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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Disciplina: Teoria Sistêmica


Profa: Camila Repolez Salgado
Atividade em dupla: Estudo Dirigido Valor: 20 pontos
Os alunos devem apresentar as respostas nas aula dos dias 12 e 13 de abril. A entrega do trabalho físico
deve ser feita até o dia 20/04

Estudo Dirigido: Teoria Sistêmica

Ana Carolina Nascimento


Flávia Ferreira
Isabella Mendes

Até o dia 12/04


1) Quais pontos mais te chamou a atenção sobre a história do desenvolvimento
da abordagem estrutural da família.
Um dos pontos que mais se destacaram, primeiramente, foi o fato de Minuchin
ter contado com muitos colaboradores, pesquisas e relatos práticos, porque estes
enriquecem profundamente o conhecimento da forma de ação estabelecida nas suas
noções teóricas. Segundamente, também estão em evidência as inúmeras experiências
de Minuchin ao longo de sua vida, envolvendo ações revolucionárias e o atendimento a
crianças vítimas do holocausto, sendo que todas foram imprescindíveis para que ele se
voltasse para o desenvolvimento da terapia familiar e tivesse interesse na definição de
cultura e âmbito social na vida dos indivíduos, tornando-se um renomado terapeuta de
família.
Também há o marco revolucionário na evolução da terapia familiar, que
afirmava que a delinquência seria uma maneira de adequação à comunidade e à família,
não um problema do sujeito. Além disso, o dilema existente de levar ou não a família
para o tratamento, que se relaciona com a “familiofobia”, o dilema dos significados das
mudanças e a polêmica gerada pela prática ativa e dinâmica de Minuchin.
Por fim, o mais relevante é a atuação instrutiva de Minuchin, ainda que ele acredite na
capacidade da família de resolver seus conflitos diários e principalmente dê valor à
família como sendo um modelo fundamental para o desenvolvimento dos seres
humanos e da sociedade, algo que ela mesma deve tomar como sendo uma tarefa sua.

2) Como o autor conceitua família?


Minuchin a conceitua como sendo um sistema aberto e permanentemente em
processo de mudança e transformação que opera por padrões transacionais, sendo que as
transações repetidas determinam padrões referentes a como, em que momento e com
que se relacionar. A família, a todo momento, envia inputs para o sistema extrafamiliar
e dele também recebe, se adequando às inúmeras necessidades dos estádios de
desenvolvimento pelo qual passa. Ela é sujeita à pressão de dentro, que advém de
modificações evolutivas em seus componentes e subsistemas, e à pressão de fora,
originada das demandas para se acomodar às instituições sociais significativas que
possuem uma influência sobre os integrantes da família. Por fim, este sistema se adapta
a condições modificadas, de forma que mantêm a continuidade e aumenta o crescimento
psicossocial de cada integrante.

3) Para Minuchin o que é estrutura familiar?


A estrutura familiar é a união invisível de imposições funcionais que coordena
as formas dos componentes da família interagirem entre si, sendo um sistema sócio-
cultural aberto que passa por constantes transformações. Essa estrutura precisa ser capaz
de se adaptar no momento em que as situações se alteram e é formada por padrões
transacionais, que são as regras subjacentes do sistema e que possuem o objetivo de
limitar o nível de liberdade do sistema e também de seus membros.

4) O autor apresenta o conceito de subsistemas. Escolha um dos subsistemas


definidos pelo autor e apresente suas principais características.
O subsistema conjugal é quando duas pessoas se juntam com o objetivo de
formar uma família, tanto sendo de sexo opostos quanto homossexuais, sendo
requisitados padrões novos de interação, novos acordos formais ou não formais, que
irão estabelecer a forma como cada um se enxerga e vê o parceiro no âmbito
matrimonial de vida comum. Tais padrões conseguem determinar uma série de padrões
gerais culturais e sociais e são capazes de serem elaborados novos padrões particulares
que são originados do desenvolvimento de interação entre o casal.
Neste sentido, o casal irá se adequar às necessidades do contexto mudados pela
situação de serem agora um casal e os padrões definirão limites que vão estabelecer o
âmbito de atuação deles, que são uma unidade. Para que as funções e necessidades
exclusivas do subsistema conjugal sejam atendidas, o crescimento de padrões de
complementaridade acontece, sendo tanto o suporte que um oferece ao outro sem a
sensação de traumatismo da unidade conjugal quanto o de acomodação mútua, onde
cada um abre mão para fazer parte do todo, existindo uma interdependência recíproca
entre os sujeitos.
Além disso, os padrões exclusivos do subsistema conjugal são capazes de
beneficiar a criatividade, crescimento e aprendizagem, sendo possíveis de virarem um
suporte para confrontar as tensões externas e também a chance de demais contatos com
outros sistemas da sociedade e capazes de possuírem pontos de atrito, por causa das
diferenças entre eles. Entretanto, pode ser que padrões de dependência e proteção aos
cônjuges também sejam beneficiados.
Por fim, esse sistema precisa conseguir uma fronteira que o proteja da
interferência das demandas dos demais sistemas, principalmente quando eles possuem
filhos. Os adultos precisam possuir um espaço psicossocial único, um lugar onde
consigam fornecer suporte emocional um para o outro.

5) O que são as fronteiras difusas?


São fronteiras que diminuem a distância entre os indivíduos da família e deixa o
sistema sobrecarregado e precisa de meios fundamentais para mudar e se adaptar, diante
de situações estressantes. Nessa perspectiva, o meio transacional onde os membros
agem é mal definido e a todo momento ocorre a invasão de um deles no espaço do
outro, sobretudo em momentos em que existe uma maior tensão nas circunstâncias e/ou
relações.

Até o dia 13/04


6) Como se dá o processo de mudanças da família?
Sendo um sistema vivo, a família é sensível aos dados que entram, geram
desequilíbrio e a levam a um outro nível de funcionamento. Em todos as situações de
alteração do ciclo de vida da família, momento de flutuação, a família deve impor regras
novas de relação. Tais modificações ao passar do tempo fazem com que a família seja
mantida como uma unidade, renovando suas regras de relação e assegurar sua
continuidade enquanto família. As fases de instabilidade e as de estabilidade se
intercalam, de forma que a flutuação do sistema seja garantida numa amplitude
favorável.
Tal modelo de explicação para a modificação do sistema não está limitado ao
sujeito, como sendo um ser vivo, mas é ampliado ao âmbito social, com a família em
relação ao meio. Nesse sentido, Minuchin pensa o sujeito em relação ao contexto social
e expõe a relação de causa e efeito na atividade de mudança do indivíduo em
consequência da adequação ao contexto social de maneira bidirecional.

7) A partir da leitura do texto, avalie em qual momento sua família está no


ciclo de vida familiar e relacione a sua experiência com o conteúdo disposto no
texto.
Minha família está no ciclo de Famílias com filhos em idade escolar e com
filhos adolescentes.
Uma das características em comum com o conteúdo do texto é a necessidade
dentro da minha família do surgimento de padrões de limitação e autoridade para gerar
confiança e suporte ao direito à independência dos filhos sem que o direito dos pais seja
diminuído ou perdido, na determinação de fronteiras novas. Além disso, há uma grande
necessidade que advém do desenvolvimento dos filhos que estão em idades distintas,
que leva muitas demandas aos pais para sanar as demandas individuais e as de convívio
entre irmãos. Por fim, a indagação de valores levados pela geração nova está abalando
nossos padrões culturais atuais, o que está fazendo minha família dar um outro olhar
para os valores e também negociá-los.

8) Quais são os principais pontos de observação no momento do diagnóstico


estrutural da família?
1 - Observação da estrutura dos padrões de interação familiar: o terapeuta vai ouvir,
observar e analisar o âmbito transacional, na tentativa de encontrar respostas para suas
indagações a respeito dos padrões interacionais, os âmbitos de alianças e disfunções.
2 - Observação da flexibilidade da família: o terapeuta, de maneira alternada, forma
uma aliança com um integrante da família com objetivo de observar as interações dos
demais integrantes.
3 - Fazer uso de si mesmo: faz o uso dele próprio de forma estratégica, assim como de
seu corpo, ações e experiências, analisando os resultados do sistema terapêutico em seus
atos.
4 - Observação do contexto familiar: a forma como a família vive sua realidade, como
os integrantes se juntam ao redor de seus pontos de vista, checando as fontes de suporte
e o stress das relações da família.
5 - Identificação do momento do ciclo de vida familiar: a fase de desenvolvimento pelo
qual os familiares estão passando e a coerência existente entre as demandas requeridas
atualmente e as suas respostas frente às modificações.
6 - Observação do uso do sintoma: a formulação de hipóteses acerca do significado do
sintoma apresentado.

Até o dia 19/04


9) Minuchin oferece algumas possibilidades de intervenção junto às famílias,
são elas: 1) usando construtos cognitivos; 2) usando intervenções paradoxais; 3)
insistindo nos aspectos fortes da família. Escolha uma dessas possibilidades e
apresente o que te chamou mais atenção.
A possibilidade de intervenção escolhida foi “insistindo nos aspectos fortes da
família”. Me chamou atenção, primeiramente, a afirmação de que a tendência da família
é diminuir as alternativas de comportamento viáveis para resolver os problemas, dando
mais ênfase para suas impossibilidades, mas que todas as famílias possuem um conjunto
de ações e comportamentos que é possível de ser expandido.
Segundamente, a possibilidade de o terapeuta redefinir a competência do
paciente identificado (PI), dando destaque à habilidade dele e mudando as relações
interpessoais ao redor daquilo que o desqualifica. Por fim, vale ressaltar também a
descoberta da competência e de fatores positivos da família, sendo que os membros da
família se mostram ao terapeuta com seus problemas e padrões repetitivos de relação e
acabam ofuscando as habilidades e capacidades.

10) Minuchin nos apresenta várias técnicas possíveis para questionar o sintoma
da família. Qual das técnicas mais te chamou a atenção e por que?
A primeira técnica, “dramatizando”, uma vez que os momentos encenados não
possuem a mesma tensão que as situações que são vivenciadas no dia a dia em casa,
mas ainda assim geram sequências que saem do controle da família, expõem suas regras
de relação e expandem a definição do problema, o que acaba gerando a participação dos
integrantes ao viverem os momentos de maneira real. Além disso, através dessa técnica,
o terapeuta analisa as formas de interação, propõe modelos de interação novos,
reorganiza os dados da interação ressaltada, permitindo que outro significado apareça e
então questione a concretude do problema.

11) Apresente a proposta do autor sobre ensinar a complementaridade.


Infere-se que, geralmente, os membros de uma família se vêm nela de uma
maneira unilateral, no sentido de causa e efeito, sem ter noção das relações em um todo
e sem ver a si mesmo e ao outro como sendo partes ligadas do contexto, mas seu
próprio comportamento independente do outro. Existe uma complementaridade que liga
a necessidade de pertencer e de se individuar, entre fazer parte de um todo e se ver
como uno. Os integrantes da família não possuem essa visão gestáltica das interações e
se põem em um dos pólos da interação.
Para ensinar essa complementaridade, Minuchin afirma que os integrantes
precisam viver o pertencimento ao todo. Dessa forma, o terapeuta trabalha de forma a
desafiar as crenças da família desafiando o problema, a visão linear do problema e a
forma de pontuar os eventos.

12) A teoria proposta por Minuchin pode ser aplicada para o atendimento
sistêmico ampliado. O que mais te chamou atenção nessa proposta.
O que mais chamou atenção, inicialmente, foi a afirmação de Minuchin a
respeito do sistema assistencial. Ele considera que ele pode estar procurando uma
resolução para o problema da família, mas muito frequentemente pode estar atuando de
maneira iatrogênica, de forma que o problema permaneça ou piore.
Também é válido ressaltar que Minuchin e seus colaboradores propõem que os
serviços de assistência analisem suas ações na coordenação de seus esforços na atuação
em equipe e que ela seja mediadora entre família e serviços de assistência. Para tal,
sugerem pensar de forma ampliada, estendendo a visão sistêmica.
Além disso, também chamou atenção a proposta de que, para que aconteça a
expansão do olhar de serviços, é necessário que ocorra um treinamento de habilidades
dos profissionais que atuam nele.

Referência:
Aspectos estruturais do sistema familiar: In: Atendimento Sistêmico de famílias e
redes sociais Vol II tomo II. Aun. J.C; Vasconcellos, M.J.E; Coelho, S.V. Belo
Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa, 2007

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