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Universidade Mussa Bim Bique

Curso de Licenciatura em Psicologia 3˚ano, 1˚semestre

Cadeira: Psicologia da Família

Tema: Coesão familiar e conflitos familiares

Docente:
Dr: Mariano Anli Adiame

Nampula, junho de 2023

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Discentes:

1. Acácio Vidazão
2. Ancha de lurde Antonio Niconte
3. Antônio Meneses Muacitora
4. Antônio Age Momade
5. Arlindo Castro
6. Batuli João
7. Carlota Alfredo Alexandre
8. Dalila Carlos
9. Domingas Yoasse
10. Sandra Matano
11. Teresa Alberto

Nampula, junho de 2023

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Índice
Introdução ..................................................................................................................... 4

Justificativa ................................................................................................................... 4

Objectivos ..................................................................................................................... 4

Objectivo Geral ............................................................................................................. 4

Objectivos Especificos .................................................................................................. 4

Metodologia .................................................................................................................. 4

1. Coesão familiar ...................................................................................................... 5

2. Competências parentais percebidas ....................................................................... 8

3. Importância de uma família coesa ......................................................................... 8

4. Conflitos familiares: conceituações e aspectos gerais ........................................... 9

5. As principais causas do conflito familiar .............................................................. 9

6. Os efeitos da qualidade da interação familiar no desenvolvimento do sujeito .....11

7. Os riscos do conflito familiar para a saúde mental .............................................. 12

8. A mediação como forma de solução dos conflitos familiares ............................. 12

Conclusão.................................................................................................................... 15

Referencias Bibliográficas .......................................................................................... 16

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Introdução
O presente trabalho da disciplina de psicologia clínica objetivou realizar uma pesquisa
sobre a coesão familiar e conflitos familiares, a complexidade da conformação dos
arranjos familiares se amplia ao longo dos anos. O cenário familiar tem se modificado
pelas crises nas sociedades decorrentes do capitalismo e responsáveis pelo surgimento de
novas estruturas familiares, nas quais os papéis assumidos historicamente por seus
membros estão sendo sacudidos pelas mudanças sociais, econômicas, culturais e
educacionais. Existem várias variáveis que determinam as diferentes composições
familiares são elas: ambientais, sociais, económicas, culturais, históricas, políticas e/ou
religiosas, estas impossibilitam a composição de uma definição completa e integradora
do conceito família.

Justificativa
Este trabalho é de extrema importância para aquisição do conhecimento e compreensão
do mesmo, visto que as constantes mudanças que ocorrem na sociedade, dos valores
inerentes ao universo das famílias constituem aspectos fundamentais à reflexão e ao
desenvolvimento de um processo de formação de psicólogos no trabalho.

Objectivos
Objectivo Geral
✓ Analisar o conhecimento sobre coesão familiar e conflitos familiares.

Objectivos Especificos
✓ Compreender a coesão familiar e conflitos familiares
✓ Caracterizar Competências parentais percebidas na coesão familiar
✓ Descrever a importância do conhecimento das causas do conflito familiar

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de referência bibliográfica, a fonte principal foram as fichas de
organização das informações encontradas por meio de fontes da internet, jornais e
revistas.

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1. Coesão familiar
A família assume diferentes configurações, estruturais e relacionais, que dificultam a
elaboração de um conceito único que contemple as diferentes realidades das famílias.
Existem várias variáveis que determinam as diferentes composições familiares são elas:
ambientais, sociais, económicas, culturais, históricas, políticas e/ou religiosas, estas
impossibilitam a composição de uma definição completa e integradora do conceito
família.

A família é a primeira referência de proteção e socialização dos indivíduos. Independente


das múltiplas formas e desenhos que a família contemporânea apresente, ela se constitui
num canal de iniciação e aprendizado dos afetos e socialização. Posteriormente, outras
vivências sociais colaboram para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes,
porém é a relação com os pais que constitui a base referencial de todas as outras, por
serem os responsáveis em transmitir as primeiras informações e interpretações sobre o
mundo (CARVALHO, 2008). A estrutura familiar, além de prover um bom suporte social,
demonstra ser uma excelente barreira contra possíveis comportamentos de risco,
presentes nas atividades de vida diária e nos estilos de vida, como também prova ser um
eficiente meio de transmissão de informações relacionadas à saúde (TURAGABECI et
al., 2007).

A perspectiva sistémica entende a família como uma estrutura complexa de indivíduos


que são interdependentes, onde as experiências tidas por um membro têm impacto tanto
num outro membro como no sistema em que este se encontra inserido (Alarcão, 2000).

Olson (1999) define coesão familiar como a ligação emocional que existe entre os
membros da família, entendida também como a variação entre separação e conexão dos
membros que compõem a família.

A coesão familiar tem seu foco na relação de equilíbrio entre separação – união e
dependência – independência entre os sujeitos familiares. Dependendo do grau de coesão,
os familiares exercerão maior ou menor influência entre si, modificando direta e
indiretamente a dinâmica e o funcionamento de sua família e influenciando hábitos,
comportamentos e crenças.

Para avaliar e analisar esta dimensão devem de ser tidas em conta variáveis como: ligação
emocional, limites, envolvimento afectivo, alianças, tempo, espaço, amigos, tomada de
decisões, interesses e por fim, actividades familiares. Segundo o mesmo autor, existem 4

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níveis de coesão: desmembrado (coesão muito baixa), desligado (coesão baixa a
moderada) enredado (coesão moderada a alta) e por fim, muito enredado (coesão muito
alta).

De acordo com os autores da escala que avalia coesão familiar, a alta e a baixa coesão
não são consideradas ideais. Os integrantes das famílias com baixa coesão são muito
independentes entre si e a estrutura familiar tem pouca influência sobre esses indivíduos.
Nas famílias com alta coesão familiar, seus integrantes são extremamente dependentes e
apresentam baixa individualidade, o que também não é desejável. Dessa forma, o melhor
nível de coesão familiar é o médio, no qual os membros das famílias apresentam uma
relação mais harmoniosa e equilibrada entre separação e conexão, dependência e
independência.

Segundo Olson et al. famílias com coesão familiar ideal seriam aquelas que apresentam
níveis médios de coesão, ou seja, as famílias separadas e conectadas, onde se tem uma
melhor relação entre dependência e independência entre os indivíduos.

Figura 1: Modelo Circumplexo dos sistemas familiares e conjugais, com a finalidade


de descrever o funcionamento familiar, proposto por Olson, Portner e Lavee.

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Este modelo integra duas dimensões a coesão e a adaptação e por fim, contempla ainda
uma dimensão facilitadora das anteriores, a comunicação.

Tendo em conta os quatro níveis apresentados anteriormente, numa família funcional os


membros deveram ajustar a expressão individual e os sentimentos de pertença à família.

O suporte familiar é considerado um dos amortecedores mais relevantes do efeito de


diversos factores de stress na vida dos indivíduos, sendo um bom preditor de resiliência.

Por adaptação entende-se a capacidade que a família tem de se adaptar à mudança, ou


seja, refere-se à habilidade que o sistema familiar tem de adaptar a estrutura de poder, os
papéis relacionais e as regras. Este conceito inclui variáveis como: liderança (controle,
disciplina), estilos de negociação, papéis e regras de relacionamento.

Os quatro níveis de adaptação são: rígido (adaptação muito baixa), estruturado (adaptação
baixa a moderada), flexível (adaptação moderada a alta) e muito flexível (adaptação muito
alta).

As famílias necessitam de estabilidade, no entanto devem possuir capacidade de mudança


caso seja necessário, sendo esta a característica que distingue famílias funcionais de não
funcionais. Níveis muito altos de adaptação, ou níveis muito baixos tendem a ser
problemáticos para os membros da família e para as relações a longo prazo entre os
mesmos, devido à tensão que se cria.

Os níveis de coesão e de adaptação equilibrados são promotores de um funcionamento


familiar saudável, por outro lado, níveis de coesão e adaptação desequilibrados estão
associados a famílias com problemas funcionais.

A comunicação, esta é considerada a dimensão facilitadora das outras duas dimensões


(coesão e adaptação), esta não está incluída no modelo circumplexo dos sistemas
familiares e consequentemente no instrumento desenvolvido para a avaliação do
funcionamento familiar. A dimensão comunicação tem uma relação linear com o
funcionamento familiar, em que uma menor comunicação implica um funcionamento
familiar menor. Nesta dimensão encontram-se factores como a empatia, a escuta activa
por parte do receptor, habilidades do emissor, liberdade de expressão, transparência da
expressão, continuidade, respeito e consideração.

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2. Competências parentais percebidas
A família coesa, centrada nos filhos, é como um projeto de auto–realização de um estilo
de vida familiar. Os pais, na sua maioria consideram a experiência da paternidade como
gratificante, esclarecedora e por vezes divertida. No entanto, este papel implica várias
mudanças, nomeadamente a nível social, é ainda um papel que tem determinadas
exigências a nível intelectual, físico e emocional, uma vez, que é necessária uma total
disponibilidade no que concerne à protecção e cuidados básicos necessários, onde é
imprescindível despender muita energia (Coleman & Karraker, 1997).

Outro aspecto que influência o desempenho dos pais é o facto de actualmente não existir
uma rede de apoio, seja formal ou informal que ajude os pais a compreender e a agir de
forma adequada a situações novas e aos novos desafios com que se deparam.

A eficácia tem um papel preponderante no funcionamento humano, uma vez que


influência directamente os comportamentos, os sentimentos, as escolhas, os níveis
motivacionais, a relação que existe entre as adversidades e vulnerabilidade, e o stress do
indivíduo. Este factor relaciona-se com os padrões de pensamento e com as reacções
emocionais, onde existindo uma percepção positiva, essa percepção influência os padrões
de pensamento e consequentemente as reacções emocionais a determinados
acontecimentos actuais ou a acontecimentos que antecipam o que possa ocorrer

O conhecimento das competências parentais envolve a compreensão de como cuidar dos


filhos, de como as crianças se desenvolvem, e de como os pais desempenham papéis
diferentes na vida dos filhos.

3. Importância de uma família coesa

A presença do pai e da mãe, na vida do filho, é essencial, mas, mais do que figuras
parentais, é fundamental uma família estruturada. Independentemente da idade ou do
género, um filho precisa de crescer com atenção, carinho, apoio, regras, noções da
realidade e dos seus limites. E, só uma família estruturada e plena consegue trabalhar
estes elementos de modo a proteger aquele que um dia será jovem, acompanhando e
respondendo às necessidades do seu desenvolvimento.
A criança que se desenvolve sem apoio emocional, sem uma escola que estimule o seu
potencial, sem atividades ocupacionais nos tempos livres e ainda com uma lacuna no seu
meio familiar, precisa de ter uma enorme autoestima e persistência para conseguir planear
um projeto de vida. Quando há uma ausência destes factores, cruciais para o

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desenvolvimento pessoal, as crianças, que entretanto entram na fase da adolescência, são
mais propicias a envergar por um túnel de problemas, nomeadamente a droga, o álcool,
gravidez precoce, entre outros caminhos de longa recuperação.

Uma família coesa é, maioritariamente, livre. É estruturada com dois pilares (pais) que,
através da comunicação, de atividades e das regras, estimulam nos seus rebentos normas
sociais e morais, limites dentro dos parâmetros razoáveis e aceitáveis, ensinam e educam.
Este é um trabalho árduo, mas com retornos, sejam eles positivos ou negativos.
O ambiente que se tem em casa é o nosso reflexo na sociedade - As pessoas constroem-
se na família - e entenda-se isto como a construção de um indivíduo equilibrado ou
desequilibrado.

4. Conflitos familiares: conceituações e aspectos gerais


A palavra conflito é originária do latim e possui inúmeras variantes, mas seu significado
etimológico traz a ideia de choque, de discórdia, de antagonia, de oposição. Na lição de
José Luis Bolzan de Morais e Fabiana Marion Spengler, um conflito pode ser social,
interno, externo, étnico, religioso, político, familiar ou um conflito de valores, ou seja, é
um enfrentamento entre dois seres ou grupos da mesma espécie que manifestam, uns a
respeito dos outros, uma intenção hosti. Como se trata de romper a resistência da outra
parte nessa espécie de confronto de vontades, o conflito também implica a tentativa de
domínio por meio de violência – direta ou indireta, ou ameaça – física ou psicológica,
tendo em vista que a essência do poder é o domínio, na maioria das vezes, manifestado
pela violência.

Assim, o conflito pode ser entendido como uma forma de se avocar, para si, a razão, sem
a necessidade de argumentos lógicos e racionais, exceto quando as partes litigiosas
aceitam a mediação de um terceiro.

5. As principais causas do conflito familiar


O conflito na família pode ser resultado da falta de confiança, embriaguez, falta de
diálogo, falta de respeito, desemprego e ociosidade. Ele vem na forma de brigas,
espancamento do cônjuge, abuso infantil e molestamento infantil. Isso pode resultar em
um mau ambiente doméstico, separação ou mesmo divórcio.

Fundamentalmente, os conflitos surgem de divergência de interesses de um ou mais


indivíduos na defesa de seus direitos e, a partir dessa cizânia de interesses, abrolha a
necessidade de se criar alternativas capazes de retomar a paz social. Na medida em que a

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sociedade foi evoluindo, os conflitos também foram se modificando, obrigando, com isso,
ao aprimoramento das alternativas de soluções de conflitos, a fim de garantir, de manter
ou reestabelecer o direito.

Os pais desempenham um papel central na formação o desenvolvimento da criança por


meio de sua influência. Assim, se os pais continuam tendo conflitos em suas casas, as
crianças são afetadas à medida que crescem. Se os filhos crescem em uma família onde a
violência é um fenômeno comum, eles podem acabar fazendo o mesmo em suas famílias,
a menos que haja intervenção. A influência importante sobre as crianças é a família, mas
as crianças e as famílias são interativas membros de um grande sistema de instituições
sociais, como a escola, o local de trabalho e comunidade.

O conflito pode estar presente em todos os tipos de relacionamentos e em todas as


sociedades, considerando que possa ser compreendido como uma falha ou ruptura de
comunicação, podendo ter consequências traumáticas para os envolvidos, onde os
mesmos encontraram dificuldades para cumprir suas tarefas básicas de socialização e de
amparo.

As tensões que surgem entre os membros da família em conflitos graves e persistentes, e


geralmente afetam a família e o empreendimento familiar. Pequenos desacordos sobre
questões podem se transformar em trocas insultuosas, criando uma desconfiança mais
profunda.

À medida que o conflito aumenta, os membros da família normalmente reúnem aliados


e forçam parentes e outras pessoas a escolher um lado. As divisões entre os lados podem
aumentar à medida que o conflito se espalha pela família e pela organização. Depois que
o mero conflito se torna uma guerra de trincheiras, a unidade familiar raramente se
recupera. Os conflitos familiares são desencadeados por vários motivos e podem ser
continuados e intensificados por vários fatores. Provocações comuns incluem questões
econômicas ou financeiras, comportamento crítico de uma ou mais partes, percepções de
injustiça, diferenças de valores ou manipulação de terceiros. Qualquer um desses e outros
fatores podem criar ou aprofundar fissuras entre os membros da família e romper a
unidade familiar.

Carnut e Faquim (2014) ressaltam que as famílias determinam a saúde dos seus membros
por meio de vários processos (por exemplo, os conflitos, suporte) e esta constrói tipos de
funcionamento familiar e bem-estar dos seus membros. Ou seja, o convívio familiar tem

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grande influência no desenvolvimento e saúde dos indivíduos, bem como na formação de
sua subjetividade. Nesse sentido, entendemos que o papel da família vai muito além de
garantir os cuidados básicos, é também proporcionar um ambiente afetuoso, seguro,
respeitoso, onde se estabeleça confiança e características positivas, ou seja, não é apenas
ensinar o que é certo e errado, mas proporcionar o desenvolvimento emocional e psíquico
saudável, já que o ser humano em sua natureza necessita do outro, desde o nascimento e
em toda sua vida, para se relacionar e garantir um desenvolvimento adequado, pois é por
meio das interações que o indivíduo aprende.

6. Os efeitos da qualidade da interação familiar no desenvolvimento do sujeito


De acordo com o Neto, a importância da família na construção dos vínculos afetivos e o
seu papel na vida dos sujeitos, na projeção de valores que servirão de base para o convívio
social e na produção de um desenvolvimento harmonioso. Sendo assim, ter uma boa
relação entre os membros da família e trocas familiares harmoniosas, bem como uma boa
qualidade no relacionamento familiar e no relacionamento conjugal são componentes
importantes que exercem influência direta no desenvolvimento.

Nesse sentido, o relacionamento familiar e a qualidade dessa interação, exerce uma


importância fundamental no bem-estar psíquico e saúde mental do indivíduo. Dessarte, o
bom convívio familiar, pautado na compreensão, diálogo, coesão, harmonia, apoio e
suporte familiar, podem contribuir para um desenvolvimento saudável. Não obstante, a
existência de conflitos nesse ambiente pode ser um fator estressante e causador do
surgimento do transtorno depressivo nos sujeitos.

Para que haja um bom relacionamento familiar, pautado na coesão, é necessário se dispor
de algumas atitudes no ambiente familiar como compromisso, interajuda e apoio aos
membros da família, comunicação e expressão de sentimentos, bem como trocas
emocionais positivas, possibilitando o processo de autonomia e independência dos
sujeitos, podendo contribuir também para um maior ajustamento psíquico. No entanto, a
ausência de tais características provoca tensão no ambiente, causando o aumento dos
conflitos familiares que em seu grau elevado, torna-se um fator de risco para a saúde
mental, pois muitas vezes se torna um ciclo vicioso.

Segundo Teixeira (2020) aponta que a falta de uma boa comunicação pode atrapalhar o
relacionamento familiar, que somado aos estresses e problemas diários, muitas vezes só
pioram uma situação que já está em desgaste e isso provoca um distanciamento emocional

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entre os indivíduos que deixam de se comunicar e expressar seus incômodos e
sentimentos, podendo surgir maior incidência de conflitos, que com o tempo gera uma
lacuna nesse relacionamento, bem como a incidência de transtornos depressivos.

7. Os riscos do conflito familiar para a saúde mental


A persistência dos conflitos no ambiente familiar pode levar ao surgimento de inúmeros
problemas emocionais e psíquicos, alterações no núcleo familiar e os conflitos conjugais
desencadeiam o aumento nos níveis de depressão na criança. Ou seja, tanto questões de
separação quanto de conflitos no ambiente familiar podem agravar os sintomas de
transtornos mentais, pois muitos sentem-se culpados pelos acontecimentos ou até mesmo
abandonados, o que pode gerar sentimentos e emoções negativas sobre si mesmo,
podendo comprometer suas habilidades relacionais e sociais.

O temperamento paterno influencia grandemente o desenvolvimento e temperamento dos


filhos, pois este desenvolvimento é produto da interação entre suas próprias
características e aquelas das pessoas que socializam com ela. Sendo assim, a saúde mental
dos filhos pode estar associada ao bem-estar dos pais e à qualidade do relacionamento
deles, de forma que crescer em um ambiente em que esses pais vivem em constante
conflito, que a partir disso se torna um ambiente instável, pode colocar os sujeitos em
risco.

Teodoro et al. (2014) deixam claro que as interações familiares conflituosas e de baixa
qualidade desempenham papel significativo no desenvolvimento de problemas
emocionais e de comportamento. A qualidade do relacionamento familiar está associada
à intensidade que esses problemas emocionais e comportamentais vão se apresentar, bem
como o aumento dos sintomas de transtorno depressivo ou outros transtornos mentais e
situações de crise familiar.

8. A mediação como forma de solução dos conflitos familiares


Diante das crises na área familiar, nas quais os envolvidos se tornam mais fragilizados,
surge a mediação no campo familiar. Nesse contexto, o mediador, através de seu papel de
facilitador, presta seu apoio profissional aos envolvidos e orienta o término do conflito.
Tendo em vista a questão ser emocional, o mediador possui uma sensibilidade maior para
que possa tratar das frustrações dessas pessoas.

A mediação atinge grande importância nos conflitos familiares em que permeiam


sentimentos de raiva, de rancor, de vingança, de depressão, de hostilidade, que podem

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transformar-se em disputas intermináveis e perdurar por gerações, atingindo vários
membros da família. A par disso, os conflitos familiares, antes de serem conflitos de
direito, são essencialmente afetivos, psicológicos, relacionais, antecedidos de sofrimento

Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder
decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.

Ademais, desde os tempos remotos, a família representa um ideal humano de felicidade,


tornando-se uma instituição “sagrada”. Diante disso, a separação é um processo drástico,
pois o casamento tem valores arraigados no ser humano. Assim, romper o casamento pode
implicar contrariar a vontade divina e a vontade da sociedade. A separação geralmente
não é aceita pela sociedade nem pelo superego do casal. O mediador, portanto, deve ter a
responsabilidade de trabalhar suas ideologias, tendo conhecimento real disso, e não
simples opiniões.

A mediação em matéria de família, sobretudo, tem objeto a família em crise, quando seus
membros se tornam vulneráveis, não para invadir ou para dirimir o conflito, mas para
oferecer-lhes uma estrutura de apoio profissional, a fim de que lhes seja aberta a
possibilidade de desenvolverem, através das confrontações, a consciência de seus direitos
e deveres, criando condições para que o conflito seja resolvido com o mínimo de
comprometimento da estrutura psicoafetividade seus integrantes.

As finalidades principais da mediação familiar são: oferecer ao casal um contexto


estruturado no qual o mediador possa apoiar os genitores na gestão do conflito, com a
vantagem da capacidade de negociar o acordo, e favorecer os genitores na procura das
soluções mais apropriadas à especificidade da sua situação e dos seus problemas por todos
aqueles aspectos que se referem à relação afetiva e educativa com os filhos.

O mediador deve estar atento aos vários momentos da comunicação entre o casal, como
no caso de separações e divórcios, em que as pessoas devem verbalizar o sofrimento desde
o início, desde o reconhecimento da desilusão, causas dessa insatisfação. Percebe-se que,
muitas vezes, a existência de ressentimentos são os que foram acumulados ao longo da
convivência, os quais nunca foram dialogados adequadamente. A discussão cuidadosa e
profunda na mediação familiar é fundamental para a adequada solução dos conflitos e
para a continuidade pacífica das relações.

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O mediador favorece o diálogo na construção de alternativas satisfatórias para ambas as
partes, segundo Dias (2015), pois a finalidade da mediação é permitir que os interessados
resgatem a responsabilidade por suas próprias escolhas.

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Conclusão
Concluiu-se que a coesão familiar apresentou uma relação gradiente com os fatores
associados, no qual as famílias com baixa coesão familiar apresentaram piores condições
socioeconômicas, maior quantidade de comportamentos prejudiciais à saúde e maior
número de lesões cariosas não tratadas e com alta coesão familiar mostraram ter melhores
condições socioeconômicas. Os conflitos de natureza familiar são mais complexos e
complicados de ser solucionados em comparação com os demais, pois as dificuldades
estão, justamente, na supervalorização desses conflitos, eis que a intensidade das emoções
envolvidas, os sentimentos egoístas e de orgulho têm uma dimensão mais alargada.

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Referências Bibliográficas
Alarcão, M. (2000). Equilíbrios familiares: Uma visão sistémica. Coimbra: Quarteto
Editora.

Álvarez-Dardet, S., Garcia, M., Garcia, J., Lara, B. & Hidalgo, J. (2010). Perfil
psicosocial de familias en situación de riesgo. Un estudio de necesidades com usuarias de
los Servicios Sociales Comunitarios por razones de preservación familiar. Anales de
Psicología.

Antoni, C. (2005). Coesão e hierarquia em famílias com história de abuso físico.


Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, Brasil.

Minuchin, S. (1990). Famílias: Funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes


Médicas. (Original publicado em 1966).

BOLZAN DE MORAIS, José Luis; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e


arbitragem – alternativas à jurisdição. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

FONKERT, Renata. Mediação familiar: recurso alternativo à terapia familiar na resolução


de conflitos em famílias com adolescentes. Novos paradigmas em mediação. 1999.

Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria executiva. Programa Saúde da Família - PSF.
Brasília: MS; 2001.

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