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OUTRAS OBRAS DE MW. R.

BION
PUBLICADAS PELA IMAGO

A ATENÇÃOE INTERPRETAÇÃO
— O acessocientífico à intuição em psicanálise e grupos —
Nova tradução: Paulo Dias Corrêa

AS TRANSFORMAÇÕES
A mudança do aprenderparao crescer
Nova tradução: Paulo Dias Corrêa

EXPERIÊNCIAS COM GRUPOS


CONFERÊNCIAS BRASILEIRAS 1 — SP/1973
— Second Thoughts —

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS:

ELEMENTOSEM PSICANÁLISE

WILFRED R. BION
— Vida e Obra — 1897-1979 —
Gérard Bléandonu
TRADUÇÃO DE
PAULO DIAS CORRÊA
O APRENDER A GRADE
COM A EXPERIÊNCIA
Hipó
W.R. Bion Nota- Aten-| Inves-|
a Ação
Dei y cão ção
A linguagem que alguém usa para transmitir
algo que acredita alcançar, articula-se, de
modotendente a comunicar o proposto, pela e lolg|l4a[5L6).n
via mais acessível, direta, ao alvo.
A disposição básica de fazê-lo parte da con- AL AZ A6
vicção de acompanhar texto, trajeto e con- elementos-B
texto. Por muito que pareça contorcida,
prossegue, mais ou menos imperturbável,
em direção aointento estabelecido. Nem che-
Bi |B2|B3| B4| BS| B6|---Bn
gaaserdifícil, admitir realizara tarefa de levar B
elementos-O
a mensagem,a bomdestino.
Ospercalços estão, não raro, na ansiedade
vislumbrada ou definida, da parte do destina-
c1 |C2 C3| C4| €5 c6 = Cn
tário, se interlocutor. A experiência advinda, E
Pensamentos
onfricos, Sonhos,
viva, do convívio com este, favorecee aper- Mitos
feiçoa a outra, de relacionar-se com invisí-
vel, o leitor.
|D2 D3| D4| D5| D6| ---Dn
Presente, dentro do que busca transmitir, D pi
reconhecido em suas prerrogativas funda- Pré-concepção
mentais de detentor do poder de juízo, de
avaliador do esforço, embora não se reco-
er (22 63 B4| E5| B6] En
mende seduzi-lo, cumprelisonjear-lhea inte-
ligência e qualidade de alcance do que lhe E
Concepção
chega.
Obviamente,não lhe agrada o óbvio. Não o
homenageia. Nem o abstruso, que pode con-
mm | n| ES| F6| Fa
fundio, Fica o meio termo, instigante, indu- f
Conceito
tor do pensar, demandando-lhe descrimine,
encontre significado e prolabe a sentença.
Não convém chegue muito próximo de sua G
experiência sedimentada. Recomendável, Sistema
a
Dedutivo
sinta-se convidado a opinar sobre o que, até
Científico
ainda desconhecido e novo.Já dentro dafaixa
doprecisar tolerar a angústia e a frustração de H
ter de se dirigir rumo ao imponderável, vizi- Cálculo Algébrico
nhoà infinitude. Haverá semelhança, peque-
naqueseja, coma idéia dequeo silêncio da
palavra lida, conotativa, fecunde um temor
nascente, igualmente seminal, de estar, tal-
vez, face a face, com o própriouniversoínti-
mo, ainda mantido, em secreto?
e
gu W.R. BION

O APRENDER
=

COM A EXPERIÊNCIA

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte — Série Analytica —


Sindicato Nacional dos EditoresdeLivros,RJ.
Bion, W. R. (Wilfred Ruprecht), 1897-1979 Direção de
B514a O aprender coma experiência/WilfredR. Bion; JAYME SALOMÃO
tradução PauloDiasCorrêa. — Rio de Janciro: Imago
Ed., 1991.
146p. (Série Analytica) Tradução de
PAULO DIAS CORRÊA
Tradução de: Learning from experience.
Índice
ISBN 85-312-0153-5

1. Psicanálise. . Título.II. Série

CDD —616.8917
CDU — 159.964.2
910762 615.851.1 IMAGO EDITORA
— Rio de Janeiro —
O 1962 by W. R. Bion nte
by arrangement with Mark Patersonand Francesca Bion

Revisão: Pedrina Ferreira Farias


Luiz Otavio Souzae Silva
But the mortallest enemy unto Knowledge, and thai
which hath done the greatest execution upon truth,
hath beenaperemptory adhesion unto Authority, and
more especially, the establishing ofour belief'upon the
dictates ofAntiquity.

Direitos adquiridos por IMAGO EDITORA LTDA. Thomas Browne, Enquiries into Vulgar and Com-
Rua Santos Rodrigues, 201-A — Estácio
CEP 20250 — Riode Janeiro — RJ
mon Errors: OfAdherence Unio Antiquity
Tel.: 293-1092
O inimigo mais mortal do Conhecimento e de maior exa-
ção sobre a verdade vem sendo a peremptória adesão à
Autoridade e, em especial, fundar convicção sobre dita-
mes de Antiguidade.

1991 Thomas Browne, Inquirições nos Erros Vulgares e


Comuns: Do Apegoà Antiguidade.
Todos osdireitos de reprodução,divulgaçãoe tradução sãoreservados.
Nenhumaparte desta obra poderá ser reproduzida porfotocópia,
microfilme ououtro processo fotomecânico.

ImpressonoBrasil
Printed in Brazil ,
Ms
fe

AGRADECIMENTOS

De alguns daqueles a quem devo, eusei e a eles apresen-


to meureconhecimento pelo débito. Estouciente de ou-
tros, principalmente pacientes, de cuja cooperação
tenho sempre que depender, mas devem permanecer
anônimos. O Dr. Elliott Jaques, o Sr. R. Money-Kyrle e a
Dra. H. Segal me auxiliaram fazendoa leitura c crítica do
manuscrito. O tanto, exatamente, de liberalidade de tem-
po e esforço queisto significa para psicanalistas profis-
sionais só pode ser valorizado por outro profissional da
análise.
Finalmente, como sempre, há meudébito com minha
esposa, sem cujo apoio cu nãopoderiatentar escrever.
(e
INTRODUÇÃO

1. Essenciais ao aprender, os problemas ques


c levantam
neste livro têm longa história de investigação
e estudo.
Naclínica psicanalítica, Principalmente com
pacientes
que revelam sintomas dedistúrbios do pensamen
to tor-
na-se claro que a psicanálise acrescenta uma
dimensão
aos problemas,se não à sua solução.
2. Olivro considera, da mancira mais prática,
as ex-
periências emocionais que diretamente se liga
m tanto às
teorias do conhecimento quanto à psicanálise clíni
ca. O
indivíduo habituadoao métodofilosófico não
tem amiú-
de a experiência íntima do analista com os proc
essos de
distúrbio do pensamento e mesmo os psica
nalistas, rara-
mente cuidam de tais casos. Tenho sidofeliz
a este res-
peito, masfalta-me a formaçãodofilósofo. Tive
entanto,
o privilégio de ser analisado Primeiro porJohn
Rickman
e depois por Melanie Klein.
3. Tenho experiência de registrar, mas estou em dú-
vida como comunicá-la a outrem;o livro explica por
quê.
Certa época pensei dedicar-me à análise de candidat
os.
Acredito que os psicanalistas estão certos em admi
tir seja
este, no momento, o Único método eficaz dé tran
smitir a
experiência analítica que hoje temos; limitar porém,
nos-
sos esforçosa esta atividade assemelha-se à cult
o esotéri-
co. Por outro lado, publicar livro como este pare
ce
prematuro. Não obstante, creio possível dar umaidéia
do
aa jm
mundo que se revela natentativa de compreender nossa 6. Se de novo leitor considera o parágrafo anterior
compreensão. Se o Icitor se sente tentado a prosseguir, O (5), vê que, ao reivindicar o emprego do termo função e
livro alcança o objetivo. insistindo que mantenha a penumbra de associações,
4. Reduzo notase referências ao mínimo; são essenciais levo-o a supor que uso o termosegundo normas e con-
ao pensar o pensamento, mais pelo livro que simplesmente venções com que matemáticos c filósofos regulam seu
pela leitura. O livro foi escrito para ser lido porinteiro, de uso. Se correspondo à expectativa, admite-se que uso
uma vez, sem verificar partes, a princípio obscuras. Certas “adequadamente” o termo. Sc desaponto entanto a ex-
obscuridades devem-se à impossibilidade de escrever sem pcctativa (despertada pela penumbrade associações de
pressupor familiaridade com algum aspecto de problema que o não despojo), com razão sc afirma que abuso dele.
quesó ulteriormente se elabora. Se o leitor Iê até o fim, tais Acolhendoa crítica, fica-me pois aliberdade de explicita-
pontos se tornam mais claros, à medida que prossegue. Há mente despojar o termo de sua penumbra de associações
também obscuridades que infelizmente se devem à minha in- ou aceitar as convenções de uso implícitas nas suas asso-
capacidade de esclarecê-las. O lcitor talvez considere com- ciações.
pensador o esforço para esclarecê-las e não apenas fadiga que 7. Na realidade não adototais critérios. Suponha que
lhe causo, pornão tentálo eu próprio. vejo um indivíduo caminhar. Digo que a marcha lhe é
5. Talvez pareça que entendo mal palavras com signi- função da personalidade e deduzo, após investigar, que
ficação estabelecida, tal meu uso dos termos função e fa- amor por uma jovem c inveja do amigo dela são osfatores
tores. Um crítico me adverte quanto à utilização ambígua da função. Ou que o amorpela jovemca inveja do amigo
dos termos c de poder até desorientaro leitor sofisticado dela são os fatores da função. Apósinvestigação ulterior,
com a associação, de ambasas palavras, com a matemáti- alcanço que, ao afeto pela moça soma-se a inveja do ami-
caca filosofia. Emprego-as deliberadamente em função go; ou F(sua marcha) = A+(E = função, A = amor, 1 = in-
da associação, c preciso que a ambiguidade permaneça. veja). Minhas observações entanto aproximam-se da
Queroque leitor se lembre da matemática, da filosofia e teoria kleiniana da identifi cação projetiva c a melhor ex-
do consenso, porque examino acaracterística da mente pressãodaidéia dos fatos é afirmar que a função de cami-
humanaque se desenvolve de modoa, num estágio ulte- nhar é sinal de que o paciente crê ter incorporado a
rior, classificar-se nestasdisciplinas e outras. Não exami- amada a que se identifica e o rival que inveja, mas com
no entanto em que função se torne; uso o termo para quem, de igual modo, se identifica c comanda ambos os
indicar que,se o indivíduo observado efetua cálculo ma- objetos, aprisionando-os nas pernas. Poupo ao leitor o
temático, desenvolve algum tipo de marcha ou ato inve- uso da figura geométrica que “matematicamente” em-
joso, para mim tudoisso são funções de personalidade. prega a idéia; encareço-lhe todaviaverificar se abuso há
Se lhe cuido da exatidão matemática não é porque me in- dos termos “função” c “fator” do Capítulo Primeiro. Ad-
teresso pela matemática e sim porque a matemática e o mito uso confuso, sementanto claro abuso. Emcapítulo
acuradoda execução são funções da personalidade e pre- subsequente, admito ser o usode idéias e símbolos que
ciso conhecer-lhesosfatores. as representam menos evoluído que o processo pelo

=jDi =ilBi=
qualse desenvolvem. Admito assim abusar de umaidéia
ouseu símbolo, ou de ambos, masnão creio exista crité-
rio definitivo que resolva o assunto. Em metodologia psi-
canalítica, não há critério para se determinado uso é
certo ou errado, significativo ou demonstrável, mas se
promove ounão desenvolvimento.
8. Não imaginoo critério de favorecer o desenvolvi Súmula de Conteúdos
mento como sem restrições; em casos de distúrbios gra-
ves do pensamento, a teoria c a clínica psicanalíticas
apontam a necessidade de reformularas idéias sobre a O plano do livro, que se segue, serve como roteiro
origem e natureza dos pensamentos além de reformula- breve:
ção paralela quanto a dispositivos para conseguir “pen- O capítulo 1º apresenta explanação preliminar de
sar” os pensamentos. Se é necessário modificaras idéias dois termos.
sobre pensamentos c dispositivos do pensar, talvez a mo- O capítulo 2º demarca a área em que uso os termos,
dificação, caso significativa, como creio, requersc altere parte de meu arsenal de pesquisa.
o modo de produção dos “pensamentos” ce métodos que O capítulo 3º inicia a descrição cstilizada de experiên-
empregamospara usá-los. Meu método de produzir o “fa- cias emocionais, de realizações que, por participardelas,
tor” e a “função” (e a aptidão deles para representar a são estímulo para o todo dolivro. “Estilizada” significa
realização) não é necessariamente errôneo porquedifere elaboração consciente porquea falsificação, quetal mé-
dos em geral aceitos como aptos à adequada produção, todo de apresentação acarreta, é muito menor que de
naturezae uso de conceitos, embora não sefurte ao exa- quaisquer outros, inclusive dos chamadosregistros me-
me crítico que,acredito, submete-se todopensar à luz da cânicos. Estes têm fidelidade da fotografia mas, confec-
experiência psicanalítica. cioná-los, não obstante a aparente probidade do
9. Os métodos, nolivro, não são definitivos. Mesmo resultado, leva mais longea falsificação — ou seja,até den-
quando, ao me dar conta de que eram inadequados, com tro da sessão. A fotografia da fonte da verdade talvez seja
frequência, não pude melhorá-los. Vi-me em posição si- muito boa mas, da fonte após turvada pelo fotógrafo e
milar à do cientista que emprega teoria deficiente por sua máquina; mesmo assim, continua o problema de in-
aguardar se descubra uma melhor quea substitua. terpretar a fotografia. A falsificação do registro é maior,
por emprestar verossimilhança aojá falsificado.
O capítulo 4º é formulação breve de idéias que se exa-
minam nolivro.
Os capítulos 5º a 11 descrevem súmula de fenômenos
clínicosrelativos ao tema dolivro; familiares aos analis-
tas, embora vazados em termos porcerto mais significati-
px
=Bio atSi=s
vos para analistas adestradosnas teorias klcinianas. A des- Os capítulos 24 e 27 prosseguem a explanação com
crição indica o uso que atribuo aos termos função-alfa e referência especial ao aprender (o vínculo S). O capítulo
barrcira-de-contato e aofinal do capítulo 11, encareço a 28 elabora o mesmo tema em menos (8).
importância da diferença entre modificar a frustração e
fugir dela.
O capítulo 12 começa pelo exame daidentificação
projetiva e seu alcance sobre a gênese do pensamento. O
tema se encaminhapara a parte que a experiência oral e
alimentar desempenha no provimento do modelo para
pensar. Atraio a atenção para as graves consequências
que a mãe, incapaz de reverie, acarreta sobre o desenvol
vimento.
O capítulo 13 ocupa-se dos problemas de registro das
sessões c teorias do analista e estuda as possibilidades
que oferece o acesso ao método de notação científica, já
no capítulo 14.
Os capítulos 14 a 16 apresentam assiglas A, 0 €S, de
uso no cxame do tema do livro.
Os capítulos 17 e 18 retomam o uso da abstração
“função-alfa” parao estudo da gênese dos pensamentos.
Examinam-se aí, problemas de abstração ougeneraliza-
ção e concretização ouparticularização.
O capítulo 19 inicia o exame do uso de modelos psica-
nalíticos.
O capítulo 20 investiga a abstração, no esforço de
usarsinais abstratos para elucidar problemas da abstra-
ção tal se apresentam em análise.
O capítulo 21 refere a teoria kleiniana dainter-relação
das posições depressiva e esquizoparanóide: investiga-
lhes a correlação com o aprender e a experiência emo-
cional que se associa aos termos usuais das teorias da
causalidade.
Oscapítulos 22 e 23 estudam a invenção do modelo e
a abstração no contexto daclínica analítica.
=ii7e
— 16—
transferência ou inveja, mas algo queé função de transfe-
rência e inveja. Cumpre, à medida quea psicanálise pros-
segue, deduzam-se novos fatores das modificações da
função e diferenciem outras funções.
4. “Função” designa atividade mental própria a cer-
CAPÍTULO PRIMEIRO tos fatores que atuam conjugados. “Fator” indicaativida-
de mental que atua em conjunto com outrasatividades
mentais e configuram umafunção. Da observação defun-
Função de personalidade:fatores deJunção. ções deduzem-se osfatores de que eles em conjunto são
Teoria defunções. Função-alfa. parte. Eles são teorias ou realidades que as teorias repre-
sentam. Talvez pareçam trivialidades de intuição co-
1. Rotular pelo nome da pessoa a ação que se lhe mum; não o são porque cientificamente se emprega a
acredita peculiar, falar por exemplo, de silveirismo palavra que designafator, de mancira mais precisa que na
comodefunção da personalidade de um homem chama- linguagem coloquial. Osfatores não se deduzem direta-
do Silveira é bastante comum na conversação. Valho-me mente e sim da observação de funções.
do costume, para deduzir umateoria de funções que se 5. A teoria de funções facilita a união da realização!
coadunaà aplicação mais rigorosa quea da linguagem ha- com o sistema dedutivo” que a representa. Além disso, dá
bitual. Admito, na personalidade, fatores que se combi- flexibilidade à teoria analítica, que se aplica a ampla varie-
nam ao produzir entidadesestáveis a que chamo funções dade de situaçõesanalíticas, sem prejuízo da integração e
de personalidade. O sentido que atribuo aos termos “fa- estabilidadedaestrutura de que faz parte. Ademais, em vir-
tores” e “funções” e o uso que lhes dou logo surgem, tude da teoria de funções,os sistemas dedutivos generali-
mas algum esclarecimentopreliminar não é descabido. zados representam por excelência observações da análise
2. O enunciado porleigo, que “fator a se considerar, de determinado paciente. Isto importa, de vez que a teoria
na personalidade de X, é sua inveja dos companheiros” psicanalítica volta-se para as modificações que ocorrem na
significa pouco ou muito; o valor depende da avaliação personalidade do paciente. Se o analista observa funções e
que fazemosda pessoa que o emite e da importância que delas deduz os fatores que lhes são correlatos, desfaz-se a
ela atribui às palavras. O vigor do enunciado diminui, se lacuna entre a teoria e observações sem arquitetar novas”
confiro ao termo“inveja” a importância e significado que teorias possivelmente desorientadoras.
M. Klein lhe concede. 6. A função que examino, por sua importância in-
3. Suponha agora outro enunciado: “as relações de trínseca, também ilustra o uso a se fazer da teoria de fun-
X com os companheiros são típicas da personalidade em ções. Chamo-a função-alfa e assim a menciono sem à
que um fator é a inveja”. Expressa observar-se função cu- restrição advinda do emprego dc expressão de mais sen-
jos fatores sãoa transferência e a inveja. Observa-se não tido, por sua penumbra deassociações. Por outro lado, é
mister preservaro significadode teorias de fatores e em-
fg
DÃO
Uso a expressão da maneira que facilmente se compreende na
pregá-las com a exatidão possível. Admito que autores e
Algebraic Projective Geometry, Semple and Knecbone
estudiosos que, com experiência crítica, examinaram as (O.U.P., 1956), Capítulo 1º, onde se examina o conceito de
teorias, esclareccram-lhes suficientemente o sentido. A geometria. .
independência que o emprego da expressão função-alfa 2. Emprego o termo “sistema dedutivo” ou “sistema dedutivo
denota e sua exatidão compactae aplicação a tudo que se científico” para cobrir qualquer aproximação ou aproximação
refere a fatores, conferem-lhe flexibilidade sem lhe debi- projetada dossistemas lógicos descritos na Scientific Explana-
tion, Braithwaite (C.U.P., 1955), Capítulo II em diante.
litar a estrutura. Pode parecer que o uso que faço de de- 3. Compare-se com: The Logic of Scientific Discovery, ER. Pop-
terminada teoria desvirtua a acepção do autor. Se assim per (Hutchinson, 1959), pág. 35, nota 2, em que admiravel-
penso, declaro-o, mas de outro modo é de supor que mente se elucidaa dificuldade.
acredito interpretá-la corretamente.
7. Recorro deliberadamente à expressão função-alfa
por destituída de sentido. Antes de delimitar a área de inda-
gação em que proponho usá-la, cumpre-me ventilar um
problemaparalelo a esta investigação. De vez que o objeti-
vo da expressão sem sentido é provera investigação psica-
nalítica do equivalente à variável dos matemáticos, a
incógnita a que se confere valor, depois que seu uso ajudou
adeterminá-lo, importa nãose lheatribua, precocemente, o
papel de comunicar significações, pois os significados pre-
maturos talvez constituam precisamente os que competia
eliminar. O simples fato entanto, de se usar a expressão fun-
ção-alfa numa investigação especial, inevitavelmente conduz
a seu reinvestimento com significações que se derivam
de investigaçõesjá efetuadas no campo. Convém se exerça
portanto, vigilância constante para impedir tal desenvolvi-
mento,ou prejudica-se, de início, o valor do instrumento. A
área de investigação se aproximadas que os trabalhos, no ca-
pítulo seguinte citados, abrangem.

NOTAS

1. Uso o termo “realização” no sentido que tem quando se diz


que a Geometria cuclidiana de três dimensões apresenta a es-
trutura do espaço ordinário como uma de suas realizações.

BO E
ria que desejo propor, da conceituaçãoulterior de Freud,
“que parte entanto ficou por desempenharno nosso cs-
quema de consciência, outrora tão onipotente, e que
tudo mais nos ocultou de vista”? Apenas a de órgão sen-
sível para perceber os atributos psíquicos.” (Os grifos
são de Freud).
CAPÍTULO SEGUNDO
3. Prosseguindoa citação de Freud de “Dois Prin-
cípios do Funcionamento Mental”, “função especial
Orgãossensíveis e consciência. Prazer desprazer. periodicamente pesquisa o mundo externo, de modo
a já lhe serem conhecidas as características, ao surgir
1, Ao descrever a instituição do princípio derealida- necessidade interior premente. Tal a função da aten-
de, Freud afirma: “A significação crescente da realida- ção. Sua atividade encontra as impressões sensíveis,
de externa também aumentao significado dos órgãos ao invés de esperar se manifestem"? Freud não pros-
sensíveis que se voltam para o mundo externo e da segue no exame da atenção, mas O termo tal o usa
consciência que a eles se liga; esta aprende a com- apresenta sentido que investigo como fator de fun-
preender atributos sensíveis, além das manifestações ção-alfa.
de prazer e desprazer, até aqui de interesse só para 4. Continua, “ao mesmo tempo surge provavel
ela”, Acentuo, “esta aprende a compreender”; por mente o sistema de notação, com tarefa de armazenar
“esta” Freud quis provavelmente significar a “cons- os resultados da atividade periódica da consciência —
ciência que sc vincula a impressões sensíveis”. Estu- parte do que chamamos memória”. A notação e arma-
do adiante o atribuir compreensão à consciência. A zenamento dc resultados da atenção constituem pois,
função de compreensão é de interesse imediato. Inves- fenômenos a investigar com auxílio da teoria de fun-
tigam-se ao exame, a compreensão das impressões ção-alfa.
sensíveis e das características do prazer e desprazer. 5. Consideram-se as teorias de Melanie Klein e cola-
São igualmentereais, as impressões sensíveis € prazer boradores. Enumero-as aqui. À cisão e aidentificação
desprazer, abandonando, como sem importância para projetiva;” a transição da posição esquizoparanóide
o tema da compreensão, distinguir, como Freud, entre para a depressiva e vicissitudes;” a formação simbólica”
“mundo externo” e prazer desprazer. Examino entanto e parte de meu trabalho prévio sobre o desenvolvi-
a influência do Princípio do Prazer e do de Realidade se mento do pensamento verbal” Analiso-as apenas
bre a necessidade que, se vê, o paciente apresenta de como fatores que se modificam por se combinar mu-
modificara realidade ou fugir dela. tuamente numa função. Isto quanto ao trabalho pré-
2. Atribuir compreensão à consciência leva a contra- vio. Exemplifico agora o emprego da Teoria de
dições evitáveis pela aceitação, paraas finalidades da teo- Funções na investigação psicanalítica do campo que
abrange o trabalho exposto neste capítulo.
asidico não
NOTAS

Two Principles of Mental Functioning,


as

S. Freud. (C.P., 1911


Vol. IV). Não se selecionam as citações
e referências do ca E
tulo, que se destinam a indicar os limit
es da área em que E
prego O conceito de função-alfa, com
o rigor que considero
necessário, se a scleção se faz para empr
ego de teoria científi-
ca como fator para usona teoria de funções.
Z: S. Freud (1954), Interpretation ofDreams CAPÍTULO TERCEIRO
, pág. 615.
É Eltwo Principles ofMental Function, ing (CP)
, Capítulo IV, pág. 15,
. “Notes on Some Schizoid Mech
anisms”, M. Klein Develo; :
— ments in Psycho-analysis, pág. 300. Os elementos-beta
5. M. Klein, Ibid. : ii
, pág. 293.
6. Importanee of Symbol Formationin
a Ea »M. Klein, Contributions to Psyc
the Development of the 1. A experiência emocional vivida durante o sono —
ho-analysis, pág. 236, que escolho por motivos imediatamente patentes —
4 Ro
erentiatite ana Psychotii c from the non-psyc
hoti
tic c Pers
Pc onalÉ i- nãodifere da vivida durante a vigília, no que as percep-
ções da experiência emocional só se utilizam como

2"
pensamentos oníricos depois de elaboradas pela fun-
( AR A ção-alfa.
AAA) = - 2. A função-alfa atua sobre as impressõessensíveis
quaisquer que sejam c sobre as emoções que o pacien-
te percebe. À medida que a função-alfa atua, produ-
zem-se elementos-alfa passíveis de se armazenar e
corresponder aos requisitos de pensamentos oníricos.
Se a função-alfa se perturba (por falta de convicção
exista objeto que satisfaz) e por isso não atua, as im-
pressões sensíveis que o paciente percebe e as emo-
ções que experimenta, permanecem inalteradas.
Dou-lhes o nome de elementos-beta. Ao contrário dos
elementos-alfa, os clementos-beta não se experimen-
tam como fenômenos,' mas como coisas-em-si.” As
emoções são, de igual modo, objetos sensíveis. De-
frontamos assim estado de ânimo precisamente con-
trário ao do cientista que se sabe interessado nos
fenômenos, mas idêntica certeza não tem que estes
apresentem equivalente de coisas-em-si.
=dãs —25—
3. Os elementos-beta não se utilizam como pensa- NOTAS
mentos oníricos, mas são passíveis de uso na identifica-
1 e 2. Recorro ao termo “fenômenos” para designar o que Kant
ção projetiva. Têm importância para produzir atuações. chama de qualidades secundárias e primárias. Utilizo, com
São objetos a evacuar ou usar para determinadotipo de Kant, a expressão coisas-em-si para referir os objetos incog-
pensar que depende do manipular coisas-cm-si quando noscíveis pelo indivíduo.
manipular substitui palavras ou idéias, por ausência de
representação mental e poder de abstração. Um indiví-
duo, por exemplo, assassina os pais e sente-se livre para
amar, por acreditar que, coma façanha, nunca existiram
pais internos anti-sexuais. O ato “livra a psique do au-
mento de estímulos”. Os elementos-beta armazenam-se,
masdiferem dos clementos*alfa em que não são propria-
mente memória c sim fatos indigestíveis, enquanto os
intetizadospela função-alfa, são utilizá-
. Importa diferenciar das lembranças
os fatos indigestíveis — os elementos-beta. (Examina-se
adiante o uso das expressões “digestíveis” e “indigesti-
veis”)
4. Seca experiência emocional do paciente não se
transforma em elementos-alfa, cle não pode sonhar. As
impressões sensíveis transformadas pela função-alfa
em elementos-alfa, semelhantes c identificáveis às
imagens visuais, a nós familiares, são os elementos que
Freud considera revelam conteúdo latente nos so-
nhos, quandoo analista os interpreta. Para Freud, uma
das funções do sonho é preservar o sono. A falta de
função-alfa significa paciente que não pode sonhar e
portanto, não pode dormir. Como a função-alfa torna
as impressões sensíveis da experiência emocional uti-
lizáveis pelo pensamento consciente e pelo onírico, o
paciente nem pode sonhar nem adormecer nem acor-
dar. Daí a condição peculiar em clínica, em que o pa-
ciente psicótico comporta-se precisamente nesse
estado.
a— =ige-
3. Se só há clementos-beta, que não se tornam in-
conscientes, não há repressão nem supressão nem
aprender. Isto dá a impressão de paciente incapaz de dis-
criminar. Não deixa de perceber o menor estímulo sensí-
vel: tal hipersensibilidade entanto não é contato com a
realidade.
CAPÍTULO QUARTO 4. Osataquesde ódio c inveja à função-alfa impedem
a possibilidade do paciente de contato consciente consi-
go e com outrem, como objetos vivos. Consegiente-
O aprender com a experiência mente, ouvimos falar de objetos inanimados, e até
lugares, quando normalmente se espera ouvir sobre pes-
1. Cumpre agora considerar a experiência emocional soas. À estas, os pacientes as sentem materialmente pre-
de mancira ampla e não apenas como ocorre no sono. sentes, descritas em palavras e por seus nomes, sem
Acentuoo quedigoaté aqui reformulando a teoria popu- representação mental delas. O estado contrasta com o
lar do pesadelo. Afirma que o indivíduo tem o pesadelo animismo, em que os objetos vivos se lhes afiguram com
por causa de indigestãoe aí acorda em pânico. Eis minha características de morte.
versão: o paciente sonolento está em pânico; nem tem
umpesadelo, nem acorda nem adormece; está tendo in-
digestão mental.
2. Eis enunciado mais abrangenteda teoria: a função-
alfa que atua sobre a percepção da experiência emocio-
nal propicia exista o aprender com a experiência; os
elementos-alfa originam-se das impressões da experiên-
cia; armazenam-se e sãoutilizáveis nos pensamentos oní-
ricos e no pensar inconsciente da vigília. A experiência
emocional da criança pequena chamada aprendera an-
dar armazena a experiência, graças à função-alfa. Os pen-
samentos originariamente conscientes tornam-se
inconscientese cla assim realiza o pensar que necessita
para andar, sem estar, daí por diante, consciente disso.
Requer-se a função-alfa para o pensar consciente, para o
raciocínio, como para relegar o pensar ao inconsciente,
quando necessário aliviar o consciente da sobrecarga do
pensamento, aprendendo uma habilitação.

mB midi
ção que lhe estimula amor e gratidão,e a intolerância
pela inveja e ódio conduzem cisão diversa da efetivada
para obstar a depressão. Diferc da cisão em que, por im-
pulsos sádicos, o bebê se sente compelido a não reco-
nhecer que existe o objeto vivo de que depende para os
benefícios que, mais tarde na vida, se chamam comodi-
CAPÍTULO QUINTO dades materiais. A inveja obriga-o a negar amor, com-
preensão, experiência e sensatez que o seio lhe propicia e
impede se desenvolva e consolide a ação da função-alfa. Isto
Afunção-alfa não se consolida faz seio e bebê apenas concretos, sem representação men-
tal equivalente, culpabilidade e medo sequentede suicídio
1. Examinamos agora a cisão inevitável que se associaà re- c homicídio passado,atual ciminente. a Onseiooporamor,
lação perturbada com seio e substitutos. Do seio o bebê compreensão€e desenvolvimento
recebe leite e demais confortos humanos; também amor,
compreensão e consolo. Suponha o bloqueio à suainiciati-
va por temorà agressão sua ou de outrem. Se a emoção é por amor continua insatisfeito, transformando-se em vora-
muito intensa,inibe-lhe o impulso para aceitar o sustento. cidade arrogante e desregrada.
No bebê ouna mãe, ou em ambos, o amor mais aumenta 3. Acisão, reforçada pela fome e pavor à morte por
que diminui o bloqueio, em parte porqueé inseparável inanição de um lado e,de outro, pelo amor e medo à inve-
da inveja! do objeto que assim ama, em parte por sentir ja e ao ódio homicidasjuntos, produz um estado mental
que desperta inveja e ciúme num terceiro objeto excluí- em que o paciente vorazmente se precipita sobre toda
do. A parte que o amor desempenha escapa à observa- forma de comodidade material; é insaciável e implacável
ção, pois a inveja, a rivalidade e o Ódio a encobrem, aum tempo, na busca de saciedade. Em tal estado advin-
embora não exista ódio sem presença de amor. A violên- do do impulso livrar-se das complicações emocionais
cia da emoção impele ao reforço do bloqueio porque ela de percebervida e relacionamento com objetosvivos, o
nãose diferencia da destrutividade, da culpa e depressão paciente sem poder de representação mental equivalen-
subsequentes. O pavor à morte, por inanição, compele te, afigura-sc incapaz de gratidão ou solicitude porsi c os
ao reinício da sucção. Desenvolve-se a cisão entre a satis- outros. Esse estado implica inexistir interesse pela verda-
fação material e psíquica. de. De vez que,sente, lhe falta algo, semelhantes disposi-
2. Tão temidos o medo, o ódio e a inveja que surgem tivos não o livram das agruras, empenha em salvar-se sob
medidas para destruir a percepção dos sentimentos, em- forma de busca por objeto perdido que culmina em su-
bora indistinguível isto de exterminara vida.” Se presente bordinação crescente às comodidades materiais; a quan-
bastante para que emoções o subvertam, o sentido de tidade é motivação dominante, não a qualidade. Sente-se
realidade força o bebê a retomar o amamentar-se, situa- rodeado de objetos bizarros,” de modo que, mesmoas co-

=D: -31—
modidades materiais lhe são más c insatisfatórias das ne- titude, traduzido para o português sab o título Fontes do In-
cessidades. Ei-lo em falta do aparelho,a função-alfa, que consciente e publicado por ZaharEditores, 1964,Rio.
mitiga tal penúria. Vorazmente e apavorado, um pós ou- 2. Ver capítulo quarto, parágrafo 4, pág. 29. .
tro contata o elemento-beta, incapaz, ao que parece, de 3. W. R. Bion, “The Differentiation of Psychotic from nom-psy-
alcançar atividade outra que não conviver sempre com ” chotic Personalities”, Int. J. ofPsycho-analysis.
4. Ver capítulo sexto, parágrafo 2, pág. 35.
elementos-beta, com a concretude. Observaristo na aná-
lise é sentir paciente que não abandona sua busca deli-
nha de ação que, imagina-se, por certo não deixa de
reconhecer como desesperante. As interpretações, se o
analista não lhe acompanha a ausência de repre-
sentações mentais, parecem-lhe más, sem exceção, em-
bora as requeira mais e mais. Ele não sente entanto
recebê-las pois isto pressupõe capacidade de ter repre-
sentação mental do analista, relação equivalente à infantil
com o seio, provedorde solicitude material c amor. Só al-
cançatodavia, apenas o correlato concreto do tipo de re-
lacionamento cujo vínculo é o dos objetos inanimados;
as interpretações analíticas são-lhe ainda flatos (pródro-
mos da abstração a alcançar), nítidas contribuições do
que apesar de não serem vão chegara ser. A circunstân-
cia que o paciente não tem, no contato consigo, capaci-
dade para a abstração, explica sua propensão a confundir
9 contato com o inanimado diante da percepção que, de
fato,está vivo.” Conquanto nãosinta existam no ambien-
te características quealcance, no que toca às interpreta-
ções do analista e em sua ausência de possibilidade para
aprender com a experiência, por fim, pelo alcance do
analista, atinge parte do sentido do que lhe está sendo in-
terpretado.

NOTAS

1. Uso o termo “inveja” para referir geralmente os fenômenos


descritos em pormenorpor Melanie Klein, em Envy and Gra-

EBD -33—
mosde estímulos. Aquela, dentro de limites, é normal; a
que descrevo, nitidamente anormal. A atividade manifes-
ta, sob dominância do princípio do prazer, para livrar a
personalidade de acréscimos de estímulos, substitui-se,
na fase de predomínio do princípio de realidade, pelo
CAPÍTULO SEXTO evacuar elementos-beta indesejáveis. Interpreta-se o sor-
riso ou enunciado verbal como movimento muscular
evacuador e não tal uma comunicação de sentimento.
O aparelho para pensar não se desenvolve O cientista, cujas investigações incluem a natureza da
vida, encontra-se em situação paralela a dos pacientes
1. As reações do paciente à comodidade material que descreve. O não desenvolver-se do aparelho para
mani- pensar do paciente implica dominância de vida mental
festam-se nas respostas ao divã c demais requ
isitos dos
expedientes de consultório. Por que busca, sem poder de abstração em que seu universo consta de
mais e mais.
dessas “consolações”? Parte da resposta se enco objetos concretos. A incapacidade até de seres humanos
ntra = desenvolvidos, para ter pensamentos, pois se não dispo-
cisão à que € compelido, de estabelecer sepa
ração entre
a comodidade material psíquica, como fuga mos de poder de representação mental, rudimentar que
ao pavor da
inveja, sua ou de outrem. nos é a capacidade para pensar,significa limite do campo
2. O esforço para não sofrer a experiência de de investigação, sendotodaela, em última análise, cientá-
conta-
to com objetos vivos deixa, pela não consolidaç fica, por aquela deficiência humana, restringe-se aos fe-
ãoda fun-
çãoalfa, a personalidade sem relação com nômenos com características do inanimado, Supomos
o aspecto seu
não similar ao autômato. Só dispõe de elem quea limitação psicótica se deve à enfermidade; mas não
entos-beta
para suas atividades que substituam o pensar ado cientista. A investigação da conjectura esclarece, de
c aqueles
apenas servem à evacuação — porcerto atra um lado a enfermidade e, de outro o método científico.
vés da identi-
ficação projetiva. Os clementos-beta se evac Esse aparelho rudimentar para “pensar” os pensamentos
uam de
modo semelhante a movimentos musculares é adequado se os problemas se associam ao inanimado,
mudanças
de semblanteetc., descritos por Freud, coma mas nãose o objeto de investigação é o fenômenoda pró-
idestinádos
alivrar a personalidade de acréscimos de estí pria vida. Sobretais complexidades da mente humana,o
mulos e io
a efetuar mudanças no ambiente; o moviment analista se acautela, mesmo diante de métodocientífico
o muscular
do sorriso, por exemplo, interpreta-se de mod aceito; a fraqueza deste mais próximoestá da deficiência
o diverso
ao dosorriso da personalidade não-psicótica. de representação mental do pensar psicótico que um
Os fenôme-
nos presentes na análise não se identificam exame-superficial admite.
com os des-
critos por Freud, da personalidade agin
do para, no
predomínio do princípio do prazer,livrar-se
dos derédei:
fági. =25«
lhe sobrepujem a percepção de que fala ao amigo além
de impossibilitar que perceber que conversa como ami-
golhe avassale as fantasias. O esforço dopsicótico de di-
ferenciar umada outra impele-o ao pensamento racional
que se caracteriza porestranhafalta de “ressonância”. O
que afirma de modo claro e palavra articulada é unidi-
CAPÍTULO SÉTIMO
mensional. Não mostra sobretons ousubtonsde signi-
ficação. Deixa o interlocutor inclinado a dizer:
4 percepção consciente/inconsciente da experiência “como?” Não tem capacidade para despcrtar linha de
emocional pensamento.
3. O “sonho” apresenta muitas funções de censura €
1. Adormecido ou acordado, se o indivíduo alca resistência. Estas não são produto do inconsciente mas
nça
converter sua experiência emocional em dispositivos pelos quais o “sonho” delimita c diferencia
elementos-
alfa, esta permanece-lhe inconsciente ou dela se consciência de inconsciência.
cons-
cientiza. Se adormecido, converte
Em suma: o “sonho”, com a função-alfa, que o torna
a experiência
emocional emelementos-alfa, é capaz de pens possível, é fundamental para a ação da consciência e in-
amentos
oníricos. Está assimapto a ficar consciente consciência, de que o pensamento organizado depende.
(isto é, acor-
dar) c descrevê-la pela narrativa em geral conh A teoria de função-alfa do “sonho” tem os elementos da
ecida
como sonho. acepção dateoria psicanalítica clássica do sonho, vale di-
a 2 SE conversa com o amigo e converte zernela a censura e resistência se representam. Na teoria
as impres-
Sões sensíveis da experiência emocional, torn de função-alfa entanto, os poderes da censura c resistên-
a-se ca-
paz de pensamentos oníricos e de consciên cia são essenciais para diferenciar consciente de incons-
cia clara
dos fatos, seja dos eventos de que participa ciente e mantêm a distinção entre ambos. Semelhante
ou senti-
eaios a respeito deles ou de ambos. Se perm discriminação advémda ação do “sonho” que, sob forma
anece
adormecido” está inconsciente de elementos narrativa, combina pensamentos oníricos a pensamen-
que
não lhe penetram a barreira oferecida pelo tos oriundos por sua vez de combinações de clementos-
“sonho”
Graças ao “sonho”, continua acordado sem alfa. Na teoria, a capacidade para “sonhar” preserva a
interrup-
são, isto é, desperto para o fato que fala ao personalidade do que é virtualmente um estado psicóti-
amigo, mas
adormecido para os elementos que, se lhe co. Ajuda pois a explicar a tenacidade comque o sonho,
penetram a
barreira dos “sonhos”, conduzem-no à domi tal se representa na teoria clássica, protege da tentativa
nação da
racao, pelo que, no comum, são idéias de tornar consciente o inconsciente. Ela é indistinguível
e emoções in-
conscientes. do não podersonhar, na medida em queisto sc vincula a
O sonho opõe barreira aos fenômenos mentais diferenciar consciente c inconsciente" c manter a dife-
que rençaassim estabelecida.
add BT cs
NOTA
1. adia consciente de inconsciente”.
- A utilização dos ter-
a no Peintuldade com ter
mos ambíguos quando não
e
ciente ou “o” mu
1 j! oe rque
primple
ica req
n uer
a er n
observa-
o
dd de a ser obje
tos. Não excluo Entao,a
fa pela qual, se clementós se dife
renciam. CAPÍTULO OITAVO
conscientes, outros inconsciente
s, razoável E
dizer que
qu exis
i te um inco
i nsciente, sc tal conceito é válid
o.
A barreira-de-contato

r
1. Transfiro agora o que menciono sobre estabelece
ambos,
consciente e inconsciente e uma barreira entre
para a suposta entidade que designo como “'barreira-de-
entidade
contato”; Freud, com a expressão, descreve
si-
neurofisiológica subsequentemente conhecida como
o que,
napse. Em conformidade com isso, meu enunciad
l
para “sonhar”, o indivíduo tem experiência emociona
comum,seja em sono ouvigília assim se reformula: no
sonoouvigília, a função-alfa do indivíduo transforma-lhe
as impressões sensíveis da experiência emocional em
,
clementos-alfa, congruentes à medida que proliferam
contí-
formando a barreira-de-contato. Esta, em processo
ele-
nuo de. formação, indica contato € separação entre
€ inicia a
mentos conscientes e inconscientes
ira-de-
diferenciação entre ambos. A natureza da barre
de elemen-
contato depende da qualidade de suprimento
inam-se.
tosalfa e modo de sua mútua relação. Aglut
nte, em
Conglomeram-se. Ordenam-se sequencialme
barreira-
aparência de narrativa (pelo menosna forma da
amente. Dis-
de-contato no sonho). Organizam-se logic
põem-se geometricamente.
acentua O
2. A designação “barreira-de-contato”
sciente e a
contato que existe entre consciente € incon
—39—
passagem seletiva de elementos de
um ao outro. Daq
uali- para pensar c comprovação de existir realização a
dade da barrcira-de-contato dep
ende a conversão de cle- pondendo ao apanhado abstrato tcórico. a o efe
mentos do consciente para o inc
onsciente e vice-versa. “eco” da interpretação que fundamenta a idéia de pr
Até onde os sonhos proporcionam
acesso direto ao estu- ceituação teórica encontrando Tealização Eortespon E
do dela, retêm a posição central
que Freud lhes atribui te na barreira-de-contato. Examino adiante isto que ago:
em psican ílise.
F ce do tema. E
A natureza da transição do consci
ente para o incons- en 3º a 8º, uso o conceito de ira
ciente c vice-versa e portanto a
natureza da barreira-de- que preenche lacunas em meu conhecimento do paia
contato e seus clementos-alfa
Componentes influencia a mental que se depara em clínica de análise e pregaE E
memóriae características de qualqu
er lembrança. Prossigo na comunicação, sem aguardar se o
3. Em clínica, as teorias de funçõe
se de função-alfa fatos omissos e faço apenas alusões sugestivas de se
tornam possível interpretações
mostrando precisamen-
te comoo paciente experimenta sentim
entos,mas não ns mostrar o usoda teoria de funções irains-
aprende com eles; as sensações,
algumas extremamente trumento de trabalho analítico. Retiro plaçaes da E
tênues, entanto nem delas apr
ende. Não experimentá-las de experiências emocionais (de realizações) de a
coexiste à impossibilidade Para
rechaçarou ignorar estí- abstrai a teoria e passo a exemplos de realizações,ao a
mulos. As impressões sensíveis
têm certo significado, po da formulação desconhecidas que, em a a
mas pela não consolidação da fun
ção-alfa e falta de repre- cançadas, aproximam-se da teoria. a malena não É
sentação mental daquelas é inc
apaz de lhes reconhecer conforma à semelhante exposiçãológica, sem risco ç
sentido.
4. As interpretações advindas
desorientadoras distorções dos fatos. O capítulo próxi-
de tais teorias encami- mosalienta a base de experiência emocional de que se
nham mudanças na capacidad
e do paciente para pensar abstraia teoria. A descrição refere os elementos de que E
&portanto, para compreender.
Semelhante resposta afi- faz a abstração, embora de mistura a outros gue a:
gura-se peculiar pois o fenômeno
que se investiga requer vel talvez atribuir-lhes características de ordinárioesse:
explicaçã o. Primeiro, deveras descritas
as dificulda des, a ciais à produçãocientífica.
natureza delas exclui a possibili
dade queo paciente lhes
entenda a descrição. Supera-se a
dificuldade elucidando-
Ihe os graus evolutivos de defici
ência. Bom se, quanto à
técnica, a resposta às interpretaçõ
es do acima aludido ba-
seia-se nouso das teorias de fun
ções, de função-alfa e bar
reira-de-contato e Proporciona
evidência de que a
realização se aproxima de tais conceituaçõe
st eóricas.
Cientificamente, a validação das
teorias está na correla-
ção evidente de aumento, pel
a análise, da capacidade
—40— ecsfifi
(ver a “invenção do modelo” à pág. 95 adiante). Outras,
tem idéia rudimentar do que ocorre mas nenhuma de
como as experimenta. Não descrevo aqui as variações ao
tema que, substancialmente, não diferem das referidas
por M. Klcin, H. Rosenfeld c outros. O problema que
CAPÍTULO NONO aguarda solução, e agora examino, é determinar que par-
te é esta. A teoria de funçõesoferece a perspectiva de so-
lucioná-lo, admitindo que cu lhe contenha funções
4 presençaclínica da tela-beta desconhecidas da personalidade e delas buscar, na cxpe-
riência das sessões, o indício de quais são. Suponho eu
ds Pequeno número de pacientes
que encontro apresen-
seja a “consciência”. A teoria de Freud sobre a consciên-
ta nítidos sintomas de distúrbio da cap cia ser o órgão sensível do atributo psíquico favorece
acidade para pen
-
sar. No curso do tratamento oportu pressuporseparação entre consciência e atributo psíqui-
nidades surgem e se
usam para interpretações transfer co. A admissão mostra-se proveitosa, apenas por uma ses-
enciais ortodoxas em-
bora o paciente amiúde não aprend são ou duas e cis-me na mesma situação de antes ou
a com elas. Torrentes
de associações desconexas Prossegue quase. Julgo solucionável ainda o problema em termos
m. Interpretações
combase em teorias de erotismo ana das teorias datransferênciae identificação projetiva,isto
l em formasvárias;
teorias da necessidade do paciente é, supor os pacientes sob meu examee partes de sua per-
de improvisar E
Personalidade com os elementos que sonalidade que, admitem, eu contenha À luz dasteorias
considera inutilizá-
veis e sc permite perder; teorias da detransferênciase identificações projetivas encara-se o
cisão, de identifica-
São projetiva, da defesa contra a material que flui como vínculo entre paciente e analista,
agressão e por aí
adiante, apenas revelam leve efeito. Há que interpreto ao modo descrito em Ataquesao Vínculo.
sinais de confu-
são que se afiguram vinculada à ide Asinterpretações têm certo êxito, mas nãosinto as modi-
ntificação projetiva.
Admito pois lhe ser depositário de par ficações como advindas de claborá-las. Ocorre-me estar
te da personalida-
de, tal sua sanidade ou parte não-psicó aí o paciente realizando o descrito antes como “sonhar”
tica. Em pouco.
dou-me conta que novas interpretaçõ os eventos imediatos da análise — ou seja, transpor im-
es de bases em se-
melhantes teorias, não alcançam resu pressõessensíveis para clementos-alfa. A idéia elucida às
ltadoútil, Investigo
9 pressuposto delhe contera parte vezes, mas só é dinâmica se a relacionoà função-alfa deft-
não-psicótica da per-
sonalidade € aí perceboestar consci ciente, isto é, se me ocorre testemunhardificuldade para
ente do que ele não
está. Eu era (continha) seu “conscien sonhar porfalta de clementos-alfa e incapacidade para
te”. Vislumbro às
vezes situação desdobrando-se na anál adormecer ou acordar, para estar consciente ouincons-
ise, em que o pa-
ciente, tal o feto a quem as emoções da ciente.
mãe se comuni-
cam, embora lhes desconheça o est
ímulo e a fonte delas
2. Isto explica por que sou o consciente incapaz das
funções de consciência e cle o “inconsciente” incapaz
—42—
—43—
das funções de inconsciê
ncia. (Para simplificar, ad
estacionária mito lhança superficial com as quatro classes, donde supor-se
a cisão de funções, embora
assim; os desempenhoss de fato, não seja
e intercambiam.)
3. A situação agora não e a tela de elementos-beta A estados eo
corresponde ao arcabo
teórico que sugiro, isto é, uço fusionais oniróides mostra que cla conglutina e st
a teoria da barreira-de-con
deve sua existência à prolif tato Articulada a interpretação na base de que a Eaaa
eração dos elementos-alfa material a que o paciente é compelido aelvera mina dm
pela função-alfa e desemp
enha a função de membra
que, pela natureza de sua na solidação da função-alfa e sequente Reeseah
composição e Permeabil
separa os fenômenos me idade, presentação mental, difícil lhe é fazer psic: e
ntais em dois grupos, um
funções de consciência e com embora a potência psicanalítica do analista et a
outro de inconsciência.
4. Nasituação nova, há uma di isto lhe consigne. De igual modo alcança o anal ista q a
visão aleatória que os- paciente sem poder de abstração é impelido a
cila entre analista e Paciente,
sem resistência à passagem sua experiência emocional de soncrstude:Rech o
de elementos de uma faixa
à outra. Inepta a estabelec da situação, se o analista não a denuncia, éa ni E
consciente e inconsciente er
, tende a desenvolvime
completos ou anômalos da ntos in- do paciente encontrar a pletora de apa úid
capacidade de memória e consenso reconhecida como não acompanhar a aa
pressão. A diferença dos doi re-
s estados advém da diversida
entre barreira-de-contato co de representação mental dele. As da pletora, se E a
mposta de elementos-alfa e
justaposta — se a palavra é à não alcançam o paciente. Têm a o g a
exata — de clementos-beta.
tes, rec
orde-se, carecem de ca Es- acusadoras ou laudatórias, embora evidência É e pi
pacidade de encadeamen
to mútuo. Em clínica, - revelia dos fatos psicanalíticos. Isto não é fortuito; dif E
a tela de clementos-be
observaçãofortuit ta, E fazer face à evidência e afirmar que sim. pa peipao:
a, é indistinguível de est
nal e emespecial, de toda ado confusio- impõe, esperada e sem surpresa, istoé,a Fela dee des
classe de estados confusos
róides, a saber: 1 oni- tos-beta — chamo-a daqui por diante tela-beta para dará
— Fluxo de frases
desordenadas que o pacien e im ag en s viar — apresenta a condição de compelir epacie E
te se adormecido, por cert
acredita evidenci o estar sendo apenasinfensoaosefeitos da em na E
em estar sonhando. 2 —
lhante, expressa entanto Efusão seme- ciência de representação a o Roea =.
de modo à sugerir que o
te simula sonhar. 3 — Pal pacien- ista não o acompanha,estabelece ! q
avreado confuso, como
de alucinação. evidente a se não o alcança,a suposta aa aaa
4 — Semelhante a 3, embora
alucinação de sonho: não sugestivo de colore-se fortemente de contratransferência. ereE
me acontece supor que o
ciente sonha estar alucinand pa- cações, cumpre se examinem ambasas possibilidades.
o. Os quatro estadosligam
se ao temor que a posiçã -
o depressiva Precipite
superego assassino e a comp um
ulsão portanto a viver est
experiência emocional, em a
presença do analista. Clinic
mente, a tela de elementos a-
-beta apresenta ampla se
me-
sff
= ágio
ção dinâmica evolve e denuncia pelo emergir de certa ca-
racterística que permeia crescente número de elemen-
tos e lhes dá congruência. O não consolidar-se da
barreira-de-contato é processo vivo. As observações do
analista, por motivosligados à natureza da evolução da
CAPÍTULO DÉCIMO posição esquizoparanóide para a depressiva c vicissitu-
des, dão à situação analítica um clemento que faz seu de-
senvolvimento parecer transição de uma série de
Barreira-de-contato instável partículas isoladas ou elementosparaa síntese deles. Um
por deficiência defunção-alfa evolui para outro,aofitar a imagem inanimadaqueilustra
a perspectiva alternante.
1. Pela tela-beta o paciente psicótico, no seu mod 2. O analisando revela manifestações advindas da
o de
estar sendo, é compelido a estabelecer com o inoperância da função-alfa quando ocorre sua não con-
analista
umarelação outra, não analítica; suas associaç solidação.” Ao invés de transformar impressõessensí-
ões con-
cretistas constam de elementosda tela-beta que veis em elementos-alfa, de uso em pensamentos
o impe-
lem a uma relação emocional gue não a da abst oníricos c pensarinconsciente da vigília, não se opera
ração do
método psicanalítico, donde a compulsão a perm o desenvolvimento dabarreira-de-contato. Isto decor-
anecer
ali.” A teoria das contratransferências apenas re da não consolidação da função-alfa pela ação do
oferece ex-
plicaçãosatisfatória pela metade, por voltar-se ódio c inveja, donde a ausência de barreira-de-contato,
para a ma-
nifestação como sintoma das motivações inco de pensamentos oníricos e de clementos-alfa,* diferen-
nscientes
do analista, deixando pois por explicar a psic tes dos elementos-beta que aí se congregam, forman-
opatologia
do paciente. Primeiro, o paciente, a quem doatela-beta.
tais teorias se
destinam não usa linguagem articulada; demonstr 3. A não consolidação da função-alfa significa defi-
a, com
evidente sinceridade, incapacidade para comp ciência da barreira-de-contato e presença de objetos,
reender
seu estado mental, ainda quea ele indicado. com características que atribuo a objetosbizarros. Com-
Seu uso de
palavras mais próximoestá da ação destinada patibilizam-se não obstante minha advertência que bar-
a “livrar a
Psique dos acréscimos de estímulos” que defal reira-de-contato (função) e ego (estrutura) não se
ar. Segun-
do, nãose relaciona com o analista, à maneira do consideram expressões intercambiáveis nem referem a
neurótico.
Há concretude nas características dos elemento mesmacoisa, se levamos em conta que a não consolida-
s-beta.
Minha linguagem ao descrever distorce, por ção da função-alfa de fato atinge o ego e ocasiona portan-
ser a do mé-
todo científico voltado para o exame do inanimad to presença de simples clementos-beta originais sem
o. A
distorção altera o afirmar que certas caracterís vestígios de personalidade eles presa. O elemento-beta
ticas da
tela-beta são concretas. Mais correto é dize difere do objeto bizarro em que este é elemento-beta
r que a situa-
mais traços de ego e superego. A não consolidação da
=dg=
=H—
função-alfa comprometea estrutura psíquica que se asso- função-alfa, umaincógnita, para corresponderà realiza-
cia à função-alfa. ção que transita de desconhecido para conhecido, eum:
4. Revendo os termos que uso até aqui, temos: 1 — O pre à designação detais objetos deixar claro se o objeto
ego é estrutura, como Freud descreve, de desenvolvi- se observa em seu caráter de função ou estrutura ou abs-
mento especializado do id com a função de estabelecer tração. =
contato da realidade psíquica com realidade externa. 2 Espera-se quea barreira-de-contato se manifeste clini-
— A função-alfa é designação atribuída à abstração que o camente —se defato se manifesta — como algo semelhante a
analista usa para descrever função cuja natureza ignora, sonhos. A barreira-de-contato permite um relacionamen-
no curso da indagação, até o momento que, acredita, al- to e preservasc acredite nela como evento rcal sujeito a
cança evidência do emprego da função-alfa. Ela corres- leis naturais, sem que emoçõesc fantasias de origem en-
ponde à função de certos fatores, inclusive a função do dopsíquica lhe subvertam a acepção. Por outro lado, im-
ego que transforma os dados sensíveis em elementos- pede-se avassalem as emoções de origem endopsíquica
alfa. Estes incluem imagens visuais, padrões auditivos € pela perspectiva realista. A barrcira-de-contato se res-
olfativos, utilizáveis nos pensamentosoníricos, no pen- ponsabiliza pois por preservar a diferença entre cons
sar inconsciente da vigília, sonhos, barreira-de-contato, ciente e inconsciente e quese instale. Preserva-se assim o
memória. Clinicamente, o objeto bizarro impregnado de inconsciente. A função-alfa recruta-o com os clementos-
características do superego muito se aproxima de forne- alfa que precisa para que se armazenem, embora impedi-
cera realização que correspondeao conceito de clemen- dos de penctrar na consciência sc o impacto com a
tos-beta. O conceito entanto inclui apenas impressões concepção que o indivíduo tem desituação de realidade
sensíveis, tal fosse a impressão sensível parte da persona- externa é uma inconveniência ou perturba o pensamen-
lidade que a experimenta c esta a coisa-em-si a que a im- to integrado.
pressão sensível corresponde.
Note-se possívcl considerar a função-alfa umaestrutu-
NOTAS
ra, à parte do aparelho mental que origina a barreira-de-
contato. A seu turno, a barreira-de-contato, como o 1. Isto sugere ser a capacidade de intuição incompatível com as
nome que lhe dou sugere, apresenta características de idéias habituais de insanidade. Na medida em que representa
estrutura. Isto reedita o problema implícito no diferen- comportamento compulsivo,a parte não-psicótica da persona-
ciar ego, consciência e função-alfa, sendo válido conside- lidade comanda e dita a finalidade.
A evocação peculiar da tela-beta, se com êxito, significa pa-
rar as implicações dessa peculiaridade da investigação
ciente à míngua de material terapêutico genuíno de abstração,
Psicanalítica, ou seja, o uso de conceitos relativos a obje- isto é, de verdade, c daí seus impulsos de sobrevivência se es-
tos que encaramos às vezes ligados a máquinas,isto é, gotam portentar estabelecer uma relação emocional de mate-
comoinanimados e outras, como funções que,dado cui- rial terapeuticamente pobre.
darmos de seres humanos e não de máquinas, impreg- 2. A não consolidação da função-alfa conduz a tratar os pensa-
mentos pela evacuação; ou seja, por não ter aparelho para
nam-se por certo de características de vida. No caso de

—48— —-49—
“pensar” os pensamentos, a personalidade evacuando-oslivra
deles a psique, como quando, sem poder dc abstração, faz
comos acréscimos de estímulos se não há consolidação da
função-alfa.
3. Na ausência de elementos-alfa, importam as características dos
elementos-beta. O modelo está na teoria da palavra como de-
signação do sistema dedutivo científico, por exemplo,
“Papá”. Consiste numa segiiência de hipóteses. Enuncia que
certos elementos constantemente se conjugam. A conjugação
e elementos conjugados dependem da pré-concepção (o co- CAPÍTULO ONZE
nhecimento a priori do indivíduo)e das realizações queo in-
divíduo alcança, que de modo sucessivo aproximam-se da
pré-concepçãoe a transformam em concepção. Esta é, por sua Pensamento, alívio para a intolerância àfrustração
vez, a abstração ou modelo de que se acredita ou descobre
que outras realizações se aproximam. São estas associações
que, enunciadas pelo sistema dedutivo científico como cons- 1. Atcoria de funções e a de função-alfa em especial pos-
tantemente conjugadas (e em razão do enunciado estão cons- sibilitam ulteriores contribuições à compreensão dos
tantemente conjugadas na mente do indivíduo), sendo processos de pensar. Considero a natureza c função do
desligadas da palavra nome do sistema dedutivo científico, pensar em situação que reflita umaidade inicial da vida
deste ao fim resta apenas a designação “Papá”. Não examino
do indivíduo ou suas profundezas primitivas comuns, em
o valor social do nome “Papá” nem mesmoa versão social do
sistema dedutivocientífico que se designa por este nome. Vol- que rastreiem os atributos que associamos com o pensa-
to-me para o aspecto que preexiste à publicação e é portanto mento. No trabalho sobre os Dois Princípios do Funcio-
privado ao indivíduo. Tal aspecto do fenômeno, em termos de namento Mental, Freud afirma que “restringir a descarga
Kant, chama-se qualidade secundária, a menos se evidencie, motora (da ação) torna-se agora, necessário e surge gra-
através publicação,a universalidade que Kant atribui às quali-
ças ao processo de pensamento que se desenvolve da
dades primárias.
ideação. O pensar tem características que possibilitam o
aparelho mental suportar a tensão crescente pela demo-
ra do processo de descarga. Essencialmente é modo ex-
perimental de atuar, concomitante ao deslocamento de
quantidades menores de catexias com dispêndio (des-
carga) menordelas”. Ele prossegue: “para o propósito, a
conversão de catexia livre em “combinada” é imperativa
e ocorre por meio da elevação denível do processo caté-
xicototal”. E continua: “o pensar, porcerto inconscien-
te na origem, passa aí da simples ideação às relações com
as impressões dos objetos c só alcança novosatributos
perceptíveis à consciência, através de conexão com ves-
= 50 siSda
tígios de lembrançasdas palavras”. Impl o
ícita no enuncia- Meios outros há de classif i icar o processo so
do de Freud, a parte da intolerância
à frustraçãoao pro- 2 pert encemà classe de à
lo, os que afinal
duzir tensão e, a seguir alívio se de-
os queo
desta, através do muscular
se m físico
(deÊ moviimento
o n j , em g cral) cd
pensamento que preenche o hiato entr
e a compulsão a senvolvem de modo q!ue afinal pertencem n a ad
descarregar a psique dos acréscimosd Fi
eestímulos e a des- É
ensamento. O fato qu1c a escolh a se relacion:
carga efetiva. O vínculo entrea intolerâ
ncia à frustração e cação básica é significativo, embora no nisbi cae
surgir o pensamento é dominante Para pdà 5
compreendê-lo e tem-se para os fi enôm ô enos que,
me segenetic
>, g
a seus distúrbios. O enunciado de Freu
d insinua que o vinculam-se à coexistência, na personalidade, o
princípio de realidade é sequente ao
se retifique para acentuar que ambospr
do prazer; cumpre mentos de frustração, emoções correlatas e a €
incípios coexis- que emerge detal encadeado de elementos.
tem. Conquantonão a examine já, ress
alvo quea intole-
rância à frustração excessiva,
uma modificação
quantitativa, por pouco torna-se de
espécie. Suponha-
mosagora a intolerância à frustraçãoa
liada à fome: supo-
nha ainda, impossível a satisfação, porf
atores outros da
Personalidade, tais o medo, a voracida
de ouinveja que
não favorecem ao seio ou equivalentes
êxito em suprir a
Pessoa invejosa. Nasituação intensifica-
se à voracidade e
aía intolerância à frustração; o efeito é o mes
mo queo da
Personalidade com excessiva into
lerância à frustração.
Importa primária ou secundária seja
a intolerância à frus-
tração ououtra característica dinâmica
? A distinção indi-
ca a limitação de tratamento que efet
ue modificações
dosfatores secundários da Personalidad
e, pois os primá-
rios não se alteram.
Pela evidência clínica da necessidade
do bebê de
apoio material e psicológico é provável
nãofaça diferen-
sa entre material c psicológico. Naanáli
se todavia deduz-
se a deficiência de natureza físic
a ou psíquica. Não
importa quão precoce a deficiência
nem a que se deve,
ela é rcal e requer solução concreta ist
o é, uma que remo-
va o mal. O queimportaaopsicanalistasitua-se
comportamentos destinados a fugi

|
frustraç
queamodificam. Esta decisão impória
parceiro a si, caso sinta se evidencie paixão sexual mú-
tua. Admito para a forma extrema, com ausência de re-
presentação mental e poder de abstração que, no mundo
da realidade, o homicídio efetiva compulsão que se outro
a isso leva o assassino, não existe identificação projetiva
CAPÍTULO DOZE nem portanto fantasia onipotente.
3. Há exemplos bem menos dramáticos que pela cir-
cunstância requerem perspicácia do analista para dis-
Identificação projetiva e capacidad cernilos. Importa observá-los. Ou seja, observa no
e para pensar
paciente de certo modo adaptado à realidadee lhe inter-
a - A atividade que conhecemos
como “ pensar” advém preta a compulsão a considerar evidente a ação concreta
; O processo de livrara psique dos e revelar sinais de ter fundamento, na realidade, o que
Ra acrésci imosde estímu-
E ca dis Aa
positivo descriE to por Melanie Kle para o analista advém da ação da fantasia onipotente de
in como identificação projetiva.
E ntificação: projetiva
q . - O esb
e; oço geral dateori
cora é exiexisti 4. Mais a compulsão realista se evidencia e o analista
ta € stir
no E onipotente que expele,
para dentro do objeto,
a vezesde valia, embora
temporariamente inde-
a interpreta ao paciente, mais acompanhaa extensão em
a na
É personali
a dade. - Em
Em Háclíclínica que o paciente, gravemente comprometido e defato pas-
nica éé pos
poss
sívÉível
el e desejájá-]
bd iltercsses da terapê sível de interdição, contata a realidade, se bem quereali-
utica eficaz osegas. e
Te Re a evidência que fun dade, nem sempre familiar a indivíduos de maior
damenta teoria que isso
E a de maneira que nenhumaoutr desenvolvimento.
a faz.
me * possível e essencial obs
ervara 5. O impulso do paciente a subtrair a fantasia onipo-
evidência que, pa
em quem se deduz açã çãoda fantasia tente deidentificação projetiva à realidade, diretamente
i oni GE
avela naa realidad:
SEe, comportamento equiva se vincula à suaincapacidade paratolerar a frustração. Se
í lenp te àqu
à d ela
Eà a - pressão da realidade d. O pacien nãoa tolera, a fantasia onipotente deidentificação proje-
i te, » já
jájá ao iní
iníccio
i
cer a, compele-o Foane expelir para dentro da mã e, senti- tiva tem, na realidade externa, equivalente menos con-
Es ps que a ela atribui c acredi i creto proporcionalmente. Isto contribui para o que
ta que a mãe é que tem
: orrespondera tais a achaadosclíniínicos, sugi Melanie Klein apresenta como identificação projetiva ex-
E
aplicadada a teoriaà deeFre
Freyud doprincípipio
o d doi
ã : cessiva. Investiga-se no entanto, cuidadosamente O €X-
prazer,n consi- e,
Eee em ação coexistencia
l ao de realidade, Exem- cesso. É excessiva porque o analista vê o pacient
E Pes es órço Paratransformar
a fantasia onipote; nte em impelido pela defesa a fugir às emoções insuportáveis
con-
Ea as Ve-se no paciente
compelido a achar que ou- queas interpretações lhe apontam, tomar medidas
Eis cvama matar Os pais sex
uais, para ter rel cretas para, na análise, inaugurar relação outra que não a
ação se- diferen-
amorosa, livre do impulso insopi analítica. (M. Klein). Este excesso nitidamente se
tável de matar o
cia da identificação projetiva excessiva que representa
—54— -55—
recursoà fantasia onipotente, fug
a à realidade c, em es- 7. Oleite, admitimo-lo comcerto grau de aa
pecial, aos sentimentos intoleráveis
. Aidentificação pro- que não experimentamos quanto ao amor,o apare! dei
jetiva porém, não existe sem a
recíproca isto é, a gestivo o recebee elabora; quem ao amor recebe e e
atividade introjetiva que acarreta acúmul
o de objetos in- cuida? A base do enunciado da indagação por mia- E
ternos bons.
6. Suponhamos agora que, na realidad no pensar inadequado e propenso portanto das pao
e, o scio propi- menosse vincule à mãea situação. Enquanto obebê Ed
cie ao bebê leite e sensações de seg
urança,calor, bem-es- be leite e o elabora pelo aparelho digestivo, pinos
tar, amor. Ainda, que o beb
ê precisa — deliberadamente e E
evito dizer “deseja” — apossar-se nece-o pelo sistema glandular, embora Caso
de leite é sensaç
ões cor- leite, atribui-se a deficiência a desarranjos espa a
relatas. Cumpre distinguir leite e
amor por classificação Admite-se que o bebê, de igúal modo, sofra ess o pi
apropriada ou acentuar, se nos con
vém, os aspectos que gestivos oriundos de transtorno emocional. al eE :
se afiguram similares. Dizemosaí, que
o leite é substância supor-se exista, em realidade, um seio «paonado
material ligada à alimentação
e, presumivelmente,
relho digestivo o elabora. Por o apa- aparelho digestivo psicossomático infantil = ena
outro lado, consideramos
imaterial o amor, embora equipa ao seio.” Tal seio é objeto que o bebê supre dei leite e e
rável ao leite para o tos internos bons. Não arrogo ao bebê, consciência ra
bem-estar mental do bebê.' Coloca
mo-lo numa ou mais necessidade; atribuo-lhe entanto perceber Snes E
categorias das várias que a filosofia,
a religião e outras dis- nãosatisfeita. Se referimos bebê que E sente frustra E
ciplinas nos pôem à disposição.
A razão única para limi- admitimos exista aparelho para REpenentao Entas E
tar nosso aparelho classificador
de uma disciplina é o O conceito de consciência de Freud ogro eEs q
descjo de simplicidade. Se buscam
os conceitos filosófi- vel de percepção deatributospsíquicos” fornece p:
cos, rel
igiosos, endocrinológicos ou
os dos neurofisiolo-
gistas sujeitos estão à objeção
idêntica, ou seja, a Comoanalista que cuida de paciente sap na
des
crevemestados mentais que nos
são familiares e deles cônscio de algo que o a oo saa
requeremos descrevam fenôme
nos ou realidades que su- ã cebe, antes que o bebê se dê j E
Pomos equivalentes a uns não familiar
es, que acredita- entdl; gomô por exemplo, quando sem id
mos observar corretamente é cor
retamente atribuídos menteestar ciente disso, revela sinais de cão ns E:
ao bebê. Dois adultos, com a
palavra “amor”, indicam
coisas diferentes, conquanto com to. Em tal situação imaginária, seio necessi o
a palavra eu descreva sentimento e sentimento de seio mau; seio que o E
parte doque acredito seja a experi
ência do bebê (incluo precisa não o sente como seio bom, mas sim, urg:
aía faltade amor). Claro portanto, eis
duas grande s cau- A : u E

sas de erro; o hiato semântico a tra


nspor entre adultos eiequi bebê que se alimenta; mamar err
que examinam o assunto e a justez
a científica de atribuir aconchego, o amor sente-os tradtipioE
à experiência infantil modificada,
embora reconhecida- ínio de, a princípi
mente similar,
tadoro indistinguível de evacuar
uusõ= =
seio mau, Bom c mau seios
apresentam idêntico grau
concretude e realidade do de emocionais. O ingredientefísico, o leite, o o e
Icite. Logo ou a seguir, viven-
cia o seio “necessitado” como saciedade ou o contrário, logo evidentes aossenti eg
“idéia de seio ausente” e
não de seio mau Presente. vam-nos a admitir prioridade cronológica aos element =
Vemos que seio mau, isto
necessitado porém ausent é, beta sobre os elementos-alfa. A intolesénicia gr E
e, mais talvez se conhec
comoidéia que seio bom vin e acentuadaà frustração manifesta na evacuação ime ne
cula-se ao que para filósofo
É coisa-cmsi, oucoisa de rea dos elementos-beta dificulta se consolide a função-a E
lidade, na ac epção que scio
bom depende exista leite Embora diverso do somático, o componente as E
mamado pelo bebê. O sei
bom associado leite que o amor, segurança, ansiedade requer processo aaa ça
sacia a fome e o mau, a nã
existir leite têm uma difere o digestão. O que é isto oculta-se no uso do aa a
nça de atributo psíquico.
“Pensamentos são Praga”, afi função-alfa, embora as investigações pa o
rma um paciente, “rejeito-
os”. É o “pensamento” idê descubram o valor. A mãe que, por exemp ã a
ntico à ausência da coisa? Se
há “coisa” ausente, é a “nã bebê, que lhe faz ela? De lado, os meiosfísicos nsia
o-coisa” pensamento e por
este fato que a “não-coisa” exi nicação, minha impressão é que seu amor se exp:
ste, acredita-se que “ela”
Seja pensamento? Antes de
Continuar a considerar como
se estabelecea diferença de atributo Pre mina grandes, as dificuldades de Re
ssuponho outra
situação. Figuremos bebê na análise, a mente do adulto, são menores quea E os
alimentado, mas sentindo-
não amado. se va de penetrar, pela hipótese especulativa, a aa é
De novo Percebe necessitar
novo “seio bom que precis scio bom c de bebê; investigar, no adulto, a reveric pa ena
a” é “seio mau” que tem
ser cva cuado. Diferentes situaç de ao problema. Dela, fonte psicológica que satis! = did
ões dessas suscitam pro-
blemas que requeremsoluçõ sidades de amor e compreensão, deduz-se que a ms
es diferentes; o Primeiro
exemplo supõe bebê sentir de aparelho psicológico recebedoro bebê o pie
que evacua seio mau “seio
necessitado” ao defecar com ele se beneficiar, talo alcança via posibi ai e e
enquanto mama; associa
Caso,ato físico a resultado qu no miladorasde seu aparelho digestivo, com relação ao aa
e chamamos mudança sua
de estado mental, de insati leite que dele flui. De outra maneira, admitindo aE
sfação para satisfação. Se cor
reto é supor ser a indagação - ção-alfa torna acessível ao bebê o que, de guiro o a o
fundamentai reconhecer o
atributo psíquico, considera permanece inacessível, para qualquer eventuaE a no
r a consciência legítimoór-
gão sensível do atributo Psíqui ceto evacuar como elementos-beta, quea te tal mca
co, difícil parece ver quan-
do a consciência começa
a existir. Isto, é óbvio, nã
ção diretamente se vinculam à capacidade da mãe p
o po
Serve para afirmar que o bebê
está consciente do atributo
Psíquico e transformaa experi o Inseparável da capacidade da mãe para E is
ência emocional em ele-
mentos-alfa, de vez que existi é o conteúdo desta, de vez que um claramente dep: e
r consciência c inconsciên-
cia advém da prévia produç do outro. Mãe nutrícia sem reverie oudetendo-a ea
ão de clementos-alfa pela
função-alfa. O seio bom e 9 sociar a amor pelo bebê, ouo pai dele, o fato pa
seio mausão experiências
ao bebê, ainda quelhe seja incompreensível. aí
—58—
—59—
ni impregna Os meios de comuni
cação, os víncu- ve, sem colapso, mesmo à experiência de identificação
projetiva com mãe capaz de reverie; nada menos que
no dr 9 Ane acontece,
depende da natureza
] psíquicos maternos e o impacto dele
s um seio incessante a amamentá-lo lhe serve, inexequi-
sobre Es do bebê pois a ação de um sobr
e outro é uma ex- vel aliás por falta de apetite, se não por outra razão.
a Cm do ponto de vista do
desenvolvi- Aproximamo-nos assim, da vida mental não mapeada
arclha e dos indivíduos que a c õ pelas teorias vigentes para a compreensão da neurose.
a transformação pela função-alfa. n
d is Não proponho prosseguir agora à investigação, exce-
sca todos os conteúdos. Reservo-o entanto
apenas ã E to na medida em quesc liga à função-alfa.
le que se infunde de amor ouódio. Nesse sent
ido Ramo
Teyetie é estado mental aberto a receber quai
squer “ob.
Jétos doobjeto amadoe, portanto, aco NOTAS
lher as identifica .
ções Projetivas do bebê, se boas ou más.
Em sum ã
reverie é fator de função-alfa da mãe. inú-
a 1. Impossível é prosseguir sc atraio a atenção do leitor para
O
iai Dn agora o bebê contendo
” “seio necessi- meros exemplos defrases que emprego em que mais se usa
modelo implícito que o explícito. Auxilia entanto elucid ar o
ea igo ser sentimento equiparável a “sei N
o em vez, à
ruim”. Este tem de se transmudar ems
o A problema que me interessa, introduzir, de quand
e que
eio bom. O bebê interpretação que faço aqui. O termo “bem-estar” suger
a en a frustração se permite um sentido tanto o desenvolvimento mental comoo físico dependem
da
de realida-
o lo pelo principio da realidade, Sea similar, o de-
intolerância à eficiência do sistema digestivo mental. De modo
ao envol-
Eeot ultrapassa determinado grau,dis senvolvimento inspira a externalização que se opõe
positivos oni- alizaç ão. O termo bem-es tarat inge
o ms em ação, em especial a iden vimento sugestivo de intern
j
tificação inconscientemente o leitor. por causa do efeito da concretiza-
É ista se considera talvez ainda realista, se admi ize
- aY ção inerente ao modelo implícito, embora ele não simpat
te percepção do valor da capacidade para pelo mo-
pensar como coma teoria. Por outro lado, talvez não se influencie
de The
seçãoaa qr caso predomin
eo princí- - delo implícito no “desenvolvimento”. Os leitores
tal como se
o realidade. Depende entanto para sua 9 King's English de Fowler, conhecem o problema,
áci culo (ver
exista capacidade da mãe para a E e apresenta a quem interessa por escrever bom verná
a falha, seus comentários sobre a metáfora, no Capítulo ID.
Ninguém
nova carga aí recai sobrea capacidade do er boa lingua-
bebê, de vez ç acusa Fowler de tratar levianamente o escrev
que agora está sendoverificada suacapacid “Airs and
ade para tole- ” gem:cle discute todavia o problema sob o título de
a a frustração ao pensamento. Suponhoaqui militante
a identifi- Graces” (“Mencios e Graças”). Para O psicanalista
fonte ou matriz) dos
cação projetiva como forma inicial do que este sc encontra mui próximo da raiz (da
mais tarde se icar o pensa-
chama capacidade para pensar. O bebê dota > problemas da capacidade para pensar c comun
dode boa ca- mento que, por sua vez, se relaci ona com à possib ilidade ou
Pacidade de tolerância à frustração subsiste “3
ao transe de cimen to concre to.
não de conseguir qualquer conhe
mãe incapaz para a revcrie e incapaz portanto gado por Me-
de lhe su- “2. O termo “seio” se usa segundo o conceito empre
ie as necessidades mentais. No outro extr Janie Klein.
emo, o bebê
nitidamenteincapaz detolerar a frustração não Sã vm,
sobrevi-
—60— =61—
3. A idéia se coaduna à formul
ação de Freud Unterpretation sunto, busca também formaridéia idéi do que o bebêê Eé cê
Dreams, pág. 602) de processo of
primário. i "
sentimento. Nos distúribios do pensamento é; óbvi io poi
istúrbios u
4. O “conter”. Aceito o mod
elo implícito do continente,
noutras passagens em que neste e surge na vida do bebê um problema desta natureza que e
se necessita o uso de termos tais
como objetos “interno” ou encontra
: solução.
ã Isto en tanto sóó representa
epr umn peg!
peq ueno pas- É
“externo”, Trata-se de modelo so, desse ponto ao absurdo de atribuir ao bebê ecias, pesa
que emprego com relutância
Pois acredito que mais se apli E 2
mentos, conceitos a propósito do ane o adul pete

ao pensamentocientífico ima ca
turo que ao amadurecido. A
turcza desse trabalho todavia na- i r
sentimento, que recomi enda um Kant. z sRe
Talvez
i seja sOuem
c a falta de linguagem adequa ue, se sóó um Kant tem tais problemas, cle os E
para dele fazer a aproximaçãoc da É e
ientífica, compele-me ao não o é, não pode a) ter tais problemas ou b) têlos e desc:
em-
volver distúrbios do pensamento.
nãoexistir algo melhor.
“Scio mau”. Um dos problemas
de metodologia que busco elu-
cidar se ilustra aqui e numero
sos são os exemplos da mes
natureza, nestas páginas: não ma
os indico entanto, deixando
leitor recorrer à sua indulgência ao
para remedi
ar asfaltas da ex-
Posição.
Se me perguntam o que ent
endo por “seio mau”, digo que
entendo o que o bebê entend
e. Se me perguntam que é
digo que no curso da experi isto
ência empírica de análise o
ciente tem sentimentos que, a meu pa-
ver, sabe me comunicar
Por motivos que se relaci .
onam com a clínica de anál
ise, refiro

que, entre o que o pacien


te acha que ela contém, est
mau”. Apresento, como á o “seio
o encaro, o ponto de vist
do analista ass a do bebê é
im: A — penso que o bebê viv
emocional desagradável. B — e uma experiência
acho que o bebê acredita que
contém o scio mau. A — Pen cla
so que a experiência emocio
Penosa se associa à união da nal
Pré-conccpção com o clemen
beta. B— dependendo da Per to-
sonalidade do bebê, admito
pode: 1) expelir o clemento- que
beta é dar fundamento à inc
dade para pensar; 2) aceitar apaci-
o clemento-beta com justap
da pré-concepção, tolerar a osi ção
frustração intrínseca e encont
se aí em processo de função rar -
-alfa e produção de elemen
alfa. Trato o problema das tos -
pré-concepções no capítulo
hipóteses definidoras. Na clí sobre
nica da análise de pacientes
distúrbios de pensamento, o ana com
lista requer, se possível, uma
estrutura metodológica par
a Si, mas cis O ponto crucia
l do as-

ndo
enunciado presta-se a mera manipulação, mais ou menos
engenhosade símbolos, segundo normas, em aparência
arbitrárias. Se o analista preserva um sentido de base con-
creta, a que o enunciado sc refere, vantagens se obser-
vam no exercício de precisãoc rigor de pensamento que
CAPÍTULO TREZE o esforço de fixar a experiência clínica concreta requer,
a modo que se expresse por semelhante notação abstra-
ta. O analista a seguir, pela inspeção das configurações,
Sobre uma notação psicanalítica vê queteoriasutiliza e quais abandona. Da evidência de
abandono, deduz que em capacitação psicanalítica em-
1. Para conveniente emprego, cum pobrece ou certas teorias psicanalíticas não estão, em
pre se considere a
função-alfa uma constante, por sua con sua experiência, suportando bem a prova da utilização
dição de incógni-
ta. No queé flexível, a flexibilidade clínica. Num caso ou outro cis valiosa informação. «A fór-
lhe advém do uso de
variáveis, comofatores que se substitu mula oferece súmula taquigráfica das sessões, durante
em, tal antes o
ex-
ponho, por teorias e conceitos de certo tempo. Vê-se que vínculos um sumário tem com
valorfixo. Os valores
atribuíveis aosvariáveis (aos fatores) outro, donde predizer, por referência aos sistemas dedu-
são de fato constan-
tes, a modo que, fixados, determina tivos teóricos, em quetais fatores são hipóteses ou pre-
-se a significação da
função-alfa. Em clínica, mesmoa pre missas de situações analíticas a se desdobrar. A
cisão aproximada é
possível caso claramente se descreva função-alfa, em determinada análise, grande cuidado do
o fator ou teoria, se
corretamente citada.' analista, não significa continue a sê-lo, ou se o for, tenha
2 Como exemplo de esforço de
,
formulação precisa idêntico valor, semanas após. No grupo seguinte de ses-
tomo a função-alfa e dois fatores, a sões, clara sc torna a convicção que o objeto mau existe
identificação Projeti-
va excessiva € o excessode objetos como manifestação de desapreço invejoso pelo objeto
maus. Suponha pre-
dom inem, no curso da análise, esses bom. Nocaso, a formulaçãoreflete mudançade fatores.
dois fatores com
exclusão de outros que o analista rec Na semanaseguinte, não mais a função-alfa é de impor-
onhece. Na teoria
Psicanalítica racionalmente org tância capital e fatores outros c outras funções lhe to-
anizada, a ambosfatores
se menciona através de símbolos,pa mamo lugar. O princípio que aplica a Teoria de Funções
rte de sistema de re-
ferência uniforme e universalmente permanece o mesmo, qualquer seja a função e quaisquer
aplicável. Por ini-
Ciais c referência de página e parágr osfatores de que são função.
afo sc representa a
teoria klciniana da identificação proj 3. Como método de se elucidar algo, o analista re-
etiva. De modo simi-
lar, por remissão, substitui-se a idéi quer seu livro de teorias psicanalíticas que pessoalmente
a da atenção de
ud. Fre
Isto defato se faz, mesmo hoje, ain usa com frequência junto a número de páginae parágra-
da que toscamente,
porreferência à página c linha de fo quelheafiançama identificação.
edição padrão. Tal
4. A capacidade para rememorara fala do paciente
-—64—
=ibõ=
alia-se à capacidade para esquecer, pelo fato que, toda tação, de valor a um tempo para registro de desafios ana-
sessão é nova sessão e porisso situação desconhecida a líticos e mododetrabalhá-los. .
considerarpsicanaliticamente, não se contamine pelo 7 O sistema de notação possibita o analista ter regis-
estoque já superprofuso de pré- e falsas concepções. O tro que após algum tempo compreende e comunica a ou
analista requer entanto ali, plena comunicação do pa- trem sem grave perda designificado. Difícil quelhe seja
ciente do que agora ocorree entrega. Isto fala pela neces- cumprir a exigência, consegui-la não basta. O desenvol.
sidade de contexto firme, de lineamentos teóricos da vimento da psicanálise requer encontre notação que fe-
psicanálise, capazes todavia deflexibilidade de ação. Sea gistre o trabalho psicanalítico, como a notação
rijeza da estruturasc enfraquece porafastar-se da teoria, matemática registra os fatos e tal esta a seu tempo faz e
sãotais desvios mais fáceis de perceber. Por exemplo, se oferece meios para o cálculo, também a notação psicana-
mençãoà transferência se faz porcitação específica, veri- lítica ideal provê meiosà elaboração de desafios que a no-
fica-se que o autorassevera usar o termonas acepçõeses- tação permite ao analista registrar.
tabelecidas. Ao afirmar a ansiedade consciente relativa
ao analista como fator de transferência, percebe-se ter o
autor em mente fenômenodiverso do que Freud descre- NOTA
ve sobre o tópico que aquele menciona. Alcança-se flexi-
de tco-
bilidade aotrabalhar com funções que são variáveis cujo ignífica, na clínica, vê-se no exame da antologia
o dotra-
valor só se torna constante quandoosvariáveis de que o ' ti magnitude do problematem-se no estud
to Eos
balho de J. O. Wisdom “A Methodological Approach
valor é função, se substituem por fatores que são cons- Socie dade Holan desa de Psica-
Problem of Hysteria” (lido na
tantes. Hoje, o uso de referência de página é linha para nálisc, Amsterdã, 16 de dezembro de 1957).
teoria que se emprega comofator é o que mais se aproxi-
mada constante, em psicanálise.
5. Não me volto aqui para o desgaste do idcário teóri-
co e analítico do analista; basta o método de enunciá-lo D Uumo
para o tornar manifesto e capacitar o analista a empreen-
der medidas que julguenecessárias. O declínio de uso de
teoria psicanalítica revela não subsistir à provada clínica
analítica.
6. registro de sessões que sucintamente mostre o
progresso da análise por consignarteorias que emprega
serve ao propósito deir além de ajuda à memória do ana-
lista. Tal valorde registro detrabalho feito e, de modo in-
direto, do método de trabalhar do analista, é grande,
embora o problema dominante refira-se a sistema de no-
206 cs —67—
rio é a emoçãobásica.A Inveja e Gratidão, a Depressão, a
Culpa, a Ansiedade ocupam lugar preponderante na tco-
ria psicanalítica e são com o Sexo opçõesa figurarjunto a
amore ódio. Prefiro na verdade, três fatores que conside-
ro intrínsecos ao vínculo entre objetos em mútua rela-
ção. Não se concebe a experiência emocionalisolada de
CAPÍTULO QUATORZE relação. Postulo como básico: 1) X ama Y; 2) X odeia Y; e
3) X sabe a respeito de Y. Tais vínculos se expressam pe-
las siglas 4, O ES. Querealização há quetais vínculos abs-
Os vínculos entre objetos tratos, 4, O e S traduzem? Suponha situação imaginária
de tipo familiar ao analista; o paciente Silva fala com de-
1. A funçãoalfa desempenha parte fundamental na sembaraço c coopera amistoso; no decurso de associa
transformação da experiência emocional em elementos- ções, refere conhecer certo psicoterapeuta Jonas,
alfa porque ao indivíduo importa o sentido derealidade bastante estúpido que, praticamente nada sabe de psica-
taloalimento, a bebida, o ar ca excreção de produtos re nálise. O paciente o conhece bem e afirma boas razões
siduais. A falha no comer adequadamente, beber e respi- para ter-lhe antipatia. Tratou certa vez, amigo.seu, Sr.
rar tem consequências desastrosas para a vida. O Maia, com péssimos resultados. O casamento do amigo,
malogro no uso da experiência emocional ocasiona ca- sempre harmonioso até iniciar o tratamento... etc...
tástrofe semelhante no desenvolvimentoda personalida- Esta é obviamente comunicação complexa. Há um víncu-
de; incluo nestas catástrofes os graus de deterioração lo entre paciente c analista; há vários, entre paciente e
psicótica descritos como morte da personalidade. O em- psicoterapeuta, entre paciente c o amigo, entre o pacien-
prego de modelo, aqui o do aparelho digestivo, sempre te e o analista do amigo. Para o vínculo entre paciente
e
se sujcita aos riscos que cxamino à página 113. Para ame- analista há evidência direta. Quanto ao que o paciente re-
nizá-los e tornar científico o exame, requer-se notação fere de outros vínculos, a evidência é de todo indireta,
que represente a experiência emocional. Se o analista embora se use à evidência direta da sessão, caso desejá-
elabora para si antologia de teoria psicanalítica vigente vel, para suplementar afirmações do paciente. Afirma co-
sob fundamento de algumas boasteorias básicas bem Diz ter
nhecer Jonas. Registra-se isso como Silva SJonas?
compreendidas e aptas individualmente c em conjunto antipatia de Jonas. Seriaisto Silva O Jonas? O paciente
a abranger a maioria de situações que espera encontrar, mencionaSr. Maia como “amigo”. Seriaisto então Silva
A
ajuda-o criar a notação. O que segue é esboço que indi Maia? Ou há, na análise, material prévio ou maneira
ou
ca linhas ao longo de quesc progride e se afiguram pro- entonação que indica o vínculo Silva A Sra. Maia?
Talvez
veitosas. a
material exista de denúncia de relação homossexual entre
á 2. Os sentimentos que conhecemossobos nomes de Silvae Sr. Maia? Fim não têm as indagações que episódio
a
amor” e “ódio” parecem alternativas óbvias, se o crité- imaginário estimulam, nem limite o número de respostas
=Súdos —69—
ê Rê ou seja, E e
cada pergunta. Difícil entantoafirmar ser meno , oie
s verdade notação antes de considerá-lo satisfatório
Rs ç E;
exatamente isto sobre a sessão concreta. Das
respostas operacional. Resumir, como S, episódio EA cai
todavia, às perguntas, que oanalista entretém, depe gistro imperfeito, conquanto bom ponto de parti aE
nde a
interpretação da evidência direta da natureza da meditação especulativa do analista. A este respeito, es
transfe-
rência. Parece,de vez que a situação analítica é comp ã obsta
| E o, nãão
tema que esboç imor ea
esprid
S nteÉ o despr s
singel eza,
le-
xa, não haver mérito em registrá-la por umad
astrês siglas tem rudimentos das bases de sistema de notação reg)
simples. Admitindoa siigla para expressar tro dofato e agente operacional.
apenas uma
parte da experiência emocional — o vínculo — não
mostra
O episódio imaginário queassiglas A, O
es, de enganosa
simplicidade, exprimem complexo vínculo
de infindas
variedades ou,narigidez com que denotam
o vínculo tor-
nam-lheas aplicações à situação clínica concreta
inauspi-
ciosa falsificação?
3. Razão não há para qualquer das alternativ
as ser
verdade; as siglas ligam-se ao fato em modo ques
alvas es-
tão de ser símbolos inexpressivos e são ao
mesmo tempo
suficientemente abstratas para sc aplicar
a situações
emocionais concretas não por mero acidente,
mas de
mancirageral.
4. O analista avalia a complexa experiência
emocio-
nal que lhe cabe elucidar mesmo restr
ingindo-se a estes
três vínculos. Identifica os objetos
que vinculam e, dos
três, qual representa mais acuradamente
o exato entre
eles.
Denota-se o paciente amorável pelo vínculo
A. Não é
representação adequada, porque importa
registrar a si-
tuaçãode transferência. Poupodizer o queé
isso, consig-
nando transferência segundo o sistema
que sugiro antes
(pág. 66, parágrafo 6).
Nota-se queusar as siglas OS A para indu
zir o analista
a estabelecer o “clima” da sessão não é
colocá-las como
registro da experiência emocional; vale
dizer, é dispositi-
Yo que fornece relato próximo ao que se
sabe acontece.
Introduz entanto elemento essencial talve
z dosistema de
=j= =a dio
embora em clínica cabe ponderar sobre a escolha E cle-
mento cuja importância advém de aspectos outros o
posição do enunciado total. Obviamente, mais provi o
é que o elemento mais importante suporte o Eo E
lhe incumbe que outro que não o fem, o qaculo : f
CAPÍTULO QUINZE S é pois este elemento. Escolhida a sigla, para o analis! E
certa e de fato a mantém constante. Se, em relação a ;
outros elementos tornam inconciliável o enuncia rs
Sistema de abstrações para asprin cumpre sc harmonizem os demais e relacionamentos É
cipais experiên-
cias emocionais O es continuam inalterados, a menos se evidencie que
escolhafoi imprópria ou o analisando se aana
1. Ao escolher A, O ouso analista afirma caso, abandona-se o enunciado e há novo ain sa
algo quesc lhe
afigura verdade, em sua convicção mai buo, nota-se, grande importância à eleição de 4, 0 E
s arraigada. Não é
enunciado que acuradamente repr selecionoa sigla que denotao vínculo como o o
esente a realização
que lhe equivale; a afirmação, ao analista mais próprio ao ônus que preciso que suporte, ésa
parece reflexo
verdadeiro de seus sentimentose nela conf não meseja difícil admitir boas razões mpipara o
ia para finali- verdac ai he
dade essencialmente importante, ouseja, a preferir considerar scu enunciado
que atue como
padrãoa querefira todas as demais que sear-se em elementodiferente; a escolha não Ê dificu
pretende fazer.
Quando seleciona A, então A expressa de intransponível para analista treinado e militante. :
qualidade a que
compara outras. Exprime A ainda quanti 2. Seleciona-se A, O ou $ no modo queo analista sem
dade e, por esta
o analista afere todas as demais que expr te estabelecer um ponto de referência. Há assim er
essa. Vale dizer,
se com A denota que dois objetosse vincul risco de gerar um sistema de abstrações sem base c sujei
am pornítidos
sentimentos de amor, usa então S para to à manipulação engenhosa e arbitrária.
ligação fortuita,
como a quese expressa por afoito “sim
, sei que é”. A op-
ção por A, O ous não se determina pela
necessidade de
representar o fato, mas precisar fornecer
indício do valor
de elementos outros que se combinam naaf
irmação con-
figurada. Quando, em Psicanálise, para
seu valor, uma
afirmação depende de outras, premente
é a necessidade
de identificar a afirmação chave. Cumpre
elucidar que o
analista baseia os valores dos elemento
sde sua afirmação
num único enunciado. Teoricamente não
vejo por que,
para o propósito, não escolhe o ele
mento que prefere,

Ta
lece, na relação X S Y, quando Y é inanimado e parece
que X se aproxima de inanimado, por exemplo, se X usa
o computador. O valor da verdade afigura-se inerente ao
registro no monitor ou a fita magnética da voz humana,
de modoque não pareça comunicaravaliação humana. O
destino detal acepção revela-se ao perceber queo regis-
CAPÍTULO DEZESSEIS
tro fotográfico não fornecea evidência que a observação
direta consegue.
O vínculo (serve ao aprender com a experiência) 3. Dúvidas quanto à capacidade humana de saber
algo subjazem às indagaçõesdofilósofo daciência; des-
1. Ignoro Ae O eexaminos, importante parao anali pontam na percepção inexcusávcl que os termos abstra-
sta e
vínculo apto ao aprender com a experiência. No tos XS Y denotam, idêntica a dosX A Y ouX O Y no
curso
do exame, tomonovos pontos importantes para o víncu existir intrínseco do elemento animado. Ouseja, ao se in-
- troduzir a parafernália inanimada para substituir o ele-
lo,de que não cuidei até aqui. O primeiro é que embora
A mento vivo, A, O ou S deixam de existir. A psicanálise,
ou O importantes para S, por si nenhum conduzaS. XS
Y, analista S analisando, EuS Silva são enunciad por dois gruposde razões, dá maior significado ao pro-
os denos
tando experiência emocional. TalA c O,S representa blema dosfilósofos da ciência; X tem força e em porme-
vín- nor se vê, fraqueza sempre pressentida ao se envolver
culo ativo ca respeito sugere queseXSY, X então é algo
para Y.Isto representa umarelação psicanalítica. Con em saberde Y, cuja aptidão advém de seu contato com a
me proponho usá-la não comunica sentido definalidade realidade. Não me volto para problemasfilosóficostrata-
isto É, não que X possui um tanto de saber chamado Y dos por Kant, Hume e sucessores. Acentuo que o referi-
e
sim que X está sabendo algo sobre Y e Y é algo que está dosobre problemas do conhecimento aplica-se de modo
sendo sabido por X. O enunciado XS Y, ao significar especial à psicanálise que de igual modoa cles se aplica.
que 4. A indagação “como X chegaasaber algo?” expri-
X tem umtanto de saber chamado Y, recai na categ
oria
de relacionamento entre pessoa que afirma e outra de me umsentimento; afigura-se penoso c inseparável da
quem afirma e umarelação de X com Y, a respeito de experiência emocional que sinalizo por X S Y. A expe-
quem se desenvolve. riência emocional, penosa, desencadeia esforço para fu-
2. Sendo enunciado, a indicar que X se volta para sa- gir ao sofrimento ou modificá-lo conforme os recursos da
ber a verdade sobre Y, correspondea relacionamento cu- personalidade paratolerar a frustração. A fuga ou modifi-
jas formulações informam pela perspectiva científica. As cação, segundo Freud, em artigo sobre os Dois Princí-
técnicas dos que detêm perspectiva científica alca pios do Funcionamento Mental, destina-se a escapar ao
nçam sofrimento. A modificação, pelo uso da relação X S Y,
mais Exito se Y é objeto inanimado. Mais facilmente se
mantêm a convicção que a perspectiva científica preva busca a relação em que X possui um tanto de saber cha-
- mado Y — significação de X S Y que rechaço à pág. 74. Fu-
dife 75 =
8ir, por sua vez, tenta substituir o significado “X possui
um tanto de saber chamado Y”, de modo queXSY não
mais represente experiência emocional penosa e sim a
que se supõe sem sofrimento.
5. Semelhante compulsão não reconhece a realida-
de, nega-a, desfigura a experiência emocional, nãoa
de-
nota, mais parecendo que a satisfaz que busca esforço
CAPÍTULO DEZESSETE
para satisfazê-la. A diferença entre verdade e defesa com-
pulsiva está em alterar o sentido de X SY que desvincula
dos sentimentos de frustração intolerância pelo sofri- ;
mento. O desafio de transmudar o “saber” privado
Enuncia-se a abstração da experiência emocional
no
público assemelha-se à compulsão a reconfigurar a expe-
1. No que se refere à atividade S que me ocupa, ou ssa
riência emocionalao invés de representá-la. Na psicanáli-
com relação a saber a respeito, estou consciente id ç
se de pacientes em quem a função-alfa não se consolida
nha experiência emocional c dela abstraio o enunciado
cuidamo-lhes a incapacidade de perceber que reconfigu-
que de modo adequado a representa. A abstração gera:
ram as experiências emocionais, mesmo para si; a com-
confiança quando, ao enunciá-la, também representa a .
preensão doinsano aumenta, se alcançaa gênese de sua
tras experiências então desconhecidas. O sentido de
incapacidade para substituir a representação mental de
confiança assemelha-se ao que se produz quando o con-
fatos concretos cuja equivalência psíquica clucida a reali-
senso confirma a convicção. A confiança acompanha sa- As
dade. O motivo por certo corresponde à afirmação de "3
ber que há correlação entre os sentidos Ger abaixo) ou,
Freud que “só falta de gratificação da pré-expectação
no grupo, mais de uma pessoa refere enunciado Eu
leva ao abandonoda alucinação”. O acesso ao problema
para a mesma representação da experiência emociona!
liga-se a dois meios, saber a respeito da pessoa oucoisa —
A confiança na representação associa-se com:1) a q É
o vínculo S portanto — e livrar-se de S e experiência emo-
vicção que o consenso confirma a representação E 2) É a
cional que representa. Meu processo encontra em S par-
não só representa a experiência emocional de que foi
te do objetivo de saber a respeito “X SY” eo que denota
abstraída, mas realizações outras desconhecidas ao se
de vez que envolve ser um com o que vemà análise. Im-
concluir a abstração. Avalia-se o enunciado abstrato,
plica ainda abstraçãoda realização cujo enunciado a re
pelo recurso àssiglas A, O cs, utilizadas na apreciação da
experiência emocional, quando ele some A rd
presenta e denota portanto e até representa realizações
sentação abstrata de experiência emocional diferente.
no momento desconhecidas.
2. Considera-se aí a abstração um passo no tornar pu-
blico que advém da correlação ao comparar a repre-
sentação que se abstrai a várias realizações Outras,
nenhuma arealização de que aquela representação origt-
ndiólo
pdfifis
nária se abstraiu. Encara-se por outro lado, a concr
etiza- O processo de abstração que uso de modo consciente
ção a forma de tornar público que decorre da corr
elação é essencial à experiência emocional X S Y. Nãoé capaci
pelo consenso;isto é, afirma algo de modo que,
reconhe- dade eventual, desligada de sua gênese pela ação da fun E
cido como objeto de um sentido, mostra-se entanto sm
obje- ção-alfa.
to de outro. O critério para o enunciadoé seu
valor em 4. Com prioridadeo vínculo e de acordo em limitar-
facilitar a verificação por mais de um sentido ou os
senti- lhe a representação às três siglas A, O €S, cabe cuidar o
dos de mais de umapessoa. (Em astronomia,
alcançam-se problemada representação, considerandoos passosque ”
as correlações, embora só se disponhadosentido davis
ta levam à existência da não representação.Advindo o pro-
€ seus dados, porque o descobridorindividual
torna pú- cesso de abstração da convicção de existir objeto que sa-
blica sua experiência privada pela verificação
de demais tisfaz e efeito da função-alfa, cumpre se reconheça como
obsgrvadores contemporâneos ou póstumos. A
fraqueza o indivíduo percebe o estado mental de certos psicóticos
eventual pela impossibilidade de emprego da
evidência sem capacidade de abstração. A palavra cão, por ps
de mais de um sentido se compensa pelo pode
r de abs- plo, meio de alcançar a abstraçãoc a generalização Fa
trair o enunciado da experiência emocional origi
nal em sem uso porfalta de representação mental do animal es
termosde tal rigor que, muitos anos depois busc
am-se, pecífico, só indica a concretude da classe, não mais de-
encontram ou acidentalmente se reconhecem
as realiza- signando e apenas sendoa coisa-em-si, “as palavras são
ções da representação. Kepler confirmaa intui
ção do he- coisas”. No sistema configurado que o vínculo S denota,
liocentrismode Aristarco centenas de anos
mais tarde.) A há elementos concretos da não representação. Simples
formulação matemática não está ainda no alcance
dopsi- então é pedir emprestado à geometria algébrica o pro-
canalista, embora as sugestivas possibilidades.
cesso detrocaro sinal que, na linha AB, representa aalte-
3. Eisas razões para fazer uma afirmação abstrata:
1) ração de sentido dalinha. Por -S denota-se o vínculo da
O analista é compelido a formular sua hipótese
básica; 2) NÃO compreensão, isto é, a falta do poder de compreen-
o analista descobre, do registro, que tal abstraçã
o faz que der. Comoimplicaçõesdisto, mais se entende que -A não
se torne sem sentido qualquer colocação do arsen "
alteó- é o mesmo que O, nem-O o mesmo que A.
rico em queconfia; 3) 0 analista se acautela cont
ra à per- 5. Representam-se no momento os fatores, pela E e-
da de perspectiva da origem do provimento
teórico na rência de página linha âquela parte da literatura que for
história da sua disciplina científica; 4) os anali
stas clíni- nece a melhor definição de fator a que a referência
cos mais depressa vêem que, certas teoriasat
é então esta- remete. A busca de siglas para representar fatores, como
belecidas, tornam-se de fato redundan
tes ou adoto com A, O ES é prematura, pois substituir terno;
desacreditadas pelaprova da experiência, e 5)
possível é em geralaceito, por sigla suscita sistema configurado tão
a correlação do enunciado abstrato com as reali
zações de distante da origem quesc afigura inexpressivo, enquanto
que sc origina; 6) ajuda a estabelecer o padrãoa
que to- pelo sistema de referência de página c linha, jamais se
dos os demais enunciados se referem.
Exemplos vários, perde de vista, o antecedente de realização de que asteo-
em páginas ulteriores.
rias se derivam. A configuração e abstração por outro
= ão =0 =
lado, por que sintetizam o concreto c o particular, apre-
sentam efeito de eliminar aspectos que obscurecem aim-
portância do relacionamento de um elemento com
outro. O emprego de termos específicos, valiosos pela
concretude, retendo o fundamento de origem, ocultam
entantoo fato que termos concretos são variáveis que.
para seu valor dependem do contexto a que se prend
em. CAPÍTULO DEZOITO
Isto significa ser essencial se encontre um grupo de
siglas
que adequadamente representem a realização e lhes re-
vele o relacionamento mútuo — seu contexto. Teoria dafunção-alfa e a da consciência

1. No exame aqui (da atividade 8), recorro à abstração,


contrária ao processo de concretização em que as pala-
vras deixam de ser signos abstratos e são coisas-em-si.
Para demonstrar adequadamente o relacionamento, es-
senciais são a abstração e a configuração.
2. O problema não é apenas o uso de palavras im-
pregnadas de uma penumbra de associações para descre-
ver situação inédita; a penumbra de associações se
configura na busca por estabelecer a relação mental com
os objetos concretos. Esta busca, no desenvolvimento do
indivíduo, é bem menosrigorosa que o esforço por esta-
belecer a reação mental com a personalidade do indiví-
duo ou de outrem. Os sentidos fornecem à personalidade
o material sobre quetrabalhar para produzir o que Freud
chama a “percepção consciente que a eles se liga”, ou
scja, aos dadossensíveis. Custa crer porém, que os dados
sensíveis, como de ordinário o são, ofereçam suficiente
material de valor, se a experiência emocional da persona-
lidade é o objeto dos sentidos (não importa de quem). Os
sentidos, em situação de medo ouraiva, proporcionam
dados sobre os batimentos cardíacos c manifestações peri-
féricas similares, comose vê, no transe emocional. Não
há entanto dadossensíveis diretamenteligadosao atribu-
—80— -81—
to psíquico, como os há sobre os objetos concretos. Os mento onírico, o pensar inconscientedavigília e o arma
sintomas hipocondríacos constituem pois sinais de es- zenarem-se na mente (a memória). Atribuo à não consoli-
forço de estabelecer contato como atributo psíquico, dação da função-alfa, pelos sucessivos ataques do ódio e
substituindo pela sensaçãofísica os dados sensíveis que inveja, a presença de clementos-beta, de objetos bizarros
faltam ao atributo psíquico. Talvez, por percebera difi- que intimamentese lhes associam e de distúrbios graves
culdade, Freud postula a consciência como órgão sensí- que cm geral acompanham nítida irrupção de clemen-
vel doatributo psíquico. Não tenho a menordúvida que a tos psicóticos da personalidade.
personalidade requer algo para estabelecer contato com
o atributo psíquico.
3. Para explicar as personalidades incapazes do so- NOTA
nhar verdadeiro, o psicótico fronteiriço e as partes psicó-
ticas da personalidade, a teoria da consciência, como 1. Importa diferenciar a natureza das duas teorias. A da função-
alfa possibilita o trabalho do analista sem propor, prematura-
órgão sensível do atributo psíquico, nãoé satisfatória; pe mente, nova teoria. A de Freud da consciência como órgão
los padrões da experiência clínica, as contradições que sensível do atributo psíquico é parte da teoria psicanalítica
surgem, resolvem-se ao nos aproximar dos problemas aceita. Ver Capítulo 18.
através deteoria diferente. A fraqueza da teoria da cons-
Ja»
A ursá notadas dam
ciência manifesta-se na situação para que proponho a
teoria da função-alfa que, ao desenvolver clementos-alfa,
origina a barreira-de-contato, entidade que separa ele-
mentos, uns de um lado são e formam o consciente e do
outro, outros são e formam o inconsciente. A teoria da
consciência é fraca, nãofalsa, pois retificando-a afirma
que, consciente e inconsciente formando-se assim jun-
tos, são de visão binocular, capazes portanto de correla-
ção e auto-afirmação. Por sua gênese, impossível é a
referência imparcial do trabalho psíquico ao eu: a “per-
cepção” de umaparte pela outra é por certo “monocu-
lar”. Por esses motivos e outros advindos da experiência
clínica de psicanálise, com a classe de pacientes em
quema parte psicótica da personalidadesc impõe, pare-
ce-meinsatisfatória a teoria dos processos primário c se-
cundário. Ela é fraca ao postular dois sistemas quando, na
minha teoria da função-alfa, a experiência emocional se
transforma em clementos-alfa,' que possibilita o pensa-

QD
concretos. Que se avém comos equivalentes da impres-
são sensível da experiência emocional? Como em ele-
mentos-alfa aqueles se transformam? Convém postular?
as impressões sensíveis da experiência emocional análo-
gas às impressões sensíveis dos objetos concretos. Se
CAPÍTULO DEZENOVE existem, cis caber considerar se os clementos-alfa, em
que a função-alfa transforma as impressões sensíveis da
experiência emocional, diferem daqueles em que cla
Função-alfa, incógnita para o trabal transforma os dadossensíveis do objeto concreto e, sen-
ho psicanalítico
do assim, emque consiste a diferença. Freud sugere ser o
1. Alcançaro valor do termo função-alfa modelo dos processos primário e secundário, o aparelho
é tarefa da psicaná-
lise, Oque de outra maneira não se con reflexo; a aplicação da teoria de funções requer primeiro
segue. A condição,
examinoa aqui, é de variável desconhec se forme o modelo e aí, examinado, verifico se a abstra-
ido para satisfazera
necessidade do sistemade abstração, çãoteórica que chamo vínculo o representa e, no caso,
próprio às exigências
da Psicanálise. Estes e problemas correlat comoa representaçãoestimula a produção do modelo. A
os são objetos de
indagação; constituem ainda instru função-alfa é algo que existe, quando certos fatores ope-
mentos para conduzi-
ta. Diferencia-se 9 conceito de função-a ram emconjunto. Admitem-se fatores operando conjuga-
lfa e realização que
intimamente se aproximadateoria que dos ou excluindo-se que, por alguma razão, se não
empregaesse con
ceito € garante o uso do termo função-a atuam, ou seja, se os disponíveis não contam com a fun-
lfa, como designa-
são, temporária embora, da realizaç ção-alfa, então a personalidade não elabora elementos-
ão.
E 2. Considera-se, para fins de invest alfa, sendo aí incapaz de pensamentos oníricos, de estar
igação analítica, a
gênese de toda abstração,fator de funç consciente ou inconsciente, de reprimir ou aprender
ão-alfa. A hiipótese
se coaduna à não consolidação da com a experiência. Tal deficiência é grave pois se acres-
função-alfa quando
pelos ataques do ódio e inveja, est ce das mortificações sequentes à impossibilidade de
ão presentes os ele.
mentos-beta, em sua concretude impo aprender com a experiência, do precisar percebera ex-
rtantes a tal ponto
que, certos pacientes tomam as palavr periência emocional, análoga à necessidade de reconhe-
as não como deno-
minações mas coisas-em-si, A eventu cer os objetos concretos que se consegue através das
alidade se ajusta às
experi ências emocionais como parte impressõessensíveis e carecer de percepção semelhante
do problema clíni-
co de comprovar o valor da função-a implica privar-se da verdade que se afigura essencial à
lfa. Primeiro cumpre
estabelecer O equivalente da impres saúde psíquica. O efeito detal carência sobre a personali-
são sensível, na ns
ção da pessoa com a experiência emo dade,é análogo aoda inaniçãofísica sobre o organismo.
cional. Os órgãos
dos sentidos, a percepção quelhes é 3. Valendo-me da abstraçãoe seusefeitos, da função-
peculiar e suas reali
zações derivam-se da experiência alfa e seus fatores, examinoas incógnitas psicanalíticas.
sensível dos objetos
Prossigo pela concretização, isto é, servindo-me de ex-
id
—85—
pressões próximasàs utilizadas a nível de dados empíri- ou “engolindo” seio que satisfaça. Seio engolido é indis-
cos comprováveis, para considerar que parte do apare- tinguível de “pensamento”, mas “pensamento depen-
lho psíquico primitivo se amolda para prover o aparelho de que exista objeto, de fato na boca. Em condições,
necessário ao pensar. Freud descreve o pensamento consoante fatores de personalidade, sugar c sensações
como dispositivo indispensável por substituir a descarga conexas equivalem evacuar seio ruim. Seio, Gisaemsi é
motora, acrescentando apenas que se desenvolve da indistinguível de idéia em mente. Idéia deselo em mente
ideação. No exame da interpretação de sonhos, Freud é indistinguível de coisa-em-si na boca. Tendo presente
fixa-se no valor do aparclho reflexo, como modelo do só duassituações, scio concreto indistinguível deexpe-
aparelho psíquico ligado ao sonhar c desenvolve, à luz riência emocional que é coisa-em-si e pensamento indife-
desse modelo,” a teoria dos sistemas primário e secundá- renciado c seio ruim “seio necessitado” pa
rio. Sugiro ser o pensar algo que se impõe ao aparelho, composto de experiência emocional c coisa-em-si io
não condizente como objetivo, pelas exigênciasda reali renciadas, chegamos a objeto muito semelhante a cle-
dade e coevo ao que Freud chama predomínio do princí- mento-beta. Na mente, não se diferenciam ae
pio de realidade. Analogia atual é o fato que requisitos da representação. Maisclarassão as características da nar i-
realidade forçam não apenas à descoberta da psicanálise ção se lhes exponho as manifestações. Bebê contenc o
mas induzem a deslocar-se do pensamento verbal, fun- seio ruim “seio necessitado” evacua-o, ao sugar o seio.
são primeira de substituir a descarga motora, às tarefas Isto obviamente requer íntima relação topográfica com
do auto-conhecimento, para tanto mal preparadoe cujo seio concreto. Evacua-o pelo aparelho respiratório; Em
desempenho lherequer drásticas mudanças. sensação tátil paraisto. Eyacua-o, vendo seio uidnr
4. Ignoro a natureza da função-alfa e conservo-a não precisa seio concreto visível, isto é, em posição a -
comoabstração para uso comoincógnita, de queo valor vel é o mesmo quenos olhos da mente e ambos o mesmo
do
só se encontra no curso da investigação analítica.' Toco que na boca. Quanto estes eventos são evacuações
pois problemadiferente do que Freud investiga em suas seio ruim “seio necessitado” é claro que se de fato há
ainda,
teorias da ideação e modelo do arco reflexo. Pressupo- “não seio”, sente-o não só ruim em si, mas pior
nho exista aparelho adaptadoe, adaptando-se às tarefas porser evidência concreta queseio ruim foi deveras eva-
atuais próprias à satisfação dos requisitos da realidade, cuado. A situação equivale à de “objeto Pizarro) =
desenvolvendo a capacidade para pensar. O aparelho expressão descritiva mais exata aqie a de “elemento-
que se adapta é o que a princípio elabora as impressões beta” para o que o bebê sente existir.
sensíveis ligadas ao tubodigestivo.
Noprocesso, ao quealcanço c até onde, em palavras,
ofereço minhas deduções, o que se passa é: o bebê, do NOTAS
seio que “nãoestá ali”, percebe dentro, seio muito dá É a i 5
ruim igar e
e nãoestar ali, desperta-lhe sentimentos insofríveis. Sen- 1. O processo que o analista utiliza destina-se, ao invest
sso no p:
) de pertubações do pensamento, a examinar O proce
te ter de “evacuar” o objeto, pelo aparelho respiratório
—86—
=87 >
ciente. Os psicanalistas cha
mam fantasias, em certos casos
pelo menos, os atuais remanesce
ntes do que foram outrora
modelos do paciente para unir
experiências emocionais. A
respeito, o mito de Édipo é sobr
evivência do modelo para
configurar a experiência emocional
do bebê. Se o caso apre-
senta distúrbio do Pensamento,
descobre-se nunca ter o mo-
delo se formado adequadamente.
Em consegiiência, a situação
edipiana revela-se imperfcitamente
desenvolvida ou incxisten-
CAPÍTULO VINTE
te. À análise do paciente mostra,
se estiver progredindo, a ten-
tativa de configurar o modelo.
Ver também Frege Grundgesetze
, Volume I, pág. 3. As tra- Abstração pressupõe convicção exista
duções (para o inglês) de Geac
h-Black, pág. 154, em que exa- objeto quesatisfaz
mina o conceito que é, diga
mos, não-saturado.
2. Postulartais objetos Presta-sc o
à objeção de Frege contra postu-
lar Objetos Lógi cos, às págs. 55 c 56 dos Gru 1. Quando sugar o seio concreto evacua seio ruim Agora
Arilhmetik. O psicanalista confia ndlagen der
na experiência emocional da externamente presente, por certo tal resultado não aflige
análise para revelar elementos
que considera fatores de fun- tanto quanto o dos métodos respiratórios e outros. Isto
ção-alfa. Se acha que descreve
alguns deles como análogos a estimula a interação dos princípios de realidade e prazer-
impressões sensíveis dos objetos
concretos, é tempo de enun-
ciar hipóteses definidoras adequa desprazer. Acompanhamos 1) o processo dediferenciar
das ou a elas logo atribuir os
termosexistentes que represent
em as designações de tais hi- da representação a realização correspondente, processo
pótceses definidoras. que distingue da coisa-em-si a idéia, (Bradley, I. 148) ou
O analista está pois na Posição
daquele que graças à percep- 2) osefeitos da analogia entre alimentar e pensar O pri-
são “binocular” e correlação
consequente que a capacidade meiro caminho conduz diretamente ao exameda impor-
Para o pensamento consciente
e inconsciente lhe confere, for-
ma modelos c abstrações que tância da abstração que, no contexto, considera-se o
lhe elucidam a incapacidade do
Paciente de conscguilo. aspecto da experiência emocional, que a função-alfa

/a
A apresentação pormenorizada transforma em elementos-alfa. ij
vem da descrição da psica-
nálise clínica, em que não entro
aqui, a não ser para ilustrar 2. A teoria kleiniana do objeto mau que o bebê eva-
meu tema,isto é, problema do
método do analista de apren- cua dentro do scio, combina-se à satisfação de evacuar a ;
der coma experiência.
3. 8. Freud, Interpretation 9fDrea necessidade, sendo esta scio ruim (emprego termos fon
ms, Capítulo VII B.
4. Processo análogo ao da Pré cretos) ou o que denomino elemento-beta e a
-concepção que unindo-se à cxp
riência da realização estimula e-
a gênese da concepção. abstração), traduz o sentimento do bebê que o seio e
fato é objeto evacuado, indistinguível pois de aa
beta. Algo agora acontece, se o bebê continua a se ali-
mentar. Implícito no processo que descrevo, a situação
não se afigura objetiva. Se há seio bom, doce objeto epor
que foi evacuado, produzido; e o mesmo par seio ruim,
seio necessitado, seio amargo etc. Não é objetivo nem
—8g—
aBÕ =s
subjetivo. Desses objetos doce, amargo, azedo, doçura, nem entre si abstrações de qualquersistema; 3) paciente,
amargor, azedume se abstrai. Abstraídas, reaplicam-sc;
capaz de abstrações, multiplica sistemas não sujeitos a
usa-se a abstração em situações emquea realização dela
sistema algum verificável de normas. Embora desconhe-
se aproxima nãoà original da quese abstrai. Associa-se ao
ça a realização original (assemalha-se nisto ao tópico 2
seio, por exemplo, a experiência emocional do bebê de
acima)e o sistema de normas sob que manipula as abstra-
objeto independente dele c de que depende para lhe sa-
ções, descobre entanto realizações que sc aproximam de
tisfazer as sensações de fome; supondo capacidade de
seus enunciadosabstratos; 4) paciente, capaz de abstra-

(di ihod, fas 4 A.


abstração da experiência total, o bebê separa sua convic-
çãoe formação desistemas, segundo normas que assegu-
çãode existir objeto que lhe satisfaz as necessidades. O
ram não ser o sistema em si inconciliável, é entanto
enunciado concretoé:eis seio de que depende para satis-
incapaz de alcançara realização a que osistema abstrato
fazer fome poralimento; a abstraçãodisso é: cis algo que
se aplica; 5) paciente capaz de abstração e de combiná-
dá e lhe dá o que deseja, quando o deseja.
las em sistemas segundo normas (de natureza demonstrá-
3. Quaseinfindas formulações representam, no pa-
vel) que asseguram não ser os sistemas em Si
recer de observador imparcial, o que sente o bebê, quan-
inconciliáveis. Deduz-se da abstração a realização primei
do se alimenta ao seio. Da experiência emocional e
ra quelhe dá origem. Realizações ulteriores aproximam-
enunciado que a representa e demais outros que, de
se dos sistemas dedutivos, embora ignoradas quando
igual modo,se afigura a representem, abstrai-se uma sé-
primeiro se vislumbra a abstração que as representa. ;
rie de enunciadosulteriores. Sendo enorme seu número,
5. Abandono otópico 1), por ser enunciado cujossis-
examina-se-lhes adiante a significação para o processo
temas abstratos advindos formam representações de rea-
científico, com referência especial ao tópico anterior. O
lizações de espécie em geral diferente das realizações
bebêtalvez também “faça suas formulações” e ao analis-
correspondentes a 2), 4), 5). O tópico 3) representa reali
taafinal interessa a natureza dessas “formulações”. O pri-
zação que adiante consideramos. Próprio é das realiza-
meiro plano de enunciados é privativo, advém de
ções que se aproximam da representação, semelhança
episódio real c concreto; as abstrações mais c maisse dis- De
superficial com asrealizações que se aproximam de
tanciam das origens concretas c específicas até perde-
realizações outras vizinhasdas representações advindas
rem-se devista. As abstrações entãofeitas reaplicam-se à :
de 1).
realização, assim se descobre esta aproximando-se da
6. Pelo exame de 1), 2), 3), De 5) investiga-se com
abstração. agora
proveito a abstração, como fatorde função-alfa. Ha;
4. Assituações na análise são: 1) paciente,incapaz de as
duas tarefas sobre que empenhar. A primeira, elucidar
abstração, luta por sobreviver com aparelho mental ape-
realizações originais da abstração. A segunda, esclarecer
nasaptoà introjeção e projeção de clementos-beta; 2) pa- tópico
o relacionamento do modelo (tal Freud o usa no
ciente, capaz de abstração, desenvolvendo sistemas para
relativo ao aparelho reflexo, modelo do aparelho
teóricos distantes da base de realizações de que se abs-
sonhar) com realização de que advêm a abstração cos
traem, mas multiplica-os segundo normas que coadu- e circuns-
sistemas dedutivostcóricos; em que extensão
Qi miQE
tâncias sc vê ser ou usar como modelo a realização origi- e portanto os fenômenos relativosà atitude e capacidade
nal daabstração dela advinda? Fácil é usá-la inadvertida- do paciente de pensar o pensamento. Importa-nos in-
mente como modelo. Falo por exemplo, de certas dagar o fato que, certos pacientes se influenciam pela
locuções como evidência não para memória mas, para idéia que digerem os pensamentose consequências simi-
“fatos indigestíveis” (pág. 26). Implícito na afirmação, o lares seguem-se às da digestão de alimentos. Vale dizer,
uso do aparelho digestivo como modelo para os proces- ao buscar meditar sobre a idéia, acreditam que ordina-

itrsonmuamei
sos de pensar. Razão há para crer sc associem com ali- riamente os pensamentos assim tratados encontrem
mentação as experiências emocionais de que os transformação análoga à que com o alimento ocorre,
indivíduos abstraem e integram os elementos base dos transformando-os em fezes; algumas idéias ou delas as
sistemas dedutivos tcóricos em uso como repre- representações verbais sobrevivem c, expressas, emer-
sentações de realizações do pensamento. Motivo há para gem não comosinal que existem, mas evidência imersa
usar o aparelho digestivo como modelo para demonstrar em manancial de confusão, que seus pensamentos des-
e compreender os processos implícitos no pensar. A me- truídos c sem sentido, tal fezes e partículas indigestas são
nos sobalegações de ineficácia, objcta-se contra o pro- alimento destruídos e sem valor nutrício.' Cumpre às in-
cesso, acoimando-o de transformar a realização original e terpretaçõesa tal paciente evitem palavras em modelo
experiência emocional queorigina, para fornecer repre- implícito de aparelho digestivo. Em clínica, o analista re.
sentações que sc lhe aproximam. Além disso, a imagem conhece a dificuldadee evita que a confusão fique mais
concreta da realização original serve como modelo da desconcertante. A condição entanto, estimula o pensa-
realização subsegiente. Para evitar confusão importa € mento que a utilização inconsciente do modelo suscita
convémse preservea diferença entre representação for- dificuldades não só ao psicótico mas ao filósofo da ciên-
mada de elementos-alfa combinados para produzir o sis- cia empenhado em problemas de métodos de pensar
tema dedutivo teórico abstrato e o modelo composto de com clareza. A expressão “pensar com clareza” que uso
imagens concretas combinadas segundo o quese acredi- demonstra a extensão em que o vocabulário defilosofia e
taa correlação entre os componentes da realização origi- de psicanálise,este na relação com filosofia, análogo ao
nal. Que dizer entanto de usar nosso conhecimento do da matemática com a matemática aplicada, satura-se de
aparelho digestivo para formar o modelo não dos proces- modelos oriundos das impressões sensíveis dos objetos
sos implícitos no pensar masdaqueles implícitos no pen- concretos. Recorremos inadvertidamente assim aos mes-
sar o pensamento? mos métodos de compreensão e isto inclui representar,
7. As dificuldades que se associam à perturbação do nos domínios do pensamento, as realizações pelos mode-
pensamento compelem-nos a pensar o pensamento e, los da realização original. Verdade é que o modelo do co-
assim, levanta-se a indagação técnica — como pensar o nhecimento atual que temos do tubo digestivo difere
pensamento — qual o método correto? Claro, inadverti- bastante do que o bebê faz do seu. Diferença semelhante
damente usamos nosso conhecimento do tubo digestivo aplica-se aos sistemas com base nos elementos-alfa advin-
quando nos ocupaelucidaros distúrbios do pensamento
== ao cm
dos do processo de abstração; as do bebê não são as do
adulto.

NOTA

1. A significação do fenômenose altera pela emoção que acompa


- CAPÍTULO VINTE E UM
nha a experiência. O paciente acredita ser sua atividade uma
evacuação mas a natureza da convicção decorre de sentir-se
que
agressivo, deprimido ou perseguido. Se a atividade é algo Métodoe abstração, capacidades da função-alfa.
o analista considera comum a comuni cação verbal, o pacien te
maneir a superfi cial, o Servem ao aprender
não sabe “o que está sentin do”. De
a es-
comportamento do paciente, intimamente se assemelha
tado onírico tal descrevo em 9.4. Defatoé tela-f e não separa 1. O uso do modelovale para restauraro sentido concreto
os pensamentos em conscientes c inconscientes. Se verdadei- da investigação que, pela abstração e sistemas dedutivos
ro sonho, a situação clínica evidencia separação entre cons- teóricos associados talvez perca contato com seu funda-
ciente e inconsciente, tal se vê quando o paciente se como
mento. O mérito a este respeito liga-se ao que tem
identifica com o inconsciente c o analista com o consciente
ou vice-versa. aproximação primeira a abstração cm que à experiência to-
tal, exemplo a alimentação, é modelo para questionamento
piádoo gors ulterior. A deficiência do modelo como instrumento acres-
7 tas
sibibo cuo ceanecessidade de produzir abstrações.
2. Omodelo tem também atributos que o credenciama
Conent desempenhar algumas das funções de abstração. Propicia
ao investigador usar a experiência emocional, aplicando-a
como um todo à experiência subsequente ou a determina-
as A e pra gu Engel
do aspecto. Tais méritos incluem os clementos que afinal
li-
tornam desatualizado o modelo. Experiência nenhumaap
-
doa ca-se exatamente a uma passada; o sistema dedutivo cientá
Ps Lena proa duda
fico € suas abstrações ou o modelo e imagens associadas
apenas são aproximações da realização e vice-versa.
O
to pita vvvA ta 3. Diferencio modelo de abstração; e reservo para
combi-
termo modeloa estrutura de imagens concretas
a idéia
nando-sc entre si; o vínculo entre clas dá amiúde
rem ou-
de narrativa, implicando alguns elementos causa
do indivi-
tros. Ele se constrói com elementos do passa
-95—
dual, enquanto a abstração impregna-se, digamos, de
T
preconcepções do futuro do indivíduo." Sua semelhança
com o modelo está em originar-se da experiência emocio-
nal e aplicar-se à nova experiência emocional; a desseme-
lhança, por ser mais versátil c aplicável pela perda das
imagens concretas particulares; os elementos da abstração
não se combinam cem narrativa, mas segundo método mais CAPÍTULO VINTE E DOIS
de revelar relacionamento que objetos relacionados. O sis-
tema dedutivo abstrai da experiência emocionalos atribu-
tos que caracterizam a relação entre os elementos de Objetos psicanalíticos, hipótese que ocupa o
experiência emocional. Os elementos concretos quese re- psicanalista: representação e equivalência.
lacionamsão de alcance menor. O modelo acentuaos ele-
mentos concretos, as imagens visuais, mas a maneira como 1. Escrevereste livro é realização de S. As dificuldades
se unem é de significação secundária. do paciente com “distúrbios do pensamento” asseme-
4. O fato quea realização só se aproxima da repre- lham-se às que assaltam oscientistas c demais interessa-
sentação, seja abstração ou modelo, é estímulo para nova dos em comprovar fatos que surgem da deficiência de
abstração e novainvenção de modelo. elucidá-los c implicam por isso investigar a natureza do
Quemaprende, sentindo-se intolerante da frustração malogro. A falha dos pacientes com distúrbios do pensa-
própria ao aprender, desmanda-se em fantasias de onis- mento encontra-se-lhes dentro da personalidade. Impos-
ciência c convicção de tudo saber. Saberalgo consiste sível a psicanálise da deficiência sem compreender a
em “ter” um “tanto de” saber e não naquilo que chamos. conjuntura dofilósofo da ciência e, ao reverso, esta inda-
A descrição de invenção de modelo e abstração nos gaçãofica incompleta, sem o recurso à experiência psi-
Capítulos 20 e 21 representa exemplo de invenção de canalítica com osdistúrbios do pensamento. Investigar a
modeloe abstração que se emprega emS (ou “saber” na abstração é parte do arsenal psicanalítico para esta dupla
de
acepção de “chegar a saber” algo). Sc a invenção de mo- aproximação. Examino antes a abstração comofator
função-alfa no vínculo S. o
delo e a abstração implicam capacidade de função-alfa,
emo-
conciliam-se com osestados mentais mencionados à pág. 2. Suponhamos bebê que ensaia experiência
tes
89, menos o tópico 1). Se há evidência de 1), a incompati- cional em que constantemente se conjugam os seguin
por ele,
bilidade de 1) com osoutros, significa que 1) e 2), 3), 4) elementos; vê homem, sensação de ser amado
papai”.
etc. coexistem mas cindem-se entresi. de querêlo, percebefrase reiterada da Inãe, “é
, aduz a mãe.
“Pa, pa, pa” balbucia o bebê. “Certo; papai
elementos que
NOTA Da experiência emocional, abstrai obebê
“pa-
em parte dependem dele; aos abstraídos, denomina
ntos
pai”, em situações outras em que os mesmos eleme
1. Ver Capítulo 22, parágrafo 8, pág. 100.

06 — -—97—
parecem conjugados: assim se constrói o vocabulário. de e dificuldade de se comunicarem com o grupo. Até
Isto não descreve fato; dou-lhe condição de modelo, de aqui, valho-me de duaspalavras, papai e cadeira, excm-
que abstraio teoria e aguardo descobrir ser repre- plos de nomesde hipótesesisto é, elementos que se abs-
sentação-a que determinada realização corresponde. A traem da situação emocional e ganham coerência pela
teoria que abstraio é: “papai” é nome de uma hipótese.” denominação.
A hipótese denominada “papai” enuncia estarem certos 4. O recurso ao termo hipótese, nome de objeto que
elementos constantemente conjugados. mais amiúde se qualifica de conceito, é expressão dasi-
3. O bebê encontra outro, a quem diz Pa-pa-pa, mas tuação descrita no tópico 3, como surge, ao investigá-la
em circunstâncias que não correspondem às que Pa-pa- psicanaliticamente. Difícil para a experiência psicanalíti-
pa se associa. Eis homem, mas não aquele. Elementosto- ca, a falta de terminologia própria para descrevê-la, asse-
davia na novasituação equivalem a alguns de situações melha-se à dificuldade que Aristóteles soluciona, ao
que o bebê considera realizações correspondendo à hi- admitir que a matemáticalida com objetos matemáticos.
pótese do nome“Papai”. Cumpre revisar a hipótese para Convém supor que a psicanálisc cuida de objetos psica-
representar as realizações. Abandona-a por outra ou tor- nalíticos e que, com a descoberta c exame deles, ocupa-
na-a sistema de hipóteses, o sistema dedutivo científico. se o psicanalista, na condução da psicanálise. O tópico 3
As experiências prosseguem e o sistema dedutivo cientí- descreve um aspecto destes objetos. Uso provisoriamen-
fico denominado “papai” torna-se progressivamente te o termohipótese, por que o sentido que se associa à
mais complexo. Usando o modelo para abstrair a teoria, utilização científica do vocábulo tem ângulos comuns
o indivíduo capacita-sc a abstrair da experiência emocio- com o objeto psicanalítico. Identificá-lo depende: a) da
nal, elementos que parecem constantemente conjuga- possibilidade de encontrar meios para comunicar a natu-
dos, inclusive o que é a um tempo nome da teoria ou reza do objeto. Isto envolve o emprego dos próprios mé-
hipótese ousistema dedutivo científico; é também nome todosassunto desta investigação e b) do aparelho mental
da realização queacredita aproximar-se da teoria. Assim que o observadorutiliza. Tanto o tópico a) quanto o b)
“cadeira” é: 1) nome dadoà coisa-cm-si que, supõe-se, são pois vislumbres de problemas para que convergem
existe na relidade; esta, segundo Kant, nosé incognoscí- as investigações. H
vel; 2) 0 nomedado aofato selecionado; 3) o nomecon-
5. Dos elementos da realização alguns têm os corres-
ferido à seleção de sentimentos, impressões etc. pondentes dados sensíveis ligados entre si, constante-
experimentados como correlatos e coerentes graças ao mente conjugados. Consideram-se portanto elementos e
fato selecionado; 4) o nomeda hipótese definidora que dados sensíveis correspondentes abstraídos da totalida-
enuncia estarem estes clementos constantemente conju- se
de de elementos darealização. Nova abstração ocorre
gados. Ostópicos 3 e 4 correspondem às qualidades se- te da
aos elementos se atribui nome quesc afiguradiferen
cundárias e primárias de Kant. Tais distinções da realização que representa. Cabe à abstração desempe-
natureza do termo “cadeira” são de importância clínica nharfunção de pré-concepção. Cumpre à generalização
para os psicanalistas que se defrontam coma necessida- alcançar a particularização; à abstração compete chegar
-98— —99—
à concretização. Implícito no termo concretização, o nificação temporária ao termo “pré-concepção inata”
modelo de que advém. O modelo é base de sentido admito, no bebê, a pré-concepção inata que existe scio
que impede meu enunciado tantose distancie da reali- que satisfaz sua natureza incompleta. A realização do
dade que não alcance unir-se à realização. Implica en- seio estabelece a experiência emocional. Esta correspon-
tanto que enfraquece-sclhe a força se usada como de às qualidades secundárias e primárias de Kant, do fe-
partícipe da relação em que o vínculo é menos S. (Da- nômeno. As qualidades secundárias determinam o valor
qui por diantc escrevo “-S”; como se examina em por- do elemento não-saturado (e) e portanto o valor de y (e).
menor no Capítulo 28.) Percebe-se a fraqueza e sua O signo agora representa a concepção. O elemento antes
utilização em -S, na análise de paciente incapaz de abs- não-saturado (s) junto coma constante desconhecida e y
trair, para quem as palavras são coisas — ascoisas quea configuram o componente, o caráter inato da personali-
palavra representa e são para cle indistinguíveis dos dade. Representemo-lo por (M). O objeto psicanalítico
respectivos nomese vice-versa. então se denota por y (£) (M). O valor de (M), como o de
6. Elucidam-se os problemas ligados à abstração, (e), se determina pela experiência emocional estimulada
considerando-osao contrário,as dificuldades de direção pela realização, ou seja, no modelo que exponho, pelo
do geral ao particular, do abstrato ao concreto. Quando contato com seio. O valor do objeto psicanalítico y (e)
falo de concretização, uso metáfora e isso indico. Tal (M) determina-se então pela identificação de (e) (M) que
classe de paciente não alcança esta. A palavra lhe é frag- se precipita pela realização.
mento concreto.” Também é verdade que não alcança 9. Não é só. A extensão do conceito de objeto psica-
elucidar o que buscosignificar pelo termo concretiza- nalítico, tal as extensões dos conceitos biológicos, inclui
ção. Estou ciente quenão atinge o que significo, embora os fenômenosvinculados ao crescimento. Considera-se
eu não seja quem expele fragmentos do concreto, ao fa- crescimento positivo e negativo. Sinalizo-os por(+ Y). Os
lar. sinais mais e menos dãosentido oudireção ao elemento
7. Estarem certos elementos constantemente conju- que os precede em maneira análoga a seu emprego em
gados e ser a palavra nome de enunciadoestatui conceito geometria coordenada. Indico este aspecto de sua exten-
que se usa como modelo para formular teoria mais abstra- são representando o objeto psicanalítico por (CE Y) y (M)
tac abrangente. A realização dasituação emocional apro- (6). Determinar se (Y) se precededo sinal mais ou me-
xima-se do sistema dedutivo teórico que a representa nos apenas se alcança pelo contato com a realização.
ainda se não lhe tenha descoberto o sistema ou à repre- Abstrai-se o objeto psicanalítico da resolução do predo-
sentação. mínio conflitivo entre narcisismo e socialismo. Se há
8. Maisfácil agora enunciar a natureza do objeto psi- predomínio do social (t Y) a abstração relaciona-se à he-
canalítico. Suponha y representando a constante (e), cle- gemonia de qualidades primárias. Se a tendênciafor nar-
mento não-saturado que determina o valor da constante císica (- Y), a abstração se substitui pela atividade
logo que identificada. A constante desconhecida y repre- referente a -S que ainda não examinei.
senta a pré-concepção inata. Se pelo modeloatribuo sig- 10.-A sigla S, a que o analista se restringe, implica a

— 100 — —101—
abstração do objeto psicanalítico representado por ((Y) 4. H. Segal, “Notes on Symbol Formation”. Int. J. 9fPspcho-Anal.
w(e)(M)). A abstraçãoserve como constante, de maneira 1957. Com relação à concretização e à abstração, ver seus co-
a preencher a função de incógnita e todavia por causa do mentários sobre a equação simbólica.
objeto analítico de que advém, apresenta atributos
de
pré-concepção que, diversa da pré-concepçãoinata, re-
vela matiz de significado. Continua incógnita embo
ra res-
trita à escala de valores que lhe confere a identificação
de
(E). A expressão conhecimento “a priori” só se aplica
a
objetos psicanalíticos de que y é a incógnita cujo valor se

O emereaiensim amenasversa ato


determina sem restrição pela identificação de (e).
Cumpre c é possível encontrar as hipóteses de uso
nos sistemas dedutivos científicos, seja como premi
ssas
ou hipóteses derivadas. Percebe-se que, tais sistemas
de-
dutivos científicos, abstraídos de experiências emoci
o-
nais, chegam a representar experiências emoci
onais
outras de que nãose originam, mas que se vê aprox
imam-
se do sistema dedutivo científico representativo
em
questão. Ulteriormente então se abstrai o sistema dedut
i-
vo científico quedá lugar ao equivalente de cálculo
algé-
brico que o representa,

NOTAS

1. Ver R. E. Moncy-Kyrle, Man's Picture of his World


, Capítulo
IV. O problema quediscute no livro é, assencialm
ente o mes-
mo que aqui se examina, no campo restrito ao méto
do psica-
nalítico. Money-Kyrle mostra que este aproxima
o indivíduo
dastarefas com que defronta no correr da vida.
2. Ver H. Rosenfeld, “On Drug Addiction”, Int. J.
of Psycho-
Anal., Vol. XLI, pág. 472, para exemplo elucidativ
o do proble-
ma que ilustro com o modelo do uso infantil de “Papá
”.
Emboraaluda à sua ocorrência em sonho,
é típico da atitude
mental não adstrita ao sono.
3. Kant, Critique of Pure Reason. Tradução para
o inglês de N.
KempSmith, B XXVIIIPrefácio da Segunda Ediçã
o.

— 102 — — 103 —
até aí não vinculados. Vê-se terem as representações dos
fatos selecionados coerência similar, caso se descubra a
representação própria de alguns deles. Estes, junto do
que dá coerência a determinadosoutros, surgem do obje-
to psicanalítico ou de séries deles, embora não se enun-
cie conforme os príncípios que regem o sistema
CAPÍTULO VINTE E TRÊS dedutivocientífico. Antes que se crie tal sistema, cumpre
se elaborem, por processos racionais conscientes, os fa-
tos selecionados. Só então se enuncia a representação
Fato selecionado(síntese), experiência emocional de
que harmoniza os elementosdosfatos selecionados coe-
coerência (coisa-em-si)
rentes no sistema dedutivo científico. Neste, as hipóte-
ses se mantêm por normas que não correspondem ao
1. H. Poincaré descreve o processo de criação da fórmu-
que, narealização, vincula os clementos cuja conexão se
la matemática:
manifesta pelo fato selecionado. As normas que agora
“Para ter valor cumpre ao novo resultado unir ele- »
consolidamas hipóteses num sistema de hipótesesisto é,
mentos há muito conhecidos, embora dispersos até cn-
E no sistema dedutivocientífico, são as da lógica. A relação
tão e na aparência estranhos um ao outro, quando
entre as hipóteses do sistema dedutivo científico, ou
subitamente introduzem ordem, onde tudo era desor-
seja, a concxão lógica entre elas, em relevo pelo sistema
dem. De relance nos é dado ver cada elemento no lugar
dedutivo, caracteriza o pensâmento racional consciente
que ocupa no todo. Nãosó porsi é de valor o fato novo,

ms
mas não arelaçãoentre os elementosda realização, cujas
mas sozinho conferc-o aos anteriores quevincula. A men-
manifestações se coadunam com osurgir dofato selecio-
te é frágil comoos sentidos; perde-se na complexidade
nado. Este o nome da experiência emocional, esta o do
do mundosc esta não é harmoniosa;tal o míope, só vê os
sentido da descoberta de coerência; sua significação é
pormenores e dosanterioresjá esquece umao examinar
pois epistemológicae não se admite seja lógico o relacio-
O seguinte, pornão conseguir englobar o todo. Os únicos
namento dosfatosselecionados. Os clementos quese su-
fatos dignosde nossa atenção são os que introduzem or-
põeligados têm de fato um equivalente de coisas-em-si.
dem na complexidade, tornando-a então acessível a
Supomos representar o fato selecionado a coisa-em-si e
nós”.
ter de igual modo também relacionamentoisto é,o rela-
2. A descrição muito se assemelha à teoria psicanalítica
cionamento lógico dos elementos do sistema dedutivo
de M. Klein das posições esquizoparanóide e depressiva.
um equivalente na realidade, a coisa-em-si que se aproxi-
Valho-me do “fato selecionado” para descrever a expe-
ma dalógica dedutiva? De fato o enunciado matemático
riência do psicanalista no processo desíntese, Usa-se o
tem alguma das características do esforço de enunciar
pise

nome do elemento para particularizar o fato seleciona-


do, ouseja, o daquele que, na realização, une os demais
um sistema de relacionamentosentre os objetos matemá-
ticos de que a realização dos relacionamentos se aproxi-
— 104 — =105:=
ma. Noutras palavras, razão não há para que normas de te”. O valor do modelo está em ter dados conhecidos uti-
manipulação lógica com os elementosdo sistema deduti- lizáveis à satisfação de urgentes necessidades interna ou
vo científico tenham realização correspondente. Segue externa. O fato selecionado precipita o modelo. A coe-
que os clementos do objeto analítico mutuamentese re- rência dos elementos do modelo quese identifica com a
lacionam de maneira muito diversa da que suas repre- realizaçãopertence aos elementos da realização.
sentações se ligam no sistema dedutivo científico. O 6. Antes que se use, como modelo, a experiência
progresso na elucidação do campo de relacionamento emocional, seus dados sensíveis transformam-se em cle-
depende provavelmente do que S informa sobre-S e obje- mentos-alfa, armazenadose utilizáveis para a abstração.
tos psicanalíticosa isto peculiares. (Para-S, incapaz de alcançarsentido, pela não consolida-
3. Arede perceptível de conexões do sistema dedutivo ção da função-alfa, não existe representação.) A inven-
científico ou seu cálculo correspondente não apresenta ção do modelo, durante a experiência, liga-se ao modelo
umarealização pelas razões seguintes. Investigações feli- que para cla se requer; a função-alfa, durante a experiên-
zes associam aos objetos inanimados o animado que com cia, proporciona os clementos necessários à invenção do
eles partilha. Em tais casos, a estruturalógica do sistema modelo para a experiência subseguente; durante a expe-
dedutivo científico e do cálculo algébrico que o repre- riência surge o modelo que paracla se requer. Do arma-
senta tem uma realizaçãocorrespondente, talvez porque zenado mental retiram-se os elementos próprios ao
se abstrai de realização semelhante. Isto é, há umareali- modelo que se aproxima do evento que elucida. Da ex-
zação que aproximadamente corresponde à rede concre- periência, a personalidade abstrai os elementos que se
ta de conexões intrínseca ao sistema dedutivo científico. refazem c deles forma o modeloque preserva algo da ex-
Investigar os elementos essencialmente animados não periência original, mas flexível bastante para permitir se
nos fornece a correspondência. A forma de associações adapte a novas experiências talvez similares. O indivíduo
entre os clementos que se vinculam pela narrativa difere abstrai clementos que formam seja o modelo, a abstração
daquela que se percebe natransição das posições esqui- ou ambos. Uso o termo modelo, quandose aventa o cons-
zoparanóide para a depressiva. tructo quesatisfaz a “necessidade urgente” de concretu-
4. A formanarrativa prende-se à teoria de causalida- de. (Constructo, aventa, concretude. As três expressões
de ca outra a das posições esquizoparanóide e depressi- mostram implicações de modelos de que as palavras se
va e fato selecionado. Não há talvez realização que abstraem. Mantenhoo trecho como exemploda influên-
corresponda a estas duasteorias. cia latente, apreciável do modelo.) Necessário o modelo,
5. Qualquer experiência se usa como “modelo” de do armazenado de clementos-alfa abstraem-se os clemen-
umafutura. Tal aspecto do aprender com a experiência tos que, como imagens visuais, trazem a reminiscência
liga-se e identifica a função que Freud atribuià atenção, da experiência emocional de que advcio o clemento-alfa.
quandoafirma que ela, “de modo intermitente, sonda o Mais se empregamtais elementos, mais rígido o modelo e
mundoexterno, de mancira que, já lhe sejam familiares, mais estrita sua aplicação; a limitação se modifica se o
seus dados, caso surja uma necessidade interna urgen- modelo se forma de combinação destes elementos sub-
— 106 — -107-
metendo-se aí à nova abstração. Combinam-se assim as
abstrações, segundo asleis da lógica. Este sistema de abs-
trações constitui o sistema dedutivocientífico.

NOTA
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
1. H. Poincaré. Science and Method (Dover Publications).

Comunicação, modelo: sistema dedutivo científico.


Falhas metodológicas da teoria edípica

1. Suponhapaciente que produz associaçõese diferente


material. O analista dispõe de:
1) observações do material do paciente;
2) várias experiências emocionais suas;
3) conhecimento de uma ou mais versões do mito de
Édipo;
4) uma ou mais versões da teoria psicanalítica do com-
plexo edípico;
5) demaisteorias psicanalíticas básicas.
Certos aspectos da sessão lhe são familiares; reeditam-
lhe experiências vividas, analíticas e outras. Alguns reve-
lam semelhança com a situação edípica. Detais fontes, o
analista forma o modelo; a questão é perceber se defron-
ta realização da teoria de Freud do complexo edípico. A
teoria edipiana não corresponde exatamente ao queosfi-
sicos chamam sistema dedutivo científico mas, formula-
se de modo a caber em semelhante categoria. Sua
fraqueza como membrodaclasse porcerto reside em sua
falta de abstração e estrutura peculiar de conexão mútua
de seus elementos. Isto se deve, em parte ao fato que,
mais concretos os elementos menos se prestam à varia-
ção de combinação.

— 108— > 109—


2. Dois fatores se adicionam 1) a natureza concreta 4. Estou convicto do vigor da posição científica da clí-
da estrutura de correlações que encadciam estes elemen- nica psicanalítica. Admito que o exercício da psicanálise,
tos e 2) derivarem-se tais elementos do mito contrasta mudando-a em experiência de treinamento essencial, co-
com o uso que o físico faz daqueles do sistema dedutivo gita das dificuldades fundamentais do porvir, ao tornar
científico. Este advém de umarealização e representa ou- exegiiúvel a conexão entre consciente e inconsciente;
tra, ao passo que o enunciado psicanalítico se origina da considero entanto não menos premente a necessidade
experiência emocional e se expressa pela narrativa po- de investigar as fraquezas que emergem da construção
pular e represcnta a realização que a psicanálise encon- teórica falha, da carência de notaçãoe insuficiência de
tra. Freud, da indagação psicanalítica, deduz sua teoria responsabilidade metódica e defesa da formação psica-
da experiência emocional mas sua descrição não se coa- nalítica. (“Responsabilidade”, “defesa”, “formação” —
duna às formulações que em geral supõe-se representam de novo o modelo implícito.)
a descoberta científica. Examino apenas duas deficiên-
cias metodológicas da teoria edipiana, a saber:
1ateoria como tal é demasiado concreta para corres- NOTA
ponder à realização; isto é, nenhuma se aproximada teo-
ria, cujos elementos, concretos, combinam-se num 1. Ver J. O. Wisdom, A Methodological Approach to Problem of
encadeado narrativo de conexões,intrínseco e indispen- Hysteria, Int. J. ofPsycho-Anal. Vol. XLHL Também An Exami-
nation of the Psycho-Analytical Thcories of Melancholia.
sável. Sema narrativa, os elementos perdem o valor.
Inversamente:
23 generalizando-se os elementos, a teoria se tornain-
ventiva manipulação de elementos, segundo normasar-
bitrárias — cuja formulação mais comum de tal suspeita
da teoria é a objeção que analista e analisando se compra-
zem no gosto pelojargão.
3. O enunciado teórico que é demasiado concreto,
embora demasiado abstrato, tem de se generalizar a pon-
to que mais facilmente se lhe descubram asrealizações,
sem fraqueza simultânea que se depara amiúde na mate-
mática, de sc afigurar arbitrária manipulação de símbo-
los. Retém ela sem perda da flexibilidade essencial à
proposição psicanalítica seus elementos concretos? Tal-
vez se torne mais abstrata, embora não alcancemoso cál
culo algébrico que representa o sistema dedutivo
científico. Sobre a possibilidade, adiante, falo mais.

— 110— -uUI-
compará-lo à realização. Potencialmente, a realização se
aproxima da abstração ou sistema dedutivo científico,
mesmo sem descobrir a que corresponde (pág. 91). Tal-
vez chegueà elucidação que busco, se comparo modelo
e realização; sc insatisfatória, considero o modelo sem
valia e abandono-o. Os modelos são efêmerose nisto dife-
CAPÍTULO VINTE E CINCO rem dasteorias; não hesito em abandoná-lo após servir
ou deixar de servir meu objetivo. Se em ocasiões várias
me parece útil, penso ser momento de transformá-lo em
Modelo, realização vão à abstração ou teoria.
aosistema dedutivo científico 3. O psicanalista, do material ao alcance, aventa os
modelos que necessita. Importa não confunda estas es-
1. O modelo é a abstraçãoda experiência emocional ou truturas eventuais com realizações de um lado ou teorias,
a concretização da abstração. Esta se afina com a transfor- de outro. O modelo tem função valiosa contanto se reco-
mação da hipótese, em termos de dados empiricamente nheça a quese presta. O analista descreve evento concre-
verificáveis. No grupo, considera-se que o mito preen- to frisandoisto, sem permitir sc apague a diferença entre
che, na comunidade, o papel do modelo no trabalho evento, de autêntica evidência e modelo, indistinto. O
científico com o indivíduo. mesmose aplica à distinção entre modeloe teoria. Volto-
2. Tomo, como exemplo de modelo, a história imagi- me para as dificuldades que assaltam o psicanalista que
nária do bebê que aprende a palavra papai. Ela não ex- evita esquecera diferença entre teoria ce modeloe entre
pressa o fato, Advém da experiência de pacientes em modelo e determinada formade teoria chamadainterpre-
análise, de observação decrianças, deleituras esparsas, tação psicanalítica.
umasfilosóficas e outras fontes; em suma, de experiên- 4. O processo de abstração da realização prossegue
cia — a minha experiência. Representa artifício de ele- direto desta para o sistema dedutivo científico, através da
mentos selecionados por mim de minha provisão de fase intermédia da invenção do modelo. De modelosele-
experiência. Reunida entantopara finalidade específica; cionam-se elementosa usar como elementos do sistema
a seleção e combinação de elementos não é fortuita mas dedutivo científico. Tal medida sc requer ao recorrer ao
busca “explicar” ou elucidar o problema da abstração. modelo para elucidara realização que se acredita dele se
Não tem portanto valor de evidência; o mérito lhe está na aproxima e se descobre ser cle insuficientemente seme-
facilidade com que comunica e compara fatos. Ao con- lhante para elucidar o problema cuja solução se busca. Ig-
trário, relato de paciente que pensa seremas palavras noro ocorrência de realização inadequada ao modelo;
coisas não é modelo, mas exemplo; o que descrevo pro- semelhante malogro se remove ao criar novo modelo. A
pendeà realização. Avento o modelo para me elucidar a falha importa se advém de ver que o modelo seafigura a
experiência com determinado paciente e adoto-o para aproximação mais imediata da realização embora, pela

="112 = ==
evoluçãode sua estrutura interna não reflita os desenvol
vimentosda realização. A falha surge quandose recorre à
invenção do modelo; talvez aumente o risco se, como em
psicanálise, ocupamo-nos do crescimento e falamos de
“mecanismos mentais”. Mencionar “mecanismos” suge-
re que, qualquer o fenômeno descrito mais implique tal-
vez em modelo alusivo à máquina inanimada que a CAPÍTULO VINTEE SEIS
organismovivo. Valoriza entanto mais os aspectos que o
organismovivo partilha com o inanimado. Tal falha é gra-
ve porque, para o problema mais complexo, isto é, quan- Palavra, elemento-alfa se equivale a coisa-em-si
do importam as características de crescimento é que =elemento-beta; pensamento, identificação
projetiva anterior ao pensar
necessitamos de modelos;isto, na maioria das vezes, se
passa. O termo mecanismo implica modelo de máquina
1. Os termos Amor, Ódioe Saber tinham modelos ante-
que exatamente traduz o que a realização nãoé. Os riscos
de abstração excessiva não admitem a solução fácil de riores. O vínculo implica modelo ou abstração. O malo-
abandonaro uso dos modelos. Os psicanalistas acertam
gro do paciente em resolver seus problemas advém do
pois ao se familiarizar à situação em que, o modelo em fato que, em algunscasos, emprega mal os modelos. Ao
uso, para evitar os riscos de teorização em que incluo a
inventar o modelo, o analista, em tais casos percebee re-
interpretação, apresentaa falha adicional de tão próximo vela o modelo que o paciente usa. O do analista é tal que
o auxilia a chegar à interpretação dosfatos que se apre-
estar da realização de que advém que, posto a repre-
sentar a realização de que se separa por sua concretude, sentam à análise. Se supõe falho o pensar do paciente e
lhe é fonte de distúrbios, precisa de modelo e umateoria
mostra-se analogamente refratário. A deficiência asseme-
lha-se à do clemento-beta como elemento para pensar. A do pensar seus; precisa de modelo seu, para o modo de
transformação que o modelo sofre para seu emprego
pensardo paciente c daquele deduz o modelo de pensar
como gencralização é análoga ao processo pelo que os do paciente. Compara então seu modelo e abstração aos
dadossensíveis se transformam em clementos-alfa. A al- do paciente. Paciente que pensa serem palavras coisas-
ternativa de encontrar ouinventar novo modeloé recor- em-si não sente fazer o que pensamos estar fazendo, ao
rer a nova abstração. O modelo aí cede lugar ao Sistema dizermos queele pensa. Para comparar o ponto de vista
Dedutivo Científico. Como exemplo de consequências comum de pensar com o detal paciente cumpre encon-
trar modelo e teoria adequados. Um modelo tem, como
implícitas, tomo a aproximaçãocientífica aos problemas
das correlações. vemos, alcance amplo, advindo da experiência emocio-
nal do aparelho digestivo. Nãoé, de regra, necessário se
abandone este modelo, embora óbvias suas falhas — auxi-
lia-nos ainda a falar de “fatos indigestíveis”. Mostra-se en-

= iG
— 114—
tanto inadequado investigação psicanalítica do pensar
modificar algo mais. Caso se afigurem acréscimos de
€ outro se requer um pouco diferente. Necessidade que
estímulos, assemelham-se ou identificam a clementos-
se revela óbvia, na investigação psicanalítica dos distúr-
beta e comotal ajustam-sc ase tratar pela descarga mo-
bios do pensamento. A pesquisa do desenvolvimento
tora e ação da musculatura que lhes efetua a descarga.
mental indica comportarem-sc certos indivíduos como
Considera-se portanto falar, potencialmente duas ati-
não sendo seu modelode pensar o aparelho digestivo sa-
vidades diversas, modo de comunicar pensamentos e
dio outalvez nem mesmoo aparelho digestivo. Cumpre
utilização da musculatura paralivrar de pensamentos
pois descobrir que modelo têm.
a personalidade.
2. Freudafirma que o pensamento fornece meio para
4. Cumpre se produza um aparelho que possibilite
restringir a descarga motora (Two Principles); não mais
pensar o pensamento existente. Como “modelo” de
alivia o aparelho mental dos acréscimos de estímulos,
pensamento, tomoa sensação de fome, que se associa à
mas agora altera adequadamente a realidade. Em acordo
imagem visualde scio quenão satisfaz, emborá da espé-
com isso o pensamento substitui a descarga motora em-
cie necessitado. Este objeto necessitado é objeto mau.
bora não afirme queesta deixe de funcionar como méto-
Todosos quese necessitam são objetos maus, pois ator-
dodealiviar a psique de acréscimo de estímulos. Através
mentam. São necessitados porque de fato não possuídos;
da identificação projetiva entanto, o pensamento assume
possuídos, não fazem falta. Como não existem, são pecu-
a funçãoantes confiada à descarga motora — isto é, livrar
liares diferentes dos que existem. Os pensamentosentão,
a psique de acréscimos deestímulos; tal a “ação”, dirige-
ou estes elementos primitivos, que são protopensamen-
sea alterar o meio, dependendose a personalidade visa
tos, são maus, necessitadose para ser eliminados porque
fugir à frustração ou a modificá-la. Considera-se “pensar”
são maus. Nem a fuga ou modificação os elimina. A eva-
o nome do modelo ou abstração que advém darealiza-
cuação soluciona o problema se a personalidade é domi-
ção; com o paciente concreto, o problema é determinar
nada pelo impulso a fugir à frustração e por pensar os
o que ele representa pelo termopensar. O indivíduo sig-
objetos se dominada pelo impulso de modificar a frustra-
nifica que pensamentos tem e que pensamentos não é
ção. Em clínica, ambos os tipos de personalidade são
seio-bom, o seio-“necessitado”. Cumpre aí ver como usa
compelidos a comunicar ao analista, pelo mesmo nome,
este “objeto”, em especial quando se sente incapaz de
numaconfusão objetos essencialmente dessemelhantes.
evacuá-lo — de aliviar-se de tais acréscimos de estímulos
A dissimilaridade se acentua pela comparação. Se a fuga
internos.
predomina, o nome indica o clemento-beta, isto é,acoi-
3. O problema se simplifica, ao encarar os “pensa-
sa-em-si c não o nome que arepresenta. A coisa-em-si é
mentos” comoepistemologicamente anteriores ao pen-
não existente e portanto atormenta. Trata-se pelo despo-
sar e desenvolver-sc o pensar como método ou aparelho
jamento(pela evacuação). Se prepondera a modificação,
para lidar comos “pensamentos”. Se este é o caso então
o nome indica o clemento-alfa, isto é, a designação é
quase tudo depende que se fuja dos “pensamentos” os
nome da representação da coisa-em-si que existe c por-
modifique ou use comoparte do esforço para evitar ou
tanto potencialmente utilizável para obter a satisfação.
— 116— A=
mesmo no adulto e requer se desenvolva ainda plena-
Nova complicação se produz porque o paciente, inca-
mente pelo decurso. Esforçosbastante conscientesse fa-
paz de coerência, não especifica os objetos que designa
pelos nomes que aplica.
zem com esta finalidade. Apreende-se e investiga mais
acuradamente o problema ao notar que depende 1) dos
5. Seo paciente não “pensa” os pensamentos, isto
“pensamento” e 2) do “pensar” que se desenvolve pelo
é, se tem pensamentos mas carece de aparelho para
“pensar” que o capacite a usá-los, a pensá-los, a conse- desafio de existir “pensamentos”. Na psicanálise de
quiência primeira é intensificar-se a frustração pela falta “distúrbios do pensamento”, a investigação psicanalí-
do pensamento que “possibilita ao aparelho mental su- tica dirige-se para o desenvolvimento e natureza dos
portar o aumento de tensão durante a demora do proces- “pensamentos”, para os clementos-alfa e -beta e daí, à
so de descarga”. Os dispositivos advindos do paciente qualidade do aparelho usado para lidar com os “pensa-
para livrar-se dos objetos, dos protopensamentos ou pen- mentos”. Só entãose investiga o conteúdo oufator outro
samentosquelhe são inseparáveis da frustração, condu- quecontribui para o colapso. Separar em duasclasses €
zem-no precisamente ao transe que busca evitar, ou seja, atribuir prioridade aos “pensamentos” expõe as límita-
a tensão c frustração não aliviadas pela capacidade para ções peculiares à conexão que no trabalho científico há
se
pensar. A falta de capacidade para pensar implica pois entre realização e teoria representativa que, admite-se
epis-
dupla falha. Ausência de elementos-alfae falta de aparelho lhe aproxima. A separação e prioridade são lógica e
para usar os existentes. A dúplice falha, na psicanálise de temologicamente necessárias, isto é,a teoria que pensa-
hipóteses
psicóticos, torna-se significativa quando cle consolida a fun- mento é anterior ao pensar, na hierarquia de
ção-alfa e portanto, a capacidade para sonhar, permanecen- do sistema dedutivo científico, precede a hipótese do
do entanto incapaz para pensar. Encaminha-se aí à pensar. Prioridade equivalente faz-se epistemologica-
teoria
identificação projetiva, comodispositivo para lidar com os mente necessária na realização que corresponde à
“pensamentos”. Ao existir a função-alfa, nota-se equivalen- do pensar que aqui prefiguro.
porque o
te predomínio do princípio de realidade e consequente mu- 8. Requer-se o sistema dedutivo científico
vi-
dançada identificação projetiva que perde certo sentido de modelo aventado, durante a experiência emocional
Seus
fantasia onipotente c melhora pela capacidade do paciente sando elucidá-la, não é suficientemente abstrato.
delhe conferir realismo. elementos advêm de experiências emocionais anteriores
6. Clinicamente, isto se revela no paciente no aumen- pela ação simultânea da função-alfa com a experiência
de ca
to do sentido de perda quandofala. Este se origina de per- emocional. O modelo se forma pelo desempenho
são! bi
ceber que os pensamentos perdidos são bonsou valiosos, pacidade similar à que se evidencia, quando, em
do
diferente nisto dos elementos-beta. O analista de igual nocular, os dois olhos vinculam duas perspectivas
conscien-
modo registra a mudança do impacto das compul-sões do mesmo objeto. O emprego em psicanálise, de
paciente. te e inconsciente, para observar o objeto psicanalítico,
abstra-
7. O “pensar”, na acepção de voltar-se paraa ativida- assemelha-se ao uso dosdois olhos na visualização
ór-
de que concerne ao uso de pensamentos, é embrionário ta de objeto sensível à vista. Freud atribui esta função,
— 119—
— 118—
gãosensível doatributo psíquico, apenas à consciência. com realização abstrai-se uma teoria especial, a inter-
O sistema dedutivo científico elaborado fora da expe- pretação psicanalítica. Tal abstração implica diferenciar,
riência emocional é ato consciente de estruturação no da interpretaçãopsicanalítica, a teoria associadaaosiste-
curso de que cscolhem-se sinais c formulam normas de ma dedutivocientífico. O analista se volta para dois mo-
utilização. Comproveito tal processosc adapta à investi- delos, um que aventa e outro implícito no material do
gação psicanalítica do desenvolvimento dos pensamen- paciente.
tos e do aparelho que os pensa? Tento nocapítulo último 11. Considero primeiro o modelo doanalista. Cria-o
resposta a esta pergunta eventualmente sumariando este comoparte da estrutura teórica do que ocorre e disso
livro. não é interpretação, a não ser no sentido coloquial do
9. Requisito primeiro ao uso deteoria está nas con- termo. A teoria importante é a edipiana. O analista deter-
dições próprias à observação. A todas sobreleva a psi- mina, do material do paciente, porque a produz e qual é a
canálise do observador para assegurar ter reduzido ao interpretação exata. O modelo desempenha uma parte,
mínimosuas tensõesc resistências internas que, com- na determinação, possibilitando ao analista harmonizar o
prometem sua visão dos fatos, impossibilitando a co- que de fato o paciente refere com a teoria ou teorias co-
nexão de consciente e inconsciente. O movimento nhecidas em psicanálise como complexo de Édipo. O
seguinte para o analista é utilizar sua atenção. Darwin modelo põe em relevo dois grupos de idéias, as relativas
acentua que o julgamento perturba a observação. O ao material do paciente e as referentes ao corpo de teoria
Psicanalista entanto intervém comas interpretações e psicanalítica.
isto implica exercício de julgamento. O estado de re- 12. Ainvenção do modelo possibilita mantera estru-
verie, propício à função-alfa, ao surgir do fato selecio- tura da teoria psicanalítica, sem perda da flexibilidade in-
nadoe à invenção do modelo, junto ao arsenalrestrito dispensável de satisfazer às necessidades de cada
de umas poucasteorias básicas, assegura como impro- momento daclínica psicanalítica. De um lado, a teoria se
vável a interrupção súbita da observação do tipo que torna demasiado rígida, por sua concretudc c de outro,
Darwin menciona; as interpretações ocorrem ao ana- aberta a infinda multiplicação por que, num impasse, os
lista sem interferir na observação. analistas, mais se inclinam a produzir nova teoria ad hoc
10. O “fato selecionado”, isto é, o elemento que que sofrer as agruras de utilizar de modo adequado as
enuncia a cocrência dos objetos na posição esquizopara- existentes. A vantagem dateoria de funções e do desen-
nóidec aí inicia a posição depressiva, assim faz por per- volvimento de aventar o modelo como parte essencial
tencer a diferentes sistemas dedutivos em ponto de dela é ter o analista suficiente razão para de fato sesatisfa-
interseção. O surgir do fato selecionado se acompanha zer e portanto ao paciente como homem concreto ou
de emoção,tal se experimentarelativa ao objeto,na pers- mulher, cujos casos que sc investigam e não pretensos
pectiva alternante. O processo total repousa no abster-se dispositivos mentais de um fantoche. Ao mesmo tempo,
de atenção;eis a matriz da abstração é identificação do a particularização necessária a isto, implica multiplicar
fato selecionado. Do modelo assim aventado e sua união teorias: O modelo possibilita se encontre equivalência
— 120 — =121—
entre o pensar do paciente c o corpo principal da teoria
psicanalítica, pelas interpretações que intimamente vin-
culam teoria e seus enunciados e comportamento do pa-
ciente. A invenção do modelo aumenta, assim, o número
de eventualidadesatendidas e diminuio de teorias psica-
nalíticas que o psicanalista requer, como arsenal de tra-
balho. Sc o analista se dá à tarefa de compor o manual de CAPÍTULO VINTE E SETE
teorias psicanalíticas como fundamento do número míni-
mo de premissas de que faixa ampla de teorias subsidiá-
rias se deduzem,creio alcance o intento com menos de Súmula. Continente e contido
seis grandes teorias. A eficiência psicanalítica não está na
quantidade de teorias que o psicanalista detém mas no 1. O capítulo se ocupa do enunciado de teorias que con-
menor número delas com que atende à eventualidade sidero úteis. Serve ainda como exemplo deusoda teoria
que se lhe depara. A faixa de semelhante arsenal tcórico de funções e outras idéias que expresso e representam
depende do métodode aplicação e do processo de inven- assim a súmula dostópicosprincipais do livro.
ção de modelo. Menor disposição há para que se formu-
lem novas teorias sempre que, estando clara a diferença
O vínculo S
entre modelo € teoria, nenhuma se requer. O risco está
em limitar-se pelo sistema teórico que frustra, não por 1. A teoria de funções e da função-alfa não fazem parte
que é inadequado mas pornão estar sendo conveniente- da teoria psicanalítica. São instrumentos de trabalho para
mente usado. facilitar o psicanalista militante quanto aos problemas de
pensar acerca de algo que desconhece.
2. Otermo “função”, no sentido de função de perso-
nalidade, não tem a acepção que apresenta para o mate-
mático ou o lógico matemático embora revele
características que partilha com as de ambos. Proponho-o,
comotermo corrente, na clínica de psicanálise; a plena
significação, caso haja dúvida,é de “função psicanalítica
de personalidade” e de outro modo se designa simples-
mente como “função” e tem o signo y. A função-alfaé fa-
tor de y.
3. “Fator” é designação de elemento de qualquer
função. Representa-se pelo elemento não-saturado (e)
em w-(£) e dela há umarealização aproximando-se. Que

— 122— BB
realização o satisfaz, no sentido matemático de satisfazer bora se revele essencialmente função de dois objetos
termos de equação, constitui situação a determinar pela pode ser função de um.
investigação psicanalítica. A manifestação mais inicial e mais primitiva de S ob-
4. Ateoria de funções e a de função-alfa em especial serva-se no relacionamento mãe bebê. Por constituir re-
não diminuem nem acrescem as teorias psicanalíticas. lacionamento de objeto parcial, se diz ser reação
Nisto difere das alegações que seguem. boca-seio. Em termosabstratos é entre O e Q (comopro-
5. Melanie Klein descreve aspecto da identificação ponhose usem tais signos).
projetiva, ligado à modificação dos temores infantis; o Ems, sendo A e O fatores, subordinados portanto, O
bebê projeta parte da psique, isto é, sentimentos maus projeta-se dentro de Q, do que sc segue a abstração do
dentro do seio bom. Daí, a seu tempo, são removidos e tipo que descrevo pelo termo comensal. Poreste indico
reintrojetados. Pela permanência no seio, afiguram-se que O e Q são reciprocamente dependentes com benefi-
modificados, de modo tal que a psique do bebêtolera o cio mútuo e sem dano para nenhum. Em termos de mo-
objeto reintrojetado. delo, a mãe se beneficia com a experiência e atinge o
6. Dessa teoria abstraio, para uso como modelo, a crescimento mental: o bebê, de igual modo, extrai bene-
idéia de continente em que se projeta o objeto e de obje- fício e consegue crescer.
to projetado dentro do continente: designo aquele pelo 11. O bebê introjeta a atividade de dois indivíduos
termo contido. A naturezainsatisfatória de ambosos ter- que descrevo, de modoa nele se instalar o dispositivo O
mos requer nova abstração. Q comoparte do aparelho de função-alfa. O modelo se
7. O continente e o contido, à emoção, mostram-se fundanaidéia do bebê que examina objeto, colocando-o
suscetíveis à conjunção e impregnação. Conjugados ou na boca.A fala, a princípio da mãe, talvez simples função
impregnando-se ou de ambas as maneiras, mudam de de designar, segue-se do balbuciar do bebê.
modo que cm geral se descreve como crescimento. Des- 12. Tomando como modelo o tópico 11 acima, de que
ligados ou despojados de emoção diminuem de vitalida- abstraio a teoria que representa a realização de desenvolver
de, ou seja, aproximam-se de objetos inanimados. pensamentos, proponho os termos seguintes: (a) a pré-
Ambos continente e contido são modelos de repre- concepção. O termo representa estado de expectação.
sentaçõesabstratas de realizações psicanalíticas. Equivale à variável em lógica matemática ou à incógnita em
8. O passo seguinte, na abstração, caracteriza-se pela matemática. Tem o atributo que Kantatribui ao pensamen-
necessidade de designação. Uso o signo Q, para a abstra- tosem conteúdo,no queé pensável mas incognoscível.
ção querepresenta o continente e O para contido. (b) A concepção. Advém da união da pré-concepção às
9. Estes signos denotam e representam . São variá- impressõessensíveis pertinentes. Valho-medefrase com
veis ou incógnitas por serem substituíveis. São constan- óbvio modelo implícito. A abstração do relacionamento
tes, por só se substituirem por constantes. Para da pré-concepção com as impressõessensíveis é Q com
propósitos sintáticos são functores. O (NÃO O com Q).
10. Reexaminando S à luz da exposição anterior, em- 13: Em suma. Internalizar a relação mãe bebê que

— 124 — = 125 =
Melanie Klein descreve comoidentificação projetiva for- mensal de O com 2, é dúvida tolerada. Ou seja, imagina-
ma o aparelho que regula a pré-concepção com os dados se o O que se desenvolve como semelhante aos elemetos
sensíveis da realização equivalente. Tal aparelho se repre- da posição esuzoparanóide, sem o sendo de persegui-
senta pelo modelo:a união da pré-concepção com as im- ção. Poincaré descreve o estadoquecito, omo o em que n
pressões sensíveis dá origem à concepção. O modelo, a se vê a união dos elementos.
seu turno,se denota por O Q. 17. Enunciando de modo abstrato os tópicos 15 e 16
14. Repetir-sc a união da pré-concepção com os da- acima, temos de um lado (Q * Q + Q....) e de outro
dossensíveis redunda na abstração comensal e promove (0.0.0. . ) em que ossinais + denotam variáveis substi-
crescimento em O c Q. Vale dizer, a aptidão para acolher tuíveis por signos que representam emoções, e os sinais
as impressões sensíveis desenvolve-se junto coma capa- indicam a constante representando a dúvida.
cidade para perceberos dados sensíveis. O crescimento 18. Ossignos O Q desenvolvendo-se fornecem base
de O e de Q pictoricamentese representa pelos modelos do aparelho para aprender com a experiência. O reexa-
descritos nos tópicos 16 € 17 adiante. me dos parágrafos 5 a 17 mostra que, dos pensamentos e
15. Como modelo de crescimento de Q, tomo de em- do desenvolvimento dos pensamentos, origina-se o apa-
préstimo a Elliott Jaques, o conceito deretículo. (Ao fazê- relho para pensar os pensamentos. Considero agora a na-
lo, não proponho alterações de seu conceito nem tureza e ação desse aparelho. Não apresenta a estrutura
pretendo que as características intrínsecas deste justifi- rígida, definida que esta tentativa de exposição insinua,
quem minha escolha. A relação de scu conceito com em parte porque o esforço é uma elucidação e em parte
meuuso delc como modelo determina-se no curso do de- porque, para algo animado, usotermos como aparelho e
senvolvimento da psicanálise). O modelo que proponho estrutura. Denoto o O Q desenvolvendo-se pelo empre-
éassim: go dos signos O" e Q". Não têm significação lógica e só vi-
porjustáposição Q se desenvolve produzindo umasé- sam poupar tempo.
rie de vacúolos que se unem. O efeito é o retículo, em 19. Oaprender depende da capacidade de Q* perma-
queas lacunas são os vacúolose os filamentos que for- necerintegrado c todavia diminuira rigidez.' Este, o fun-
mamas malhas do retículo são as emoções. Adotando de damento do estado mental de indivíduo que mantém
Tarski Introduction to Logic: Oxford 1956,pág. 5), o st- conhecimento e experiência e ainda disposto a recons-
mile do questionário, em que se preenchem os claros, os truir passadas experiências de molde a estar receptivo
vacúolos assemelham-se aos claros do questionário. A es- para a idéia nova. Usando este enunciado como modelo
trutura deste equivale aosfilamentos conectivos do retí- para a abstração, mantêm-se os elementos (9) de Q* pela
culo. constante+, substituível em outras palavras, para funcio-
16. O modelo docrescimentode O é o meio em que nar como variável. Só aí representa o aparelho capaz de
os “conteúdos” estão suspensos. Admite-se que os “con- modificar a emoção. Quanto a substituir a emoção repre-
teúdos” advêm de base que se desconhece. A parábola sentada por +, por outra também representada por+, de-
fornece imagem bidimensional. O meio, na relação co- pendeda capacidade de reestruturação de Q"e portanto
— 126 — =127—
de sua receptividade. De modosimilar, a penctrabilidade zações multiplicam-se à medida que as realizações, con-
dos elementos O, em O" depende do valor de ".". Deter- quanto limitadas ao progresso da experiência do indiví-
mina-se o valor de "+" e de "." pelo mesmofator,isto é, a duo, multiplicam-se entanto bastante, revelando
emoçãoe esta é função da personalidade. universo em expansão a que, supõe-se, corresponde
20. Descrevo até aqui o tipo de abstração que deno- umarealização expandindo-se. O equivalente fenomeno-
mino comensal, em que o vínculo entre os objetos é co- lógico pois de O" representa-se pelo conceito de infinitu-
mensal. Desse tipo de vínculo entre os objetos S de. .
depende, em todasas fases de atividade mentale de cres- Os elementos dos muitos sistemas dedutivos científi-
cimento. Uma vez que "+" e "." representam emoções é cos recombinam-se, de que exemplo habitual é o uso da
evidente precisarmos saber as emoções compatíveis hipótese do sistema dedutivo como premissa do sistema
com a relação comensal e portanto com S. O problema dedutivo diferente. Sobre esta teoria, a liberdade neces-
de certa meneira se elucida no capítulo próximo, em que sária a tais recombinações depende das emoções que in-
examino-S. vadem a psique porquesão o conectivo para os sistemas
21. Aconfiguração O Q representaa realização emo- dedutivos científicos e os elementos O”. Tolerar a dúvida
cional do aprender, cada vez mais complexo à medida eo sentido deinfinitude são o conectivo importante de
que, de contínuoreaparece através do desenvolvimento O",seS é cabível.
mental. Tento elucidar o evento evolutivo e periódico
que se denota por Q" O”, figurando-lhe em descrição
maisartificial um aspecto de estágios seus mais desenvol NOTA
vidos e diferenciados.
Q* representa o estágio final, na série de estágios que 1. Elliott Jaques, Disturbances in the Capacity to Work, Int. R of
se inicia por algumas pré-concepções indiferenciadas, Psycho-Anal,, Vol. XLI, 1960. O processo da separação everi-
cia
ficação, tal Elliott Jaques os descreve, depende da existên
relativamente simples, provavelmente relacionadas à
do sistema de preconcepções que se aplicam aos elementos
amamentação, respiração e excreção. incoerentes da posição esquizoparanóide. À investigação cien-
22. As abstrações da união comensalde Q com Cin- tífica desenvolvida emprega teorias ou sistemas dedutivos
cluem a formação de palavras, nomesde várias hipóteses científicos como instrumentos pelo qual efetiva o equivalente
que configuram a conjunção constante de certos dados da verificação.
sensíveis. Detais origensrelativamente simples de oo"
abstrai consecutivamente hipóteses mais complexas e
por fim, completos sistemas de hipóteses, os conhecidos
sistemas dedutivos científicos. Tais sistemas, extrema-
mente complexos, embora difíceis de reconhecer em
suas origens, retêm não obstante características recepti-
vas designadas por Q. Os fenômenos vinculados às rcali-

— 128— — 129 —
mas nenhum o faz coma precisão que necessito para co-
municar o processo psicanalítico. A vantagem do empre-
go do signo Q,para designar o novo papel defatores de S
é pelo menosindicar que a compreensão de minha acep-
ção, pelo leitor, contém elemento que permanece não
satisfeito até que encontra a realização adequada, ele-
CAPÍTULO VINTE E OITO mento que se representa pelo signo y (£), sendo (y) o sig-
no para o elemento não-saturado.
3. As secções que seguem constituem o esforço de
Des-compreender. O vínculo -S = incapacidade
para a abstração descrever os resultados a observar que as preconcepçõ-
es se destinam à tarefa de descoberta e não se tratam
1. Certos pacientes, sem poder de representação men- comopredileções a eliminar, se possível — aliás, impossí-
tal, não alcançam fala do analista, malogrando-lhes os vel de qualquer modo.
esforços de interpretação, descompreendem-nas. Inter- 4. Inevitável cogitar-se, em vários pontos da investi-
gação, porqueexiste tal fenômeno que se representa por
pretações com base entanto nessa psicogênese da abstra-
ção conduzem a novo desenvolvimento da análise. Ao -S. A resposta à indagação advém dotrabalho psicanalíti-
co com pacientes individuais. Considero apenas um fa-
paciente, com distúrbios do pensamento, interpretar o
des-compreender encaminha alguma elucidação mas tor — a Inveja. Pelo termorefiro fenômeno descrito por
não lhe remove a dificuldade. O problema requer acep- Melanic Klein em “Envy and Gratitude” — (tradução
ção mais abrangente. brasileira, Imago Editora).
2. Pelos processos aqui delineados, volto-me logo 5. Descrevo o papel da identificação projetiva, ems,
para a abstração, representada pelo sinal e então troco- comoa relação comensalentre 9 eO.EmsS, conforme o
lhe o sinal para-S. Pressupondoigualtrocadc sinais de to- exemplo do paciente, representado pelo signo y (e) em
dos osfatores de $, recorro às teorias que representam quem a investigação preliminar revela a Inveja, possivel-
como pré-concepções os fatores de S, para auxílio na mente comofator necessário para satisfazer (e), na rela-
busca dos fatores de -S. Aqueles com emprego,tal o das ção de Q com O quese representa por Q + O em que o
pré-conccpções representam-se agora por Q.Elucida a sinal + substitui a Inveja. Usando o enunciado para deno-
acepção dizer encontrar-me em observação receptiva di- taro bebê e o seio (se recorro a sinais menos abstratos) e
versa de julgar o que observo. Descrevo a seguir isto, de tomando como modelo a situação emocional do bebê
modo semelhante, afirmando absorver-me na tarefa de que teme estar morrendo, o modelo que avento éeste:o
observação ou ocupar-me com osfatos. Em suma, busco bebê expele e projeta dentro do seio os sentimentos de
de vários modos descrever minha atividade mental; to- medojunto com inveja e ódio do seio imperturbável. A
dos concorrem para a compreensão do que me ocupa inveja impedea relação comensal. O seio, ems, suaviza o
componente medo do medo de morrer, projetado den-
— B0-— —131-
d
tro dele e o bebê a seguir rcintrojeta a parte de sua perso- 9. Em primeiro lugar, descrevo-lhes a característica
nalidade agora tolerável e por conseguinte estimuladora dominante, como “incontencidade”. Trata-se de objeto
de crescimento. Em -S, o seio se afigura invejosamente concreto sem exterior. Tubo digestivo sem corpo. Supe-
não assimilar o elemento bom ou positivo do medo de rego sem características do superego dapsicanálise: “su-
morrere forçar a concretude dele para dentro do bebê. + per” ego. Compulsão invejosa que,nafalta de poder de
Este que começa com medo de estar morrendo termina abstração, ignora relacionamento, afigurando supe-
possuído de terror inominado. rioridade moral que apenas é incapacidade de repre-
6. A violência da emoção quese associa à Inveja tal- sentar mentalmente o objeto. Em suma, advém da não
vez um dosfatores da personalidade em que-Sse eviden- assimilação e não aproveitamento invejosos de bem ofe-
cia, de tal modo atinge os processos projetivos, que recido, aceito pela prova do estar existindo, mas negado
muito mais se projeta que o medo de morrer. Em verda- na concretude, pela ausência do processo de assimilação
de, é o bebê virtualmente evacuando toda a personalida- mental descrito no parágrafo 5, como, de origem, exis-
de. O processo de não assimilação descrito no parágrafo tindo entre duas personalidades. O processo de não
5 é mais grave portanto porque mais extenso que o implí- transformação perdura em -Q e -O, concretude que não
cito no simples exemplo da projeção do medo de mor- representa mais que suposta superioridade face do dis-
rer. A gravidade mais se comunica, ao admitir ser o tanciamento que revela o existir sem poder de repre-
querer viver, necessário antes que exista o medo de estar sentação mental.
morrendo, parte do bemqueo seio invejoso remove. 10. Até onde importa a semelhança com superego, O
7. A projeção do bebê, bastante movida pela inveja, par (Q O)afigura-se, pela incapacidade de abstração,
funciona como invejoso esvaziar a psique do que, ems, objeto superior, por não alcançar se representar mental-
apenas é medo de estar morrendo. Não há pois talvez mente o que encontra. Não alcançar o desenvolvimento
bebê que reintrojete ou readmita esse medo de estar da personalidade, que apenasincxiste, é-lhe característi
morrendo concreto, agora despojado do componente ca essencial. Não há manifestação pois de buscara verda-
positivo de que não tem representação na mente, pela de oudeexistir ou estabelecer contato com realidade,
não consolidação da função-alfa. em suma,de sercientífico, não importa em que modo ru-
Aí, ems,reintrojeta o par 2 O, sendo-lhe habitáculo, No dimentar, pois, faltando-lhe as respectivas repre-
quetocaa -Q e -O concretude nãotransformada,deixa-os sentações mentais, descamba em soberana aparência de
ao objeto, pouco mais que arremedode psique, abriga-os. existir superioridade “moral”. Isto implica comportar-se
8. O objeto que descrevo comoreintrojetado, tal o comosuperior à lei científica ousistema científico, o que
parQ O, ems, é na relação dos elementos Qe O, comen- em termos sofisticados é o que se chama a lei moral sis-
sal. EmS, a relaçãoé invejosa e considero pois -Q e -O e tema moral.
<Q O), em maior minúcia. Há traços peculiares, difíceis 11. Reformulando em termos outros o parágrafo 10
de conciliar numateoria coerente. Descrevo-os por isso, vê-se, como capacidade necessária, a compulsão sem
encarando-osà luz da ação da função-alfa. culpa: Despertar culpa é essencial e próprio à ação da

—IB2> =133=
identificação projetiva, no relacionamento bebê seio. Tal sas-em-si. EmS, ao contrário, a convicção que existe ob-
compulsãoassocia-se à identificação projetiva primitiva jeto quesatisfaz, a ação da função-alfa permite a generali-
em que a culpa é inexpressiva. Contrasta — (QO)portan- zação do particular e faculta a representação mental
to com a consciência de vez que aquele par existe pela abstrata; em -S, o particular continua, pela não transfor-
não consolidação da função-alfa, indispensável esta à ne- a mação decorrente de não consolidar-se a função-alfa, só
cessária transformação. com suas características, sendo a concretude o produto
12. Em contraste com o aprender, função S de Q o, final, não a abstração.
liga-se - (Q O), na sequência de elementos O não assimi- 15. Porfim, embora cu não prossiga aqui, percebe-se
lados e, pela não consolidação da função-alfa, mantidos que as teorias que uso dos signos S e -S representam a rca-
como -Q, a modo que não atingem significação, conti- lização em grupos. Ems, o grupo aumenta pelo assimilar
nuando apenas resíduo sem valor. As interpretações do idéias novas ou indivíduos. Em -S, na ausência de repre-
analista são parte dos clementos O não assimiladose ain- sentação mental de idéia nova (ou indivíduo) perdura à
da sem sentido. A invejosa concretudeanterior difere da concretude e o grupo, por sua vez, revela-se insusceptá-
presença do processo de abstração que decorre da ação vel em relação à idéia nova. Em S, a atmosfera caminha
da função-alfa para o par comensal Q O, ems. A função para a saúde mental. Em-S, nem grupo nem idéia sobrevi-
egossímil de -Q O que, pela não consolidação da função- vem, em parte pela não assimilação mental que advém da
alfa, existe, difere da função cgóica, mantendoo não sa- permanência da concretude e em parte pela não transfor-
ber (ou des-compreender). Tal posição infecunda colore maçãopara os processos de representação mental e po-
de tonalidades morais advindas de “super” ego, caracte- der de abstração.
rística da concretude -(Q O). Em outras palavras, - Qo
é compulsão à superioridade moral (distanciamento da
realidade psíquica) e atitude de NÃO aprender.
13. A presençanítida de -(Q O) parece desenvol
vimento e poder de -Q c acréscimo progressivo de
elementos -O. Noutras palavras, não se produzindoele-
mentos-alfa, continuama existir os -beta. Em clínica, isto
indica paciente que se circunda, não de objetos concre-
tos, de coisas-em-si, mas de objetos bizarros, reais, frag-
mentos apenas de pensamentos e concepções sem a
representação abstrata não alcançada.
14. Resume-se a relação de S com -S,afirmando que,
em S possíveis são a particularização e concretização do
abstrato c do geral, mas em -S por não haver abstração
nem generalização, os objetos existentes afiguram-se coi

— 134—
Crescimentonarelação com o obje- objetos psicanalíticos e, 100
to psicanalítico, 102 satisfeitos pela realização, 124
Culpae identificaçãoprojetiva, 134 Emoções, básicas, como vínculos,
69
Darwin, Barnard, julgamento per- Erotismo anal, interpretações incfi-
ÍNDICE turba a observação, 120 cazes de, 42
de Denudamento, do continente e con- Evacuação, de pensamentos,se a ca-
tido, pela inveja, 133 pacidadepara pensar é inadequa-
Distúrbios do pensamento da, 117
Abstração entre satisfação material e psíqui- dimensão acrescida aos proble- Experiência emocional
como meio de correlação, 77-8 ca,30 mas,pela psicanálise,11 conversão pela função-alfa diferen-
e configuração, desorientadora se Conceitos problemasde, similares aosdofiló- cia vigília de sono, 26
prematura, 79-80 afinidade coma hipótese, 98 sofo da ciência, 97 efunçãoalfa, 25,28
excessiva, uso de modelo para evi- problemas com o uso psicanalítico transformação em alementos-alfa,
tar, 114 dos, 48 Elementos-alfa 26
exemplos clínicosde, 90-1 Concepção,ligadaà pré-concepção, descriçãodos, 73
reaplicada quando a realização 125 evitar distúrbios entre consciente Fala como duas atividades diferen-
dela se aproxima, 90 Confusão e inconsciente, 36 tes, 117
Alucinação, abandonadapor ausên- eidentificação projetiva, 42 não formálos, catástrofe para a Fato selecionado
cia de gratificação, 76 tipos de, 44-5 personalidade,68 associado à posição depressiva,
Ambiguidade, deliberada, de termos Conhecimento, teorias do, eS, 75 necessário ao armazenamento e 104
usados, 12 relacionado à psicanálise clínica, aos pensamentos oníricos, 25 como uma experiência emocional,
Amore bem-estar do bebê, 56 75 ordenaçãodos, 39 105
Ataquesao vínculo,ligadosà identi- Consciente Elementos-beta Fator
ficação projetiva do consciente, comoórgãosensível dosatributos comocoisas emsi, 26 definição de, 19
psíquicos (Freud), 22,82 contraste comos objetosbizarros, derivação de seu uso neste livro,
43
Atenção falho, 44 47 18
Freudsobrea, 23 einconsciente, barreira entre, 39 evacuação dos, por movimentos Fowler, HW. & Fg, the King's En-
relação com o modelo, 106:7 ememória, 40 musculares, 34 glish,Glnl
projetadonoanalista, 42 evacuação inopinada de, dificulta Frege, g. Grundgesetze, 88n1
Barreira de contato Continente e contido quese consolide a função-alfa, 59 Freud, S.
deelementos-beta, 44 interação provocaresíduo sem va- falhas dos, similar às do modelo, atenção e notação, 23
lor, 134 114 atributos de prazer e desprazer, 22
preserva o consciente do incons-
ciente, 49 internalizados como parte do apa- efatosindigestíveis, 26 consciência como órgão sensível,
usada para descrever a barreira en- relho para função-alfa, 125 indistinguíveis de uma evacuação, 22
tre consciente e inconsciente, 40 signos para, 124 87 descarga deacréscimosde estímu-
usode Freud do termo, 39 Contratransferência, diante de tela- ligados à atuação, 26 los, 35
Bradley, EH, Principles of Logic, beta, 45-6 e “livrar a psique de acréscimos de Interpretation ofDreams, 88n
89 Correlação estímulos” (Freud), 26 modelo de processos primários e
Brailhwail, R.B, ScientifeExplana- emastronomia, 78 reconhecida prioridade cronológi- secundários, 85
tions,21n2 entre sentidos e consenso, 77, 78 ca quantoaos elementos-alfa, 59 pensamento desenvolve-se da idea-
facilitada pela abstração, 77 resultantes da não consolidação da ção, 86
Cisão relativa a consciente e inconscien- função-alfa, 135 Frustração
associada aoseio, 30 te,111 tela de,44, 45 fuga ou modificação de decisão im-
eidentificação projetiva, 23 vantagens da, 78 Elementos não-saturados portante, 52

=136- =137 —
Lógica do sistema dedutivo não ne- Objetos bizarros
intolerância à, 52 servindo para descarregar a psi cessariamente narealização, 105- confrontados com os elementos-
não consolidar a funçãoalfa pela que, 54 beta, 47,87
intolerância à, 59 tem funções de descarga motora,
ligados à voracidade e ausência de
percepçãoda, 57 116
Mentira e verdade, 74-5 satisfação,31
sofrimento pela,ligadoas, 76 tradução da,advinda da onipotên- Metodologia, critérios para uso de Objetos inanimadose investigação
Fuga cia da realidade, 55, 118
termos ligados a promover de- científica, 35
emodificação do sofrimento, 75 Inconsciente
senvolvimento, 15 Objetos psicanalíticos comparados
da realidade, pela não consolida- barreira ente ele c o consciente, 39
Mito, comparado com o modelo, aos objetos matemáticosde Aris-
ção da função-alfa, 34 deficiente, 43
112 tóteles, 99
Função-alfa Interpretação
Modelo
ação sobre a experiência emocio- com base na teoria de funções,
analogia com a visão binocular, Paciente psicótico
nalnavigília ou no sono,25 efeito da,41 ausência de poderde abstração, 79
19
analogia coma digestão, 59 diferente do modelo, 121
comoauxílio à abstração e concre- efala articulada, 37
comoincógnita, 64 transferencial ortodoxa, 42
tização, 95-6 Pensamento
deficiência de, confunde o objeti- Inveja
dopaciente,precisa ser elucidado, defletido da função original de
voo subjetivo, 89-90 ecisão, 30
LIS auto-conhecimento, 86
definiçãode,48 descrita por Klein, M., 18 experiência usada como, 106 cintolerância à frustração,52
efeitos de ataques à,29 emgrupos, 18
não é evidência, 112 Freud sobre, 52
e transformação da experiência impede a relação comensal, 131 Pensamento sem conteúdo, seme-
natureza cfêmera do, 113
cimpedimento quea função-alfa se
emocional, 89 “Papai”, 97 lhança da pré-concepção ao, 125
não consolidaçãoda, 47-8 consolide, 31
relação comas preconcepções, 96 Pensamentos
relação coma atenção,23 evoracidade, 31
relação com os relacionamentos, anteriores ao pensar, 116
relação com a capacidade da mãe Investigação científica, métodos
é 96 como“nãocoisas”, 58
adaptados aosatributos inanima-
paraareverie,59 substituído pelo sistema dedutivo, evacuação de, para fugir à frustra-
relação com incapacidade para dos do animado, 35
114 ção, 117
dormir ou acordar, 26 teoria usada como,100 Pensar
relação coma notação, 23 JaquesElliott
usadoinadvertidamente, 92-3 aparelho inadequadopara, 118
relação comosataques ao vínculo, conceito de retículo, 126 capacidade para, ainda porse de-
uso de Freud do, 85
43 Disturbances in the Capacity to Money-Kyrle, R.E, Man's Picture of senvolver pelaraça, 118
substitui tcoria dos processos pri- Work, 129n His World, 102n1 dúplice natureza da deficiência do,
mário e secundário, 82 118
usoda, como incógnita, 20 Kant
Não-representação equipamento rudimentar para, 35
Função,derivação de seuusoneste a coisa emsi é incognoscível, 98 e-8,76 origemdo, e identificação projeti-
livro, 18 Critique ofPure Reason, 103n3 estabelecer o método, 78, 80 va, 54
Klein, M. Poincaré, H., citado sobre a gênese
Narrativa e teoria da causalidade
Hipótese, analogia com o conceito, Envy and Gratitude, 131 da formulação matemática, 104,
exemplo de identificação projeti- comparada como fato seleciona-
99 do, 106 108n17
va, 124 Popper, KR. Logic ofScientific Dis-
sobrea confusão, 42 Notação
Identificaçãoprojetiva, como depósito para resultados de covery, 21n3
econfusão, 42 sobre a identificação projetiva, atividade da consciência Posições depressiva e esquizopara-
eelementos-beta, 25 54
(Freud), 23 nóide, 104
exatidão nousoda linguagemalte- sobre as posições esquizoparanói- importa para a elaboração,67, 71 Pré-concepção e estado de expecta-
rada pela, 16 dec depressiva, 104
necessidade dosistema psicanalíti- ção,125
excessiva, 55 teorias usadas neste livro, 23 Princípio derealidade
code, 667
relacionada ao aprender, 23 uso de sua teoria dainveja, 18
— 138— miBo=
coevodo princípio doprazer, 54 e boca,representado por Q O, não faz parte da teoria psicanalíti- a (ver funções — teoria de),
125 ca, 123 o
descrição de Freud do, 22
indistinguível da coisa em si, 87 para combinara flexibilidadeà rigi- Vínculos
Processo primário, teoriade, substi-
necessitado, equivalente a seio dez da estrutura teórica, 66
tuída pela defunção-alfa, 82 Teorias
evidência direta dos, 70
mau, 57 vínculos A, 0 €S, 16,69, 74
Realização Semple and Kneebone, Algebraic manual pessoal de,667 Voracidadee intolerância à frustra-
elucidação do modelo original, 91 Projective Geometry, 20-1n1 pobreza de arsenalteórico detecta- ção, 52
eteoriade funções, 19 Sensível do de, 78
incógnita na formação de abstraçõ- compreensão dos atributos Teorias psicanalíticas Wisdom,J.O.
es de que se aproximam, 91 (Freud), 22 modelo ajuda economia de, 122 sua reformulação dasteorias da his-
sentido emque se usa, 20 dados sensíveis relativos ao atribu- necessidade delimitar número de, teria e da melancolia, 110, 1l1n
Referência, base sugerida para siste- to psíquico, 82 122
made notação,64 impressão sensível e clementos-
Relação comensal evínculos, 128 beta, 48
Reverie Significação e teoria defunções, 40
como receptáculo daidentificação Signos, vera, 0,8
projetiva, 60 como abastraçõesde que asrealiza-
deficiência da, perturba à capaci- ções sc aproximam, 72
dade para a frustração, 6061 risco de manipulação arbitrária
Rosenfela, H. dos, 73
On Drug Addiction, 102-3n2 Sistemadedutivo
sobrea confusão, 42 ligado ao modelo, 92
sentido emquese usa, 19, 21172
—s eteoria de funções, 19
a abstração e a concretização, 99- usado para representar experiên-
100 cia desconhecida, 102
eainveja, 131 Sistemas complexos de hipóteses
co des-compreender, 130 comatributos de Q,128
representando a não consolidação Super-ego, despojado das caracate-
da função-alfa-des-compreender, rísticas de, 133
79
8 Tarski, A. Introduction to Logic
alterar o sentido de, para evitar o símile do questionário, 126
sofrimento, 75 Teoria edipiana, abstração e concre-
e perspectiva científica, 74 tização, 110
eteorias do conhecimento, 75 “Teoria de funções
faz algo ao objeto observado, 74-5 acresce flexibilidade à teoria analí-
ligadoaoatributo psíquico, 82 tica, 19
signo usado com A e O,69:70 cfeito da interpretação com base
uso na meditação especulativa, 71 na, 41
ovínculosS, 123-29 esignificado, 40
Segal, H., Notes on Symbol Forma- cvalidação, com baseno desenvol
tion, 103n4 vimento da, 40
Seio na compreensão dos processos de
pensamentos, 51

— 140 — —14l—
O portador da mensagem, distante posta
do,
nemsabe o que indiretamente acaba mere -
cendo.
Uma pouca de ansiedade — é lugar-comum
reconhecer-se — mobiliza realizações, O
dono
desta identifica-as e usa; pertencem-lhe,
Ele é
O próprio escafandrista, se, assim permitido
é
dizer-se, Também proprictário e usuário de
móvel “ansiogênico”.
O técnico existe para benefício de quem o
cria e engendra, com criatividade implí
cita
€ invisível que, inerente,alcança aquele, do
9utro ladoda cerca, aguardando,sensível, o
influxo,
O bem quese recebe, difícil é dizer de
onde
vem. O ciclo, portanto, não pára aí. A expe-
riência emocional enriquecedora é a que se
estrutura dentro. Vemde fora, porémlev
dereço certo. Que se saiba, sem risco dea ex-
en-
travio.
Há quem suspeite que W. R. Bionseja, por
si, umanti-descobridor. Não inova. Tem,
quese afigura, a seus leitoresc estudiosos,aoo
vezo de convidar ao não revelado. Incô
modo
talvez. Não raro,arriscando-se ao abandono e
rejeição. Mas, porcerto, apóia-se em imanên-
cias, sempre, sempre,disponíveis e alcançá-
veis, do animal humano, aberto ao pens
ar e
pronto a livrar-se do não saber, se bem que à
custa do preço de algum sofrimento e amea
ça
de frustração.
Publicouvárias contribuições, ao convívio
coma psique menos alcançável, não só na
acepção profissional clínica de psicanalista.
Incursionoutambém, de modo estéti
co-lite-
rário, sobre aquela “menosalcançável”, dra-
matizando, em três volumes de ficção
Psicanalítica, a história genético-evolut
iva
compreensiva, do ângulo conscientizador, da
Psique, estilizando-a em Personagens concr
e-
tas, existindo emsociedade meio fantasma-
górica atual,

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