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RELATÓRIO FONOAUDIOLÓGICO

IDENTIFICAÇÃO
Paciente: Gabriel de Figueiredo Barreto Diagnóstico: CID 10 F84
Data de Nascimento: 24/05/2017
Idade: 05 anos
Filiação: Tatiane Aparecida N. de Figueiredo Barreto.
André Luiz Silva Barreto.
Fonoaudióloga: Joelma Cristina da Costa

1. APRESENTAÇÃO CLÍNICA
A Pequeno Príncipe Intervenção Comportamental, atua a partir da
Análise do Comportamento Aplicada (ABA), utilizando a ciência do
comportamento com fundamento teórico, advindos de pesquisas experimentais
e prática baseada em evidências. O trabalho desenvolvido pela Clínica,
consiste em incluir a equipe multidisciplinar, os pais e cuidadores do paciente.
A intervenção fonoaudiológica atua com ações voltadas para aprimorar
a pragmática, aumentando a utilização do meio verbal em detrimento dos
meios vocal e gestual, bem como ampliar suas funções de comunicação e sua
possibilidade de utilização em diferentes situações.
A atuação fonoaudiológica no Transtorno do Espectro Autista visa
identificar as alterações nos processos de aquisição de linguagem e fala, afim
de desenvolver a comunicação e interação social. As habilidades de linguagem
se subdividem em: linguagem expressiva e linguagem receptiva.
A Linguagem Receptiva, vem composta pelo feedback auditivo e visual,
sendo a mesma responsável pela capacidade de compreender a palavra
falada.
A Linguagem Expressiva é a capacidade do indivíduo de se comunicar
seja de forma verbal o não verbal. Esse processo acontece quando o indivíduo
possui a capacidade de compreender os conceitos das unidades significativas
e de suas experiências para se comunicar com outras pessoas, sendo assim a
linguagem receptiva pressupõe a linguagem expressiva, estabelecendo então
situações em que em muitos indivíduos a linguagem receptiva apresenta-se
intacta e estando deficiente apenas a linguagem expressiva.
Linguagem: A linguagem é conceituada como um sistema de
comunicação e elaboração do pensamento, organização de ideias e
sentimentos. A linguagem pode ser traduzida através de comunicação não-
verbal ou verbal e significa a capacidade de receber e transmitir informações
(linguagem receptiva e expressiva). O desenvolvimento da linguagem é
sensível aos inputs ambientais, influenciado pela estimulação e pelo
desenvolvimento de outras funções como: atenção, memória, percepção,
inteligência, cognição audição.
Fala: A fala é conceitualmente compreendida como a execução
fonoarticulatória da linguagem, sua execução motora. Neste processo estão
envolvidos muitos músculos que devem funcionar de forma precisa e
sincrônica, assim como os órgãos fonoarticulatórios precisam estar íntegros e
funcionalmente apropriados. Os órgãos fonoarticulatórios são a boca, os lábios,
a língua, o palato mole, o palato duro e os dentes.
Ecolalias: No autismo percebemos algumas dificuldades com relação à
linguagem, tendo em vista as alterações encontradas na linguagem, como por
exemplo, a ecolalia. A ecolalia se apresenta nos dicionários médicos como uma
repetição de palavras ou frases ouvidas anteriormente no discurso de outras
pessoas (RUIZ TORRES, 1987; REY, 2003). Fernandes (1996) e Nicolosi et al
(1996) explicam que a ecolalia pode acontecer imediatamente (ecolalia
imediata) ou tardiamente de modo automática (ecolalia mediata ou atrasada)
ou, ainda, de maneira alterada, voluntária ou não (ecolalia mitigada), podendo
as reproduções

serem pronunciadas com a mesma entoação e estarem relativamente


relacionadas a contextos específicos. Essa questão da repetição da ecolalia
permitiu que desde o princípio o sujeito autista fosse compreendido como
desprovido de linguagem, por causa da dificuldade de comunicação. A Dra.
Ana Beatriz Barbosa Silva descrevendo as dificuldades de linguagem em uma
criança com autismo deixa claro que:
As crianças com autismo apresentam grande variação no
desenvolvimento da linguagem; algumas têm poucas habilidades na fala e
quase não conseguem se comunicar. Outras falam com elaboração, mas
podem ter dificuldade de compreensão. (SILVA, 2012, p. 164).

3.AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

 Teste te nomeação protocolo de fonologia- PAFI. (Vidor DCGM, Alves


ALS, Bueno TG. Protocolo de avaliação de fonologia infantil 2010).
 Avaliação da compreensão-Fonologia, morfossintática e semântica.
 Avaliação do vocabulário- Protocolo de Registro de Resposta (adaptado
teste ABFW).
Por meio da avaliação foram observadas as seguintes habilidades
comunicativas:
● Apresentou pouca interação;
● Presença de intenção comunicativa, fala espontânea;
● Apresentou pouca atenção compartilhada e raramente atendia quando
chamado pelo nome, compreensão para ordens simples;
● Realiza praxias orais sob instrução;
● Observa-se presença de gestos comunicativos;
Ausência de simbolismo;
No treino de Gabriel, partimos da ferramenta de ajustar a processo
fonológico porque o sistema articulatório e o sistema de representação

fonológica não estão bem estabelecidos, então ele não consegue produzir sons
realizando trocas ou omissões de fonemas. Com isso o Gabriel muitas vezes
simplifica, realizando desvio no processo fonológico e com ecolalias quais
consistem em comportamentos repetitivos na linguagem, fenômeno persiste
caracterizado como distúrbio de linguagem, com repetição da fala do outro,
dividida ou tardia.
As habilidades a serem desenvolvidas variam de acordo com a avaliação
feita em cada caso, o qual realiza-se intervenções voltadas para os aspectos
cognitivos, imitação, comunicação receptiva, comunicação expressiva, jogos,
atenção compartilhada, motricidade, independência pessoal etc. As habilidades
traçadas para o treino do paciente foram:

● Contato ocular diminuído;


● Compreensão para ordens simples e complexas;
● Nomeação adequada para idade;
● Inventário fonológico com omissão fonológica nos fonemas Vibrantes;
● Vocabulário adequado para idade;
● Habilidade de nomeação adequada;

Linguagem/Comunicação: O paciente apresenta uma boa


compreensão de linguagem e a sua performance verbal em desenvolvimento
esperado para seu processamento cognitivo. O paciente vem apresentando
fala funcional, mas com presença da fala ecolálica em maior frequência do que
o esperado, e com intenção de comunicação, comparado aos meses
anteriores.
Processo semântico: Paciente não apresentou interação e atenção
durante a avaliação, também não compreendeu ordens de níveis simples e
complexos para avaliação em questão, apresentou dificuldade para
compreender ordens solicitadas para realização de tarefa.

4.OBJETIVOS DA TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA


● Ampliar a interação;
● Ampliar atenção compartilhada;
● Ampliar atenção e foco nas atividades;
● Exercícios de motricidade orofacial para adequar mobilidade dos OFAS;
● Ampliar imitação e simbolismo;
● Ampliar habilidades não verbais, verbais e pragmáticas;
● Ampliar discurso narrativo;
● Corrigir alterações fonológicas/ecolalia;
● Ampliar compreensão para realização de tarefa;
● Estimular habilidades linguísticas, envolvidas na fala;
Em fonoterapia observou-se que mediante aos estímulos, Gabriel
apresentou melhorias significativas em seu desenvolvimento como:

● Aumento da permanência nas atividades e tarefas;


● Reconhecimento e discriminação dos fonemas trabalhados;
● Diminuição do comportamento de gritos;
● Troca de turno em desenvolvimento;
● Reconhecimento de sílabas;
● Aumento no discurso narrativo (pouco para idade);
● Aumento do jogo simbólico e imaginação;
● Reconhecimento de silabas isoladas;
● Compreensão para ordens simples

5.CONCLUSÃO
A Fonoaudiologia é importante no tratamento da comunicação no
paciente autista. As terapias são voltadas a contribuir para que o paciente
consiga vocalizar as palavras, identificar figuras e sílabas, e se interagir e

comunicar com outras pessoas, visto que crianças com TEA apresentam
dificuldades na comunicação, interação social e compreensão.
As estratégias estabelecidas mediante as alterações observadas,
foram preparadas a fim de aprimorar a fala e linguagem e todas habilidade
envolvidas como compreender de ordens simples iniciais, interação, atenção
concentração e foco, manter contato visual, aprimorar atenção compartilhada,
imitação, simbolismo.
Concluo que a fonoterapia tem por objetivo aprimorar e estimular o
desenvolvimento das habilidades comunicativas que é importante para a
interação social, como também habilidades escolares, reitero que a terapia
deve ter uma extensão em casa juntamente com o apoio da família ao paciente
dando continuidade aos estímulos mediante orientações dadas. Portanto, as
observações realizadas com o paciente Gabriel, permite concluir que o mesmo
deve permanecer com o tratamento de intervenções contínua e intensiva a
partir do ABA.

Cuiabá, 30 de dezembro de 2022

Joelma Cristina da Costa


Fonoaudiológa
CRFa 5-102656
Referência Bibliográficas: Tratado de Linguagem-Perspectivas
contemporâneas (Dionísia Aparecida Cusin Lamônia & Denise Brandão
Oliveira e Brito).

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