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Índice pág.

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 4

1.1. Objectivos ................................................................................................................................. 4

1.1.1. Geral ...................................................................................................................................... 4

1.1.2. Específicos ............................................................................................................................. 4

1.2. Metodologia .............................................................................................................................. 4

CAPÍTULO II. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 5

2.1. Conceitos básicos e contextualização sobre a multideficiência ............................................... 5

2.1.1. Direitos da criança portadora de multideficiência ................................................................. 5

2.2. Causas de multideficiência ....................................................................................................... 6

2.3. Etiologia das deficiências associadas ....................................................................................... 6

2.4. Tipos de multideficiência ......................................................................................................... 7

2.5. Sintomatologia das dificuldades de aprendizagem ................................................................... 7

2.6. Necessidades da criança/jovem com multideficiência ............................................................. 9

2.6.1. Necessidades físicas e médicas.............................................................................................. 9

2.6.2. Necessidades Educativas ....................................................................................................... 9

2.6.3. Necessidades emocionais: ................................................................................................... 10

2.7. Características e necessidades da criança com multideficiência ............................................ 10

2.7.1. Distúrbios que afectam os alunos principalmente detectados nos primeiros anos da
educação infantil ............................................................................................................................ 11

2.8. Organização da intervenção a desenvolver com crianças com multideficiência .................... 14

2.9. Inclusão de alunos com multideficiência no ensino regular ................................................... 16

3. Conclusão .................................................................................................................................. 18

4. Bibliografia ................................................................................................................................ 19
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CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
A criança e o jovem com multideficiência apresenta necessidades educativas especiais de carácter
prolongado, que se enquadram no domínio cognitivo, sensorial e/ou motor. Esta é uma
problemática que apresenta um quadro complexo e muito específico.

O programa elaborado para o aluno com deficiências associadas desenhara o perfil das suas
diversas necessidades educativas as quais se distribuem por um amplo campo de áreas de
atenção. A criança com deficiências associadas pode ter necessidade de estimulação auditiva e/ou
visual, um programa especifico de psicomotricidade, e, por vezes, orientações que lhe
proporcionem autonomia vital. Esta atenção deve ser dada de forma global e
multiprofissionalmente (na ocasião do diagnostico e tratamento) com implicações tanto escolares
como sociais.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
 Compreender a multideficiência

1.1.2. Específicos
 Descrever os tipos, as causas, características e os direitos de crianças com multideficiência;
 Citar as sintomatologias das dificuldades de aprendizagem;
 Mencionar as necessidades da criança/jovem com multideficiência;
 Abordar da inclusão de alunos com multideficiência no ensino regular.

1.2. Metodologia
Para a concretização do presente trabalho fez-se pesquisas aprofundadas de obras literárias as
quais auxiliaram na percepção e reflexão dos conteúdos de pesquisa, e como prova disso vêem
referenciadas na página final do mesmo.
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CAPÍTULO II. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Conceitos básicos e contextualização sobre a multideficiência


De acordo com LADEIRA & AMARAL (1999), crianças com multideficiência são indivíduos
com limitações acentuadas no domínio cognitivo, que requerem apoio permanente e que têm
associado limitações no domínio sensorial (visão ou audição) ou no domínio motor. Podem ainda
apresentar necessidade de cuidados de saúde especiais.

CONTRERAS & VALENCIA (1997), definem multideficiência como sendo o conjunto de duas
ou mais incapacidades ou diminuições de ordem física, psíquica ou sensorial.

Acontece quando, na mesma pessoa, se podem encontrar mais do que uma deficiência, mas é
sempre mais do que a mera combinação ou associação de deficiências.

Normalmente resulta da associação de uma deficiência mental severa, com uma ou mais
deficiências sensoriais ou motoras e/ou necessidades de saúde especiais (OVERLOVE &
SOBSEY, 1991). Já para Snell, 1978, “são todos os indivíduos com deficiência mental moderada
e profunda que têm pelo menos mais uma deficiência (pode ser auditiva, visual, alguma
paralisia).

É importante referir que a multideficiência é sempre mais que a mera associação de deficiências
(podem ou não estar relacionadas, tal como pode, ou não, existir uma prevalente sobre a outra),
constituindo um grupo muito heterogéneo entre si, apesar de apresentar características
específicas/particulares. A inclusão da pessoa multideficiente no sistema regular de ensino
representa, frequentemente, um desafio para os educadores que intervêm junto delas.

2.1.1. Direitos da criança portadora de multideficiência


SMITH (2008), descreve os seguintes direitos da criança portadora de multideficiência:

- Direito à qualidade de vida: Criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento e


comunicação com os outros, desenvolvimento de planos de apoio aos portadores de
multideficiência, tal como aos profissionais de apoio a esta problemática, criação de estruturas de
apoio integradas no tecido comunitário e social.
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- Direito à educação: deve ser total, efectivo e eficaz, desde a intervenção precoce (fundamental
na preparação das estruturas fundamentais a um positivo desenvolvimento), à estruturação
necessária no proporcionar do contacto com o outro, passando pelo acompanhamento médico,
psicopedagógico e social (da pessoa e da sua família – colaboração desta é fundamental para
intervenções verdadeiramente positivas e bem sucedidas).

2.2. Causas de multideficiência


ZABALZA (1994), descreve as seguintes causas:

 Cromossomopatia: quadros malformativos, alterações físicas, malformações orgânicas


graves, deficiências sensoriais, atrasos mentais e atrasos psicomotores;
 Síndromes malformativos múltiplos: síndrome dimetabólicos, deformidades, malformações
orgânicas, displasias ou síndromes displásicos, síndromes polimalformativos com alterações
oculares e sequências;
 Rubéola congénita: malformações primárias e malformações secundárias
 Patologia da hipófise
 Patologia da tiróide
 Síndrome de sofrimento do recém-nascido
 Sequelas

2.3. Etiologia das deficiências associadas


As causas das plurideficiencias são evidentemente as mesmas que no caso das deficiências em
geral, isto são:

 Causas genéticas;
 Causas pré-natais;
 Causas perinatais;
 Causas pós-natais;
 Causas ambientais.
Para não repetirmos, mencionaremos aqui apenas as patologias mais comuns que dão origem a
deficiências associadas.
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2.4. Tipos de multideficiência


Tipos de deficiências Associadas resultam da combinação de défices sensoriais, físicos e
psíquicos, uns entre os outros e entre si.

 Sensorial/sensorial (por ex. cego/surdo – combinação mais característica da


multideficiência)
 Psíquica/sensorial (por ex. deficiência mental e surdez)
 Física/sensorial (por ex. síndrome disfórmico com alterações oculares)
 Física/psíquica (por ex. paralisia cerebral e deficiência psíquica)
 Física/psíquica/sensorial (por ex. deficiência mental com alterações orgânicas e défices
visuais).

De acordo com LADEIRA & AMARAL (1999), e esta classificação inicial podemos acrescentar
as combinações resultantes das diferentes deficiências físicas, psíquicas e sensoriais entre si, de
entre as quais a mais característica é a combinação deficiência sensorial/deficiência sensorial
(exemplo: surdo-cego).

Como pode observar-se, deu-se preferência ao termo deficiência física motora, dado que a
primeira engloba as diferentes alterações orgânicas, neurológicas, motoras… enquanto a segunda
é mais restritiva.

2.5. Sintomatologia das dificuldades de aprendizagem


 Défices de percepção visual / Défices de coordenação motora

Sobrepõe as letras / ausência de espaços entre as palavras, letras desalinhadas, desenha letras de
forma estranha, não consegui colorir superfícies mantendo-se dentro das linhas definidas,
caligrafia indecifrável, tem dificuldades em usar tesouras, não consegue colar as coisas e
desorganização nos trabalhos.

 Défice de Percepção Auditiva

Não consegui compreender enunciados orais nem o que está a ser ensinado se o discurso
obedecer a um ritmo usual; pode coompreender a informação se for repetida muito lentamente;
não consegue identificar de que direcção vem o som; não reconhece a identidade de sons comuns;
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não consegue distinguir a voz do professor de entre outras vozes; não segue as instruções e não
retira benefícios de instruções orais.

 Défice em relação ao seu próprio corpo e aos objectos no espaço

Perde-se mesmo em locais familiares como a escola ou vizinhança de casa; problemas de


direccionalidade, nem sempre lê ou escreve da esquerda para direita; ausência de espaços entre as
palavras; vai de encontro a coisas: desajeitado e propenso a acidentes e não compreende
conceitos como: por cima, por baixo, à volta de, através, primeiro, último, frente, atrás.

 Défices conceptuais

Não consegue fazer leitura de situações sociais, não compreende a linguagem do corpo; não
consegue comparar as semelhanças/diferenças existentes nas coisas e as actividades de
classificação são difíceis; não compreende relações temporais: ontem, hoje, amanha, antes,
depois; pouca imaginação; pouco sentido de humor; respostas lentas; não consegue tirar
conclusões, não consegue ler em voz alta correctamente; tem dificuldades de escrever; não
consegue pensar de uma forma ordenada e lógica; os comentários na sala de aula estão
frequentemente fora do contexto.

 Défices de memória

Não consegue recordar o que acabou de ser visto; não consegue recordar o que acabou de ouvir;
vocabulário visual pobre, poucas palavras automaticamente conhecidas; lento a memorizar;
linguagem de expressão limitada, não se lembra dos nomes de objectos; escrita pobre.

 Défices a nível de respostas motoras

Distorções a nível de motricidade grossa, não consegue saltar, atirar uma bola; Dificuldades em
actividades de: cortar, colar, escrever; Produz ruídos com a boca; Apresenta atraso na fala; Tem
tiques.
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2.6. Necessidades da criança/jovem com multideficiência


A criança / jovem com multideficiência pode apresentar um conjunto muito variado de
necessidades de acordo com a sua problemática. Estas foram agrupadas em três blocos por
ORELOVE & SOBSEY (2000), as quais se passa a referir:

2.6.1. Necessidades físicas e médicas


 A mais frequente causa da multideficiência é a Paralisia Cerebral, a qual prejudica a postura e
a mobilidade da criança/ jovem. Os seus movimentos voluntários são limitados em termos
qualitativos e quantitativos. Por isso é fundamental estar atento às questões do
posicionamento e da manipulação, para se poder promover a sua aprendizagem e melhorar a
sua qualidade de vida.
 As limitações sensoriais (sobretudo as visuais e as auditivas) são também muito comuns na
população com esta problemática.
 As convulsões representam igualmente um sério desafio médico, podendo a medicação ter
efeitos secundários.
 O risco de apresentar dificuldades no controlo respiratório e pulmonar tem mais
probabilidades de existir nestas crianças/ jovens, devido aos problemas musculares e
esqueléticos, ao desenvolvimento insuficiente do sistema respiratório.
 São mais vulneráveis às doenças do que as outras crianças/jovens, apresentando menos
resistências físicas que as leva a poder ter problemas de saúde vários.

2.6.2. Necessidades Educativas


RODRIGUES (2006), cita-nos as seguintes necessidades educativas a crianças multidificientes:

 Muitas das suas necessidades são idênticas às que são deficientes profundas. Contudo, a
perca ou diminuição da função nos sistemas sensoriais e motores torna ainda mais urgente a
necessidade de uma educação adequada.
 A maioria encontra-se impossibilitada de usar a fala para comunicar, pelo que necessitam que
comuniquem com ela através de outras formas de comunicação.
 As necessidades educativas de cada criança/jovem será o reflexo das suas capacidades e
características pessoais.
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2.6.3. Necessidades emocionais:


 Como qualquer ser humano necessita de afecto e atenção, de oportunidades para interagir
com o contexto à sua volta e desenvolver relações sociais e afectivas com os adultos e os seus
pares.

2.7. Características e necessidades da criança com multideficiência


De acordo com LADEIRA & AMARAL (1999), as crianças/jovens com multideficiência
apresentam limitações que podem comprometer o seu acesso à informação, a sua interacção
social e interacção com o meio envolvente, assim como a sua participação em actividades
educativas e comunitárias. Estes factores podem condicionar as experiências a nível do
desenvolvimento e da aprendizagem destas crianças. Ou seja, as suas características e
necessidades, e o seu nível de actividade e de participação são resultantes das interacções “entre
as condições de saúde, a nível das funções e das estruturas físicas e mentais, e os factores
ambientais relacionadas com os elementos físicos, sociais e psicológicos e as experiências
vivenciadas nos diversos ambientes”. Será então o conjunto de limitações manifestadas por estas
crianças, a interacção entre essas limitações e a interacção destas com as experiências individuais
que permitirão caracterizar cada criança e caracterizar as suas necessidades.

Figura 1. Características das crianças/jovens com multideficiências


Fonte:LADEIRA & AMARAL (1999)

Esta figura indica que as crianças/jovens com multideficiências apresentam acentuadas limitações
cognitivas que, podendo estar associadas a limitações visuais, motoras e auditivas, causam
dificuldades a nível da participação e intervenção em diferentes contextos; influenciam a forma
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como estas crianças aprendem; e dificultam o acesso à comunicação, mais concretamente o


acesso à linguagem oral. Devido a estas características, os alunos com multideficiências
necessitam de apoio constante na concretização de diversas tarefas diárias (exemplo: tarefas
relacionadas com alimentação, higiene, mobilidade, vestir, despir) e de actividades
escolares/educativas, comprometendo assim o seu desenvolvimento e o seu processo de
aprendizagem.

Face ao exposto, verifica-se que as crianças com multideficiências têm características muito
particulares, devido à complexidade das suas problemáticas, as quais fazem com que manifestem
determinadas necessidades. As suas necessidades devem ser consideradas no que diz respeito à
sua inclusão em contexto social e educativo. Como forma de promover o respeito destas
crianças/jovens e o seu acesso à educação e à saúde, é fundamental conhecer e compreender essas
necessidades. Estas crianças/jovens podem apresentar necessidades em três categorias diferentes:
necessidades físicas e médicas, necessidades educativas e necessidades emocionais.

As necessidades físicas e médicas ocorrem com frequência e referem-se a dificuldades de


locomoção e de movimentação de membros, problemas respiratórios, convulsões, limitações
sensoriais, entre outros problemas de saúde. Sendo a paralisia cerebral uma condição
frequentemente presente nas crianças e jovens com multideficiências, são comuns as dificuldades
de postura e de mobilidade que as crianças com multideficiências manifestam. Por isso é
importante ajudar a desenvolver nestas crianças capacidades que lhes permitam melhorar a sua
qualidade de vida, através da adopção de posturas e posicionamentos correctos e adequados às
suas características. As dificuldades respiratórias nestas crianças também são frequentes, devido
aos problemas esqueléticos e musculares. A mastigação e a deglutição também podem ficar
comprometidas, sendo necessário apoio nos momentos de refeição. É de salientar ainda que
muitas crianças/jovens com multideficiências apresentam fragilidades a nível de saúde e a nível
físico, podendo ficar doentes com frequência, pelo que a sua condição física requer cuidados
especiais.

2.7.1. Distúrbios que afectam os alunos principalmente detectados nos primeiros anos da
educação infantil
De acordo com CORREIA (1999), cita-nos os seguintes distúrbios:
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Afasia (do grego, a+fasia, não falar) é um distúrbio na formulação e compreensão da linguagem.

Uma deterioração da função da linguagem, não causada por dificuldade intelectual.

Dislexia do grego dis- distúrbio, lexis palavra: É uma dificuldade na área da leitura, escrita e
soletração, que pode também ser acompanhada de outras dificuldades, como, por exemplo, na
distinção entre esquerda e direita, na percepção de dimensões (distâncias, espaços, tamanhos,
valores), na realização de operações aritméticas (discalculia) e no funcionamento da memória de
curta duração.

A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização, sendo comum
provocar uma defasagem inicial de aprendizado.

Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de
letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal
traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.

Dispraxia de organização do movimento. É possível confundir-se, às vezes, com a debilidade


motora, pelo qual é necessário um bom diagnóstico. Não há lesão neurológica. É uma disfunção
motora neurológica que impede o cérebro de desempenhar os movimentos correctamente. É a
chamada "síndrome do desastrado".

Discalculia é definido como uma desordem neurológica específica que afecta a habilidade de
uma pessoa de compreender e manipular números.

Para ser classificada como discalculia não pode ser causada por problemas na visão e/ou audição.
O termo discalculia é usado frequentemente ao consultar especificamente à inabilidade de
executar operações matemáticas ou aritméticas, mas é definido por alguns profissionais
educacionais como uma inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um
conceito abstracto de quantidades comparativas.

Disortografia é a dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem


escrita. Esta dificuldade pode ocorrer associada ou não a dificuldade de leitura, isto é, a dislexia.
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A Dislalia (do grego dys + lalia) é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em
articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou
acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente.

A falha na emissão das palavras pode ainda ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os
sintomas da Dislalia consiste em omissão, substituição ou deformação dos fonemas.

Linguagem tatibitate é um distúrbio de articulação e fonação em que o indivíduo conserva


voluntariamente a linguagem infantil.

Rinolalia é a ressonância nasal em grau maior ou menor, que o normal, no ato de falar. Podendo
ter como causa problemas nas vias nasais, na adenóide, por lábio leporino ou fissura palatina. Os
sujeitos acometidos são chamados de fanhos.

Gagueira ou tartamudez é o distúrbio de ritmo ou disfluência da fala, que envolve em suas


causas bloqueios, hesitações, prolongamento e repetições de sons, sílabas ou frases.

Mudez ou mutismo é decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo a


formulação e coordenação de ideias, ocasionando o impedimento na transmissão de comunicação
verbal. Ou seja, o indivíduo não tem a capacidade de articular palavras.

TDAH: O Transtorno de Défice de Atenção e Hiperactividade é um problema de ordem


neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e
impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados
como DDA (Distúrbio de Défice de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e
inquietação, factores que podem advir de causas emocionais. É importante que esse diagnóstico
seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.

E os Distúrbio de Comportamento representados por atitudes da criança que se manifestam em


um padrão fora do comum. Dentre estes catalogados teremos: Fobia escolar, Agressividade,
Medo, Timidez, Agitação, inquietude e instabilidade e TDAH.
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2.8. Organização da intervenção a desenvolver com crianças com multideficiência


Para desenvolver práticas que respondam às necessidades e características das crianças e jovens
com multideficiência é preciso antes de mais compreender a criança/jovem com quem se está a
trabalhar. Assim, é importante no processo de avaliação ter em atenção três dimensões:

i) Criança: conhecer os seus interesses, problemáticas, capacidades, necessidades e formas de


comunicação;

ii) Família: conhecer os seus interesses e necessidades, bem como as suas expectativas face ao
futuro;

iii) Actividade: perceber como funciona a criança nos seus contextos e o modo como estes se
organizam. Face ao exposto é essencial que o processo de avaliação da criança/jovem com
multidocência se baseie na recolha de informação sobre as suas capacidades e necessidades, bem
como as necessidades das suas famílias. Só dessa forma é possível compreender como é que a
criança interage nos diversos contextos, como é que os contextos se organizam para responder às
suas necessidades e, com base nessa informação, planificar e organizar a intervenção mais
adequada.

De acordo com LADEIRA & AMARAL (1999), neste processo de avaliação é fundamental o
trabalho em equipa e em parceria entre os diversos profissionais (exemplo: professores,
psicólogos, terapeutas, médicos) envolvidos no processo educativo da criança/jovem com
multideficiência. É igualmente imprescindível a participação da família, na medida em que esta
poderá dar o seu contributo para se conhecer as necessidades e os interesses da criança/jovem,
bem como as necessidades da família. Esta partilha de informação é muito importante para ajudar
a construir respostas educativas adequadas ao perfil das crianças/jovens.

Concluído o processo de avaliação é essencial planificar-se a intervenção a desenvolver, a qual


deve atender: i) à definição de objectivos e estratégias individuais; ii) ao envolvimento da família
no processo; iii) à organização de actividades e experiências significativas centradas na vida real
e iv) à participação na dinâmica da comunidade educativa. É igualmente necessário ter em
atenção alguns pressupostos básicos e princípios orientadores, dos quais se destacam: criar uma
relação de confiança e de segurança com a criança/jovem; organizar e estruturar ambientes de
aprendizagem, considerando a perspectiva da criança e da família; e promover oportunidades de
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aprendizagens significativas para a criança, as quais podem passar pelo seu envolvimento em
actividades da vida real. Neste caso a planificação da intervenção deve definir os intervenientes
dessas actividades, a sua rotina, o tipo de participação que o aluno irá ter, as adequações
necessárias, as estratégias a utilizar pelo adulto e o processo de comunicação a utilizar.

A complexidade das problemáticas apresentadas pelas crianças/jovens com multideficiência


condicionam a sua capacidade de participação nas actividades que realizam nos diversos
contextos de vida precisam também de ambientes de aprendizagem estruturados, que facilitem o
conhecimento do mundo que as rodeia. É igualmente importante que a organização do ambiente
educativo facilite a comunicação e proporcione oportunidades de aprendizagem que sejam
significativas para a criança/jovem. Para que tal aconteça, há, na perspectiva de Saramago e seus
colaboradores, quatro dimensões a ter em consideração: o espaço, as pessoas, as actividades e o
tempo.

NUNES (2001), realça ainda a importância de se desenvolverem actividades lúdicas, pois o


envolvimento destas crianças neste tipo de actividades pode criar momentos de diversão, os quais
promovem experiências divertidas, possibilitam a comunicação e a interacção com outros
parceiros e proporcionam uma melhor compreensão do mundo onde se encontram.

A intervenção deve então centrar-se na organização de actividades promotoras de situações de


aprendizagem que vão ao encontro dos interesses, necessidades e características destas
crianças/jovens, e das necessidades e desejos das suas famílias, e constituam oportunidades
significativas para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Em suma, na organização da intervenção há que considerar o processo de avaliação das


crianças/jovens com multideficiência, sendo este um processo dinâmico, que envolve o trabalho
de parceria entre os diversos intervenientes, tomando como ponto de partida a criança. A partir do
conhecimento da sua individualidade e das suas necessidades particulares e familiares, é possível
planificar actividades promotoras de oportunidades do conhecimento do meio envolvente. Em
termos curriculares a principal área curricular a considerar deve ser a comunicação, no sentido de
ajudar a desenvolver competências comunicativas, a aprender conceitos, a interagir com o meio
envolvente, a relacionar-se com os seus pares e a manifestar sentimentos, gostos e preferências.
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2.9. Inclusão de alunos com multideficiência no ensino regular


LADEIRA & AMARAL (1999), justifica que atendendo à particularidade das características dos
alunos com multideficiência, a sua educação apresenta-se como um desafio para os profissionais
que com eles trabalham, nomeadamente quando frequentam contextos regulares de ensino.
Independentemente das características específicas de cada um, todos têm os mesmos direitos,
sendo responsabilidade dos intervenientes no seu processo educativo encontrar formas de os
poder instruir e educar, de acordo com as suas necessidades, num ambiente de aprendizagem
estruturado, que lhes possibilite uma vida de qualidade. O grande desafio é contribuir para a sua
inclusão nos diversos contextos de vida.

A inclusão pressupõe o acesso aos contextos regulares de ensino por parte de alunos com NEE e
a sua participação activa nesses contextos, mesmo os que apresentam dificuldades severas. Esta
inclusão deve procurar fazer-se sempre que possível, atendendo à individualidade desses alunos e
facultando-lhes os apoios necessários, de modo proporcionar-lhes uma educação de qualidade.
Como afirma NUNES (2008) “a inclusão na comunidade e a qualidade de vida são objectivos
comuns a todos os seres humanos”.

De acordo com CORREIA (1999),

o princípio da inclusão deve assentar no acesso e na participação de alunos com


NEE em classes regulares, sempre que possível, tendo em consideração as suas
características e necessidades individuais. A inclusão deve acontecer nos espaços
escolares, mas também nos espaços comunitários, apoiando os alunos em
diversas áreas (por ex.: na área educativa, área social e área terapêutica),
contando com a parceria entre professores, técnicos, terapeutas, médicos,
comunidade educativa e famílias.
De acordo com VAZ (2012), a inclusão de alunos com NEE no ensino regular tem sido uma
preocupação constante no meio educativo, sendo por isso objecto de estudo de vários
investigadores, os profissionais entrevistados estão essencialmente “preocupados com a
identificação das necessidades educativas específicas dos alunos”, principalmente a nível da
comunicação, “mas também em relação à sua grande dependência funcional e problemas de
saúde, e com a adaptação do currículo para responder a estas necessidades”.
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As dificuldades sentidas aumentam de acordo com as idades dos alunos, sendo de destacar as
dificuldades na organização e no desenvolvimento de actividades adequadas a alunos mais
velhos.

LADEIRA & AMARAL (1999), consideram que a inclusão de crianças/jovens com


multideficiência é um processo que ocorre ao longo da vida e que deve prever a melhoria da sua
qualidade de vida. Estas autoras referem que “Este processo tem, entre outros, o objectivo de
melhorar as condições de participação e envolvimento da população com multideficiência na vida
da comunidade, através de um envolvimento na escola, no trabalho, a em actividades de recreio e
na família”.

LADEIRA & AMARAL, afirmam também que estes alunos devem ter o direito de frequentar a
escola regular, participando em diversas actividades, como qualquer criança. Por sua vez,
NUNES (2008), reforça a ideia de inclusão destas crianças/jovens ao defender que a organização
das respostas educativas não difere, no essencial, da desenvolvida com todos os outros alunos, na
medida em que a inclusão na comunidade e a qualidade de vida são objectivos comuns a todos os
seres humanos. Assim, na educação destes alunos devem ser dadas oportunidades para que cada
um alcance o máximo de independência possível, participe na vida da comunidade, de acordo
com as suas potencialidades e faça aprendizagens significativas.
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3. Conclusão
As possibilidades educativas e de integração da criança com deficiências associadas não é um
tema que se debate, uma vez que todos têm direito, não apenas a educação mas sim a educação
em função das suas próprias possibilidades ou particularidades. A educação deve ser heterogénea,
abarcando interesses e necessidades diferentes, tanto no caso de estes se manifestarem por
deficiências físicas, sensoriais, mentais, como simplesmente por problemas de comportamento,
emocionais, sociais ou mesmo por uma associação destes.

As crianças com multideficiência constituem um grupo heterogéneo, apresentando dificuldades


muito específicas resultantes da conjugação de limitações nas funções e estruturas do corpo e de
factores ambientais que condicionam o seu desenvolvimento e funcionamento. Essas limitações
dificultam o acesso ao mundo, reduzindo significativamente a procura de informação e afectando
as capacidades de aprendizagem e de solução de problemas.

De modo a alcançarem o sucesso nos contextos educativos as crianças e os jovens com


multideficiência necessitam de: viver situações de aprendizagem que garantam a sua participação
em actividades realizadas em contextos reais e diversificados, que privilegiem a sua mobilidade e
a interacção através de formas de comunicação eficientes; opções curriculares adequadas às suas
características e necessidades (focalizando-se o currículo nas áreas da comunicação e da
orientação e mobilidade); práticas de ensino especializadas que “fujam” das abordagens
tradicionais e que se centrem em actividades naturais. A actividade, o movimento e a
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comunicação apresentam-se como uma tríade importantíssima para a realização do Programa


Educativo Individual; oportunidades para acederem a informação significativa que os ajudem a
compreender melhor o mundo onde se encontram e a interagirem com pessoas significativas que
lhes proporcionem experiências de vida reais; serviços e apoios específicos.

4. Bibliografia
 CONTRERAS, M. D. C. e VALENCIA, R. P. “A Criança com Deficiências Associadas”.
Coordenação de Bautista, R. Dina livro. 1ª Edição. Lisboa. 1997;
 CORREIA, L. Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares. Porto:
Porto Editora1999;
 LADEIRA, F; AMARAL, I. A Educação de Alunos com Multideficiência. Lisboa: Ministério
da Educação. Departamento da Educação Básica, 1999;
 NUNES, C. Alunos com multideficiência e com surdo-cegueira congénita. Organização da
resposta educativa. Lisboa: 2008;
 ORELOVE, F. P. e SOBSEY, D. R. N. Educating Children with Multiple Disabilities: a
Transdisciplinary Approach. 3ª Edição. Paul Brookes Publishing Co., Inc. Baltimore. 2000;
 RODRIGUES, D. Educação Inclusiva – Estamos a fazer progressos? Cruz Quebrada:
Faculdade de Motricidade Humana. 2006;
 SMITH, D. D. Introdução à educação especial: ensinar em tempos de inclusão. Porto Alegre:
Artmed Editora. 2008;
 VAZ, M. O professor de apoio de educação especial – Um agente de mudança em contexto
de colaboração. Coimbra: Fora do Texto. 1995;
 ZABALZA, M. A. Diários de Aula. Porto: Porto Editora, 1994.

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