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Unidade II
Esta unidade é composta por quatro partes. Na primeira parte apresentamos os problemas de
aprendizagem e de comportamento; na segunda, estudaremos o trabalho colaborativo em redes para
superação dos problemas educacionais; na terceira, a contribuição da psicologia para a educação
inclusiva; e, por fim, na última parte, abordaremos o trabalho de suporte do Serviço Social nas práticas
em inclusão.
Após essa breve apresentação dos conteúdos da unidade II, convidamos você a mergulhar conosco
no universo fascinante da Educação Inclusiva.
A definição de distúrbio, transtorno, dificuldade e/ou problema de aprendizagem é uma das mais
difíceis e problemáticas para aqueles que atuam no diagnóstico, na prevenção e na reabilitação do
processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta literatura fundamentada em concepções nem
sempre coincidentes ou convergentes.
De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities
(Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos EUA, “distúrbios de aprendizagem é um termo
genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas
na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas” (OMS, 1993).
Uma das questões mais importantes no reconhecimento de alterações na aprendizagem dá‑se pela
falta de informação específica nas escolas. Capacitar os professores para o reconhecimento de sinais é
a grande estratégia para buscarmos juntos o diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo o fizermos,
maiores serão as chances de essa criança de risco reabilitar‑se.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Da mesma forma, cabe ao professor entender como as crianças aprendem e, assim, possibilitar a
inclusão delas no processo escolar, proporcionando aos pais orientação adequada.
• problemas no rendimento escolar que não sejam explicados por fatores intelectuais, sensoriais ou
outras incapacidades físicas;
Por isso, cabe ao professor saber diferenciar: caso seja um problema de ordem exógena (escolar,
ambiente social), deve procurar melhorar o ambiente de aprendizagem do aluno, auxiliando‑o
em suas dificuldades. Caso seja um problema de ordem endógena, este deve ser avaliado por
profissionais habilitados, numa abordagem multidisciplinar (fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo,
neuropsicólogo, psiquiatra).
Os autores identificam dois grandes fatores que podem levar a problemas de aprendizagem no
cotidiano escolar:
• distúrbios de linguagem;
• distúrbios de comportamento.
Vamos, a seguir, estudar cada um deles e suas consequências no processo de aprendizagem do aluno.
De acordo com José e Coelho (2002), a linguagem é um processo de aquisição que ocorre em etapas
ao longo do desenvolvimento da criança, apresentadas a seguir:
• 4 a 5 meses: fase do balbucio. O bebê emite sons, ouve e repete seus próprios gritos, em uma
espécie de “jogo vocal”. As crianças se expressam do mesmo modo, qualquer que seja o idioma.
• 10 a 12 meses: período linguístico. Pronuncia uma ou mais palavras (não, mamã, papa). É capaz
de empregar palavras isoladas.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
• 12 a 15 meses: fase da dominação. Repete palavras, usa frases sem verbo (mamãe bola). Associa
duas palavras.
• 16 a 21 meses: a criança faz perguntas, possui vocabulário com cerca de 20 palavras, gosta de
ouvir histórias, obedece a ordens simples. Usa orações curtas.
• 2 a 4 anos: linguagem estruturada. Apresenta linguagem compreensível. Usa frases com verbos,
advérbios etc. Domina de 500 a 600 palavras. Muitas vezes, a criança apresenta erros na fala, mas
isso é normal, já que os órgãos de fonação estão em desenvolvimento.
• 5 anos em diante: a linguagem já se apresenta totalmente estruturada, por isso não é esperada
nenhuma deformação. A criança fala muito, apresenta monólogo, inventa e reproduz histórias; é
capaz de dialogar, começa a dominar plurais e verbos futuros.
Tendo em vista a importância da linguagem, podemos avaliar a problemática vivida por indivíduos
com deficiência nessa área. Além de tornar o sujeito desajustado no meio em que vive, a deficiência
provocará reflexos na aprendizagem e no aproveitamento escolar. O professor deve estar preparado para
avaliar o desenvolvimento do aluno e organizar estratégias para ajudar em sua aprendizagem.
A linguagem é defeituosa quando se desvia do modo de falar de outras pessoas a tal ponto que
chega a chamar a atenção para ela; quando prejudica a comunicação; ou quando faz a pessoa tornar‑se
desajustada no grupo (Van Riper apud José; Coelho, 2002).
De acordo com José e Coelho (2002), existe um problema de linguagem em uma criança quando sua
maneira de falar interfere na comunicação, distraindo a atenção do ouvinte sobre o que ela diz para
enfocá‑la em como diz, ou quando a própria criança se sente excessivamente tímida e/ou apreensiva
com seu modo de falar.
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Unidade II
Lembrete
Existem alguns tipos de distúrbios de linguagem que devem ser observados, com o objetivo de
auxiliar a criança em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, bem como no relacionamento
social. Os profissionais devem cuidar para que ela não seja rotulada e impedida de viver como qualquer
outro sujeito em seu contexto social.
Quadro 7
Distúrbios de linguagem
Atraso na linguagem
Dislalia
Dislexia
Disgrafia
Disortografia
Discalculia
Linguagem tatibitate
Rinolalia
Gagueira ou tartamudez
Mudez ou mutismo
Ocorre quando a criança não apresenta uma linguagem até por volta dos 3 anos. Muitas vezes, é
superado de maneira natural; outras vezes, por meio de tratamento especializado (fonoaudiológico).
As causas são: problema específico de articulação, problemas de audição, problemas emocionais
(traumas, carência afetiva, superproteção, uso de outro idioma em casa). Crianças mimadas, cujos
desejos são atendidos prontamente, não se expressam porque não querem, ou porque não precisam.
Aquelas que vivem em orfanatos ou hospitais não se expressam por não terem quem as escute,
nem estímulo para falar.
5.1.4.2 Dislalia
A palavra dislalia (do grego dys + lalia) define um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade
de articular as palavras. Consiste na má pronúncia das palavras, por omissão, substituição, distorção ou
acréscimo de sons. Dessa forma, distúrbio articulatório ou dislalia é o nome dado para as trocas de sons
na fala ou para as alterações, dificuldades e/ou modificações na produção desses fonemas. Tal distúrbio
articulatório pode caracterizar‑se por distorções (por exemplo, sapo/xapo), trocas (como jipe/tipe) e
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
omissões (bicicleta/bicikéta; prato/pato) e pode estar associado a outras alterações, como deglutição
atípica, respiração oral e distúrbios de aprendizagem.
Até os 4 anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter
problemas caso continue falando errado no relacionamento social (os colegas podem caçoar da
criança), como no momento da alfabetização (fala errado e escreve errado). Alguns fonoaudiólogos
consideram que a dislalia não seja um problema de ordem neurológica, mas de ordem funcional
(Bueno, 1993; Jannuzzi, 2004; Omote, 1999).
O diagnóstico pode ser feito durante a Educação Infantil. Fique atento caso seu aluno apresente:
• dispersão;
Observação
5.1.4.3 Dislexia
A dislexia pode ocorrer em qualquer pessoa. É importante mencionar que a disfunção é hereditária;
disléxicos tendem a ter filhos disléxicos. Alguns descobrem a dislexia ainda na infância, enquanto outros
permanecem a vida toda sem saber do problema.
Uma vez que o disléxico tem dificuldade em ler e escrever, toda a sua aprendizagem estará
comprometida se não houver o tratamento adequado. Além disso, a autoestima tende a ser baixa, já
que a pessoa pode se sentir incapaz de realizar certas atividades.
As dificuldades mais usuais da dislexia são relacionadas a: leitura, escrita, memorização, relação
entre som e letra, pronúncia.
5.1.4.4 Disgrafia
Conforme Sampaio (s.d.), trata‑se de uma perturbação na escrita, por distúrbios neurológicos.
Crianças com disgrafia têm dificuldade para escrever letras e números. A disgrafia é também chamada
de “letra feia”. Isso acontece em razão de uma incapacidade de recordar a grafia da letra; por tentar
se lembrar desse grafismo, a criança escreve muito lentamente, acabando por unir inadequadamente
as letras, o que torna a escrita ilegível.
Algumas crianças com disgrafia possuem também disortografia, amontoando letras para esconder
os erros ortográficos, mas não são todos os disgráficos que possuem disortografia. A disgrafia não está
associada a nenhum tipo de comprometimento intelectual.
• Lentidão na escrita.
• Letra ilegível.
• Escrita desorganizada.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Saiba mais
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Unidade II
5.1.4.5 Disortografia
• Adições: ventitilador.
• Inversões: pipoca/picoca.
5.1.4.6 Discalculia
Um dos transtornos de aprendizagem que causam dificuldade na Matemática. Não é causado por
deficiência mental, déficits visuais ou auditivos nem por má escolarização. A pessoa com discalculia
comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades
computacionais e na compreensão dos números.
De acordo com o DSM‑IV (apud Sampaio, [s.d]), o Transtorno da Matemática caracteriza‑se pela
capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático
em nível substancialmente inferior ao da média esperada para a idade cronológica, a capacidade
intelectual e o nível de escolaridade do indivíduo.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
O profissional deve dar atenção especial ao aluno que apresenta essas dificuldades, evitando ressaltar
o que não consegue fazer diferenciando‑o dos demais, por exemplo, corrigindo‑o na frente dos colegas.
Além disso, ignorar a criança em sua dificuldade ou mostrar impaciência, interrompendo‑a várias vezes
ou mesmo tentando adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala apenas irá deixá‑la ansiosa, e
seu problema irá se agravar.
Essa fala considerada “engraçadinha”, quando reforçada, muitas vezes é conservada pela criança,
que não encontra outra forma de chamar a atenção e obter carinho. Isso pode ocorrer também quando
a criança ganha um irmãozinho e sente que perdeu seu lugar na família.
Esse problema de linguagem pode ser corrigido por meio de jogos e brincadeiras que visem estimular
a criança a pronunciar corretamente as palavras. Nunca se deve repetir as palavras erradas ditas pelas
crianças, mas sempre oferecer o modelo verbal correto, sem corrigi‑las. Peça à criança que conte sobre
seu dia, ensine‑a a utilizar o telefone, leia histórias e peça que reconte, mostre interesse pelos assuntos
da criança, prestando atenção ao que ela conta (José; Coelho, 2002).
5.1.4.8 Rinolalia
Consiste na ressonância nasal maior ou menor do que a normal no ato de falar. Pode ser causada
por problemas nas vias nasais, na adenoide, por lábio leporino ou fissura palatina. Comumente, o sujeito
é chamado de “fanho”.
A criança que tem rinolalia pode ser ridicularizada pelos colegas de escola, o que poderá gerar
problemas de relacionamento e escolarização. Quando é muito acentuado, esse distúrbio torna a fala
incompreensível, fazendo que a criança emudeça, por perceber que não é compreendida.
Uma das principais formas de distúrbio de ritmo ou disfluência pode ocorrer por volta dos 3 ou
4 anos, aos 7 anos e com retorno na puberdade. É mais frequente em meninos.
Esse é um distúrbio do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e
repetições de sons, sílabas ou frases. Pode ser acompanhado por tensão muscular, rápido piscar de olhos,
irregularidades respiratórias e caretas. Além disso, há sintomas secundários que aparecem à medida
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que aumenta a gravidade do gaguejar: sapateado, arquejo, pesadelos e outras atitudes estranhas, não
necessariamente relacionadas à fala.
Muitos gagos superam essa deficiência e falam com boa fluência quando estão sozinhos ou quando
cantam. Outros também ficam livres do distúrbio ao adotar determinadas técnicas: colocar a mão
no bolso, apertar alguma parte do corpo (orelha, cabeça), esfregar as mãos, inclinar a cabeça, andar
enquanto fala etc.
• orgânicas: distúrbio familiar cuja causa é genética; mais frequente entre canhotos; está associada
a nascimentos múltiplos (gêmeos) e à prematuridade; perturbações no aparelho fonador;
Existem duas fases da gagueira – a primária e a secundária. Na fase primária, a criança tem por volta
de 2 a 4 anos e não percebe que gagueja, o que é normal, pois está em fase de aquisição de linguagem.
Na fase secundária, o sujeito já foi classificado por si e pelos outros como gago. É mais grave e vem
acompanhada de sintomas.
O profissional deve cuidar do aluno que apresenta esse distúrbio de linguagem para que não seja
humilhado, criticado nem ridicularizado pelo grupo de amigos, pois isso só agravará a sua situação.
Técnicas de respiração para controle do ritmo da fala e da articulação de frases auxiliarão o sujeito
a construir gradualmente a sua fluência. O tratamento deve ser feito por psicólogo e fonoaudiólogo,
com o objetivo de desenvolver a tolerância à gagueira, a dessensibilização emocional e a redução da
ansiedade e da fala controlada.
Crianças com problemas físicos, que têm distrofia muscular, lábio leporino, dentição mal‑implantada
e rinolalia também podem apresentar esse distúrbio, pois, ao perceberem que não são compreendidas,
param de falar, configurando um quadro de mutismo de ordem psicológica.
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Outra forma é a mudez psicológica ou emocional, ou mudez eletiva, a qual se caracteriza pela
negação da criança em falar somente em certas situações e com determinadas pessoas.
Caso o profissional observe que a criança está utilizando algum tipo de mutismo na escola, deve
evitar situações nas quais ela tenha de se expressar verbalmente e encaminhá‑la a um especialista, que
fará o diagnóstico e definirá o tratamento adequado.
Os distúrbios de comportamento são atitudes do sujeito que fogem ao padrão comum, que o
diferenciam, que desviam‑se da normalidade ou a esta opõem. É um estado ou algo estranho, fora do
comum ou daquilo a que se está habituado.
Quadro 8
Distúrbios de comportamento
Fobia escolar
Agressividade
Medo
Timidez
Agitação, inquietude e instabilidade
Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH)
A mudança de escola ou de professor não elimina o problema, já que a fobia escolar existe tanto
pelo medo de ir à escola quanto pelo temor de ser abandonada. São necessários acompanhamento do
professor e orientação psicológica à criança, aos pais e à escola.
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Unidade II
• estimular a memória visual por meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas;
• não propor exercícios de cópia e repetição (por exemplo, “Escreva 20 vezes a palavra pipoca”);
• não utilize medidas punitivas (verbais e/ou físicas); isso só irá agravar a situação psicológica da
criança (Sampaio, [s.d.]).
5.1.7.2 Agressividade
É um ataque físico ou verbal de um sujeito em relação a uma ou mais pessoas, geralmente quando
esta se sente contrariada em seus desejos ou necessidades. Não encontrando uma forma pacífica de
relacionar‑se, o sujeito impõe pela força o que quer, e a resposta agressiva é uma dificuldade do sujeito
de aceitar a frustração e a perda, ou de afirmar‑se e exibir‑se perante os outros.
Assim, a agressividade pode assumir uma variedade de formas, mas em todas elas o sujeito apresenta
alteração emocional, expressando sentimentos caóticos e difusos:
• a criança mais velha substitui o ataque físico pelo ataque verbal (xingar, praguejar, ridicularizar –
reações agressivas simbólicas à frustração) (José; Coelho, 2002).
No início, isso ocorre na frente da pessoa agredida; mais tarde, de maneira camuflada, a fim de
abalar a sua reputação.
• discórdias em família;
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Na escola, a criança agressiva é chamada de “briguenta”, e o rótulo em nada ajuda a diminuir esse
comportamento – pelo contrário. Os pais e professores podem ajudar a criança:
• auxiliando o aluno a controlar seus impulsos, ensinando formas de resolver conflitos de maneira
cooperativa;
5.1.7.3 Medo
Trata‑se de uma emoção normal do ser vivo; refere‑se a um estado de alerta diante de uma situação
de perigo, gerando desconforto e ansiedade no sujeito.
Quadro 9
• Medo psicológico: crianças pequenas têm medo de locais não conhecidos, pessoas não familiares,
situações novas, sensação de abandono, tensão familiar, fantasia infantil (monstros, bruxas, bicho‑papão,
animais, tempestades...); quando mais velhas, as crianças gostam de brincar de provocar medo nos
outros e têm medo de situações de fracasso, humilhação, perda de prestígio, morte e doenças.
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Unidade II
• Ansiedade e fobia: são o tipo de medo que paralisa o sujeito e o impede de relacionar‑se com outras
pessoas, sair de casa, ficar sozinho etc. Isso pode levar a prejuízos na formação da personalidade,
à ansiedade e à insegurança, sendo necessário um tratamento psicológico. O quadro fóbico que
se instaura impede o sujeito de viver normalmente.
De acordo com José e Coelho (2002), o medo pode ser causado por dois fatores: falta de segurança
e falta de amor e proteção.
A tranquilidade do adulto, a sensação de segurança que ele transmite, seu amparo e a paciência com
a qual aguarda que a criança se acalme do pavor podem influenciar de maneira decisiva a superação
dessa dificuldade pela criança.
• não utilizar o medo como brincadeira (escondendo‑se, ameaçando vender ou dar a criança etc);
5.1.7.4 Timidez
Pode ser definida como o desconforto e a inibição em situações de interação pessoal que interferem
na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza‑se pela obsessiva
preocupação com as atitudes, as reações e os pensamentos dos outros. A timidez aflora, de modo geral,
mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com pessoas do sexo
oposto, contato com estranhos e ao falar diante de grupos – e até mesmo em ambientes familiares.
A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco) seus
pensamentos e sentimentos e não interage ativamente. Embora não comprometa de forma significativa
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Em grau moderado, todos os seres humanos são, em algum momento de suas vidas, afetados pela timidez,
que funciona como uma espécie de regulador social, inibidor dos excessos condenados pela sociedade de modo
geral ou por grupos específicos. A timidez funciona ainda como um mecanismo de defesa que permite à pessoa
avaliar situações novas, mediante uma atitude de cautela, e buscar a resposta adequada para a situação.
• Timidez crônica: a inibição manifesta‑se em todas as formas de convívio social. A pessoa não
consegue fazer amigos e falar com estranhos, intimida‑se diante da autoridade, tem medo de
falar em público etc. Pode levar à fobia social e à síndrome do pânico.
Trata-se de um transtorno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por muitos países,
tendo apoio governamental em seu tratamento e diversas pesquisas comprovando a sua existência, a
necessidade de um trabalho especializado e a atenção em relação ao desenvolvimento escolar.
Esse transtorno acomete entre 3% e 5% das crianças e adolescentes do mundo, sendo que algumas
pesquisas comprovam que dessa parcela metade continuará com ele na vida adulta, mas de maneira
mais branda.
Os estudos continuaram e, em 1937, outro neurologista, Bradley, ministrou uma droga estimulante
às crianças com distúrbio de comportamento de um orfanato, e teve uma resposta positiva, ou seja,
observou que houve melhora no comportamento e na aprendizagem.
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Unidade II
Em 1962, no simpósio de Oxford, alguns pesquisadores que realizaram uma pesquisa longitudinal
acompanharam um grupo de crianças com o tal distúrbio, no intuito de validar ou não a premissa de
Strauss sobre a lesão cerebral. Por fim, afirmaram que o distúrbio de comportamento não era resultado
de uma lesão, pois fizeram a análise dos cérebros das crianças do grupo até a morte de cada uma delas.
Estudos mostraram que há um componente genético ligado à predisposição, pois envolve vários
genes e não apenas um único. Além disso, indivíduos provenientes de famílias com parentes com o
transtorno têm uma probabilidade maior em desenvolvê-lo.
Lembrete
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Dentre os alunos que ficaram por muitos anos excluídos da educação formal, podemos citar os
quilombolas, os índios, as crianças em situação de vulnerabilidade social (submetidas a situações
socialmente excludentes, como a exploração no trabalho infantil, a liberdade assistida, a miséria ou a
pobreza, o abuso sexual e a prostituição, bem como alunos hospitalizados e também os que a diversidade
linguística ou a configuração familiar exclui).
Quando o aluno com deficiência ingressa na escola comum, traz à baila questionamentos e
reflexões sobre como atendê‑los de modo adequado, evocando dúvidas sobre o preparo docente
para receber esse alunado e trabalhar com ele. Aponta para a necessidade de agregar conhecimentos
antes pertencentes à Educação Especial e aos profissionais a ela ligados, por exemplo, psicólogos,
pedagogos com especialidade em deficiência, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.
O corpo de profissionais atuantes no âmbito da Educação Especial tem, portanto, muito a contribuir
com seu conhecimento, em prol de uma educação com a perspectiva inclusiva.
À medida que compreendemos que a educação inclusiva tem no trabalho interdisciplinar grandes
possibilidades de sucesso, tornam‑se indispensáveis, na atualidade, as “redes de apoio”, para acolher
todas as crianças na escola.
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Unidade II
Os indicadores nacionais apontam que 3,6% das crianças em idade escolar estão fora da escola,
que 27% repetem a mesma série, 51% concluem o Ensino Fundamental e mais de 50% das crianças
não se alfabetizam ao final dos quatro anos iniciais do Ensino Fundamental. Torna‑se inevitável refletir
sobre a situação crítica em que se encontra a educação em nosso país e buscar modos de atuação que
venham ao encontro de nossas necessidades, considerando também a responsabilidade do Estado pelos
problemas de escolarização que enfrentam nossas crianças, quer apresentem deficiências ou não.
Exemplo de aplicação
Faça uma pesquisa no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), disponível
em http://www.inep.gov.br, para obter dados sobre a demanda de alunos com deficiência ingressantes
na escola comum nos últimos 10 anos.
A Rede de Apoio propõe “a interface entre as áreas da saúde e educação, que tenham como propósito
a união de esforços e recursos relacionados a inclusão escolar” (Brasil, 2005a, p. 45).
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Constam desses princípios a intenção de uma prática que abarque o atendimento a diversidade,
funcionando engrenada no oferecimento de serviços de saúde, educação e assistência social, em busca
de caminhos inclusivos.
Dentre as funções da Rede de Apoio estão: auxiliar as escolas e a comunidade escolar; ajudar
as unidades de reabilitação e saúde; trabalhar com a formação de profissionais que possam apoiar
a educação inclusiva; ajudar a comunidade na identificação e na utilização de recursos, inclusive
informando‑a sobre a legislação vigente, para que os alunos tenham atenção integral.
A rede funciona, portanto, de modo intersetorial e interdisciplinar, e sua equipe poderá ser composta
por profissionais de psicologia, serviço social, educação especial, pedagogia, fonoaudiologia, fisioterapia
e terapia ocupacional. Dependendo do contexto, também poderão compor a equipe os conselheiros
tutelares e os agentes comunitários.
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Unidade II
Compete às equipes: levantar as necessidades específicas das escolas; elaborar programas para
orientá‑las; acompanhar famílias e professores; fazer um levantamento de recursos oferecidos pela
comunidade e articulá‑los.
Lembrete
Quanto maior o número de parcerias estabelecidas entre as áreas de saúde, educação e assistência
social, mais se ampliam as possibilidades de resolver situações de acesso aos serviços, com brevidade na
resolução de problemas e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida.
Observação
Visto que a escolarização de alunos com deficiência na rede regular de ensino é um fato, o Ensino
Colaborativo apresenta‑se como uma sugestão de modelo de atuação muito próspero, que pode
contribuir com o processo de escolarização de alunos com deficiência e com a formação dos professores
desses alunos, uma vez que utiliza os diversos saberes em um trabalho de rede.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Como vimos, a história da Educação Especial iniciou‑se no século XIX, e não podemos deixar de
considerar que, desde então, vem acumulando conhecimentos acerca de como se dá a aprendizagem de
alunos com deficiência e de como elaborar estratégias diferenciadas para trabalhar com as necessidades
educacionais desses alunos.
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Unidade II
A primeira experiência diz respeito ao trabalho articulado por quatro pesquisadoras dessa
universidade, Ferreira et al. (2007), que desenvolveram um estudo em uma escola municipal no
interior de São Paulo.
Saiba mais
Observação
A segunda experiência foi apresentada por Capellini e Mendes (2007, p. 114), que tinham como
objetivo geral “investigar as possibilidades do Ensino Colaborativo no desenvolvimento profissional do
docente, para o processo de inclusão escolar”.
As autoras demonstram como a reflexão sobre a própria prática pedagógica pode contribuir para
que o professor aperfeiçoe seu trabalho, verificando suas lacunas e visualizando modos de supri‑las.
O estudo em questão foi desenvolvido em duas escolas do Estado, com atendimento em Ensino
Fundamental e localizadas no município de Bauru.
Participaram quatro professores do ensino comum que lecionavam em quatro turmas diferentes,
em que havia seis alunos com deficiência intelectual atendidos por uma professora especialista em
Educação Especial.
No que se refere à metodologia, a professora especialista iniciou seu trabalho realizando a observação
dos participantes, com o objetivo de familiarizar‑se com a situação, fazendo um diagnóstico inicial
mediante a confecção de um diário de campo, com suas impressões.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Durante o período das intervenções, uma câmera ficou ligada fazendo o registro das ações, e o foco
da filmagem foi o grupo.
• O Ensino Colaborativo é positivo para melhorar a prática docente, bem como as possibilidades de
expressão e pensamento.
Saiba mais
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Unidade II
A proposta de Educação Inclusiva traz novos desafios para a comunidade escolar, que se movimenta
em busca de possibilidades diferenciadas de intervenção, em resposta à demanda de necessidades
individuais e coletivas desse atual paradigma.
Os profissionais que trabalhavam diretamente para a Educação Especial passam a ser solicitados
para colaborar com escolas, oferecendo seu conhecimento como suporte.
A Declaração de Salamanca (1994) aponta, entre seus princípios, que é de grande valia para a
implantação e a manutenção do modelo educacional inclusivo o oferecimento de serviços de apoio
externo. Afirma que a “colaboração externa dada por pessoal de apoio das várias agências, departamentos
e instituições, tais como [...] psicólogos educacionais, terapeutas de fala e terapeutas ocupacionais”
(Brasil, 1994, p. 31) poderá contribuir para a consolidação da Educação Inclusiva.
A psicologia sempre esteve implicada com a Educação. Quando a profissão foi criada, os psicólogos
atuavam apresentando padrões normativos de desenvolvimento e aprendizagem, elaborando laudos
e apoiando a indicação de alunos para a sala especial. Essa postura profissional contribuía para a
exclusão escolar.
O psicólogo geralmente é convocado à escola quando a queixa em relação ao aluno gira em torno
de alterações de comportamento, sendo este apresentado como aspecto impeditivo para o desempenho
escolar adequado, com base na crença de que esse seja o profissional indicado, pois sua especialidade é
o ajustamento do comportamento humano (Braunstein, 2012, p. 19).
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
No decorrer dos 50 anos de profissão, com o aprofundar do conhecimento sobre como se dão
os processos de aprendizagem e do desenvolvimento humano, aliado às justificativas de que a não
aprendizagem pode ter causas sociais, e não individuais, o psicólogo foi obrigado a repensar sua prática.
Atualmente a psicologia escolar vem definindo mais adequadamente seu campo de ação e
reorganizando sua prática.
Observação
Anache (2010), após pesquisa documental sobre a atuação do psicólogo escolar na Educação
Especial, afirma que a inserção desse profissional nesse contexto, tem se direcionado a colaborar com a
transformação da cultura escolar, em busca da emancipação humana.
Nos dois últimos Congressos Nacionais da Psicologia, em que o tema Educação Inclusiva foi abordado,
os Sistemas de Conselhos apontaram como encaminhamentos necessários para nortear a prática do
psicólogo no atendimento a essa demanda:
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Unidade II
Além dos dados obtidos nos encontros acadêmicos, foi feita uma pesquisa para delinear o perfil do
psicólogo que atua diretamente em programas de Educação Inclusiva. Os dados dessa pesquisa foram
obtidos por meio de questionário on‑line que foi disponibilizado por três meses no site do Centro de
Referência Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), órgão responsável também por tratar
e divulgar os dados obtidos.
Lembrete
Em 2008 foi publicado o relatório descritivo de dados quantitativos que, em síntese, apresenta‑se
da seguinte forma:
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
É evidente que quase metade (49,1%) dos psicólogos concentra a sua atuação na Região Sudeste,
principalmente em São Paulo (19%) e Minas Gerais (14,6%). Geralmente trabalham em Organizações
Públicas e atendem a pessoas com deficiência. Esses dados nos levam a pensar que a atuação do
psicólogo necessita ampliar‑se para além do atendimento à pessoa com deficiência, intensificando‑se
em outras regiões do país, a fim de que possa realmente contribuir para a promoção da saúde e da
educação para a diversidade humana.
Saiba mais
Dependendo também de como a demanda foi encaminhada ao psicólogo e do “lugar” que esse
profissional ocupará na dinâmica escolar, apresentamos dois modos de fazer a avaliação, que, conforme
o caso, poderá ser complementar.
A proposta pode ser de Consultoria Colaborativa e/ou uma solicitação de atendimento individual, ou
ainda ser um profissional efetivo da instituição escolar.
Os alunos têm sua família, moram e estudam em determinada comunidade, apresentam diferenças
individuais no modo de comportar‑se, aprender e conviver, bem como possuem histórias escolares
diferentes; portanto, nessa análise, seja ela institucional ou não, é imprescindível relacionar todos esses
dados para entender como se produziram tais dificuldades e, a partir disso, identificar as necessidades,
para que haja uma aprendizagem efetiva.
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Unidade II
A) B)
• rotina da criança;
Esses dados nos permitem iniciar uma verificação de quanto essa criança e sua família
encontram‑se excluídos do processo de escolarização, considerando sua trajetória e as possibilidades
a que estiveram expostos. Trazem também informações a respeito de como é a dinâmica familiar em
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
torno da educação escolar e das dificuldades que necessitam ser sanadas: “os pais expõem sua versão
sobre os problemas que seus filhos vêm enfrentando na escola. São incentivados a pensar sobre a
queixa, de forma a questioná‑la e entendê‑la de maneira contextual, buscando possíveis soluções”
(Braunstein, 2007, p. 110).
O trabalho com a família também tem como objetivo aguçá‑la na percepção das necessidades e
possibilidades do filho, retirando‑a da posição de ineficiência.
Com o aluno, é preciso fazer uma avaliação das suas necessidades educativas e, de forma
sistemática, conhecer suas dificuldades cognitivas e de socialização.
• obter alguns dados sobre a maneira pela qual ele percebe seus erros e dificuldades e como
lida com estes.
Lembrete
• maior ou menor interesse das crianças por determinada matéria e/ou certo professor.
A escola, vista como espaço público, deve ser um local em que haja sempre respeito às diferenças, ao
diálogo e ao direito de obter conhecimento formal e informal, em que os saberes sejam compartilhados
e discutidos por educandos, pais, profissionais e comunidade; se assim for, será mais fácil entender os
processos de aprendizagem de cada aluno.
105
Unidade II
Araújo e Almeida (2005) apresentam uma proposta de intervenção institucional que é ancorada em
quatro dimensões: o mapeamento institucional, o espaço de escuta psicológica, a assessoria do trabalho
coletivo e o acompanhamento ao processo ensino‑aprendizagem.
Com esses procedimentos, podemos ter uma visão mais ampla de como as relações escolares
podem desencadear e aumentar o fracasso escolar e de como podem, também, dar subsídios para o
enfrentamento das dificuldades que se apresentam.
Esses princípios demonstram a importância dessa categoria profissional para abordar questões nas
quais os direitos humanos sejam prejudicados, entre elas a exclusão escolar.
Intervenções em psicologia comprometidas com a Declaração dos Direitos Humanos são aquelas que
socializam os direitos humanos por meio do ensino e da educação e que se utilizam do conhecimento
para interceder pelo ser humano, defendê‑lo e protegê‑lo em todos os contextos da sociedade nos quais
estejam ocorrendo ações que impliquem prejuízo para a saúde mental do homem.
O Documento Subsidiário à Política de Inclusão (Brasil, 2005a), indica como relevante o trabalho de
equipe interdisciplinar e, para a concretização das ações, afirma que cabe à equipe de apoio:
107
Unidade II
No que diz respeito à psicologia, podemos apontar, como intervenções possíveis, o atendimento
clínico e sua interlocução com o contexto escolar, havendo o grande desafio de não patologizar as
relações; desenvolver estratégias e parcerias com outros profissionais e instituições; fazer visitas
domiciliares com o assistente social, colaborar com os professores para repensar estratégias de
aprendizagem e de socialização e, quando fizer parte do quadro de funcionários de uma instituição
escolar, participar da elaboração do Projeto Político‑Pedagógico, trazendo à baila à discussão de
como é importante trabalhar com projetos que abordem a diversidade humana.
Com a família, as intervenções visam discutir e facilitar a reflexão sobre os papéis parentais. Para
devolver‑lhes a confiança no seu desempenho, é preciso sinalizar o quanto os pais são capazes de
reconhecer e viabilizar as necessidades de seus filhos, pois, ao se sentirem mais confiantes em seus
papéis, ficam mais seguros para buscar uma escola que atenderá a essas necessidades. Em intervenções
junto ao professor, o psicólogo deve impulsionar o questionamento da práxis educacional, de modo
que favoreça a descoberta de práticas educativas que levem à ressignificação das necessidades de cada
aluno, com suas possíveis adaptações às relações horizontais, em que ele possa perceber suas próprias
possibilidades de intervenção.
Um trabalho de promoção de saúde na escola é aquele que permite a reflexão dos problemas pela
própria escola, envolvendo todos os componentes – professores, pais, alunos, técnicos – de tal instituição.
Entendemos que a função do psicólogo diante das questões escolares é, por meio da problematização,
com os profissionais da instituição, de suas concepções e práticas, procurar romper relações cristalizadas,
gerando novas conexões com outras formas de sensibilização, com outros saberes e práticas, gerando
saúde (Brasil, 2005a, p. 33).
Figura 6
108
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
No contexto escolar, o psicólogo pode contribuir intervindo mediante ações com os professores e
com a equipe de gestão. Dentre estas, podemos citar:
• respaldar o professor em situações solicitadas pela escola, sem atravessar e/ou substituir o
papel deste.
Nas outras instâncias escolares, o psicólogo poderá intervir discutindo acerca da posição e do
compromisso da escola com o atendimento educacional; trabalhar com a conscientização da comunidade
escolar sobre a diversidade e o respeito às diferenças.
Araújo e Almeida (2005) abordam como uma das fases de intervenção pós‑mapeamento a
escuta psicológica, o assessoramento do trabalho coletivo e o acompanhamento do processo
ensino‑aprendizagem.
Na escuta psicológica, apontam que o psicólogo deve ater‑se às “vozes institucionais” para entender
aspectos subjetivos presentes na instituição.
109
Unidade II
Observação
Em 2009, o Conselho Federal de Psicologia publicou trabalhos que receberam o Prêmio Educação
Inclusiva: experiências profissionais em psicologia, cuja proposta foi reunir experiências inovadoras e
com aplicabilidade.
110
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Destaque
Quando a criança e o adolescente são afastados de seu meio (família, escola, amigos)
para tratamento de saúde (hospitalização), vivenciam situações dolorosas e invasivas. A
psicopedagogia hospitalar propicia uma aproximação desse cotidiano roubado. A classe
hospitalar é o espaço legítimo no qual a criança tem acesso à ludoterapia, estimulação
psicopedagógica, bem como a oportunidade de acompanhar a escola regular.
A classe hospitalar do HCU existe desde janeiro de 2006, com parceria entre a
Secretaria do Estado da Educação de Minas Gerais, a Superintendência Regional de
Ensino, a Secretaria Municipal de Educação e Universidade Federal de Uberlândia [...].
O trabalho do psicólogo pode contribuir muito com a Educação Inclusiva. Como vimos no
relato anterior, existem possibilidades de atuação em contextos de saúde, educação e na sociedade.
O importante é que o objetivo seja claramente o de colaborar para a construção de uma sociedade mais
justa, na qual caibam todas as pessoas, independentemente de suas características sociais, orgânicas,
étnicas e econômicas.
Saiba mais
111
Unidade II
De acordo com Braustein (2012), o movimento higienista com base cientificista e positivista objetiva
o manejo das demandas sociais nas mais variadas instituições, organizações e atividades. Desse modo, a
judicialização da vida privada, o controle da família sobre a vida dos indivíduos, bem como as escolas e
os demais estabelecimentos socioeducacionais, manicomiais e penais passam a ser estratégicos para o
estabelecimento de um país supostamente desenvolvido e civilizado.
Observação
112
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Lembrete
Quando nos referimos ao direito universal à educação, questões coletivas (sociais) e individuais estão
envolvidas, além de aspectos estruturais, arquitetônicos e logísticos relacionados à acessibilidade, bem como
questões relacionadas às diversas condições que possibilitam e permitem que uma criança se desenvolva
plenamente como pessoa emocionalmente realizada, como cidadão crítico e autônomo, respeitando seus
anseios e perspectivas profissionais envolvendo as dimensões ética, cooperativa e produtiva.
Como é possível concluir, são evidentes os desafios a serem enfrentados e as ações de alta
complexidade envolvidas, diante de nossa realidade social brasileira – que ainda apresenta dados sociais
e econômicos denotando que parcela expressiva da população ainda sofre os reflexos históricos de
políticas elitistas, segregacionistas e excludentes.
Crianças, jovens e adultos enfrentam as mais diversas dificuldades de acesso e permanência no ensino
público, por questões como falta de unidades escolares próximas à residência, transporte precário, falta
de estrutura para atender às mais diversas necessidades especiais e condições de vulnerabilidade social
e econômica. Esses são alguns dos desafios a serem enfrentados pelos profissionais envolvidos.
As políticas nacionais de assistência social vigentes, por meio de seus inúmeros instrumentos legais
específicos – entre eles Loas e Suas –, institucionais e orçamentários impõem ao profissional de Serviço
Social a condição de formulador e executor dessas novas políticas de garantia de direitos nos mais
diferentes campos e, especificamente, no campo da Educação.
Atualmente, grande parte das ações dos profissionais do Serviço Social está voltada para a garantia
do direito ao acesso e à permanência de alunos de Ensino Fundamental e demais níveis nas escolas
públicas, bem como ao apoio da família e da comunidade escolar, a fim de contribuir para que se
efetivem as metas de um ensino público de qualidade e inclusivo.
113
Unidade II
Segundo o CFESS (2011), em pesquisa realizada por esse órgão com a intenção de mapear o
profissional de Serviço Social que trabalha nesse contexto:
A maior parte das respostas neste item aponta para a afirmação de uma
concepção de profissão sintonizada às lutas sociais por uma nova ordem
societária e que se traduz em ações que valorizam uma educação emancipadora.
Para além desta compreensão, são destacadas formas de conceber a atuação
do Serviço Social na área de educação em articulação com os processos de
controle social e luta pelos direitos sociais, assim como indicações de ordem
metodológica. Há de se observar a referência à inserção do Serviço Social na
divisão social e técnica do trabalho, a necessidade de ações investigativas e de
desvelamento das múltiplas determinações da realidade (CFESS, 2011, p. 39).
Diante das políticas públicas inclusivas, a escola pública necessita enfrentar o desafio de estar aberta
e preparada para a diversidade, e isso requer esforço integrado de toda a comunidade escolar, o que
envolve a necessidade de uma nova perspectiva democrática e participativa.
Saiba mais
O profissional de Serviço Social poderá, a partir de um trabalho em rede, fazer uma interlocução
entre as instituições que se preocupam prioritariamente com políticas sociais, que buscam solução para
problemas de saneamento básico, violência psicológica, física e vulnerabilidade social, que certamente
afetarão a inserção no meio educacional, a qualidade de ensino e o desempenho dos alunos.
Uma vez entendido o compromisso dessa categoria profissional com a emancipação humana e sua
inegável ação no contexto social, bem como a implicação desse contexto em oferecer condições para
que haja uma Educação Inclusiva, apresentamos a seguir possibilidades de intervenção do Assistente
Social no âmbito educacional.
Figura 7
115
Unidade II
Saiba mais
O trabalho com a família, como citado anteriormente, é fundamental, pois a participação desta no
processo educativo dos alunos é imprescindível. Já apontamos como podem os psicólogos intervir junto
às famílias; muitas das ações podem e devem ser realizadas em colaboração com os assistentes sociais,
visto serem intervenções complementares.
A intervenção dos assistentes sociais junto a famílias de alunos com deficiência e junto aos alunos
em situação de vulnerabilidade social requer certa especificidade, a fim de que possam ser atendidas as
demandas específicas.
A garantia do direito à inclusão requer um conjunto de ações por parte da comunidade escolar, a fim
de suprir aspectos objetivos e subjetivos, tais como viabilidade de acesso (transporte), recursos materiais
de apoio à família em condição de vulnerabilidade social e econômica, interface com outros profissionais
para viabilização de trâmites diversos, acompanhamento de medidas socioeducativas e/ou protetivas,
visitas domiciliares, intervenções comunitárias e demais atividades necessárias para a facilitação e o
êxito na construção de uma cultura e uma trajetória inclusiva na escola.
Espaços como o Cras (Centro de Referência da Assistência Social) podem ser utilizados para a
formação de grupos com as famílias dos alunos com deficiência ou em situação vulnerável, buscando a
sua inclusão, bem como a de seus pais.
116
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Ao aproximar‑se das famílias e da escola, o profissional tem como objetivo identificar os fatores
sociais, econômicos e culturais que determinam a problemática no campo educacional, propondo ações
que contribuam para a permanência de todos os alunos na escola.
Lembrete
Uma proposta de um trabalho em rede, mediante a colaboração entre as mais diversas instâncias
sociais, pressupõe a necessidade de conhecer essa rede social para que, de posse desse conhecimento,
seja possível buscar soluções para os problemas e desafios que se apresentam.
Apontamos como marco de referência das redes de proteção aos direitos da criança e ao adolescente
o ECA e apresentamos a seguir um sistema de garantia de direitos a partir de tal documento.
Controle/ Exigibilidade/
Funções Promoção Atendimento vigilância/ Responsabilização
defesa
fiscalização
Formular políticas Manter programas Acompanhar, Exigir e Responsabilizar
sociais públicas e serviços de fiscalizar e avaliar defender legalmente [os
Propor e saúde, educação, programas e serviços direitos envolvidos em]
destinar recursos assistência, cultura, governamentais e não assegurados violação de direitos
orçamentários profissionalização, governamentais da em lei
Objetivos proteção especial área da criança e do
Gerir Fundos adolescente
da Criança e do Prestar atendimento
Adolescente
Planejar ações
integradas
117
Unidade II
Controle/ Exigibilidade/
Funções Promoção Atendimento vigilância/ Responsabilização
defesa
fiscalização
Planejamento Execução de Acompanhamento, Aplicação Investigação policial
Dotação programas e serviços fiscalização e de medidas Processo judicial
orçamentária de saúde, educação, avaliação protetivas e
assistência, cultura, socioeducativas Aplicação de
Plano de aplicação Registro de entidades penalidades e
profissionalização e de atendimento Aplicação
de recursos dos proteção especial sanções de natureza
Fundos da Criança e (Conselhos de Direitos de medidas civil, criminal e
do Adolescente Assistência jurídica Municipais) jurídicas e administrativa
Instrumentos extrajudiciais
Elaborar plano de previstas em lei
garantia de direitos
(Conselhos Estaduais Requisição
e Municipais) de serviços
(Conselhos
Propor e realizar Tutelares)
conferências
estaduais e
municipais*
Secretarias de Secretarias de Ministério Público Ministério Delegacias de
governo estaduais e governo estaduais e Conselhos de Direitos Público Polícia e Delegacias
municipais municipais executoras Conselhos de Especializadas (da
de políticas de Varas da Infância e da Mulher e DPCA)
Conselhos de Juventude Direitos
Direitos da Criança saúde, educação, Justiça (Varas
assistência, cultura, Fóruns DCA Conselhos
e do Adolescente Tutelares da Infância e da
(nacional, estaduais e profissionalização e Juventude, Varas
municipais) proteção especial Defensorias Especializadas
ONGs que mantêm públicas em Crimes
Fundo da Criança
e do Adolescente programas de Varas da contra Crianças e
Organismos Infância e da
(nacional, estaduais e atendimento Adolescentes e Varas
municipais) Juventude Criminais)
ONGs de defesa Centros de Defesa
de direitos Ministério Público
Centros de Defensorias públicas
Defesa
ONGs e
Universidades que
oferecem assistência
jurídica
* Essas conferências são fóruns de recomendações e avaliação das políticas para a infância e a adolescência que devem ser
realizadas articuladamente nos níveis nacional, estadual e municipal.
Leia o texto a seguir, que lista as atribuições dos organismos que zelam pela garantias de direitos de
crianças e adolescentes.
118
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Destaque
• processar e julgar membros dos Conselhos Tutelares, [por meio da] instauração do
competente processo administrativo e disciplinar;
[...] Os Conselhos Tutelares são órgãos públicos municipais, previstos no ECA, cuja
missão institucional é zelar pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes.
Como sua criação gera despesas, cabe ao prefeito a iniciativa de criá‑los. Têm caráter
permanente e gozam de autonomia hierárquica no cumprimento de suas competências e
atribuições, ou seja, não estão vinculados nem aos conselhos de direitos, nem à secretaria
de governo a que pertencem. Cabe ao Conselho Municipal dos Direitos, sob fiscalização do
Ministério Público (ECA, art. 139), regulamentar, organizar o processo de eleição de seus membros
pela comunidade e dar posse ao Conselho Tutelar.
119
Unidade II
120
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Saiba mais
121
Unidade II
Resumo
122
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
124
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Exercícios
Figura 8
A tirinha de Ziraldo apresenta-nos uma situação corriqueira. De um modo geral, tem-se a concepção
de que as crianças aprenderão os conhecimentos em um único dia e de uma única forma. Essa concepção
perde o sentido quando se pensa, por exemplo, nos ciclos básicos de alfabetização, pois os mesmos
pressupõem que a alfabetização é:
B) Linearmente construída.
C) Construída em processo.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o desenvolvimento da criança é marcado por estágios e não pela aprendizagem. Além
disso, essa afirmativa sugere a idéia de estágios estanques e sucessivos, porém o desenvolvimento da
aprendizagem se dá num processo dialógico, feito de idas e vindas.
125
Unidade II
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: os teóricos mais prestigiados da educação, dentre eles Wallon, demonstram em seus
estudos que o desenvolvimento da criança é um processo descontínuo, cheio de contradições e conflitos.
C) Alternativa correta.
Wallon ressalta que não há uma supressão de condutas de um estágio para o outro, e sim uma
subordinação das condutas anteriores àquelas que emergem, e que nos períodos de crise podem
reaparecer comportamentos em desacordo com o estágio de desenvolvimento do indivíduo.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: Wallon demonstrou em seus estudos que o desenvolvimento da criança não se faz por
etapas sucessivas; é um processo descontínuo, cheio de contradições e conflitos. Se incorporarmos as
idéias de Vygotsky, veremos que a interação com o meio é decisivo na aprendizagem, portanto não há
como organizar as experiências de vida em etapas sucessivas.
A) Inato.
B) Social.
C) Empírico.
D) “Gestáltico”.
E) Condicionante.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: uma aprendizagem inata não necessitaria de interação, pois segundo essa concepção
filosófica o ser humano já nasceria com os conhecimentos prévios.
B) Alternativa correta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o conhecimento empírico não é pautado na relação pedagógica com o outro, mas na
observação e na experiência individuais.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
127
REFERÊNCIAS
Audiovisuais
5X FAVELA: agora por nós mesmos. Direção: Cacau Amaral, Cadu Barcellos, Luciana Bezerra, Luciano
Vidigal, Manaíra Carneiro, Rodrigo Felha e Wagner Novais. Brasil: Sony Pictures, 2010. 101 min.
Com audiodescrição.
AMARGO regresso. Direção: Hal Ashby. EUA: Versátil Filmes, 1978. 126 min.
BANG, bang! Você morreu. Direção: Guy Ferland. EUA: Paramount Home Entertainment, 2002. 93 min.
CAPITÃES da areia. Direção: Cecilia Amado. Brasil: Imagem Filmes, 2011. 96 min.
CÓDIGO para o inferno. Direção: Harold Becker. EUA: Universal Pictures, 1998. 112 min.
O CONTADOR de histórias. Direção: Luiz Villaça. Brasil: Warner Bros, 2009. 110 min.
DANÇANDO no escuro. Direção: Lars von Trier. França: Versátil Home Vídeo, 2000. 140 min.
O DESPERTAR para a vida. Direção: Neal Jimenez e Michael Steinberg. EUA: No Frills Film
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UM ESTRANHO no ninho. Direção: Miloš Forman. EUA: United Artists, 1975. 133 min.
FELIZ ano velho. Direção: Roberto Gervitz. Brasil: Universal Home Video, 1987. 105 min.
FILHOS do silêncio. Direção: Randa Haines. EUA: Paramount‑AMZ, 1986. 119 min.
GABY: uma história verdadeira. Direção: Luis Mandoki. EUA: LK‑TEL, 1987. 110 min.
O HOMEM elefante. Direção: David Lynch. Reino Unido: Brooksfilms, 1980. 124 min.
JANELA da alma. Direção: João Jardim e Walter Carvalho. Brasil: Copacabana Filmes, 2001. 73 min.
UMA JANELA para o céu. Direção: Larry Peerce. EUA: Universal Pictures, 1975. 103 min.
MENTES que brilham. Direção: Jodie Foster. EUA: LK‑TEL, 1991. 99 min.
MEU PÉ esquerdo. Direção: Jim Sheridan. Irlanda: RTE, 1989. 103 min.
O MILAGRE de Anne Sullivan. Direção: Arthur Penn. EUA: Classicline, 1962. 107 min.
MR. HOLLAND: adorável professor. Direção: Stephen Herek. EUA: Flashstar Filmes, 1995. 143 min.
128
A MÚSICA e o silêncio. Direção: Caroline Link. Alemanha: Europa Filmes, 1996. 109 min.
O OITAVO dia. Direção: Jaco van Dormael. Bélgica: Lume Filmes, 1996. 118 min.
O ÓLEO de Lorenzo. Direção: George Miller. EUA: Universal Pictures, 1992. 129 min.
ORQUESTRA dos meninos. Direção: Paulo Thiago. Brasil: Paramount Pictures, 2008. 95 min.
PAULIE: o papagaio bom de papo. Direção: John Roberts. EUA: Universal Pictures Brasil, 1998. 91 min.
PERFUME de mulher. Direção: Martin Brest. EUA: Universal Pictures, 1992. 156 min.
O PIANO. Direção: Jane Campion. Nova Zelândia: CiBy 2000, 1993. 121 min.
À PRIMEIRA vista. Direção: Irwin Winkler. EUA: MGM, 1999. 129 min.
QUERIDO Frankie. Direção: Shona Auerbace. Reino Unido: Walt Disney Pictures, 2004. 105 min.
RAIN man. Direção: Barry Levinson. EUA: United Artists, 1988. 133 min.
RAY. Direção: Taylor Hackford. EUA: Anvil Films, 2004. 152 min.
O SOL do meio‑dia. Direção: Eliane Caffé. Brasil: Pandora Filmes, 2009. 106 min.
TIROS em Columbine. Direção: Michael Moore. EUA: Alpha Filmes, 2002. 123 min.
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