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Fala: Ícaro produz alguns sons, quase sempre inconsistentes. Os mais frequentes são
não, pai, mãe, cocô e alguns sons de animais. Não foram observados sons com intenção
comunicativa durante a avaliação.
Comportamento: durante a avaliação, Ícaro demonstrou-se cooperativo e atento,
além de muito tranquilo. A mãe refere episódios de rigidez. Teve períodos de
persistência/fixação em alguns objetos/brinquedos.
Quanto ao desenvolvimento global, Ícaro foi avaliado por meio do teste IDADI1
(anexo). O teste evidencia atraso no desenvolvimento em várias áreas, especialmente em
habilidades de cognição, socioemocionais e de comunicação, conforme evidenciado pelos
excertos abaixo.
Ícaro também foi avaliado por meio do check list de desenvolvimento do ESDM4. De
acordo com as observações realizadas, Ícaro apresenta lacunas em habilidades de
comunicação receptiva (orientação social), comunicação expressiva (habilidades
comunicativas não orais) e habilidades sociais.
De acordo com a literatura científica mais atual, sabemos que as intervenções
ecléticas têm pouca ou nenhuma eficácia no tratamento do autismo16, 17 e que a intensidade
da intervenção é um fator determinante do seu sucesso.
Ícaro ainda não fala e as habilidades pré-requisitos fundamentais para aquisição da
fala encontram-se em aquisição. Visando um melhor prognóstico em relação ao
aprimoramento da comunicação e estimulação do desenvolvimento das habilidades de
linguagem, sugerimos a implementação da Comunicação Alternativa e Aumentativa
(CAA). Segundo a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA, 1991)5 a
Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) é uma área da prática clínica, educacional e de
pesquisa, que se destina a compensar e facilitar, temporária ou permanentemente, os
prejuízos e incapacidades em sujeitos com distúrbios da compreensão e da comunicação
expressiva.
Em um estudo recente8 foi possível observar aumento na produção de atos
comunicativos nos sujeitos da pesquisa com a utilização da CAA. Os autores concluíram que
o uso da Comunicação Aumentativa e Alternativa na clínica fonoaudiológica mostra-se
promissora e eficaz no que se refere à promoção do desenvolvimento das habilidades
comunicacionais do indivíduo com Transtorno no Espectro do Autismo – TEA.
Um dado alarmante é que entre 25 e 30% dos indivíduos com TEA sem
intervenção permanecerão minimamente verbais até a idade escolar11. Por isso, destacam-se
estudos que trazem evidências de melhoras com intervenções estruturadas.
Ícaro apresenta sinais de risco para transtorno do espectro autista. Seu perfil de
desenvolvimento corrobora esses achados – os atrasos observados não se justificam por um
transtorno exclusivo da fala (há falhas em habilidades comunicativas não orais). A criança vem
recebendo intervenção de baixa intensidade com respostas perceptíveis. Contudo, ainda
apresenta atrasos mensuráveis no desenvolvimento. Diante disso, sugerimos então:
Avaliação médica para conclusão diagnóstica
Intervenção fonoaudiológica intensiva domiciliar com utilização de PROMPT e
implementação de CAA
Avaliação fisioterapêutica
Avaliação e intervenção de integração sensorial
Intervenção comportamental intensiva baseada no modelo de Denver (ESDM) com
supervisor experiente.
Edinizis Belusi
CRFa. 3-17.344
Fonoaudióloga – USP
Mestre em Linguística – UnB
Formação para diagnóstico de TEA (ADOS-II) e
para intervenção precoce (ESDM – Modelo de Denver)
Referências: