso II;
CLT – Art. 452-A; Portaria 671 MTP/2021 – Arts. 30, Inciso II e 33)
123
COAD FASCÍCULO 16/2023
2.2. OUTRAS CLÁUSULAS DO CONTRATO DE TRABALHO
É facultado ao empregador e empregado convencionar por meio do
contrato de trabalho intermitente:
a) locais de prestação de serviços;
b) turnos para os quais o empregado será convocado para prestar
serviços; e
c) formas e instrumentos de convocação e de resposta para a prestação
de serviços.
(Portaria 671 MTP/2021 – Art. 35)
3. CONVOCAÇÃO E RESPOSTA DO EMPREGADO INTERMITENTE
O empregador convocará o empregado, por qualquer meio de comuni-
cação eficaz, para a prestação de serviços, informando qual será a
jornada, com, pelo menos, 3 dias corridos de antecedência.
A convocação poderá ser realizada pelo empregador, por exemplo, em
mensagem de aplicativos de conversa, tais como: WhatsApp e Tele-
gram, mensagem de texto, telegrama com aviso de recebimento e cópia
etc. O meio de convocação a ser utilizado poderá estar previsto no
contrato de trabalho do empregado intermitente, conforme analisamos
no subitem 2.2 desta Orientação.
Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de 24 horas para
responder ao chamado, presumida, no silêncio, a recusa.
Ressaltamos que a recusa da oferta não descaracteriza a subordinação
para fins do contrato de trabalho intermitente, ou seja, o empregado
poderá recusar a convocação e não estará sujeito a descontos ou pena-
lidades disciplinares, tais como advertência ou suspensão. Esta é mais
uma característica marcante do contrato intermitente.
Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descum-
prir, sem justo motivo, pagará à outra parte, no prazo de 30 dias, multa
de 50% da remuneração que seria devida, permitida a compensação em
igual prazo.
(CLT – Art. 452-A, §§ 1º a 4º)
4. PARCELAS DEVIDAS AO EMPREGADO INTERMITENTE
Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá
o pagamento imediato das seguintes parcelas:
a) Remuneração: Deve ser calculada conforme as horas ou dias traba-
lhados durante a convocação;
b) RSR – Repouso Semanal Remunerado: Deve ser calculado apuran-
do-se 1/6 das horas trabalhadas, para o empregado intermitente horista,
ou com valor equivalente a um dia de trabalho, para o empregado inter-
mitente diarista;
c) Férias proporcionais: Deve ser pago o valor das férias de forma
proporcional às horas ou dias trabalhados pelo empregado intermitente
durante a convocação. As férias devem ser calculadas dividindo-se por
12 o valor das horas/dias trabalhados, somados ao valor do RSR.
d) 1/3 sobre as férias: deve ser calculado dividindo-se por 3 o valor das
férias, obtido conforme a letra “c”;
e) 13º salário proporcional: Deve ser pago o valor do 13º salário de
forma proporcional às horas ou dias trabalhados pelo empregado inter-
mitente durante a convocação. O 13º salário deve ser calculado dividin-
do-se por 12 o valor das horas/dias trabalhados, somados ao valor do
RSR.
f) outros adicionais legais, tais como horas extras, adicional noturno,
adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicionais pre-
vistos em convenção coletiva, entre outros.
Exemplo prático: Empregado intermitente, convocado para trabalhar
durante 75 horas no mês de abril/2023, com remuneração de R$ 7,00
por hora trabalhada. Ao final desta convocação, o trabalhador deverá
receber os seguintes valores:
a) Remuneração: R$ 7,00 x 75 horas = R$ 525,00
b) Repouso: R$ 525,00 ÷ 6 = R$ 87,50
c) Férias proporcionais:
1º passo => Somar valor das horas trabalhadas + RSR: R$ 525,00 +
R$ 87,50 = R$ 612,50
2º passo => Dividir R$ 612,50 por 12 = R$ 51,04 (valor das férias propor-
cionais)
d) 1/3 sobre as férias: R$ 51,04 (valor das férias proporcionais) ÷ 3 =
R$ 17,01
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
TRABALHO
e) 13º salário proporcional:
1º passo – Somar valor das horas trabalhadas + RSR: R$ 525,00 +
R$ 87,50 = R$ 612,50
2º passo – Dividir R$ 612,50 por 12 = R$ 51,04 (valor do 13º salário
proporcional)
(Lei 605/49 – Art. 7º; CLT – Arts. 142, § 1º e 452-A, § 6º; Decreto 10.854/2021 –
Art. 76, § 1º)
4.1. RECIBO DE PAGAMENTO
O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores
pagos relativos a cada uma das parcelas citadas no item 4 desta Orien-
tação.
(CLT – Art. 452-A, § 7º)
4.2. PRAZO PARA PAGAMENTO
Por regra, ao final de cada período de prestação de serviço, o empre-
gado receberá o pagamento imediato das parcelas analisadas no item 4
desta Orientação, devendo este prazo estar expressamente previsto no
contrato de trabalho, conforme observamos no item 2.
No entanto, na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o
pagamento das parcelas não poderá ser estipulado por período superior
a um mês, devendo ser pagas até o 5º dia útil do mês seguinte ao traba-
lhado.
Por exemplo: Considerando um trabalhador intermitente convocado
para trabalhar no período de 1-4 a 12-5-2023, nesta situação:
a) os dias trabalhados (remuneração) e as demais parcelas a que se
referem o item 4 desta Orientação, relativas ao mês de abril/2023,
devem ser pagos até 6-5-2023 (5º dia útil de maio);
b) os dias trabalhados (remuneração) e as demais parcelas a que se
referem o item 4 desta Orientação, relativas ao mês de maio/2023,
devem ser pagos de imediato ao final do período da prestação de
serviços.
(CLT – Art. 452-A, § 6º; Portaria 671 MTP/2021 – Art. 32)
5. FÉRIAS
A cada 12 meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos 12 meses
subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convo-
cado para prestar serviços pelo mesmo empregador.
Observe que não há pagamento destas férias, já que estas foram pagas,
de forma proporcional, em cada uma das convocações do empregado
intermitente.
(CLT – Art. 452-A, § 9º)
5.1. FÉRIAS FRACIONADAS
Assim como os demais empregados, o empregado regido pelo contrato
intermitente, mediante prévio acordo com o empregador, também pode-
rá usufruir suas férias em até 3 períodos.
Vale lembrar que um dos períodos não poderá ser inferior a 14 dias
corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada
um.
(CLT – Art. 134, § 1º; Portaria 671 MTP/2021 – Art. 31)
5.2. INÍCIO DO GOZO
É vedado o início das férias no período de 2 dias que antecede feriado ou
dia de repouso semanal remunerado.
(CLT – Art. 134, § 3º; Portaria 671 MTP/2021 – Art. 31)
6. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
O trabalhador contratado mediante contrato de trabalho intermitente
deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de segurado empre-
gado.
Sendo assim, a sua contribuição previdenciária deve ser calculada
mediante aplicação da alíquota progressiva de 7,5%, 9%, 12% ou 14%
sobre o salário de contribuição correspondente, de acordo com a faixa
salarial constante da tabela publicada periodicamente pelo Ministério da
Economia.
122
TRABALHO
No contrato de trabalho intermitente, o empregador efetuará o recolhi-
mento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado com
base nos valores pagos no período mensal.
(CLT – Art. 452-A, § 8º; Instrução Normativa 2.110 RFB/2022 – Arts. 5º, Inciso
XXXI, e 35, Inciso II)
6.1. FATO GERADOR
Considera-se ocorrido o fato gerador da obrigação previdenciária prin-
cipal e existentes seus efeitos, em relação ao empregado contratado
para trabalho intermitente, quando for paga, devida ou creditada, o que
ocorrer primeiro, a remuneração acrescida das férias proporcionais com
adicional de 1/3, do 13º salário proporcional, do repouso semanal remu-
nerado e dos adicionais legais.
(Instrução Normativa 2.110 RFB/2022 – Art. 29, Inciso I, Alínea “d”)
6.1.1. Décimo Terceiro e Férias
Observado o disposto no subitem 6.1, não é demais frisar que a inci-
dência da contribuição previdenciária sobre a parcela relativa ao 13º
Salário proporcional e férias proporcionais ocorrerá mensalmente quan-
do essas parcelas forem pagas, devidas ou creditadas.
A contribuição incidente sobre o 13º Salário deve ser calculada em sepa-
rado da remuneração do mês, mediante aplicação da alíquota progres-
siva de 7,5%, 9%, 12% ou 14% sobre o salário de contribuição corres-
pondente, de acordo com a faixa salarial, observados os limites mínimo
e máximo do salário de contribuição.
(Instrução Normativa 2.110 RFB/2022 – Arts. 29, § 3º, 66, § 3º e 67)
6.2. EXEMPLO PRÁTICO
Empregado intermitente ao final da convocação recebeu os valores
abaixo, considerando os mesmos calculados no item 4 desta Orien-
tação. Vamos apurar a contribuição do empregado, a contribuição
patronal irá variar conforme o tipo tributário do empregador:
à Remuneração: R$ 525,00
à Repouso: R$ 87,50
à Férias proporcionais: R$ 51,04
à 1/3 sobre as férias: R$ 17,01
à 13º salário proporcional: R$ 51,04
a) Apuração do INSS sobre remuneração, RSR e férias:
Como vimos no subitem 6.1.1, os valores da remuneração e das férias
devem ser somados para apurar a base de cálculo do INSS do empre-
gado intermitente:
Base de cálculo = R$ 525,00 (remuneração) + R$ 87,50 (repouso) +
R$ 51,04 (férias proporcionais) + R$ 17,01 (1/3 sobre as férias) =
R$ 680,55
– Base de cálculo = R$ 680,55
– Cálculo INSS: R$ 680,55 x 7,5% = R$ 51,04
b) Apuração do INSS sobre 13º salário:
– Base de cálculo = R$ 51,04 (13º salário proporcional)
– Cálculo INSS: R$ 51,04 x 7,5% = R$ 3,83
6.3. REMUNERAÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO-MÍNIMO
Desde 13-11-2019, com a publicação da Emenda Constitucional
103/2019, para fins de aquisição e manutenção da qualidade de segu-
rado, de carência, de tempo de contribuição e de cálculo do salário de
benefício exigidos para o reconhecimento do direito aos benefícios da
Previdência Social, inclusive salário-maternidade, somente serão consi-
deradas as competências cujo salário de contribuição seja igual ou
superior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição (equivalente
a um salário-mínimo).
Assim, as competências em que o segurado contribui com valor inferior
ao salário-mínimo não serão computadas para fins de carência, de
tempo de contribuição e de cálculo do salário de benefício. Para que
estas competências sejam consideradas, o segurado deverá comple-
mentar a contribuição mensal, dentro do mesmo ano civil, mediante
pagamento das diferenças entre o valor do salário de contribuição
mensal e o salário-mínimo.
Esta regra aplica-se a todos os segurados, inclusive ao empregado inter-
mitente. A fim de verificar se deve ou não complementar a contribuição
mensal, o trabalhador deverá considerar todas as suas rendas mensais,
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA
FASCÍCULO 16/2023 COAD
ou seja, se possuir mais de uma atividade, o valor percebido em cada
uma delas deverá ser considerado.
(Emenda Constitucional 103/2019 – Art. 29; Portaria 990 Dirben-INSS/2022 –
Arts. 116)
6.3.1. Complementação da Contribuição Previdenciária
Para que estas competências sejam computadas para obtenção de
benefícios previdenciários, o segurado deverá complementar a contri-
buição, de forma a alcançar o limite mínimo do salário de contribuição
exigido.
A complementação é recolhida via Darf com código de receita 1872 até o
dia 15 do mês seguinte ao da competência de referência e, após essa
data, com os acréscimos legais de juros e multa. Caso não haja expe-
diente bancário no dia 15, o vencimento deverá ser antecipado para o
dia útil imediatamente anterior.
O Darf com código de receita 1872 deverá ser identificado com o CPF do
trabalhador.
O cálculo da complementação para o empregado intermitente será o
seguinte:
(Salário-mínimo (-) salário de contribuição mensal, ou seja, valor rece-
bido pelas prestações de serviços no mês) x 7,5%
Exemplo: Empregado intermitente, registrado em dois empregadores
diferentes, obteve as seguintes remunerações em janeiro/2023:
1 – Empregador A: R$ 540,00
2 – Empregador B: R$ 380,00
Total da remuneração de janeiro 2023 = R$ 920,00
Salário-mínimo de janeiro 2023 = R$ 1.320,00
Cálculo da complementação:
= (Salário-mínimo (-) salário de contribuição mensal) x 7,5%
= (R$ 1.320,00 – R$ 920,00) x 7,5%
= R$ 400,00 x 7,5% = R$ 30,00
Complementação a ser recolhida no Darf 1872 = R$ 30,00
(Emenda Constitucional 103/2019 – Art. 29; Portaria 990 Dirben-INSS/2022 –
Arts. 116 e 117; Ato Declaratório Executivo 5 Codac/2020)
7. FGTS
No contrato de trabalho intermitente, o empregador efetuará o depósito
do FGTS com base nos valores pagos no período mensal.
Vale ressaltar que o empregador fica obrigado a depositar, até o dia 7 de
cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a
8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada traba-
lhador.
(Instrução Normativa 2 MTP/2021 – Arts. 218, Inciso I, 221, Parágrafo Único,
Inciso VI)
7.1. RESCISÃO DE CONTRATO
Na hipótese de rescisão de contrato sem justa causa, o empregado
intermitente fará jus ao recolhimento da multa rescisória do FGTS, com
alíquota de 40%, incidente sobre o montante depositado em conta vincu-
lada, conforme iremos abordar no item 12 desta Orientação.
(CLT – Art. 452-A, § 8º; Instrução Normativa 2 MTP/2021 – Arts. 221, Parágrafo
Único, Inciso VI e 225)
8. COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DO INSS E FGTS
É obrigação do empregador fornecer ao empregado comprovante do
cumprimento do recolhimento das contribuições previdenciárias e do
depósito do FGTS.
(CLT – Art. 452-A, § 8º)
9. SALÁRIO-MATERNIDADE
O salário-maternidade devido à empregada intermitente será pago dire-
tamente pela previdência social, devendo o empregador comunicar ao
eSocial o afastamento da trabalhadora através do evento “S-2230 –
Afastamento Temporário”, com o código 17 – Licença-maternidade.
O salário-maternidade da empregada intermitente consiste na média
aritmética simples das remunerações apuradas no período referente
aos 12 meses que antecederem o parto, a adoção ou a obtenção da
guarda para fins de adoção. Na hipótese de empregos intermitentes
121
COAD FASCÍCULO 16/2023 TRABALHO

concomitantes, a média aritmética será calculada em relação a todos os
empregos e será pago somente um salário-maternidade.
Durante o período da licença-maternidade, a contribuição previdenciária
da empregada intermitente será descontada diretamente do benefício,
pelo INSS.
(Decreto 3048/99 – Art. 100-B; Manual do eSocial)
9.1. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
A contribuição devida pela segurada empregada contratada para tra-
balho intermitente, incidente sobre a parcela do 13º salário proporcional
aos meses em que houve pagamento de salário-maternidade, deve ser
descontada mensalmente pela empresa quando do pagamento da grati-
ficação, diferentemente do que acontece com outras categorias de
seguradas empregadas, cujo desconto ocorre quando do pagamento da
2ª parcela do 13º Salário, ou na rescisão de contrato de trabalho, e incide
sobre o valor total da gratificação recebida.
(Instrução Normativa 2.110 RFB/2022 – Art. 67, parágrafo único, Inciso I)
10. AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
O auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) é devido
ao segurado empregado contratado para trabalho intermitente que,
havendo cumprido o período de carência de 12 contribuições mensais,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual
por mais de 15 dias consecutivos.
O auxílio-doença será devido a contar do 16º dia do afastamento da ativi-
dade e enquanto ele permanecer incapaz.
Dessa forma, desde que completada a carência exigida, o empregado
com contrato intermitente terá direito ao auxílio-doença.
Será concedido o benefício, independente do cumprimento da carência,
nas seguintes situações:
a) acidente de qualquer natureza, inclusive decorrente do trabalho, de
doença profissional ou do trabalho;
b) tuberculose ativa;
c) hanseníase;
d) alienação mental;
e) esclerose múltipla;
f) hepatopatia grave;
g) neoplasia maligna;
h) cegueira;
i) paralisia irreversível e incapacitante;
j) cardiopatia grave;
k) doença de Parkinson;
l) espondiloartrose anquilosante;
m) nefropatia grave;
n) estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
o) Aids – síndrome da imunodeficiência adquirida; ou
p) contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada.
Na ocorrência de acidente do trabalho ou situação equiparada, o empre-
gador fica obrigado ao pagamento dos primeiros 15 dias de afastamento
do empregado intermitente. No entanto, quando o afastamento previsto
for superior a 15 dias, o empregado intermitente poderá ser encami-
nhado ao auxílio por incapacidade temporária, com a marcação da
perícia médica na previdência social, mesmo antes do término dos
primeiros 15 dias de afastamento.
(Lei 8.213/91 – Arts. 19 a 21; Instrução Normativa 128 INSS/2022 – Art. 348, § 3º;
Manual do eSocial)
12. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
As verbas rescisórias e o aviso-prévio serão calculados com base na
média dos valores recebidos pelo empregado no curso do contrato de
trabalho intermitente.No cálculo da média, devem ser considerados
apenas os meses durante os quais o empregado tenha recebido par-
celas remuneratórias.
As verbas rescisórias devidas ao empregado intermitente são as mes-
mas pagas aos demais empregados, conforme o tipo de desligamento
operado.
(Portaria 671 MTP/2021 – Art. 37)
12.1. AVISO-PRÉVIO
Uma questão que causa muitas dúvidas ao empregador é quanto ao
aviso-prévio do trabalhador intermitente, se ele pode ser concedido
trabalhado ou somente indenizado. A legislação é omissa neste sentido,
mas devemos observar alguns fatores importantes para concluirmos um
entendimento. Primeiro que o trabalhador intermitente não possui uma
jornada de trabalho específica a ser cumprida; os períodos de atividade
e inatividade não são fixos; ele precisa ser convocado para trabalhar e
aceitar o chamado; e ainda, durante o período de inatividade, o empre-
gado pode prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de
serviço, utilizando contrato de trabalho intermitente ou outra modalidade
de contrato de trabalho.
Por esses motivos, concluímos que a natureza do contrato de trabalho
do intermitente impossibilita a concessão do aviso-prévio trabalhado,
sendo a orientação preventiva da Consultoria COAD que o avi-
so-prévio do trabalhador intermitente seja sempre concedido de forma
indenizada.
(CLT – Arts. 443, § 3º, e 452-A)
12.2. EXEMPLO PRÁTICO
Suponhamos que um empregado intermitente admitido em
14-2-2022 e desligado em 28-4-2023, sem justa causa e com avi-
so-prévio indenizado, recebeu os seguintes valores ao longo do
contrato de trabalho:
Período Valor Período Valor

(Decreto 3.048/99 – Arts. 30, I e § 2º, e 75; Instrução Normativa 128 INSS/2022 – Fevereiro/22 R$ 320,00 Outubro/22 R$ 360,00
Art. 196, II; Manual do eSocial)
Março/22 Não convocado Novembro/22 Não convocado
11. ACIDENTE DO TRABALHO
Acidente do trabalho é, em linhas gerais, o que ocorre pelo exercício da Abril/22 Não convocado Dezembro/22 Não convocado
atividade a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou pertur-
bação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente Maio/22 R$ 450,00 Janeiro/23 Não convocado
ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Junho/22 R$ 620,00 Fevereiro/23 R$ 540,00
Equiparam-se ao acidente do trabalho as situações elencadas nos
artigos 20 e 21 da Lei 8.213/91, inclusive o acidente ocorrido no percurso Julho/22 Não convocado Março/23 Não convocado
da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do Agosto/22 R$ 289,00 Abril/23 Não convocado
segurado, chamado comumente de acidente de trajeto.
Tendo em vista que o trabalhador contratado de forma intermitente é Setembro/22 Não convocado
considerado segurado empregado, a este será devido o benefício de
auxílio-doença decorrente de acidente do trabalho, bem como caberá ao Total recebido durante o contrato R$ 2.579,00
empregador emitir a CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho ao
INSS. A CAT deverá ser emitida mediante o envio ao eSocial do evento Com base no total acima, vamos calcular a média que servirá de base
“S-2210 – Comunicação de Acidente de Trabalho”, no 1º dia útil após a para as verbas rescisórias:
ocorrência do acidente do trabalho ou imediatamente, em caso de R$ 2.579,00 / 6 meses (número de meses trabalhados ao longo do
morte. contrato) = R$ 429,83
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA 120
TRABALHO/PREVIDÊNCIA SOCIAL FASCÍCULO 16/2023 COAD

Assim, o valor de R$ 429,83 (média percebida durante o contrato de
trabalho intermitente) servirá de base para todos os cálculos rescisórios:
a) Aviso-prévio indenizado = (33 dias, já que o trabalhador possui mais
de um ano de trabalho)
R$ 429,83 (30 dias) + R$ 42,99 (3 dias) =................................R$ 472,82
b) Férias indenizadas = (1/12), com mais 1/3
R$ 429,83 / 12 x 1 =.................................................................R$ 35,82
– 1/3 de férias = R$ 35,82 / 3 =.................................................R$ 11,94
Total férias = R$ 35,82 + R$ 11,94 = R$ 47,76
c) 13º salário indenizado = (1/12)
R$ 429,83 / 12 x 1 =.................................................................R$ 35,82
Total a receber =.....................................................................R$ 556,40
Além do pagamento das verbas acima, deverão ser depositados na
conta vinculada do trabalhador os 8% de FGTS da remuneração, os 8%
de FGTS do aviso-prévio indenizado, os 8% de FGTS do 13º salário
indenizado, e ainda a multa rescisória, equivalente a 40% da conta
vinculada do FGTS.
Observe que não são pagos o 13º salário e as férias proporcionais, posto
que estas parcelas foram pagas ao longo do contrato de trabalho inter-
mitente.
12.3. ACORDO ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR
Nos casos de rescisão por comum acordo entre empregado e empre-
gador, inclusive do contrato de trabalho intermitente, a multa rescisória é
de 20% e o aviso-prévio indenizado é reduzido pela metade.
(CLT – Art. 484-A)
13. NORMAS COLETIVAS E SUA PREVALÊNCIA SOBRE A LEI
A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando dispuserem sobre trabalho intermitente.
Dessa forma, os empregadores devem verificar se na convenção ou no
acordo coletivo de trabalho da categoria há alguma cláusula dispondo
sobre trabalho intermitente, pois, caso exista, essa deverá, obrigatoria-
mente, ser observada.
(CLT – Art. 611-A, Inciso VIII)
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: Constituição Federal de 1988 – artigos
7º, XXVI, e 87, parágrafo único, inciso III (Portal COAD); Emenda Consti-
tucional 103, de 12-11-2019 (Fascículo 46/2019); Lei 605, de 5-1-49
(Portal COAD); Lei 8.213, de 24-7-91 (Portal COAD); Lei 13.467, de
13-7-2017 – Reforma Trabalhista (Portal COAD); Decreto-Lei 5.452, de
1-5-43 – CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – artigos 134, §§ 1º e
3º, 443, § 3º, 452-A, 459, § 1º, 461 e 611-A, inciso VIII (Portal COAD);
Decreto 3.048, de 6-5-99 (Portal COAD); Portaria Interministerial 26
MPS-MF, de 10-1-2023 (Fascículo 2/2023); Portaria 671 MTP, de
30-3-2022 (Fascículo 14/2022); Portaria 990 Dirben-INSS, de
28-3-2022 (Fascículo 13/2022); Instrução Normativa 2 MTP, de
8-11-2021 (Fascículo 46/2021); Instrução Normativa 128 INSS, de
28-3-2022 (Fascículo 13/2022); Instrução Normativa 2.110 RFB, de
17-10-2022 (Fascículo 42/2022); Ato Declaratório Executivo 5 Codac,
de 6-2-2020 (Fascículo 46/2019); Manual do eSocial – Versão S-1.1
(Portal COAD).

PREVIDÊNCIA SOCIAL
PORTARIA 1.562 INSS, DE 18-4-2023 BENEFÍCIO
(DO-U DE 19-4-2023) Suspensão

INSS prorroga novamente a rotina de suspensão de benefícios

O INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, por meio do benefícios por impossibilidade da execução do Programa de Reabilita-
presente Ato, que entrará em vigor em 25-4-2023, prorroga, por mais 8 ção Profissional, de que trata a Portaria 1.514 INSS, de 31-10-2022
competências, de maio a dezembro de 2023, a rotina de suspensão de (Fascículo 44/2022).

PORTARIA 1.121 MPS, DE 13-4-2023 APOSENTADORIA

(DO-U DE 14-4-2023) Cálculo

Divulgados os fatores de atualização para cálculo de benefício

O MPS – Ministério da Previdência Social, por meio do referido Ato, estabelece, para o mês de abril/2023, os fatores de atualização dos salários
de contribuição, para utilização nos cálculos dos seguintes benefícios:
Índice de Reajustamento Atualização
– das contribuições vertidas de janeiro/67 a junho/75, para o cálculo do pecúlio (dupla cota);
1,002392 – TR – Taxa Referencial do mês de março/2023
– das contribuições vertidas a partir de agosto/91, para cálculo do pecúlio (novo).
1,005700 – TR do mês de março/2023 mais juros – das contribuições vertidas de julho/75 a julho/91, para o cálculo do pecúlio (simples).
– dos benefícios no âmbito de Acordos Internacionais;
– do salário de benefício, nos casos de aposentadoria e auxílio-doença;
1,006400 – de benefícios pagos em atraso por responsabilidade da Previdência Social;
– de restituição de benefício recebido indevidamente;
– de revisão de benefício superior ao que vinha sendo pago.
As tabelas com os fatores de atualização, mês a mês, encontram-se disponíveis no sítio https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/previ-
dencia-social/legislacao.
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA 119