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Resumo sobre o livro temas de psicologia

Capítulo: Entrevistas psicológicas


INTRODUÇÃO
A entrevista é um instrumento fundamental no método clínico e uma técnica de investigação
científica em psicologia.
Tem procedimentos próprios e regras empíricas que ampliam e verificam o conhecimento
científico.
Na entrevista, o psicólogo atua como investigador e profissional, sendo o ponto de interação
entre a ciência e as necessidades práticas.
Permite a aplicação de conhecimentos científicos e a obtenção de informações relevantes ao
mesmo tempo.

A entrevista psicológica é uma ferramenta importante utilizada em diferentes áreas, como


jornalismo, administração, educação e justiça, com o objetivo de investigar, diagnosticar…
Neste texto, o foco é no estudo da entrevista psicológica em si, para entender suas regras
práticas e fundamentos teóricos. Esses conhecimentos podem ser aplicados em diversos tipos
de entrevistas, já que todas envolvem aspectos psicológicos. A entrevista psicológica é
essencial para o trabalho do psicólogo e também para profissionais que lidam com assistência
e aconselhamento.

Na introdução da revista de psicologia, abordamos dois aspectos importantes: um é sobre as


regras ou orientações práticas para realizar uma entrevista psicológica, e o outro é a
psicologia por trás dessa prática, que serve de base para as primeiras. Em resumo, falamos
sobre a técnica e a teoria por trás da técnica da entrevista psicológica.
Entrevistas podem ser de dois tipos: aberta e fechada. Na entrevista fechada, as perguntas já
estão definidas, assim como a ordem e a forma de formulá-las, sem possibilidade de alteração
pelo entrevistador. Já na entrevista aberta, o entrevistador tem liberdade para fazer perguntas
e intervenções conforme necessário. A entrevista fechada é como um questionário que se
relaciona com a entrevista, facilitando a aplicação do questionário por meio da manipulação
de princípios e regras específicas.

A entrevista aberta não se caracteriza pela liberdade de fazer perguntas, mas sim pela
flexibilidade de permitir que o entrevistado configure o campo da entrevista de acordo com
sua estrutura psicológica. Isso possibilita uma investigação mais ampla e profunda da
personalidade do entrevistado.

A entrevista aberta permite uma análise mais detalhada da personalidade do entrevistado,


possibilitando uma investigação mais ampla e profunda.
Embora a entrevista fechada permite melhor comparação sistemática dos dados, além de
oferecer outras vantagens próprias de um método padronizado

A entrevista pode ser individual ou em grupo, dependendo do número de participantes e


entrevistadores. Mesmo que seja apenas com uma pessoa, é considerada um fenômeno
grupal, pois a relação entre entrevistador e entrevistado é influenciada pela psicologia e
dinâmica de grupo. Existem diferentes tipos de entrevistas: a) aquelas realizadas para
beneficiar o entrevistado (como consultas psicológicas ou psiquiátricas); b) pesquisa
científica na qual importa os resultados científicos; c)para terceiros (como instituições). Cada
tipo tem variáveis distintas a serem consideradas, pois afetam a atitude do entrevistador, do
entrevistado, o do campo total da entrevista, assim como o resultado final da entrevista.
Executando o primeiro tipo de entrevista, os dois outros requerem que o entrevistador
desperte interesse e participação, que motive o entrevistado.

Entrevista, consulta e anamnese


A entrevista clínica e a técnica da entrevista têm origem na medicina, mas não devem ser
confundidas com a consulta médica. A consulta é quando se procura assistência técnica ou
profissional, que pode incluir uma entrevista como parte do processo. Consulta e entrevista
não são sinônimos, sendo a entrevista apenas um dos procedimentos disponíveis para atender
à consulta de um técnico ou profissional, seja ele psicólogo ou médico.

A entrevista não é o mesmo que uma anamnese, que é uma compilação detalhada de dados
sobre a situação presente e a história de um indivíduo, sua doença e saúde. Na anamnese, o
foco está na coleta de informações, enquanto na entrevista o paciente é visto como um
mediador entre sua condição e o médico. Se o paciente não fornecer informações, estas
devem ser extraídas dele. Além dos dados considerados necessários pelo médico, qualquer
contribuição do paciente é considerada como uma perturbação da anamnese, tolerada por
cortesia, porém considerada supérflua ou desnecessária.

A anamnese muitas vezes é feita por pessoal auxiliar por razões estatísticas ou
regulamentares. Já a entrevista psicológica busca estudar o comportamento total do indivíduo
ao longo da relação com o técnico. Na prática médica, é útil utilizar a técnica da entrevista e
considerar a relação interpessoal. Parte do tempo da consulta deve ser dedicada à entrevista e
outra parte para completar a anamnese.

Nota sobre anamnese falada pelo professor em aula;

A entrevista psicológica é uma relação entre duas ou mais pessoas, onde um dos integrantes é
um técnico de psicologia. Nessa relação, o técnico não apenas utiliza seus conhecimentos
psicológicos no entrevistado, mas também por meio de seu comportamento durante a
entrevista. É importante que o técnico intervenha tecnicamente, mas também permita que a
relação se desenvolva naturalmente.

A entrevista é uma relação entre duas pessoas em que uma delas busca entender o que está
acontecendo e agir com base nesse conhecimento. Para alcançar os objetivos da entrevista,
como investigação, diagnóstico ou orientação, é essencial atuar de acordo com esse
entendimento.

A teoria da entrevista mudou ao longo do tempo, e agora o foco não é mais obter dados
completos sobre a vida de uma pessoa, mas sim entender seu comportamento durante a
entrevista. Isso inclui observar como a pessoa fala e se comporta, além de escutar
atentamente. Essa abordagem foi influenciada por diferentes áreas, como psicanálise, Gestalt,
topologia e behaviorismo.
A psicanálise influenciou com o conhecimento da dimensão inconsciente do comportamento,
da transferência e contratransferência, da resistência e repressão, da projeção e introjeção, etc.
A gestalt reforçou a compreensão da entrevista como todo no qual o entrevistador é um de
seus integrantes, considerando o comportamento deste como parte da totalidade. A topologia
levou a delinear e reconhecer o campo psicológico e suas leis, assim como o enfoque
situacional. O Behaviorismo influenciou com a importância da observação do
comportamento. Cada uma delas contribuiu de alguma forma para nossa compreensão do
comportamento humano durante uma entrevista.

Tudo isso conduziu à realização de entrevistas de forma mais sistemática, tornando-a um


instrumento científico com variáveis bem definidas. Isso facilita a aplicação e melhora os
resultados das entrevistas. É possível aprender a realizar entrevistas sem depender apenas de
habilidades naturais, pois o estudo científico do processo tem aumentado sua eficácia e
utilidade como técnica científica.

A pesquisa científica sobre entrevistas tem feito com que elas incorporem algumas exigências
do método experimental. Isso faz com que a entrevista psicológica seja considerada um
procedimento de observação em condições controladas ou conhecidas. A entrevista pode ser
comparada ao tubo de ensaio para o químico, segundo Young. As regras práticas e empíricas
da técnica da entrevista dependem dessa teoria, e são a única forma racional de
compreendê-las, aprendê-las, aplicá-las e enriquecê-las.

Entrevista como um campo

O interesse em diferenciar a entrevista da anamnese surge do desejo de criar um ambiente


ideal para investigar a personalidade. Assim como na anamnese, na entrevista há uma relação
estruturada entre os participantes que influencia tudo o que acontece. A diferença principal
entre a entrevista e outras relações interpessoais é que na entrevista, a regra fundamental é
configurar o ambiente especialmente de acordo com as variáveis que dependem do
entrevistado.

O texto diz que, durante uma entrevista, o campo de interação é determinado principalmente
pelas características da personalidade do entrevistado. Mesmo que o entrevistador controle a
entrevista, quem a conduz é o entrevistado. A relação entre eles define o ambiente da
entrevista e tudo o que acontece nela. O entrevistador deve permitir que a relação interpessoal
seja estabelecida e configurada principalmente pelo entrevistado. Durante a entrevista,
esperamos que as características da personalidade do entrevistado se manifestem. Assim a
entrevista funciona como em uma situação em que se observa parte da vida do paciente, que
se desenvolve em relação a nós e diante de nós.
Nenhuma situação ou entrevista pode revelar toda a personalidade de uma pessoa, apenas
parte dela. A entrevista não substitui outros métodos de investigação da personalidade, mas
também não pode ser dispensada. Por exemplo, um tratamento psicanalítico ao longo do
tempo permite uma compreensão mais profunda e extensa da personalidade, revelando
diferentes aspectos que uma simples entrevista não conseguiria.

Para obter um bom campo de entrevista, é importante ter um enquadramento rígido, que
transforma variáveis em constantes. Isso inclui a atitude técnica do entrevistador, os
objetivos, o local e o horário da entrevista. O enquadramento serve para padronizar a situação
e oferecer um estímulo consistente ao entrevistador, evitando oscilações. Se o enquadramento
mudar (por exemplo, se a entrevista for em um local diferente), isso pode afetar a dinâmica
da entrevista.

O campo da entrevista é dinâmico e está sujeito a mudanças constantes. Observar essas


mudanças ao longo do tempo ajuda a entender a estrutura e o sentido de cada momento da
entrevista. O estudo detalhado da entrevista inclui focar no entrevistador, no entrevistado e na
relação interpessoal entre eles. Cada campo da entrevista é um momento dentro do contexto
total, e entender essa dinâmica é essencial para compreender o processo real da entrevista.

A sistematização para estudar entrevistas envolve focar no entrevistador: sua atitude, sua
dissociação instrumental, contratransferência, identificação, etc. No entrevistado: incluindo
aqui transferência, estruturas de comportamento, traços de caráter, ansiedades, defesas etc.
Também é importante observar a relação interpessoal entre eles, na qual se inclui a interação
entre os participantes, o processo de comunicação,(projeção,introjeção,identificação etc.)

Concordância e divergências
A diferença fundamental entre entrevista e anamnese é que na anamnese parte-se do
pressuposto de que o paciente conhece sua própria vida e pode fornecer informações sobre
ela, enquanto na entrevista a hipótese é que cada ser humano tem uma história de vida
organizada e um esquema do presente, a partir dos quais podemos deduzir o que ele não sabe.
Além disso, o comportamento não-verbal do paciente pode oferecer informações sobre sua
história ou presente que podem coincidir ou contradizer o que ele expressa verbalmente. Por
fim, durante a entrevista o paciente pode apresentar diferentes histórias ou esquemas de vida
atuais que podem se complementar ou se contradizer.

Alguns pesquisadores consideram a entrevista como um instrumento não muito confiável


devido às lacunas, dissociações e contradições que podem surgir. O instrumento reflete
características do objeto de estudo e da própria personalidade do entrevistado. As
contradições observadas podem ser trabalhadas na entrevista, dependendo da angústia que
provocam e da tolerância do entrevistado. Os conflitos trazidos pelo entrevistado nem sempre
são os principais, assim como as motivações alegadas são geralmente racionalizações.
A simulação perde o valor que tem na anamnese como um fator de perturbação, já que na
entrevista a simulação deve ser considerada como uma parte dissociada da personalidade do
entrevistado. Em momentos diferentes, o mesmo entrevistado ou diferentes entrevistadores
podem recolher partes distintas e contraditórias da mesma personalidade. Os dados não
devem ser avaliados como certo ou errado, mas sim como graus de dissociação da
personalidade. Uma situação comum é quando o entrevistado tem sua história e esquema de
vida rigidamente organizados, como meio de defesa, contra a penetração do entrevistador e
ao seu próprio contato com áreas de conflito de sua situação real e de sua personalidade;
Este tipo de entrevistado repete a mesma história estereotipada em diferentes entrevistas, seja
com o mesmo ou com diferentes entrevistadores.

Quando várias pessoas de um grupo são entrevistadas, é comum que haja divergências e
contradições entre elas. Essas diferenças são importantes para entender como cada membro
do grupo percebe a realidade de forma única. As entrevistas podem revelar informações
importantes sobre o grupo, como suas tensões, conflitos e dinâmica psicológica.

A técnica de entrevista está diretamente ligada à teoria da personalidade com a qual se


trabalha. O sucesso de um entrevistador depende da interação que ele é capaz de estabelecer
entre esses elementos. A entrevista não se resume a seguir instruções, mas sim a investigar a
personalidade do entrevistado, ao mesmo tempo que nossas teorias e instrumentos de
trabalho.

O observador participante
Na ciência, a observação costuma ser considerada objetiva, ou seja, o observador registra os
fenômenos de forma imparcial, sem levar em conta suas próprias sensações e sentimentos.
Isso permite que outras pessoas possam verificar as observações feitas. No entanto, esse
modelo tem sido questionado, pois o observador pode influenciar os resultados da
observação. Portanto, a validade dos dados obtidos dessa forma também é colocada em
questão.

A objetividade na investigação científica é fundamental, mas na psicologia, que estuda o ser


humano, é difícil de alcançar. Para ser mais objetivo, é necessário considerar o observador
como uma variável importante no estudo. Se o observador influencia o fenômeno observado,
a observação pode não ser totalmente objetiva, pois está relacionada à presença do
observador. Assim, a observação pode não ser feita em condições naturais.

Observação em condições naturais significa observar um fenômeno da mesma forma como


ele ocorre na realidade, sem interferências artificiais. Isso destaca a existência de um mundo
objetivo independente do conhecimento humano. Por outro lado, o conhecimento que
obtemos desses fenômenos está relacionado à nossa participação no processo de observação e
compreensão. Ambas as ideias não se anulam, pois uma se refere à existência dos fenômenos
e a outra ao conhecimento que adquirimos sobre eles.
A conduta humana está sempre ligada a relações e vínculos humanos, e a entrevista é uma
situação natural para estudar o fenômeno psicológico. Portanto, o enfoque ontológico e
gnosiológico se alinham nesse contexto. Apesar de algumas objeções quanto à validade da
entrevista como instrumento científico devido à influência do entrevistador, isso se baseia em
uma concepção metafísica do mundo.

A entrevista não é considerada um instrumento científico válido, pois os resultados dependem


da relação entre o entrevistador e o entrevistado. Isso significa que todos os fenômenos
observados estão condicionados por essa relação. Essa objeção vem de uma visão metafísica
do mundo, que pressupõe que cada evento está ligado a uma relação específica.

As qualidades de um objeto dependem de sua natureza interna e podem ser modificadas ou


subvertidas por relações externas. Cada objeto tem qualidades relacionais que derivam das
condições e relações em que se encontra. Cada situação humana é única, assim como a
entrevista também o é. Essa originalidade não impede a identificação de constantes gerais, ou
seja, condições que se repetem com mais frequência. O individual não exclui o geral, e é
possível introduzir abstrações e categorias de análise tanto em fenômenos humanos quanto
naturais.

Isso se opõe a um narcisismo subjacente ao campo científico da psicologia: cada pessoa se


vê como única e especial, resultado de uma diferença divina, do destino ou da natureza.
Porém, ao longo da vida,(mesmo resistindo a descobrir) percebemos que somos semelhantes
aos outros seres humanos e que nossa vida pessoal é compartilhada com todos. Na entrevista,
isso se aplica não só ao entrevistado, mas também ao entrevistador, que deve se colocar no
mesmo nível humano e não se sentir superior. Isso pode ser fácil de dizer, mas difícil de fazer
na prática.

Entrevista e investigação
Uma certa concepção aristocrática ou monopolista da ciência, tem feito supor que a
investigação é tarefa de eleito que estão acima ou além dos fatos cotidianos e comuns. Ou
seja, Algumas pessoas acreditam que a ciência é uma atividade reservada para especialistas
que estão acima dos acontecimentos do dia a dia. Nessa visão, a pesquisa científica é vista
como um instrumento utilizado para diagnosticar problemas e aplicar conhecimentos
científicos que são provenientes de outras fontes.

A entrevista só é eficaz se incluir a investigação da conduta e personalidade das pessoas. Para


isso, é importante que o profissional conduza a entrevista de forma correta, integrando sua
habilidade técnica com a pesquisa. Assim como um cientista deve seguir as regras do método
experimental, o entrevistador também deve seguir as diretrizes para garantir resultados
satisfatórios.

Na entrevista, é importante investigar e observar o que está acontecendo. As observações são


registradas com base nas hipóteses do observador. Geralmente, a investigação segue uma
ordem: primeiro observa-se, depois faz-se uma hipótese e em seguida verifica-se se a
hipótese está correta.

Observar sempre é feito com base em certas ideias preestabelecidas. Quando essas ideias são
conscientes e utilizadas como tal, a observação se torna mais rica. Para observar bem, é
importante formular hipóteses enquanto se observa e ajustá-las durante a entrevista de acordo
com as observações subsequentes. Observar, pensar e imaginar estão interligados em um
único processo, o dialético . Quem não usa a imaginação pode ser bom em verificar dados,
mas nunca será um verdadeiro investigador.

Todas as ações humanas devem ser pensadas e refletidas, especialmente no campo de


trabalho. Quando isso é feito de forma sistemática, submetendo-se à verificação do que foi
pensado, está sendo realizada uma investigação. O trabalho profissional do psicólogo,
psiquiatra e médico só se torna realmente importante quando a investigação e a tarefa
profissional estão alinhadas, pois essas são as bases para compreender e ajudar outros seres
humanos. A investigação e a prática devem ser tratadas como momentos inseparáveis,
fazendo parte de um único processo.

O trabalho profissional do psicólogo, do psiquiatra e do médico somente adquire sua real


envergadura e transcendência quando nele coincide a investigação e a tarefa profissional,
porque estas são as unidades de uma práxis que resguarda da desumanização a tarefa mais
humana: compreender e ajudar outros seres humanos. Indagação e atuação, teoria e prática,
devem ser manejadas como momentos inseparáveis, formando parte de um só processo.

O grupo na entrevista
Uma entrevista é um encontro entre duas pessoas, o entrevistador e o entrevistado, que juntos
formam um grupo. Neste grupo, os membros estão conectados e suas ações são
interdependentes. O que diferencia este grupo de outros é que um dos participantes tem um
papel específico e busca atingir objetivos determinados durante a conversa.
A interdependência e a inter-relação, o condicionamento recíproco de suas respectivas
condutas, realizam-se através do processo da comunicação, entendendo-se por isso o fato de
que a conduta de um (consciente ou não) atua (de forma intencional ou não) como estímulo
para a conduta do outro, que por sua vez reatua como estímulo para as manifestações do
primeiro.
Nesse processo, a palavra tem um papel de enorme gravitação, no entanto também a
comunicação pré-verbal intervém ativamente: atitudes, timbre e tonalidade afetiva da voz etc.

O tipo de comunicação que se estabelece é altamente significativo da personalidade do


entrevistado, especialmente do caráter de suas relações interpessoais, ou seja, da modalidade
do seu relacionamento com seus semelhantes. Nesse processo que se produz na entrevista

(A forma como uma pessoa se comunica durante uma entrevista revela muito sobre sua
personalidade e como ela se relaciona com os outros. É importante observar como o
entrevistado se comporta e se expressa para entender melhor quem ele é e como interage com
as pessoas ao seu redor.)

Durante a entrevista, o entrevistador observa como e por meio do que o entrevistado


condiciona os efeitos dos quais ele reclama. O foco está nos momentos de mudança na
comunicação, nas situações e temas em que ocorrem bloqueios, inibições e interceptações.
Ruesch classificou a personalidade com base nos sistemas predominantes de comunicação de
cada indivíduo. A comunicação é crucial na relação interpessoal e pode ser manipulada pelo
entrevistador para orientar a entrevista.

Transferência e contratransferência

Na entrevista, é importante considerar dois fenômenos importantes: a transferência e a


contratransferência. A transferência é quando o entrevistado expressa sentimentos, atitudes e
comportamentos inconscientes que foram desenvolvidos ao longo da vida, principalmente em
relação à sua família. (Conceito psicanalítico )
A transferência pode ser negativa ou positiva, mas sempre coexistem juntas, com uma
predominância de uma sobre a outra. Elas fazem parte da parte irracional ou inconsciente do
comportamento e não são controladas pelo paciente. Na transferência, o paciente vivencia
emoções em relação ao terapeuta. Observar esses fenômenos nos ajuda a entender melhor a
personalidade e os conflitos do paciente.

Na transferência, o entrevistado atribui papéis ao entrevistador e age de acordo com eles. Isso
significa que ele projeta situações e modelos para a realidade presente, tentando torná-la
familiar e repetitiva. Através da transferência, o entrevistado revela aspectos irracionais ou
imaturos de sua personalidade, como dependência, onipotência e pensamento mágico. O
entrevistador pode descobrir o que o entrevistado espera dele, suas fantasias sobre a
entrevista e ajuda, incluindo fantasias de cura que muitas vezes são neuróticas. Além disso, a
transferência pode revelar resistências à entrevista ou à ajuda, bem como a busca por
satisfação de desejos não realizados de dependência ou proteção.
*Abaixo trecho original do livro, do resumo acima*
(Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador e comporta-se em função
deles. Em outros termos, transfere situações e modelos para uma realidade presente e
desconhecida, e tende a configurá-la como situação já conhecida, repetitiva.
Com a transferência o entrevistado fornece aspectos irracionais ou imaturos de sua
personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu pensamento mágico. É neles
que o entrevistador poderá descobrir aquilo que o entrevistado espera dele, sua fantasia da
entrevista, sua fantasia de ajuda, ou seja, o que acredita que é ser ajudado e estar são,
incluídas as fantasias patológicas de cura, que são, com muita freqüência, aspirações
neuróticas. Poder-se-á igualmente despistar outro fator importante, que é o da resistência à
entrevista ou o de ser ajudado ou curado, e a intenção de satisfazer desejos frustrados de
dependência ou de proteção.)
A contratransferência é um conjunto de fenômenos psicológicos que surgem no entrevistador
durante a entrevista, como suas respostas às manifestações do entrevistado e o impacto que
estas têm nele. Ela é influenciada pela história pessoal do entrevistador e ocorre por fatores
presentes naquele momento específico da entrevista. Antigamente considerada perturbadora,
hoje é reconhecida como inevitável e faz parte do processo. Tanto o entrevistador quanto o
entrevistado devem estar atentos a esses fenômenos, pois eles também são importantes na
interação. Além da observação do outro, é necessário também se auto-observar durante a
entrevista.
A contratransferência não é uma percepção em si, mas sim um sinal importante para orientar
o entrevistador em seus estudos. É preciso ter preparo, experiência e equilíbrio mental para
lidar com ela de forma válida e eficiente.
Transferência e contratransferência são fenômenos que ocorrem em todas as relações
interpessoais, inclusive na entrevista. No entanto, na entrevista esses fenômenos devem ser
utilizados como instrumentos técnicos de observação e compreensão.
A interação transferência-contratransferência é quando os entrevistados atribuem papéis ao
entrevistador e o entrevistador percebe esses papéis. É uma troca de percepções durante a
entrevista.
Se o entrevistador se sentir irritado e rejeitar o entrevistado, ele precisa analisar sua reação
para entender como o comportamento do entrevistado pode estar afetando isso. Se ele não
conseguir fazer isso e reagir com irritação, significa que está sendo afetado pela
contratransferência e não está se saindo bem na entrevista. É importante estudar e corrigir
essa conduta para evitar problemas como falta de amigos ou descontentamento com as
relações interpessoais.

Ansiedade na entrevista

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