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FONOAUDIOLOGIA ESCOLAR

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

DR. GLAUCIO COUPEY QUINTANILHA – CRFª 4.186


DRA. DEISE PEREIRA FRANCO – CRFª 14.344
A IMPORTÂNCIA DA FONOAUDIOLOGIA DIANTE DA AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM ESCOLAR – ORAL E ESCRITA

O fonoaudiólogo na escola pode atuar na prevenção e na promoção


de saúde. A Fonoaudiologia escolar visa à criação de condições favoráveis e
eficazes para que as capacidades de cada um possam ser desenvolvidas ao
máximo.

A escola é um lugar privilegiado para a aquisição da linguagem,


sendo esse o espaço ideal para a atuação primária do fonoaudiólogo. A criança na
faixa etária de zero a seis anos se encontra em plena expansão de áreas que
contribuirão para aquisições tardias mais complexas. Diante disso, a atuação do
fonoaudiólogo junto às escolas de educação infantil torna-se importante, pois é na
pré-escola que as crianças aperfeiçoam a linguagem oral e desenvolvem
importantes noções de escrita. Nesse nível de escolaridade, a atuação do
fonoaudiólogo pode ter resultados mais produtivos porque a criança está em um
período de rápidas e significativas transformações em vários aspectos do seu
desenvolvimento.

É possível identificar possíveis problemas de aprendizagem quando


a criança é ainda pequena, porém, determinados atrasos no aparecimento da
linguagem falada, seja no sentido de dificuldades para adquirir vocabulário,
dificuldades para formar frases de acordo com o esperado para a idade,
dificuldades com a fala (omissões e trocas de fonemas), limitações na compreensão
da linguagem oral, dificuldades para dialogar, para iniciar interações, para
responder para os outros, dificuldades para acompanhar as atividades típicas da
idade e dificuldades para relacionar-se e brincar, podem ser indicativos de
problemas de aprendizagem e desenvolvimento.

Sempre que houver uma suspeita de problemas de comunicação, o


fonoaudiólogo deve ser procurado.

É bastante provável que crianças com problemas de linguagem oral


(atrasos na fala; dificuldade de compreensão; de expressão de ideias e falas),
sintam maior dificuldade no aprendizado da escrita, tendem, em geral, projetar
tais dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, o que pode prejudicar o
processo de decodificação e compreensão leitora, de elaboração de textos e
também da ortografia. Dai a importância de se detectar, o mais cedo possível,
crianças que apresentam tais dificuldades para que possam ser devidamente
atendidas em suas necessidades educacionais e de acompanhamento
fonoaudiológico.

O diagnóstico precoce e correto é fundamental – para que seja


traçado um planejamento terapêutico específico para cada caso e também para
que tanto os familiares quanto os professores possam receber esclarecimentos e
orientações sobre o problema e assim, serem, as crianças, encaminhadas ao
profissional capacitado, que é o fonoaudiólogo.

PODEMOS ENUMERAR ALGUMAS PATOLOGIASL/TRANSTORNOS/DÉFICITS


NO ÂMBITO ESCOLAR

ATRASO DE LINGUAGEM ORAL

Podem ocorrer por inúmeros fatores, tais como: ausência ou


insuficiência nos estímulos; problemas sociais; problemas auditivos; Autismo;
Deficiência Intelectual; Distúrbio Específico da Linguagem, dentre outros.

DISTÚRBIO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM – DEL

O DEL acomete o processo de aquisição e ou desenvolvimento


da Linguagem. É muito confundido com Dislexia.

Possui dificuldades na linguagem expressiva e/ou receptiva,


sendo a compreensão melhor que a expressão; falha na discriminação dos
fonemas; frases mal elaboradas (algumas vezes sem artigos, preposições,
concordância verbal).

A fonoterapia é de suma importância, a fim de minimizar as


possíveis consequências de toda vida escolar.

DISLALIA

A Dislalia é um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade


em articular as palavras. Consiste na má pronúncia da palavra, seja na omissão,
na substituição, acrescentando ou distorcendo o fonema.

Requer terapia de fortalecimento dos músculos oro faciais


(lábios, língua, bochechas, velar), assim como, trabalho de postura e respiração.
Linguas hipotônicas (flácidas), ocasionam alterações na arcada dentária e falhas
na pronúncia de determinados fonemas em consequência da postura e respiração
incorreta.

DISORTOGRAFIA

Caracteriza-se por troca de fonemas na escrita, junção (aglutinação)


ou separação indevida das palavras, confusões de sílabas, omissões e inversões de
letras. Além disso, dificuldade em perceber as sinalizações gráficas, como
parágrafos, acentuações e pontuações. Seus textos são reduzidos e sem interesse
para a escrita.

DISCALCULIA

O portador de discalculia comete diversos erros na solução de


problemas verbais e escritos, nas habilidades de contagem, nas habilidades de
medidas, tempo, na execução das operações e nos cálculos propriamente ditos.

Existem algumas causas que através da avaliação


fonoaudiológica será diagnosticada, entre elas: distúrbio da memória auditiva;
distúrbio de leitura e percepção visual.

Podemos destacar alguns sintomas, cumulativos ou não:

- Dificuldade frequente com os números, confundindo os sinais: +, -,/ e x;

- Problemas para diferenciar entre esquerdo e direito;

- Falta de senso de direção (norte, sul, leste, oeste) e pode, também, ter dificuldade
com compasso;

- Inabilidade em dizer qual de dois números é o maior;

- Dificuldade com aritmética mental;

- Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo;

- Dificuldade com tarefas diárias como ler relógios analógicos;

- Inabilidade de aprender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas e


sequências matemáticas;

- Dificuldade de manter a contagem durante jogos.

DISGRAFIA

A escrita disgráfica pode observar-se com traços pouco precisos


e incontrolados. Há uma desorganização das letras, letras retocadas (garranchos e
feias), ilegíveis. O espaço entre as linhas, palavras e letras são irregulares. Há uma
desorganização do espaço ocupado na folha e pode-se referir à problemas de
orientação espacial. Há uma desorganização do espaço ocupado na folha e pode-se
referir à problemas de orientação espacial. Há falta de pressão com debilidade dos
traços, ou traços demasiadamente forte o que causa cansaço e lentidão na hora da
escrita.

DISLEXIA
É uma dificuldade primária da aprendizagem que abrange:
leitura, escrita e soletração ou uma combinação de duas ou três dessas
dificuldades.

Na pré escola, existem alguns sinais que podem nos revelar


uma pré dislexia. A criança geralmente apresenta aquisição tardia da fala,
pronúncia constantemente errada de algumas palavras, dificuldade em aprender
cores, números, copiar seu próprio nome, aprender formas geométricas,
dificuldades em recortar, dar laços, desenhar, distúrbio do sono, dificuldade em
entender o que está ouvindo e etc. A criança costuma ser esquecida e não tem
uma boa noção de sequência, inclusive temporal.

Essa fase da pré dislexia é a fase mais importante para que se


comece a intervenção (tratamento).

O trabalho de prevenção pode ser feito na primeira infância


quando pais e/ou professores estiverem atentos aos sinais de alerta.

DISFONIA INFANTIL

Rouquidão, perda da Voz, fadiga ao falar!! Essas são as


principais características da Disfonia Infantil. Estudos epidemiológicos realizados
em escolas, referem uma incidência entre 6 e 23%, dependendo da localização da
escola, aspectos variados e de uma série enorme de considerações metodológicas.
Constata-se que 70% das crianças que são roucas, apresentam nódulo vocal, o
pico de incidência ocorre em 5 e 10 anos de idade, sem diferença quanto ao sexo,
embora se observe uma maior tendência no sexo masculino, provavelmente pela
exigência social de um comportamento mais agressivo nesse sexo.

É necessário conhecer, estar atento, é preciso diante de sintomas como uma


rouquidão mais freqüente, “veias” saltadas do pescoço, esforço vocal, que todos
aqueles que têm contato mais próximo com a criança, a encaminhe ao médico
otorrinolaringologista ou procure o fonoaudiólogo, que são os profissionais aptos a
conduzirem orientações e o tratamento adequado dos distúrbios vocais.

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH

O transtorno se caracteriza por sinais repetitivos e claros de


desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta não
mostra-lo. O TDAH é responsável pela enorme frustração que pais e filhos
portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Os portadores desse
distúrbio são, em regra, muito inteligentes e em alguns casos, precisam do apoio
de uma equipe multidisciplinar: neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo...

As dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a


inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. Geralmente o paciente
com TDAH possui algumas habilidades rebaixadas como: competência
comunicativa, nomeação e memória de trabalho. Tem dificuldade para copiar do
quadro, a produção textual é pobre e na leitura, como está sempre hiperativo,
esquece, na maioria das vezes, de ler o título e detalhes importantes do texto. Com
isso, acaba não entendendo o que leu. Na maioria das vezes há comorbidade com
disortografia e discalculia.

As alterações de fala e de linguagem se correlacionam aos


problemas na alfabetização, às habilidades em leitura e escrita, à capacidade de
soletração, dentre outras habilidades escolares. Além dos efeitos negativos sobre a
alfabetização, as alterações de fala e linguagem podem trazer prejuízos a aspectos
educacionais gerais e até mesmo ocupacionais.

Nosso trabalho tem se expandido e voltado para as questões


educacionais e não apenas dentro dos processos de aquisição e leitura e escrita ou
métodos mais facilitadores no âmbito clínico, passa a ser um facilitador para a
vida global do aluno. O fonoaudiólogo pode trabalhar em conjunto com o professor
de forma que possa proporcionar resultados melhores.

Atualmente o papel do fonoaudiólogo no âmbito escolar envolve


aspectos preventivos e intervenções com a equipe pedagógica visando o
desenvolvimento das habilidades relacionadas a linguagem oral e escrita e,
sobretudo, o desenvolvimento de aspectos cognitivos, linguísticos e
metalinguísticos necessários para esse desenvolvimento.

Sendo assim, nos pomos à disposição para, querendo, elucidar


ao corpo docente e pais, sobre a necessidade de nossa intervenção o mais
precocemente possível.

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