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ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM ESCOLAR
PERFORMANCE OF THE LEARNING PROCESS FONOAUDIOLOGIA
SCHOOL
Matilde Pereira Jacinto

Orientadoras:
Lilian Sipoli Carneiro Cañete
Wany de Sousa e Silva Campos

Curso: Sociedade Universitária Redentor – Faculdade Redentor


Endereço: Mário Rayol, s/n – Quinta Residência – Leopoldina-MG
Telefone: (32) 3449-1482
E-mail: matildepj2011@hotmail.com

RESUMO
O trabalho ora em questão trata da “importância da fonoaudiologia para a aprendizagem
escolar, abordando os aspectos principais do trabalho do fonoaudiólogo enquanto auxiliar no processo
de aprendizagem”. A fonoaudiologia escolar atua tanto na escola comum quanto em escolas especiais.
Realizado através de levantamento bibliográfico, o presente artigo tem o objetivo de explorar a
atuação do profissional dessa área, demonstrando que a mesma é ampla e de grande importância no
processo educacional, pois, além do acompanhamento com os alunos, o mesmo realiza um trabalho
com os educadores, no sentido de utilizar técnicas que os auxiliem de uma maneira diferenciada na
prática, assim são capazes de detectar possíveis distúrbios e fazer o devido encaminhamento.
Palavras-chave: importância – fonoaudiologia – aprendizagem escolar

ABSTRACT
The work in question is now the "importance of speech therapy for school learning, addressing
the main aspects of the work of speech therapists as an aid in the learning process." The school speech
acts both at school as common in special schools. Accomplished through literature, this paper aims to
explore the role of the professional in the field, demonstrating that it is wide and very important in the
educational process, because, in addition to monitoring with students, performs the same work with
educators, to use techniques that help them in a different way in practice, and are able to detect
possible disorders and make the proper routing.
Keywords: relevance - speech - school learning
2

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Lei 6965, de 09/12/1981, que regulamenta a profissão, é de


competência do fonoaudiólogo que trabalha em escolas desenvolver trabalho de
prevenção no que se refere à área da comunicação oral e escrita, voz e audição e
também participar da equipe de orientação e planejamento escolar, inserindo
aspectos preventivos ligados a assuntos fonoaudiológicos.
A atuação do fonoaudiólogo que trabalha em escolas difere do profissional
que atua em clínica e hospitais. Na escola, o fonoaudiólogo atua de forma
preventiva, enquanto que em clínicas e em hospitais essa atuação é terapêutica.
Não compete ao fonoaudiólogo que trabalha em escolas realizar terapia
fonoaudiológica.

2. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR


Para compreender o processo de aprendizagem escolar, é necessário
compreender, primeiramente, o que é a linguagem, pois a aprendizagem depende
da aquisição da linguagem, sendo a leitura e escrita partes integrantes da
linguagem.
Cagliari (1995) define linguagem como “uma representação interna da
realidade, construída através de um meio de comunicação socialmente aceito.” 1
Segundo Garcia (1998):
(...) um indivíduo, para adquirir linguagem, precisa codificar e
internalizar uma série de aspectos da realidade, de maneira que
possa representar a outro a existência de objetos, ações, qualidades
e relações dos objetos, na ausência dos mesmos

Para o mesmo autor, a linguagem refere-se a três aspectos diferentes:


 Um sistema de símbolos (organizado em diferentes códigos), arbitrário e
compartilhado por um grupo;
 Com o objetivo de se comunicar com os demais;
 Com a possibilidade de manipular mentalmente a realidade na ausência da
mesma.
Assim, qualquer linguagem – auditiva, visual, tátil – envolve um código, um
sistema arbitrário de símbolos que representam a experiência. Para que o código
sirva como um meio de comunicação, duas ou mais pessoas precisam ser capazes
1
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Lingüística. 8 ed. São Paulo: Scipione. 1995. p. 42
3

de usá-lo para transmitir e receber mensagens. A pessoa que fala ou escreve


codifica seus pensamentos com símbolos adequados e o ouvinte ou leitor decifra as
mensagens.
Para Vigotsky, o desenvolvimento da linguagem acontece entre o meio e a
criança, quando a mesma começa a perceber o mundo não somente através dos
olhos, mas também através da fala. Este desenvolvimento da linguagem é
transmitido do adulto para a criança. As instituições devem contar com profissionais
devidamente qualificados, pois em alguns casos devem trabalhar de maneira
diferenciada, sem que haja constrangimentos, pois a fala é fundamental no
desenvolvimento cognitivo das crianças.
Segundo Zorzi (2002):
São vários os fatores que interferem direta ou indiretamente na
aquisição da linguagem de cada individuo: ritmo de desenvolvimento
de cada um, estimulação em geral, condições emocionais e
maturidade social, hereditariedade e doenças.

2.1 A aquisição da linguagem


Possuir um esquema claro da aquisição da linguagem oferece um ponto de
referência para entender os fatores fisiológicos que interferem na aprendizagem da
leitura e da escrita e, assim, compreender a atuação do fonoaudiólogo no contexto
escolar. Para identificar o processo de aquisição da linguagem cumpre analisar as
fases cronológicas em que esse processo ocorre normalmente, com o fim de
compará-lo a cada caso concreto e identificar as possíveis intervenções.
2.1.1 Período pré-verbal
Esse período inicia-se desde o nascimento e é marcado, primeiramente, pela
reação dos bebês a estímulos visuais (tais como expressões faciais e brinquedos) e
auditivos (tais como a voz humana). Essas reações acabam, num momento
posterior, por demonstrar a preferência por alguns estímulos. O adulto passa a
oferecer os estímulos e a criança começa, então, a reagir de acordo com o estímulo
oferecido. Inicia-se nessa fase, a linguagem.
Segundo Bruner (1986):

(...) no tempo que vai desde os quatro até os oito meses, as


condutas sociais vão se tornando mais complexas e específicas. A
criança conhece a estrutura da interação e antecipa-se ao adulto,
que a regula externamente.
4

Através destas condutas, denominadas pelo referido autor de „formatos‟, a


criança aprende muitas coisas sobre as regras que regem a comunicação: a
alternância de papéis, a previsibilidade da sequência, etc.
A partir dos oito meses a criança demonstra claramente uma conduta
intencional. Compreende as relações de causa e efeito e começa a usar meios para
conseguir certos fins.
Aos nove meses, a criança começa a se comunicar, fundamentalmente,
através de gestos (apontar, dar, mostrar), expressando uma intenção clara, já não o
fazendo através do choro ou de gritos.
Até os doze meses, na presença do que Bates (1979) denominou de conduta
„proto-imperativa‟, “a criança mostra ao adulto objetos com a intenção de
compartilhá-los com ele. Esta conduta é o prelúdio do que, depois, será a função
informativa, declarativa ou representativa da linguagem”2.
Durante a etapa pré-verbal, são estabelecidas as bases da funcionalidade
comunicativa da linguagem.

2.1.2 Aquisição dos aspectos formais


A partir dos dezoito meses, o vocabulário da criança aumenta rapidamente e
as combinações de palavras tornam-se cada vez mais complexas e elaboradas.
Dos dezoito meses aos seis anos ocorre a etapa fonológica, onde tem início a
construção e o descobrimento do sistema fonológico.

2.2 Problemas de comunicação, fala e linguagem


Considerando que as etapas descritas anteriormente podem não ocorrer na
mesma sequência cronológica para todas as crianças, cabe analisar os diferentes
tipos e graus de dificuldades enfrentados pelas crianças que apresentam alguma
deficiência na aprendizagem.
Os principais problemas na comunicação, fala e linguagem foram, também,
abordados por Bosch (1994), que os distribuiu em três categorias, quais sejam:
 Problemas fundamentalmente comunicativos;
 Problemas de fala e linguagem;
 Problemas globais.

2
BATES(1979) apud COLL, César. Et al. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas
especiais e aprendizagem escolar. Tradução: Marcos Domingues. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995. p.87
5

a) Problemas fundamentalmente comunicativos


Entre estes encontram-se os problemas graves de comunicação e o mutismo
seletivo. No primeiro grupo englobam-se as dificuldades acarretadas por distúrbios
como o autismo e as psicoses. O mutismo seletivo se caracteriza pela ausência total
e persistente da linguagem, em determinadas circunstâncias ou diante de
determinadas pessoas, em crianças que tenham adquirido a linguagem e que a
utilizam adequadamente em outros contextos e/ou em presença de outras pessoas.
b) Problemas de fala e linguagem
Nesse grupo encontram-se as dislalias, disglossias, atrasos na fala e
disfemias.
As dislalias “consistem na presença de erros na articulação dos sons da fala
em pessoas que não demonstram qualquer patologia”3.
A disglossia “consiste em uma dificuldade da produção oral devido a
alterações anatômicas e/ou fisiológicas dos órgãos articulatórios e cuja causa é de
origem periférica”4.
Os atrasos na fala referem-se a uma defasagem cronológica importante entre
a linguagem apresentada por uma criança e o esperado para sua idade cronológica.
Por atrasos na fala entende-se as dificuldades que algumas crianças apresentam
em seu sistema fonológico, sendo seu desenvolvimento morfo-sintático e semântico
ajustado ao esperado para sua idade.
A disfemia é mais conhecida como gagueira. Afeta a fluência da fala e
caracteriza-se por interrupções no ritmo e na melodia do discurso, que podem
consistir em repetições ou bloqueios.
c) Problemas globais
Nesse grupo encontram-se a afasia, a disfasia e o atraso na linguagem.
A afasia se configura por distorções de maior ou menor grau nos processos
de compreensão e/ou produção da linguagem em pessoas que, por determinado
motivo, perderam a audição.
A disfasia trata de um distúrbio profundo dos mecanismos de aquisição da
linguagem. Costuma-se identificar uma defasagem cronológica importante, e quase
sempre com problemas de compreensão. Também, na criança com disfasia, a
aquisição de linguagem não se ajusta aos padrões de evolução esperados.

3
CASANOVA, J. Pena et al. Manual de Fonoaudiologia. Porto Alegre: Artes Médicas. 1992. p.158
4
Ibidem. Ibidem. p. 175.
6

Os atrasos na linguagem referem-se a dificuldades globais de compreensão


e/ou produção da linguagem resultantes de lesão cerebral, traumatismos, tumores
ou acidentes vasculares.

2.3 O processo de aprendizagem da leitura


A aprendizagem da leitura exige uma ampla variedade de atividades
complexas que, muitas vezes, não são específicas da leitura.
Caraciki (1983) distribui essas atividades em dois grupos:

No primeiro situam-se aquelas envolvidas em atribuir significado aos


símbolos escritos (linguístico-lexical). No outro, as que conjugam
esses significados das palavras até alcançar a interpretação plena do
texto.

Ao ler deve-se reconhecer e atribuir significado aos símbolos gráficos. Para


poder reconhecer algum estímulo, seja um objeto ou uma palavra, é preciso possuir,
na mente, alguma amostra ou representação interna que confirme sua identidade.
Por esse motivo, é mais fácil para a criança aprender a ler partindo da experiência
concreta, pois ela depois deve reconhecer o que já conhece.

2.3.1 A interpretação do texto


As palavras não são, normalmente, reconhecidas uma a uma, mas dentro de
contextos mais amplos. A consequência da reunião de informações contextuais e
perceptivas é o reconhecimento mais rápido da palavra e seu significado.
Compreende-se o significado de uma palavra de acordo com o contexto no qual ela
está inserida, podendo o mesmo apresentar diversos significados. A isso
corresponde a interpretação do texto.
Frank Smith (1978) e Goodman (1976) sustentam que:

(...) a leitura é um processo mais psicolinguístico do que perceptivo,


um processo mais de criação e confirmação de hipóteses, a partir do
conhecimento prévio sobre a linguagem e o mundo, do que a
discriminação perceptiva.

A tudo que foi exposto sobre a aquisição da leitura corresponde dizer que,
para ler, a criança deve ser capaz de atribuir um significado aos sinais portadores de
informação, organizar estes significados em proposições, reconstruir as relações
7

entre essas proposições, extrair o significado geral de uma sequência de


proposições atribuindo-o a uma categoria funcional.

2.4 Processo de Aprendizagem da Escrita


A aprendizagem da escrita, assim como a da leitura, exige uma ampla
variedade de atividades e ocorre em processos gradativos. Emília Ferreiro 5 nomeou
esses processos distribuindo-os em níveis. Segundo a autora são três os níveis que
a criança deve atingir gradativamente para que consiga desenvolver a escrita. Os
níveis pré-silábico, silábico e alfabético fazem parte, sequencialmente, do processo
de aprendizagem da escrita.

2.4.1 Nível pré-silábico


Nesse nível a criança não faz correspondência da escrita com o som. Apenas
estabelece hipóteses acerca do tipo e da quantidade de grafismo. Normalmente
nessa fase a criança diferencia desenho e escrita; utiliza duas ou três letras para
escrever todas as palavras; utiliza as formas que lhes são mais familiares para variar
sua escrita. Costuma, também, reproduzir traços da escrita gráfica que conhece.
Assim, se está acostumada com livros e revistas, reproduz letra de imprensa. Na
escola, reproduz a letra cursiva da professora.

2.4.2 Nível silábico


Esse nível é dividido em duas etapas: silábica e silábica alfabética
Na etapa silábica a criança assimila a escrita com o som, fazendo sua
correspondência. Por isso, utiliza uma forma de escrever para cada som que ouve.
Não tem ainda ordenação dos símbolos gráficos nem diferencia fonemas. Por isso
utiliza esses símbolos de forma aleatória, repetindo desordenadamente consoantes
e vogais. Normalmente, mesmo que não corresponda aos fonemas, cada letra
corresponde a uma sílaba, um som que ouve.
Na etapa silábica alfabética a criança já alia o som à letra distinguindo alguns
fonemas. Por isso, a criança normalmente faz com que apareça em sua escrita pelo

5
FERREIRO, E. Com todas as letras. Tradução de Maria Zilda da Cunha Lopes; retradução e cotejo de textos
Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez, 1992.
8

menos uma letra correspondente a cada sílaba pronunciada. Assim, como exemplo
bola pode ser escrita ba.

2.4.3 Nível alfabético


Nesse nível a criança já compreende que a sílaba pode não ser formada por
apenas uma letra. Compreende também que as letras possuem sons independentes
das sílabas e já consegue separar as letras de uma sílaba.
Assim, já entende que deve-se juntar letras para formar sílaba. Nesse nível,
também, a criança começa a apresentar as dificuldades ortográficas, pois nem
sempre o som ouvido a faz identificar a letra a ser utilizada. Para escrever, nessa
fase, a criança guia-se pelo som.
O processo de aquisição da escrita, como já dito, não é um processo simples,
a criança utiliza e produz grande quantidade de conhecimento nesse processo.
Segundo os ensinamentos de Emília Ferreiro a escrita é um objeto do conhecimento
que leva em conta as tentativas individuais da criança. A alfabetização deve ser um
processo discursivo. Deve acontecer levando-se em conta o contexto sócio-familiar
da criança. As crianças devem iniciar seu processo de aprendizagem aprendendo
com elementos que já lhe são familiares.
Conforme abordado no capítulo anterior sobre a leitura, a criança tem
melhores oportunidades de aprender quando manipula objetos concretos e quando
os conteúdos são contextualizados.
Importante assunto a ser tratado, também, nesse capítulo, são as cinco fases
de construção da escrita que ocorrem paralelamente aos níveis estruturais da
escrita, ambos abordados por Emília Ferreiro.

2.4.4 Fases de construção da escrita


No decorrer deste capítulo foram abordados os conhecimentos adquiridos
sobre as teorias de Emília Ferreiro por considerar a autora uma das que melhor
tratou da aprendizagem da escrita.
Fase I – caracteriza o início da aprendizagem da escrita. Nessa fase a criança
reproduz os traços básicos da escrita com que convivem em seu cotidiano. A criança
lê o que quis escrever independente de correspondência de fonemas. A escrita
corresponde ao tamanho do objeto cujo nome foi escrito. Assim, independente dos
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sons, se o objeto é grande, é escrito com muitos sinais gráficos. Se o objeto é


pequeno, se escreve com poucos sinais.
Nessa fase somente a criança pode ler o que escreveu. Por isso é comum a
criança apresentar sua escrita a um adulto para que este leia e o adulto pedir que a
criança leia para ele.
Fase II – Essa fase é marcada pela combinação variada das letras já
conhecidas pela criança. Assim, a criança sempre utiliza mais de três letras e nunca
repete letras por acreditar que coisas diferentes tem escritas diferentes.
Fase III – Nessa fase a criança inicia suas hipóteses silábicas, isto é, cada
símbolo gráfico corresponde a uma sílaba pronunciada. Para isso utiliza letras ou
outro tipo de símbolos na tentativa de dar um som a cada símbolo escrito.
Essa fase é de suma importância para que a criança perceba que a escrita
não deve ser do tamanho do objeto. Assimilando isso, ela consegue traçar a grafia
de acordo com os sons da palavra.
Fase IV – O conflito entre o tamanho do objeto, a quantidade mínima de letras
para representar uma palavra e a realidade da fase anterior, na qual ela percebeu
que as letras representam sons, faz com que a criança comece a resolver conflitos e
passe para o nível alfabético. Ela percebe, então que a escrita representa o som da
palavra e não o objeto em si.
Fase V – Nessa fase a criança atinge a escrita alfabética. Já compreende o
significado das letras e sons, compreende a função das letras, sílabas e palavras e
começa a assimilar as regras de ortografia.
As fases de construção da escrita são de extrema relevância para o processo
de aprendizagem da criança. Ao passar por elas e atingir gradualmente cada um dos
níveis de aquisição da escrita, a criança apresentará um bom desenvolvimento
escolar nessa área.

3. ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO NO CONTEXTO ESCOLAR


A fonoaudiologia é uma área da ciência que tem como meta estudar e
pesquisar técnicas e métodos de prevenção e terapia fonoaudiológica, que são
desenvolvidas na comunicação oral e escrita, voz, audição e psicomotricidade.
Souza (1998) relata que a cada dia que passa a fonoaudiologia ganha mais
espaço de trabalho, como por exemplo a atuação na escola. Antigamente não era
reconhecida e aceita por desconhecimento da real atuação deste profissional na
10

escola. Atualmente, observa-se uma modificação no pensamento dos educadores e


das instituições, onde cada vez mais o fonoaudiólogo se apresenta como um
componente ativo na equipe escolar.
Atualmente a aceitação do fonoaudiólogo já é reconhecida nos grandes
centros e indicada pelos profissionais de educação, no caso de alunos que
apresentam alterações na comunicação oral e principalmente na escrita. O
fonoaudiólogo é um profissional que atua diretamente nos problemas de fala e
busca prevenir, detectar e minimizar os distúrbios.
Na escola, esse profissional pode interagir com os professores a fim de
identificar possíveis problemas que podem atrapalhar diretamente no rendimento do
aluno.
Em sua atuação no contexto escolar o fonoaudiólogo deve procurar identificar
a natureza dos distúrbios apontados pelos profissionais da escola e promover uma
reflexão, no sentido de evitar o aparecimento de todas as consequências
implicadas. Para isso precisa-se estabelecer um vinculo, ou seja, uma parceria com
os profissionais da escola, discutindo e avaliando com a comunidade escolar, suas
reais necessidades. Pois atuando assim o fonoaudiólogo deve procurar fazer parte
da equipe, traçando metas conjuntas para melhor atender o grupo de alunos.
O fonoaudiólogo é “conhecedor do desenvolvimento da linguagem da criança,
tanto no âmbito da normalidade quanto da patologia, é capaz de fornecer ao
professorado, com maior segurança o que é natural ou não pra cada faixa etária”
(Didier. 2011), pois existem algumas trocas que são consideradas normais e outras
que nunca deveriam existir. Assim, esse profissional pode contribuir para o
planejamento pedagógico, não no sentido de ter a responsabilidade de um
professor, mas sim no sentido de enriquecer o processo de aprendizagem.
Lagrotta & César (1997) enfatizam a importância do fonoaudiólogo no
planejamento escolar, contribuindo com assuntos relacionados à comunicação, uma
vez que esta perpassa todo o processo pedagógico. Torna-se importante esclarecer
que o profissional não atua no conteúdo pedagógico, apenas enriquece as
atividades elaboradas pelos professores.
Conforme Caiado (2012), o trabalho do fonoaudiólogo enquanto auxiliar do
processo de ensino-aprendizagem escolar três funções principais: Participação na
Equipe; Triagem; Terapia.
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A participação refere-se a uma equipe multiprofissional que envolve:


professores, psicólogos, orientadores pedagógicos e educacionais. É com essa
equipe que o fonoaudiólogo vai atuar, desenvolvendo o papel de assessor. O
assessor tem a função de transmitir os conhecimentos específicos da sua área para
os demais do grupo, utilizando diversos recursos, através de palestras, pequenos
cursos, programas de treinamento e outros. Compete a ele também elaborar
planejamentos trabalhando em equipe com o orientador pedagógico. A assessoria
se dá junto com a orientação pedagógica para se escolher métodos e técnicas de
alfabetização que se adaptem ao grupo de crianças com o qual a professora irá
trabalhar. A escolha do método e das técnicas devem ser baseadas nas condições
que as crianças apresentam. Como consultor, o fonoaudiólogo fica responsável por
esclarecer os profissionais, à medida que surjam problemas relativos a sua área .
A triagem é feita de forma individual visto que tem como objetivo avaliar a
comunicação oral e escrita do indivíduo através de uma bateria de testes elaborados
pelo fonoaudiólogo por meio dos quais se verifica a linguagem oral, escrita, voz e
audição, sendo realizada tanto em nível pré-escolar como escolar.. Após a
realização desses, é feito a orientação aos pais e educadores e caso seja
necessário, o indivíduo é encaminhado para o profissional responsável pela
patologia. A triagem voltada para detecção e encaminhamento clínico de problemas
já existentes.
Segundo Zorzi (1999):

a triagem é rápida, simples e aplicada pelo fonoaudiólogo em cada


criança, cujo objetivo principal é observar o nível de linguagem oral e
escrita, voz e audição das crianças. Desta forma pode-se detectar
possíveis alterações para que se possa traçar os parâmetros de
prevenção e estimulação (encaminhamentos).

Pacheco & Caraça (1998) relatam que:

Após a triagem realiza-se o levantamento dos dados colhidos, tendo


o fonoaudiólogo condições de orientar os pais das crianças que
apresentam “alterações” sobre quais medidas tomar, principalmente
se houver necessidade de encaminhamento sendo realizada
individualmente. Realiza-se também a orientação aos professores
que trabalham diária e diretamente com estas crianças, com o
objetivo de sugerir atividades a serem desenvolvidas em sala de
aula.
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A terapia é indicada nos casos em que o aluno apresenta distúrbios que


interfiram em seu desenvolvimento escolar e deve ser feita fora da escola pois não é
viável retirar a criança da sala de aula.
Ressaltando a grande importância da presença desse profissional na escola
para que possa detectar o mais cedo possível as dificuldades na linguagem escrita e
oral, Souza (1998) aponta as funções do profissional fonoaudiólogo no ambiente
escolar, quais sejam:

Prevenção – Todo trabalho informativo e orientativo integrado ao


ambiente da escola;
Detecção – Levantamento, por meio da triagem, das falhas ou
dificuldades, já relatadas ou não pela equipe, que estejam fora do
esperado para a faixa etária dos alunos;
Minimização – Busca e implementação de alternativas que possam
contribuir para a superação, pelo aluno, das suas dificuldades.

Assim, o trabalho da Fonoaudiologia Escolar é de orientação, estimulação e


detecção de problemas na área de voz, de comunicação oral e escrita e audição,
tendo como população-alvo alunos, pais e professores.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação fonoaudiológica na escola é de suma importância para o
desenvolvimento da comunicação oral e escrita, voz e audição das crianças,
considerando sempre a prevenção de possíveis alterações fonoaudiológicas.
Este trabalho deve ser realizado junto à equipe pedagógica, numa relação de
parceria principalmente com o professor, viabilizando desta forma um melhor
desenvolvimento e desempenho escolar dos alunos.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAIADO, Elen Cristine. Fonoaudiologia escolar. Disponível em
http://www.brasilescola.com/fonoaudiologia/fonoaudiologia-escolar.htm. Acesso em
agosto de 2012.

CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Lingüística. 8. ed. São Paulo: Scipione,


1995.

DIDIER, Carolina. O que o fonoaudiólogo faz na escola. Disponível em:


<HTTP.www.construirnoticias.com.br>. Acesso em julho de 2012.

FERREIRO, E. Com todas as letras. Tradução de Maria Zilda da Cunha


Lopes; retradução e cotejo de textos Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez,
1992.
GARCÍA, Jesus Nicasio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem,
leitura, escrita e matemática. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre:
Artes Médicas. 1998.
LAGROTTA, M.G.M;& CÉSAR, C.P.H.A.R. A fonoaudiologia nas instituições.
instituições. São Paulo: Lovise, 1997.

PACHECO, E.C.F.; CARAÇA, E.B. Fonoaudiologia escolar. In: Temas em


logia. 7. ed. São Paulo: Loyola,1998.

SOUZA, Susana Bueno. A fonoaudiologia no âmbito escolar um encontro em


construção.2.ed.São Paulo: Lilivros, 1998.

VIGOTSKI, Lev Semenovick. A formação social da mente:o desenvolvimento


dos processos psicolgico superiores. 7ª.ed.-São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ZORZI, Jaime Luiz. Aspectos diagnósticos das alterações da linguagem


infantil. Rio de Janeiro: Revinter , 2002.

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