Você está na página 1de 2

LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

A importância do contexto escolar


Primeiramente, o desenvolvimento da linguagem surge no contexto familiar, onde
predominam as relações entre dois sujeitos, até aproximadamente aos quatro anos de
idade, onde experienciam outro tipo de contexto, nomeadamente, em contexto escolar.

Primeiramente, o desenvolvimento da linguagem surge no contexto familiar, onde


predominam as relações entre dois sujeitos, até aproximadamente aos quatro anos de
idade, onde experienciam outro tipo de contexto, nomeadamente, a escola. Torna-se
pertinente a sua especificação, pois a maioria das crianças desenvolve a linguagem na
escola (Río & Bosch, 2002), favorecendo a evolução da comunicação e da linguagem oral
e escrita (Touhg, 1981; Rondal, 1980, citados por Río & Bosch, 2002).

A escola permite um conjunto de interações pessoais e em grupo, de um modo que a


interação adulto-criança é menorizada face à interação criança-criança. Estas novas
experiências permitem à criança desenvolver as suas habilidades comunicativas,
tornando-as mais complexas, e com capacidade de “descrever e categorizar os
acontecimentos, (…) conectar umas ideias com outras, (…) reconhecer as relações de
causa-efeito, fazer juízos de valor” (Valmaseda, 2004, p. 72). Neste contexto, é exigido
ao aluno que a linguagem oral e escrita, se faça evoluir significativamente depois dos
quatro e seis anos, respetivamente (Río & Bosch, 2002). Oliveira e Schier (2013) afirmam
que a linguagem, em particular, a escrita, são o foco da atuação do TF que trabalha em
contexto educacional.

No entanto, nem sempre os alunos são capazes de desenvolver as suas capacidades


linguísticas e comunicativas, a par do esperado para a sua idade e meta curricular.
Nestes casos, o sucesso escolar e o desenvolvimento interpessoal do aluno, podem vir
a ser comprometidos (Río & Bosch, 2002).

Deste modo, perante a importância que a linguagem tem no desenvolvimento global do


ser humano, e consequentemente, no processo ensino-aprendizagem (Valmaseda,
2004), é extremamente relevante que as alterações ao padrão normativo do
desenvolvimento da linguagem e da comunicação sejam alertadas e remetidas ao
terapeuta da fala. A escola é muitas vezes, o contexto onde estas alterações são
verificadas, motivo pelo qual deve existir uma partilha de responsabilidade entre a
mesma e o técnico, mas também a família do aluno (Río & Bosch, 2002), com uma
coordenação entre o meio clínico e educativo, de modo a que a intervenção seja o mais
correta possível (Valmaseda, 2004).

Em contexto escolar, em particular na educação especial, o terapeuta da fala assume


especial relevância, uma vez que as competências comunicativas e linguísticas se
relacionam diretamente com a aprendizagem e com a interação social, tal como referido
(CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, 2015b).

Não só em contexto escolar, mas em todos os restantes (clínicos, hospitalares), para que
a criança e/ou jovem seja encaminhado para terapia da fala é necessário apresentar
alguns critérios de elegibilidade. Deste modo, de acordo com a American Speech-
Language-Hearing Association (2004), os indivíduos são elegíveis para terapia da fala
quando a sua capacidade de comunicar e/ou de deglutir, está efetivamente diminuída,
ou quando existem motivos para agir em prevenção de alterações de fala, linguagem,
comunicação ou deglutição, procurando reduzir o grau de incapacidade.

A mesma associação descreve que esta elegibilidade para avaliar e/ou intervir em
terapia da fala depende de um ou mais fatores, tal como: ser referenciado por parte de
qualquer sujeito, família, comunidade educativa ou médica; apresentar resultados
negativos quando é passado algum rastreio; estar impossibilitado de comunicar, em
diferentes contextos e com vários parceiros; ser incapaz de se alimentar de modo a
manter uma nutrição e hidratação adequada, não gerindo acumulações de saliva na
boca e na faringe; revelar alterações nas avaliações realizadas por terapeutas da fala;
não ser possível comparar a sua capacidade comunicativa com indivíduos da mesma
idade, género, etnia e origem cultural; apresentar capacidades comunicativas
diminuídas que prejudiquem a sua prestação educacional, social, emocional, ou estado
de saúde; e ser o sujeito ou a família a procurar intervenção para otimizar a comunicação
e/ou deglutição (American Speech-Language-Hearing Association, 2004). O caminho até
chegar à avaliação do TF nem sempre é fácil, e o reconhecimento dos critérios de
elegibilidade anteriormente referidos, é um bom preditor.

Excerto da dissertação de mestrado, intitulada de “O Terapeuta da Fala em Contexto


Escolar”, de Telma Filipa Torres Lopes, mestre em Educação Especial – Domínio Cognitivo
e Motor, pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve.

Você também pode gostar