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Objetivos da Unidade:
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📄 Material Teórico
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Introdução
Nos domínios intricados dos distúrbios da Linguagem Oral e Escrita, a interligação entre teoria e
prática é um alicerce fundamental para Profissionais dedicados à Saúde e à Educação. Nesta
Unidade, vamos mergulhar nas complexidades dessas condições, abordando não apenas os
desafios enfrentados por crianças e adultos, mas também as nuances dos distúrbios na
Linguagem Escrita. O desenvolvimento da Linguagem nas crianças, seja oral, seja escrito, é um
processo complexo influenciado desde os primeiros momentos de vida. A aquisição da
Linguagem Oral começa desde o nascimento, quando a criança é exposta aos sons da sua Língua
subjacentes a esses distúrbios, criando, assim, uma base sólida para intervenções práticas e
eficazes.
Em Síntese
A aquisição de Linguagem deve ser compreendida a partir da relação
da criança com a Língua, utilizando o diálogo como unidade de
Vídeo
Impactos das Alterações de Linguagem no Comportamento Infantil
Impactos das alterações de linguagem no comportamento infantil
Atraso de Linguagem
Nem sempre o desenvolvimento de Linguagem esperado nos quatro primeiros anos da criança
acontece e, frequentemente, os pais e os responsáveis não buscam o tratamento adequado
assim que notam um atraso nesse desenvolvimento. Em algumas situações, crianças chegam
aos Profissionais com queixas de fala inadequada, de que começaram a falar tarde e
As causas do Atraso de Linguagem podem ser diversas e incluem fatores genéticos, ambientais,
neurológicos ou uma combinação desses elementos. Algumas crianças podem apresentar atraso
temporário que é superado com o tempo, enquanto em outros casos o atraso pode persistir e
requerer intervenção. Os sinais de atraso de Linguagem podem variar, mas geralmente incluem
um vocabulário menor do que o esperado para a idade, dificuldade em formar frases completas,
uso limitado de expressões verbais e compreensão verbal abaixo do esperado. Essas crianças
podem demonstrar frustração ao tentar se comunicar, o que pode afetar negativamente sua
interação social e emocional.
A identificação precoce e a intervenção são fundamentais para lidar com o atraso de Linguagem.
ampliação do vocabulário, atividades que estimulem a construção de frases e seu uso de forma
coerente em diferentes contextos.
É importante notar que cada criança é única, e o atraso de Linguagem pode se manifestar de
maneiras diferentes. A abordagem de intervenção deve ser adaptada às necessidades específicas
de cada criança, levando em consideração fatores individuais, ambientais e familiares. O apoio
para essa condição. Diversos termos foram utilizados ao longo do tempo, como Afasia
Congênita, Atraso de Linguagem e Distúrbio de Linguagem. O termo Specific Language
Impairment (SLI), introduzido em 1981, tornou-se amplamente aceito. No contexto brasileiro,
pesquisadores como Alfredo Tabith Junior, Mauro Spinelli e Debora Maria Befi-Lopes
contribuíram para a predominância do termo "Distúrbio Específico de Linguagem" (DEL).
Entretanto, ao longo de mais de duas décadas, surgiram desafios conceituais em relação a esse
diagnóstico. Em 2014, um estudo multidisciplinar internacional levou a um consenso sobre
critérios diagnósticos e terminologia para o TDL. A proposta estabeleceu duas etapas: primeiro,
argumentam que o termo TDL é muito abrangente. Contudo, devido à alta prevalência do TDL, a
adoção de um consenso é considerada crucial para avançar no diagnóstico, tratamento e direitos
sociais relacionados a essa condição (CÁCERES-ASSENÇO, 2020).
problemas na articulação dos sons da fala, desvio fonológico, limitações na habilidade narrativa,
uso limitado de habilidades sociais e a persistência dessas dificuldades ao longo do tempo.
Crianças com TDL podem apresentar atraso na aquisição de vocabulário, estruturas gramaticais
e habilidades de comunicação. Além disso, podem ter dificuldades em expressar suas ideias de
deve ser realizado por profissionais especializados, como Fonoaudiólogos e Psicólogos, após
uma avaliação abrangente das habilidades linguísticas da criança.
Transtorno Fonológico
O Transtorno Fonológico está relacionado a dificuldades na organização e na produção de sons
da fala. As crianças com esse transtorno podem substituir, omitir ou distorcer sons, impactando
negativamente a inteligibilidade da fala.
O diagnóstico do Transtorno Fonológico (TF) envolve uma avaliação funcional para examinar o
funcionamento do controle motor da fala associado à maturação neural. O TF pode manifestar-
de lesões neurológicas adquiridas, acometendo adultos em qualquer idade, podendo variar desde
comprometimentos leves até os mais severos, dependendo na localização da lesão.
específicas.
Afasia de Broca
A Afasia de Broca é um distúrbio neurológico que afeta a produção da Linguagem. É caracterizada
pela dificuldade em combinar elementos linguísticos para criar mensagens complexas. Embora
pareça inicialmente relacionada à produção oral, a raiz do problema está na composição do
discurso devido a danos cerebrais. A área de Broca, descrita por Pierre Paul Broca, após estudar
pacientes que perderam a capacidade de falar devido a danos no lobo frontal esquerdo do
grave, mas uma recuperação mais favorável em comparação com o Tipo II, que implica uma
recuperação mais prolongada e complexa (VIEIRA; COSTA, 2016).
Afasia de Wernicke
É um Distúrbio da Linguagem causado pela lesão na área de Wernicke, localizada na
circunvolução temporal posterior, superior e média no hemisfério esquerdo do cérebro. A Afasia
de Wernicke é caracterizada por dificuldades severas na compreensão de palavras e frases,
associadas a uma produção verbal fluente, porém, frequentemente, sem significado. Os
Essas lesões afetam os elementos centrais dos sistemas fonológicos, semânticos e auditivos que
interagem durante a compreensão da Linguagem. O processamento fonológico, associado à
ativação do giro temporal superior esquerdo, e o processamento semântico lexical, associado à
atividade do giro temporal médio e inferior esquerdo, resultam em defeitos na discriminação
dos fonemas e deficiências lexicais, dependendo da localização específica da lesão. Além do giro
frontal inferior esquerdo, o controle semântico é associado a uma rede distribuída, que inclui
várias regiões cerebrais, como, por exemplo, durante o processamento de informações
semânticas específicas, como a compreensão de metáforas, ocorre a ativação do hemisfério
direito. Portanto, a tarefa de compreensão da Linguagem está associada a uma ativação cerebral
extensiva que envolve tanto o hemisfério esquerdo quanto o direito. Em suma, embora a área
clássica de Wernicke seja crucial para o reconhecimento de palavras individuais, a compreensão
da Linguagem envolve uma rede cerebral muito mais ampla (VIEIRA; COSTA, 2016).
Afasia de Condução
A Afasia de Condução, em particular, é a mais discutida e controversa entre as Afasias, tanto em
relação à sua fenomenologia quanto à localização anatômica das lesões. Com os avanços
tecnológicos recentes, incluindo Tomografia Axial Computadorizada (TAC), Ressonância
Magnética (RM), Tomografia de Emissão de Pósitrons (PET) e Ressonância Magnética
Funcional (RMF) foi possível uma compreensão mais detalhada e dinâmica da Afasia de
Condução. Foram propostos modelos lesionais centrados ao Fascículo Arqueado ou a regiões e
estruturas corticais essenciais nos processos de conectividade do cérebro.
A memória de curto prazo afetada também é considerada como possível causa, o que
resultaria em dificuldade na repetição (FERNANDES, 2009).
Afasia Global
A Afasia Global é uma forma grave de Distúrbio de Linguagem que resulta de danos extensos nas
áreas do cérebro responsáveis pela Linguagem, geralmente nas regiões frontal, temporal e
parietal esquerda. Essa condição afeta todas as principais habilidades linguísticas, incluindo fala,
compreensão, leitura e escrita.
Segundo Vendrell (2001), o termo Afasia Global é utilizado quando as funções expressivas e
receptivas da Linguagem estão gravemente comprometidas. Inicialmente, os pacientes podem
apresentar uma completa perda das habilidades linguísticas. Com o tempo, podem surgir
elementos automatizados e, às vezes, produções estereotipadas. Essas estereotipias podem ser
usadas com uma entonação adequada à intenção comunicativa do paciente, mas se consistirem
em palavras ou frases, podem não ter relação real com a situação. As formulações automáticas,
por outro lado, podem ajudar a iniciar tentativas de comunicação, mas logo são frustradas pela
incapacidade do paciente de realizar uma Linguagem proposicional adequada. Automatismos,
como o uso incorreto de palavras, podem distorcer a comunicação, causando confusão e
frustração para a família e o paciente. Os automatismos também podem incluir palavras
ofensivas, levando os familiares a reprimir as produções espontâneas do paciente, aumentando
sua frustração. Emocionalmente, os pacientes com Afasia Global tendem a ficar deprimidos
devido às dificuldades de comunicação e às limitações motoras, como hemiplegia direita,
comuns nesse tipo de afasia. O tratamento da depressão envolve atenção à reabilitação motora e
reeducação linguística, além de apoio social abrangente. O envolvimento e apoio da família são
cruciais para ajudar o paciente a se adaptar à nova situação pessoal, familiar e social.
Clinicamente, os pacientes com Afasia Global geralmente apresentam lesões extensas na área da
artéria cerebral média esquerda, afetando as áreas frontoparietais e temporoparietais.
Segundo Vieira e Costa (2016), as lesões no hemisfério direito afetam principalmente aspectos
não verbais e pragmáticos da comunicação. Indivíduos com lesões no hemisfério direito podem
apresentar aprosodia, caracterizada por dificuldades na expressão e na compreensão das
emoções transmitidas pela entonação, pelo ritmo e pelo ênfase na fala. Isso pode resultar em
uma aparência monótona ou inadequada no tom de voz. Outro aspecto afetado é a pragmática da
linguagem, com dificuldades em compreender e utilizar as regras sociais da linguagem,
Semântica (APP-S), Não Fluente (APP-NF) e Logopênica (APP-L). Na APP-S, observa-se uma
deterioração progressiva na compreensão do significado das palavras, resultando em perda
gradual do vocabulário. Indivíduos enfrentam dificuldades em nomear objetos, reconhecer
rostos familiares e compreender o significado de palavras, embora a expressão oral possa ser
preservada nas fases iniciais. Já na APP-NF, a dificuldade concentra-se na produção da fala, que
se torna não fluente e esforçada. Sintomas incluem problemas na articulação, formação de
frases, agramatismo e apraxia da fala. A compreensão da Linguagem também é afetada, embora
em menor medida que a produção da fala. Na APP-L, destaca-se a dificuldade na seleção e na
recuperação de palavras corretas durante a produção da fala. Isso se manifesta em problemas de
Navas (2016) expõe que as Fases de Desenvolvimento da Linguagem escrita pode variar entre 3 e
5 dependendo da teoria adotada para descrever as etapas até que a criança torne-se proficiente
nessa tarefa. Segundo o autor, o início se dá em uma etapa pré-alfabética, passando a seguir por
uma etapa alfabética e finalmente pela etapa de decodificação ortográfica e morfológica da
Língua caracterizando a fase final de compreensão da Linguagem Escrita. Entretanto,
atualmente, o modelo conexionista tem sido mais aceito para demonstrar o processo de
desenvolvimento da Linguagem Escrita. Nesse modelo, quando começamos a aprender a ler e
escrever, estamos construindo aos poucos um grupo de palavras que sabemos escrever
corretamente, chamado Léxico Ortográfico Visual. Isso acontece à medida que praticamos.
Vemos diferentes palavras e entendemos como as letras se relacionam com os sons que
fazemos ao falar. No começo, aprendemos a associar os fonemas (processamento fonológico)
aos grafemas (processamento ortográfico). Se já possuímos um extenso vocabulário e
compreendemos bem a Linguagem Oral, conseguimos também compreender rapidamente o
significado das palavras quando lemos, ou seja, realizamos o processamento lexical. À medida
que ganhamos mais experiência em ler e escrever, o contexto (processamento contextual) em
que as palavras estão inseridas também se torna importante. Isso significa que começamos a
considerar não apenas as letras e os sons, mas também o contexto geral da frase ou do texto
para entender melhor o que está sendo dito. Isso tudo acontece graças a diferentes
processadores em nosso cérebro, como o que lida com sons, significados, letras e contexto.
Esses processadores trabalham juntos para nos ajudar a ler e compreender o que lemos.
Dislexia
A Dislexia é um distúrbio específico de leitura e escrita, enfatizando sua natureza não como uma
doença, mas como uma diferença na forma de pensar. Durante o processo de alfabetização,
embora as crianças ingressem no processo já dominando a Linguagem Oral, as regras
específicas da escrita podem representar desafios adicionais. Sua etiologia pode possuir origens
neurológicas, hereditariedade e estudos recentes apontam a possibilidade de envolvimento
genético (SILVA, 2009).
Figura 2 – Lesão em qualquer área do cérebro responsável
pela compreensão da Linguagem pode causar dislexia
Fonte: Wikimedia Commons
Vídeo
Webinar Desafios do Diagnóstico da Dislexia
Webinar Desafios do diagnóstico da dislexia
Disgrafia
Disgrafia é uma perturbação funcional que impacta a qualidade da escrita de um indivíduo,
afetando o traçado e a grafia. Caracteriza-se por uma caligrafia deficiente, com letras pouco
distintas, mal elaboradas e desproporcionais. Para ser diagnosticada como Disgrafia, a criança
deve apresentar várias das seguintes condições: letra excessivamente grande ou pequena, forma
das letras irreconhecível, traçado exageradamente grosso ou suave, a ponto de ser
imperceptível, grafismo trêmulo ou marcado, irregularidades no tamanho dos grafemas, escrita
excessivamente rápida ou lenta, espaçamento irregular entre letras ou palavras, presença de
erros e borrões que dificultam a leitura, desorganização geral na folha ou no texto, e utilização
incorreta do instrumento de escrita.
Figura 3 – Disgrafia
Fonte: Wikimedia Commons
Segundo Caldeira e Cumiotto (2004), durante o aprendizado da escrita, ocorre uma transição do
domínio informal para o formal, causando desconforto na expressão escrita. De acordo com o
modelo funcional léxico de produção dos grafemas para o armazenamento ortográfico de
palavras familiares, o Processo de Escrita envolve diferentes subsistemas cognitivos
independentes, denominados módulos. Na disgrafia, está presente um distúrbio na Linguagem
Escrita, e pode ser classificada em três tipos: de Superfície, Fonológica e Profunda. A Disgrafia
de Superfície afeta o reconhecimento e escrita de palavras previamente trabalhadas. A
Discalculia
A Discalculia é uma condição neurológica específica que impacta a capacidade de uma pessoa
compreender e manipular números. Isso se manifesta por meio de dificuldades na compreensão
e na memorização de conceitos matemáticos, regras e ou fórmulas. Na sequenciação de
números (antecessor e sucessor) ou na identificação do maior entre dois números, na
diferenciação de esquerda/direita e nas direções (Norte, Sul, Leste e Oeste),na compreensão de
unidades de medida, em tarefas relacionadas ao tempo (como ler horas em relógios analógicos)
e em atividades envolvendo dinheiro, na resolução de operações matemáticas em problemas
propostos. Em casos mais graves, pode levar a uma aversão intensa à matemática (COELHO,
2013).
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de diagnóstico. Rev. psicopedag., São Paulo , v. 26, n. 81, p. 470-475, 2009. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862009000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 04/12/2023.
VENDRELL, J. M. Las afasias: semiología y tipos clínicos. Revista de Neurología, [S. l.], v. 32, n. 10, p.
980-986, 2001.