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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA E

PLANO TERAPÊUTICO INDIVIDUALIZADO(PTI)


RELATÓRIO

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome da Criança Gustavo Oliveira Cerqueira


Data de Nascimento 30/12/2013
Idade 8 anos
Diagnóstico Transtorno de Espectro Autista (TEA, F84); Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH, F90) e Transtorno
Opositor Desafiador (TOD, F91) conforme o DSM-V (2013)
Responsável Luciana da Rocha Oliveira Cerqueira
Data da avaliação 10/11/2022
Aplicador Kelly Dias Moura; Deyse Maria Luna da Silva
Filiação: Jaci dos Santos Cerqueira e Luciana da Rocha Oliveira Cerqueira

2. DADOS GERAIS /DEMANDA

A queixa principal se relaciona ao comportamento e linguagem oral da criança. G.O.C.


chegou ao atendimento do Instituto Viver Autismo em setembro, por meio do plano de saúde
FUSEX com duas sessões semanais. Está em atendimento desde a descoberta do diagnóstico
aos 5 anos, apresentando três diagnósticos: a) Transtorno do Espectro Autista (F84); b)
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (F90) e c) Transtorno Opositor Desafiador
(F91).

Narra-se cada transtorno com base nesta literatura, o DSM-V (2013). O TEA (F84)
apresenta como critérios de diagnóstico déficits persistentes na comunicação e interação
social em múltiplos contextos. Entre eles, déficits na reciprocidade socioemocional como
estabelecimento de conversas e compartilhamento de interesses e afetos; déficits no
comportamento comunicativo não verbais como também no uso da linguagem corporal,
linguagem não verbal e expressões faciais. Como também a dificuldade de ajustar o próprio
comportamento em contextos sociais e dificuldade de estabelecer simbolismos nas
brincadeiras (DSM-V, 2013, p.50).

Quanto ao TDAH, o transtorno se caracteriza como um padrão de desatenção e/ou


hiperatividade que interfere diretamente em seu desempenho funcional e
desenvolvimento. G.O.C apresenta critérios de desatenção e hiperatividade. Os sintomas
esperados são não prestar atenção em detalhes em trabalhos escolares; dificuldade de
manter atenção em tarefas e atividades lúdicas; parece não ouvir quando alguém chama;
dificuldade de seguir instruções até o fim e de organizar suas tarefas. Além disso, evita
tarefas que envolvam alta demanda e se distrai com estímulos externos. A hiperatividade
também agrava essa dificuldade de seguir instruções, organizar-se e concluir tarefas.
Por fim, a prioridade detro do caso de G.O.C. é lidar com o Transtorno Opositor
Desafiador, caracterizado como padrão de humor irritável com comportamento desafiador
e índole vingativa. Com frequência perde a calma e facilmente se sente incomodado e
ressentido/raivoso. Além disso, frequentemente questiona figuras de autoridade; recusa a
obedecer regras e pedidos; seu comportamento incomoda a ordem geral e culpa os outros
pelos seus erros. Além de sempre desejar comandar todas as tarefas.

3. INFORMAÇÕES/ANAMNESE
Foi relatada pressão alta no início da gestação e uso de antibióticos durante o pós
parto. Os pais procuraram o serviço indicados pela Dra. Larissa Coutinho para realizar
terapias de fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e psicopedagogia.

O paciente está sob o uso das medicações Aristab 10 mg – 1x ao dia e NeolephC 4% -


5 gotas.

Os objetivos finais citados foram eliminar os comportmentos inadequados como


bater e excesso de raiva. A genitora relata ainda casos de bullying sofridos pela criança.

4. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

PORTAGE

O Inventário Portage Operacionalizado (IPO) analisa comportamentos de socialização,


linguagem, cognição, autocuidado e motor de crianças de 0 a 6 anos de idade, com o objetivo
de construir um parecer para posterior intervenção no ambiente natural da criança avaliada,
pois através da sua aplicação, pode-se visualizar o seu desempenho, usá-lo para elaborar uma
intervenção, avaliar os progressos da criança ao longo e depois de um período de intervenção
(VIERA; ROBEIRO; FORMIGA, 2009).

Para G.O.C foi aplicado os domínios de Socialização e Linguagem como estratégia de


planejamento para as próximas sessões e de suporte à nova terapeuta.

5. DESCRIÇÃO DA AVALIAÇÃO/ DESEMPENHO E RESULTADOS:


5.1 Inventário Portage Operacionalizado: Domínio Socialização
A criança já tem 8 anos, mas, por norma, o domínio foi aplicado em todas as faixas
etárias a fim de mapear quais os déficits no quesito de socialização. Abaixo, serão descritos
quantos acertos, ainda que com suporte, a criança pontuou em cada faixa etária e os déficits
serão apontados no Planejamento de Ensino Individual (PEI).

0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6


(28 itens) (15 itens) (8 itens) (12 itens) (9 itens) (11 itens)
Sim 100% 85,7% 100% 44,4% 57,1% 90,9%
(n=26 (n=12 (n=8) (n=4) (n=4) (n=10
) ) )
Com suporte 0% (n=0) 14,3% 0% 65,6% 62,9% 9,1%
(n=2) (n=0 (n=5) (n=3) (n=1
) )
Não 2 1 0 3 2 0
observado

Logo, no que diz respeito ao domínio de socialização, a criança executa todas as


tarefas, ainda que com suporte em algumas dessas. As tarefas que não foram contabilizadas
(em tarja vermelha) não foram observadas em nenhuma situação pela mãe e/ou terapeuta.
Por isso, abaixo estarão descritas quais tarefas ainda devem ser aprimoradas nesse domínio,
conforme a avaliação da próxima terapeuta. Mas que, por registro, o plano ficará disponível.

5.2 Inventário Portage Operacionalizado: Domínio Linguagem


A criança já tem 8 anos, mas, por norma, o domínio foi aplicado em todas as faixas
etárias a fim de mapear quais os déficits no quesito de Linguagem. Abaixo, serão descritos
quantos acertos em cada faixa etária. Entretanto, cabe alguns comentários no
planejamento.

0a1 1a2 2a3 3a4 4a5 5a6


(10 itens) (18 itens) (30 itens) (12 itens) (15 itens) (14 itens)
Sim 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Com suporte

Não 0 0 0 0 0 2
observado
6. PARECER TÉCNICO

É importante destacar que a numeração abaixo não está relacionada a uma


hierarquia e sim ao item correspondente no protocolo adaptado ao Instituto Viver Autismo.

Socialização: Tarefas que realiza, mas COM suporte

37. Dá um livro para que um adulto leia ou para que ambos compartilhem

42. Compartilha um objeto ou alimento com outra criança.

54. Cumprimenta pessoas familiares sem ser lembrado.

55. Segue regras em jogos de grupos dirigidos por adultos.

59. Espera a sua vez.

60. Segue regras em jogos dirigidos por uma criança mais velha.

61. Obedece às ordens de um adulto 75% das vezes.

67. Faz uma tarefa sozinho por 20 a 30 minutos.

71. Quando em público, apresenta comportamento socialmente aceitável.

72. Pede permissão para usar objetos dos outros em 75% das vezes.

78. Segue regras de um jogo que envolva raciocínio verbal.

Linguagem: Observações importantes


De acordo com o protocolo adaptado, a criança apresentou pontuação máxima em
todas as faixas etárias. Mas, devido ao déficit de atenção e a hiperatividade, como também
associado à presença de comportamentos disruptivos, por vezes G.O.C. apresenta frases
idiossincráticas ou comportamentos inadequados em tentativas de diálogo. Por isso, é
importante revisar, principalmente, a parte de manejo comportamental como usar de
estratégias para acalmá-lo como: falar em voz baixa, mas firme; contar de 1 a 10 e manejá-
lo para baixa demanda.
Telefone
83 99343 1896
E-Mail
institutoviverautismocg@gmail.com
Endereço
Rua Severino Galileu, 908, Jardim Paulistano -
Campina Grande/PB

6. CONDUTA TERAPÊUTICA
Após observações e aplicações dos protocolos de avaliação foi montado um
plano de tratamento individualizado (PTI). Dando inicio à terapia especializada de
fonoaudiologia baseada nos presupostos da Análise do Comportamento Aplicada - ABA
(Applied Behavior Analysis) seguindo os seguintes objetivos:
 Promover vinculo terapeuta – criança (parring);

 Tempo de espera;

 Troca de turnos;

 Cumprimento do combinado;
 Habilidades de Linguagem receptiva e expressiva;
 Habilidades Pré-Acadêmicas;

 Atenção compartilhada.

7. EVOLUÇÃO

A criança tem certa facilidade em interagir com os terapeutas, entretanto


ainda não de maneira adequada. Os comportamentos disruptivos ainda estão
presentes ao fazer solicitações e até mesmo no cumprimento dos combinados.
No mês de setembro, houveram duas tentativas para cessar os
comportamentos inadequados: a) Uso de reforçadores comestíveis; b) Sessões
divididas entre a sala e o parque; c) Sessões em dias diferentes, visto que a sessão
dura 40 minutos.

Mas a estratégia mais efetiva, e possível até o momento, foi “A Caixa Mágica
do Gustavo” personalizada e acrescida de algo a cada semana, de modo que sua
criatividade possa ser aproveitada em prol de comportamentos mais socialmente
adequados. G.O.C não apresenta estereotipias, mas apresenta ecolalia e frases
idiossincráticas que, quando questionado, não sabe como responder. Outro fator é
a inflexibilidade de novas rotinas e cumprimento de combinados. Seu tempo de
espera é um fator a se trabalhar de forma transdisciplinar.

8. ORIENTAÇÃO/ ENCAMINHAMENTO E CONCLUSÃO

É fato que as características dos transtornos se agravam entre si. Rapidamente


perde o interesse pelos recursos terapêuticos e a atividade proposta, ao passo que
quer ter acesso a todos ao mesmo tempo. O que foi proposto pela analista do
comportamento e CEO do IVA foi selecionar dois a três recursos e os demais serem
retirados da fala. Por fim, a prioridade detro do caso de G.O.C. é lidar com o
Transtorno Opositor Desafiador.
Essa inflexibilidade cognitiva para cumprir combinados e seguir as regras é
bastante visível, tendo em vista a índole vingativa por não estar sendo atendido da
forma estabelecida em seu planejamento cerebral. As formas mais comuns nas quais
apresenta heteroagressão são: puxar o cabelo, arranhar e/ou fincar as unhas
principalmente nos braços. Há também casos de autoagressão, especialmente
mordendo os punhos. Como funções comportamentais de acesso ao objeto ou lugar
desejado como também de chamar a atenção dos pais e fugir das demandas -
característico dos três transtornos, em maior ou menor grau - costuma produzir tons
agudos e guturais em paralelo à colisão (flaps) de objetos como portas e mesas.
Inicialmente, não entrava nas salas menores, mas isso foi resolvido, em partes, com a
caixa mágica.

Campina Grande, 11 de novembro de 2022

Deyse Maria Luna Da Silva Mendes


Fonoaudióloga

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