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Neurologia

Resumo de conteúdo

ROTTA, Newra Tellechea. Dificuldades de aprendizagem. In: ROTTA, Newra


Tellechea; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar dos Santos (org.). Transtornos
da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. [PDF]. 2 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016. p. 94-104.

 A princípio, quando se trata de um cérebro comprometido, é normal que


pensemos que as dificuldades de aprendizagem se devam a problemas no
chamado Sistema Nervoso Central (SNC). No entanto, estudiosos apontam,
há mais de um século, que existem situações externas ao SNC que dificultam
a aprendizagem e que tais dificuldades não ocorrem unicamente em nosso
meio. (p.94)

 A Pedagogia, assim como qualquer outra área com envolvimento social,


reflete o espírito de sua respectiva época. Assim, só em meados do século
XVI e mais tarde no século XVIII, é que haveria um interesse para o
atendimento pedagógico especial às crianças com dificuldades escolares e
a chamada educação sensorial, que substitui a palavra pela visão e pelo
tato, desde que devidamente treinada. (p. 94)

 Em fins do século XIX e início do século XX, graças às iniciativas de


educadores como Pestalozzi, Montessori, Piaget, Claparède, só para ficarmos
entre os mais conhecidos, novos métodos pedagógicos passaram a ser
utilizados na educação de crianças com necessidades especiais. Na
Alemanha, Froebel fundou um instituto cuja ideia central era ver a criança
como uma planta e a escola como um jardim, onde se utilizaria os
procedimentos mais favoráveis ao seu desenvolvimento, criando assim o
primeiro jardim de infância, termo usado até hoje em escolas do mundo
inteiro. (p.95)

 De acordo com nomes como Ana Freud, Melanie Klein, Wallon, Adler,
disfunções psiconeurológicas e dificuldades de aprendizagem podem estar
intimamente ligadas. Segundo Paín, para estabelecermos uma situação de
aprendizagem devemos encontrar situações internas e externas
adequadas. As situações internas relacionam-se ao corpo, com a integridade
anatomofuncional, cognitiva, com estímulos estruturados e organizados. As
situações externas relacionam-se com o campo desses estímulos. (p.96)

 Lapierre e Aucouturier mostraram que problemas psicomotores, perceptivos,


psico e socioafetivos etc., estão no cerne das dificuldades a serem vencidas
para todas as crianças e não apenas as com dificuldades escolares, sendo
que para estas, sejam mais difíceis a superação. Uma possível solução seria
aplicar em larga escala, técnicas pedagógicas para crianças desadaptadas
em todo o ensino formal. (p.96)
 Em uma pesquisa na França, constatou-se que havia uma considerável
distância entre a possibilidade de aprendizagem das crianças e as técnicas
de ensino utilizadas. Seus autores destacam a importância de pré-requisitos
como capacitação de funções perceptivas e motoras da criança, através de
experiencias que permitam formar estruturas mentais indispensáveis à
aprendizagem posterior, com o indivíduo relacionando vivencia correta com
uma situação abstrata momentânea; há uma estreita ligação entre aspectos
intelectuais e afetivos com aspectos motores e experiencias corporais da
criança e há uma necessidade do educador adaptar o ensino a cada criança
ou grupo de crianças. (p. 97)

 Poppovic, estabelece a importância da “prontidão para a alfabetização”,


isto é, um estado em que se integram o potencial de linguagem e o nível de
experiencias adequados. Trata-se do enfoque multidisciplinar das dificuldades
de aprendizagem. (p.97)

 Os números desanimadores do fracasso escolar denunciados em trabalhos


em todo o mundo, tem feito com que especialistas das mais variadas áreas
dediquem-se ao estudo das dificuldades de aprendizagem, pois quanto mais
precoce os diagnósticos tão mais eficazes serão os atendimentos corretos em
cada caso, como em um estudo de caso-controle realizado no Brasil, onde
evidenciou-se que diferenças neurológicas, intelectuais, afetivas e sociais
entre crianças com bom rendimento e crianças com dificuldades para
alfabetização, tanto em conjunto quanto isoladamente, são fatores que podem
ter uma resolução e melhoria significativa quando acompanhados até o final.
(p.97)

 Para definirmos o conceito de dificuldades de aprendizagem, precisamos


primeiramente definir o conceito aprendizagem. Sediado no SNC, no ato de
aprender ocorrem modificações tanto de função quanto de conduta que irão
depender do contingente genético do indivíduo e ao ambiente em que se
insere. Esse ambiente é responsável pelo aporte sensitivo-sensorial,
adquirido por meio da substância reticular ativadora ascendente e modificado
pelo sistema límbico, o que contribui para aspectos afetivo-emocionais da
aprendizagem. Essa complexa rede de funções controlada pelos afeto e a
cognição está associada, ainda, a função do cerebelo em coordenar não só
funções perceptivas e motoras, mas também as funções cognitivas do ato de
aprender. Assim, chama-se aprendizagem, as alterações funcionais e
neuroquímicas envolvidas nas modificações mais ou menos permanentes no
SNC. O ato de aprender é, portanto, um ato de plasticidade cerebral
modulados por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (experiência).
(p.97)

 Dificuldades para aprendizagem é um termo genérico para um grupo de


problemas capazes de alterar as possibilidades de aprendizado das crianças,
independentemente de suas condições neurológicas. A expressão
transtornos da aprendizagem deve ser utilizada somente para dificuldades
primarias ou especificas resultantes de alterações no SNC e capazes de
comprometer o desenvolvimento. (p.98)
 Falhas intrínsecas, por sua vez, podem ser primárias e secundárias. As
falhas extrínsecas relacionam-se com ambiente socioeconômico, cultural ou
afetivo. (p.98)
 A dificuldade para aprender tornou-se um grave problema social, quando as
estatísticas em vários países apontam que ela atinge 50% dos escolares nos
seis primeiros anos de escolaridade. (p.98)
 Dentre as causas primárias da dificuldade de aprender destacam-se a
dislexia, discalculia, disgnosia, transtorno déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) e outras não primárias como problemas físicos, socioeconômicos e
pedagógicos. (p.98)
 Atualmente, pelo forte apelo comercial, uma criança pode ser erroneamente
“diagnosticada” com TDAH simplesmente por parecer não ter interesse nas
aulas como a professora espera ou nas tarefas escolares como gostaria a
família.
 Os fatores envolvidos nas dificuldades para aprendizagem podem ser
divididos em: fatores relacionados com a escola; fatores relacionados
com a família; fatores relacionados com a criança. (p.98)
 Sobre os fatores relacionados com escola, significa dizer que para que a
criança tenha um bom aproveitamento escolar, é fundamental que a escola
tenha condições físicas de sala de aula; condições pedagógicas;
condições do corpo docente. (p.98)
 Os fatores relacionados com a família incluem escolaridade dos pais;
hábito de leitura na família; condições socioeconômicas; histórico
familiar e desagregação familiar. (p.99)
 Sobre os fatores relacionados às crianças estão problemas físicos em
geral, transtornos psiquiátricos, a deficiência mental e patologias
neurológicas.
 Para atender crianças com dificuldade de aprendizagem faz-se necessária
uma abordagem multidisciplinar pois no diagnóstico são considerados
diferentes fatores como: fatores orgânicos, fatores específicos, fatores
psicógenos e fatores ambientais. (p.101)
 Um exemplo como dificuldades para aprendizagem exige múltiplos enfoques
e por consequência, múltiplos atendimentos são dificuldades
predominantes caso a caso que podem ser: sensitivo-sensoriais;
perceptomotoras; motoras; emocionais e sociais. (p.101)
 O tratamento deve ser constantemente revisado, caso contrário, nenhum terá
êxito se não houver total integração entre os profissionais que atendem essas
crianças e principalmente, com as suas famílias. Deve-se ter mente que os
pais também podem sofrer com as dificuldades escolares dos filhos. Ajudá-los
nessa situação também é vital para a relação profissional-paciente. (p.102)

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