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Incluído em 16/02/2005
A linguagem costuma refletir o pensamento e pode ser tida como o elo final da
cadeia de processos psíquicos que se iniciam com a percepção e terminam com
a palavra falada ou escrita .
Costuma-se ter por certo que não existem pensamentos que não sejam
formulados por palavras, ao ponto de poder se afirmar que todo pensamento
corresponde a alguma determinada expressão verbal. É por isso que não se
estabelecem diferenciações entre as perturbações do pensamento e as
alterações da linguagem.
Dislalias
Consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando
fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os. A falha na
emissão das palavras pode ainda ocorrer a nível de fonemas ou de sílabas.
Assim sendo, os sintomas da Dislalia consistem em omissão, substituição ou
deformação os fonemas.
Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase
a criança pode ter problemas se continuar falando errado. A Dislalia, troca de
fonemas (sons das letras), pode afetar também a escrita. Na prática o
personagem Cebolinha, de Maurício, é um exemplo de criança com Dislalia. Ele
troca o som da letra R pelo da letra L.
Dislexia
Dislexia é um distúrbio específico da linguagem caracterizado pela dificuldade
em decodificar (compreender) palavras. Segundo a definição elaborada pela
Associação Brasileira de Dislexia, trata-se de uma insuficiência do processo
fonoaudiológico e inclui-se freqüentemente entre os problemas de leitura e
aquisição da capacidade de escrever e soletrar. Resumidamente podemos
entender a Dislexia como uma alteração de leitura.
Afasia
Uma lesão cerebral de extensão limitada interessando o hemisfério esquerdo
de uma pessoa dextra poderá fazê-la perder a capacidade de utilizar a
linguagem como meio de comunicação e como meio de representação
simbólica: o indivíduo não poderá se exprimir oralmente ou por escrito de uma
forma inteligível; ele não mais decifra as mensagens que recebe sob a forma
de linguagem falada ou escrita.
Assim sendo, para o diagnóstico da Afasia é importante que ela aconteça sem
que haja alguma patologia dos aparelhos sensoriais e sem que hajam
paralisias capazes de impedir a elocução da palavra oral ou sua expressão
escrita. A Afasia sempre diz respeito à perda dos conhecimentos de linguagem
adquiridos, o que normalmente se acompanha de algum prejuízo das funções
intelectuais. Seria, então, a perda da inteligência específica da linguagem,
tanto para expressar o pensamento por meio da palavra oral ou gráfica,
quanto para compreender a palavra falada ou escrita (na Afasia motora pode
estar preservada a capacidade de compreender).
Dos diferentes tipos de Afasia, destacamos apenas quatro que são bem
conhecidos do ponto de vista anatomoclínico: Afasia Motora, Afasia Sensorial,
Afasia de Broca e Afasia global.
CAUSAS DA AFASIA
Na ordem decrescente de importância, as causas da Afasia são as seguintes:
a) desordens vasculares
b) traumatismos que atingem o hemisfério esquerdo;
c) processos inflamatórios;
d) escleroses disseminadas e encefaloses;
e) abscessos e gomas;
f) tumores;
g) hematomas.
Podem-se observar Afasias transitórias no curso da uremia, diabete,
intoxicações, na epilepsia e na enxaqueca.
Redução da Linguagem
A redução da linguagem, associada ou não às alterações articulares é a
característica de algumas Afasias. Ela apresenta aspectos múltiplos, que
algumas vezes se sucedem em um mesmo doente. A inibição é a característica
mais constante, mostrando raridade e brevidade na expressão espontânea;
durante um exame, as respostas são curtas como se emitidas a contragosto,
em resposta a solicitações repetidas.
Estereotipia Verbal
Assim sendo, a Estereotipia Verbal, que consiste na repetição automática de
uma palavra, sílaba ou som, que se intercala entre as frases, sem nenhuma
finalidade, como vimos, teria as seguintes características: fixidez, duração,
identidade, inutilidade e inadequação às circunstâncias. Segundo Dromard, em
muitos casos, trata-se de palavras ou frases que em época anterior à
enfermidade tinham significação precisa e que, posteriormente, tornaram-se
automáticas e perderam o seu conteúdo ídeo-afetivo.
Agramatismo
O agramatismo é uma evolução freqüente da Afasia e reflete uma importante
redução da linguagem. A utilização prevalente de substantivos, juntamente
com o emprego sistemático de verbos no infinitivo e a supressão de pequenos
instrumentos de linguagem (artigos, preposições...) determinam uma forma de
expressão semelhante a uma linguagem primitiva (mim Tarzã, you Jane) ou de
um estilo telegráfico, com uma linguagem econômica, reduzida, concreta,
pobre, sem flexibilidade e sem possibilidade de abstração.
Parafasias e Jargonoafasia
Outras alterações afásicas de expressão da linguagem oral são as Parafasias e
Jargonoafasia, consideradas tipos de Afasia onde não ocorre a inibição da fala.
A linguagem espontânea é rica e volúvel, porém as palavras ou os fonemas
não são apropriados. As parafasias verbais consistem na utilização de uma
palavra por outra. A palavra proferida apresenta, algumas vezes, uma relação
de ordem conceitual com a palavra substituída (garfo por colher, lápis por
borracha) ou de ordem fonética (pêra por cera, marco por barco), porém sua
utilização freqüentemente parece ocorrer ao acaso. As parafasias literais
correspondem a uma deslocação da estrutura fonêmica das palavras, com
elisão, inversão de sílabas, substituições, uso de palavras deformadas, porém
ainda identificáveis (reutamismo por reumatismo, biciteta por bicicleta) ou de
neologismos totalmente sem significado (para um lápis, logamentase, tipão,
pinhão de caça...).
Ausência de Palavra
A ausência de uma palavra é uma perturbação comum na maior parte das
Afasias, constituindo o que se pode chamar de aspecto negativo da alteração
de linguagem. Ela transparece por trás da redução e inibição das Afasias
associadas às dificuldades articulares. Nesses casos, a evocação da palavra
difícil pode ser facilitada se o examinador esboçar, oralmente esta palavra
ausente. Por outro lado, a ausência da palavra é disfarçada pelas
circunlocuções entremeadas de parafasias nos afásicos volúveis.
Alterações Afásicas
Compreensão da Linguagem Oral
As alterações afásicas de compreensão da linguagem oral existem na maior
parte dos afásicos. As provas de designação evidenciam a alteração na
compreensão das palavras e a execução de ordens durante um exame
mostrará a compreensão das frases. Os afásicos permanecem perfeitamente
acessíveis ao significado da mímica e do gesto, e é necessário se observar isto
para a condução do exame. Deve-se lembrar, também, que a apraxia pode
tornar impossível a execução de gestos.
Alterações da Leitura
Alexia Agnósica
Chama-se Alexia Agnósica uma espécie de Afasia gráfica onde predomina a
dificuldade de integração das percepções visuais e Assim sendo, a Alexia
Agnósica corresponde a uma dificuldade maior para a identificação das
palavras (compreensão global) do que para a identificação de letras isoladas. A
leitura tende a ser literal ou escandida. O indivíduo utiliza o dedo para a
identificação das letras e a identificação das palavras soletradas é satisfatória.
Nesses pacientes a cópia é imperfeita, ainda que a escrita espontânea ou
ditada seja satisfatória. A alexia agnósica está freqüentemente associada a
outras manifestações de agnosia visual, notadamente a agnosia para as cores.
Alexia Afásica
É Alexia Afásica, quando está prejudicada a utilização de mensagens em
função de seu valor simbólico em termos de linguagem. A Alexia Afásica
determina uma maior dificuldade para o entendimento de letras do que de
palavras, estas dotadas de uma significação que facilita sua identificação. A
leitura é global e os erros resultam de uma interpretação falsa da forma geral
da palavra. Para o aléxico afásico a divisão em sílabas é difícil e a escrita
espontânea e ditada apresenta os caracteres de uma agrafia afásica. A cópia é
possível, porém o paciente apresenta dificuldade em reler.
Alexia Pura
A Alexia Pura se caracteriza por uma perda eletiva de identificação da
linguagem escrita, na ausência de qualquer outra forma de Afasia. As
características gerais são as mesmas de uma Alexia Agnósica e ocorrem, quase
sempre, manifestações associadas de Agnosia Visual, principalmente agnosia
para cores e para formas geométricas. A lesão responsável se localiza no giro
lingual e no giro fusiforme do hemisfério dominante, mas atinge também o
esplênio do corpo caloso.
Alterações de Cálculos
Relativamente independentes uma da outra, a linguagem verbal e a linguagem
dos números estão, contudo, intrincadas. Assim se explica a associação muito
freqüente de uma Afasia e de uma Acalculia.
Afasia de Condução
A Afasia de Condução é mais rara que as variedades precedentes e se
caracteriza por uma extraordinária perturbação da repetição que impede o
doente de reproduzir palavras ou frases que ele compreende. A expressão
espontânea, oral ou escrita é fluida, embora rica em parafasias, apresentando
uma maior dificuldade no encadeamento de elementos lingüísticos que é
particularmente evidente quando o doente constrói uma frase com as palavras
que lhe são apresentadas.
A compreensão da linguagem oral ou escrita, ao contrário da maioria das
Afasias, está pouco perturbada e se observa um esforço de autocorreção. Tal
Afasia de Condução está freqüentemente associada a uma apraxia ideomotora
e resulta de lesões que acometem o opérculo parietal. Esse transtornos
poderia indicar, também, uma desconexão entre a região de Wernicke e as
regiões motoras da linguagem.
Afasia Motora
Pode também ser chamada de afemia, anartria, Afasia verbal, ou síndrome de
desintegração fonética, dependendo do autor onde se estuda. Na Afasia
motora, o doente conserva a linguagem, porém não pode falar, embora não
apresente distúrbio da musculatura que intervém na articulação das palavras.
A perturbação tem aqui uma origem cerebral. Neste caso o doente
compreende o que ouve mas há impossibilidade de pronunciar as palavras. A
leitura e a escrita também estão conservadas.
A Afasia motora é a que se observa nos pacientes portadores de acidentes
vasculares cerebrais capazes de deixar seqüela.
Afasia Sensorial
Enquanto a Afasia motora consiste numa alteração da expressão, a Afasia
sensorial se centraliza na compreensão dos sinais verbais. Neste tipo de Afasia,
observam-se uma espécie de surdez verbal, uma perturbação da palavra
espontânea, da leitura e da escrita. O afásico tipo Wernicke consegue falar,
mas geralmente fala numa linguagem destituída de sentido lógico e pronuncia
as palavras de maneira defeituosa ou emite uma série de palavras sem ordem
gramatical, o que torna a sua linguagem inteiramente incompreensível. Aqui
coexiste mais ainda a decadência dos processos intelectuais.
A Afasia sensorial costuma ser encontrada nos pacientes involutivos, tanto em
casos de demência de Alzheimer, quanto nas demências vasculares.
Afasia de Broca
A Afasia de Broca é caracterizada pelo fenômeno da redução da linguagem. O
paciente fala muito pouco e, quando solicitado, se expressa a contragosto. O
portador de Afasia de Broca emprega um pequeno número de palavras cujo
encadeamento em frases está reduzido ao mínimo. As alterações da
articulação freqüentemente se associam a esta redução.
Paralelamente à alteração da expressão, observa-se uma alteração da
compreensão da linguagem oral, mais acentuada para as frases ou ordens
complexas do que para as palavras relativamente bem conhecidas. As
alterações de expressão e de compreensão, observadas na linguagem oral,
surgem igualmente durante a exploração da linguagem escrita.
Anartria Pura
A anartria pura, muito rara como modo de instalação e freqüentemente
observada como uma forma evolutiva da Afasia de Broca. Ela se caracteriza
pelo conjunto de alterações da articulação já descrito na Afasia de Broca,
perturbando a linguagem espontânea, a repetição e a leitura em voz alta. A
associação de uma apraxia buco-facial é comum. Por outro lado, não há
alterações da compreensão da linguagem oral ou escrita nem da expressão por
escrito.
Afasia de Wenicke
Na Afasia de Wenicke a expressão oral é fluida, espontânea, abundante, ao
contrário da Afasia de Broca, porém sem muito significado devido ao uso
inadequado de palavras ou fonemas (parafasias). As parafasias podem surgir
acidentalmente na linguagem espontânea ou existir de forma permanente
Afasia Global
Trata-se de uma forma de Afasia caracterizada pela perda completa da
articulação da palavra e surdez verbal. Nos casos típicos a dissolução da
linguagem é de tal magnitude que chega a comprometer os automatismos
mais elementares. O déficit atinge de igual modo as funções da compreensão e
de expressão da palavra. Esta forma de Afasia é conseqüência de extensas
lesões cerebrais que atingem a zona motora, a ínsula e a zona parieto-
temporal da linguagem. Acompanha-se de hemiplegia direita e hemianopsia
lateral homônima direita e de transtornos apráxicos e agnósticos.
Alterações da Linguagem
Predominantemente Funcional
Aqui se incluem todas as alterações da linguagem oral resultantes de distúrbios
emocionais, havendo integridade anatômica dos centros e das vias de
condução da linguagem. As principais alterações deste tipo são:
DISFEMIAS
DISFONIAS
LOGORRÉIA
BRADILALIA
VERBIGERAÇÃO
MUTISMO
MUSSITAÇÃO
ECOLALIA
ESQUIZOFASIA
NEOLOGISMOS
Disfemias
São perturbações intermitentes na emissão das palavras, sem que existam
alterações dos órgãos da expressão. Neste grupo de transtornos da linguagem
o distúrbio mais importante é a gagueira (tartamudez). A Disfemia é uma
desordem da comunicação humana que vem despertando a curiosidade de
fonoaudiólogos, foniatras, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais afins,
além de leigos que lidam com indivíduos portadores de gagueira . Caracteriza-
se por hesitação, silabação, precedida ou intercalada dos fonemas qui, que, ga,
gue. A gagueira revela a tendência de aumentar ou diminuir sob a influência
da emoção.
Disfonias
Não se trata, propriamente, de alteração da linguagem, mas de defeitos da voz
conseqüentes a perturbações orgânicas ou funcionais das cordas vocais ou,
ainda, como conseqüência de uma respiração defeituosa. Seria então, a
Disfonia, um distúrbio da voz, como rouquidão, soprosidade ou aspereza.
Logorréia
Diz Antoine Porot que a arte de falar muito e não dizer nada não é atributo
apenas de alguns tipos de enfermos mentais. Na vida comum encontramos
muitos charlatães cuja incontinência verbal poderia ser comparada a uma
forma menor e de certo modo subnormal da logorréia: o palavrório feminino
fútil e inconsistente de certas reuniões sociais, a facúndia e conversa cínica de
certos embusteiros, as explicações discursivas intermináveis de propagandistas
e vendedores.
Bradilalia
Consiste numa diminuição da velocidade de expressão, como resultado da
lentidão dos processos psíquicos e do curso do pensamento. Observa-se no
parkinsonismo pós-encefalítico, em casos de epilepsia pós-traumática.
Verbigeração
É a repetição incessante durante dias, semanas e até meses, de palavras e
frases pronunciadas em tom de voz monótono, declamatório ou patético. Ë
observada nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na
esquizofrenia, especialmente na forma catatônica.
Mutismo
Mutismo é a ausência de linguagem oral. O mutismo tem origem e
mecanismos os mais variados. Nas doenças mentais, é observado nos estados
de estupor da confusão mental, da melancolia e da catatonia; nos estados
demenciais avançados, na paralisia geral e na demência senil. Na
esquizofrenia, o mutismo adquire uma importante significação. Pode decorrer,
nesse caso, de interceptação do pensamento, de perda de contato com a
realidade, de alucinações imperativas ou de idéias delirantes de culpabilidade.
Com muita freqüência, os catatônicos não falam nem respondem ao
interrogatório, dando-nos a impressão de que se encerram voluntariamente no
mais completo mutismo.
Mussitação
É a expressão da linguagem em voz muito baixa; o enfermo movimenta os
lábios de maneira automática, produzindo murmúrio ou som confuso. É um
sintoma próprio da esquizofrenia.
Ecolalia
Ecolalia é a repetição, como um eco, das últimas palavras que chegam ao
ouvido do paciente. Em condições patológicas, observa-se nos catatônicos. O
fenômeno tem muita semelhança com a perseveração do pensamento,
observada nos epilépticos. Os enfermos repetem como um eco não só as
palavras que lhes são dirigidas, como partes de uma frase que escutam ao
acaso.
Esquizofasia
É uma expressão criada por Kraepelin para designar uma profunda alteração
da expressão verbal, observada em alguns esquizofrênicos paranóides, em
resultado da qual a linguagem se torna confusa e incoerente, sem que existam
alterações graves do pensamento. Em sua forma bem acentuada, a linguagem
se apresenta como uma salada de palavras, em que o enfermo emprega
neologismos e palavras conhecidas com sentido desfigurado, tornando o
discurso inteiramente incompreensível.
Neologismo
Neologismos são palavras criadas ou palavras já existentes empregadas com
significado desfigurado. Pode ser um sintoma comum na esquizofrenia.
para referir: