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I - UM BREVE HISTÓRICO
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assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se
apresenta como fonte de informação (p.117).
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é,
com um ou mais entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse
instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo,
mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador.
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f) De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais diversas
ciências, somente se realiza a partir da assinatura do entrevistado ou
paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo
das suas informações e identificação, e liberdade de continuar ou não no
processo.
a) Entrevista Inicial
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico.
Semidirigida, durante a qual o sujeito fica livre para expor seus problemas.
Segundo Fiorini (1987), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista
pode ter uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do
tratamento (p.63). Pinheiro (2004) salienta que a mesma ocorre num certo
contexto de relação constantemente negociada. O termo negociação se refere
ao posicionamento definido como “um processo discursivo, através do qual
[...] são situados numa conversação como participantes observáveis,
subjetivamente coerentes em linhas de histórias conjuntamente produzidas”
(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186).
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de um
outro técnico, encaminhando o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica,
ou com a chamada do próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir
expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o
entrevistado, que não poderiam ser obtidas de outras fontes. As primeiras
impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento durante a
espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem
facilitar o processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira
entrevista deve permitir conhecer:
b) Entrevistas Subsequentes
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre
a pessoa do paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e
realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, via de regra são
necessários mais alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é
a obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre a história do
entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento, escolaridade, relações
familiares, profissionais, sociais e outros.
VI - TIPOS DE ENTREVISTA
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entrevista; parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou
não tem seu nome na lista.
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”;
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a
pergunta sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir;
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a
informação desejada sem terem consciência disso, a exemplo das técnicas
projetivas;
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da
entrevista de modo a que as respostas não sofram qualquer consequência
desse efeito.
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- A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos
repetitivos que dão uma ideia exata da sua personalidade: trata-se do ponto
de vista histórico;
- A observação do comportamento do paciente quando da primeira entrevista
também fornece indicações muito precisas sobre a organização da sua
personalidade.
IX – DINÂMICA DA ENTREVISTA
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- Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Facilmente observado
através da postura corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua
respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, etc.;
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A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com
referência a personalidade do entrevistado, e o nível de timing (sincronização e
ajustamento) que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora
desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao
psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de
interferir. Nessa ótica, Almeida & Wetzel (2001, p.271) dizem que a
interpretação algumas vezes vem de um desejo de intervenção com a
finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados pela situação
e autorizados pelo setting (grifo dos autores).
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas
qualidades: saber observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber
buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma
teoria, verdadeira ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas
(apud FODDY, 2002) corrobora com essa ideia quando afirma que entrevistar
criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, ou
não conseguir compreender. O que se passa numa situação de entrevista é
determinado pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista criativa
agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta
afetação vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a
recepção do entrevistador, aumentando, assim, a descoberta das verdades3.
a) Transferência
b) Contratransferência
X – CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como
auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou
domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também
de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio,
supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. É preciso desenvolver a
sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a
própria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando),
facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se
descortine. O entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação
instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem
preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se
perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E agora, de
posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e
considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade
sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em cada
encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência
sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser
respeitado. O que não significa ser “meloso”, por demais solicito, muito menos
autoritário. O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade
da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na
figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade
sem perder sua essência humana. Nesse investida, é fundamental que o
profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as reflexões sobre suas
atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também
flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do
trabalho do psicólogo certamente vem em consequência do auto “mergulho”
que lhe dará a base na qual se apoiam à sua atuação e intervenção com toda
transparência.
NOTAS
1 - Expressão usada na psicanálise para designar o modo de relação do sujeito
com seu mundo, relação que é resultado complexo e total de uma determinada
organização da personalidade, de uma apreensão mais ou menos fantasística
dos objetos e de certos tipos de defesa (LAPLANCHE & PONTALIS, 2004).
2 - Yalom (2006), diz que os terapeutas têm jeitinhos ardilosos, e se pergunta
o que os terapeutas fariam sem recorrer ao recurso do “eu me pergunto”? “Eu
me pergunto o que o impede de agir em relação a uma decisão que parece que
você já tomou”.
3 - Para Nietzsche, “Não existe verdade, só existe interpretação”
(apud YALOM, 2006).
XI – REFERÊNCIAS
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SIERRA, Juan Carlos. Ansiedad, angustia y estrés: três conceptos a diferenciar.
Revista Mal-Estar e Subjetividade. v. II, n. 1, Universidade de Fortaleza, mar
de 2003.
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