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1. Conceitos..............................................................................................................................1
2. ESCOLA TRANSGERACIONAL DE TERAPIA FAMILIAR.............................................................1
2.1. O Processo de Transmissão Multigeracional.................................................................2
2.2. O Processo de Projeção Familiar...................................................................................2
3. TRANSGERACIONALIDADE: HERANÇAS FAMILIARES.............................................................3
4. O fenômeno da transgeracionalidade no ciclo de vida familiar: casal com filhos pequenos 4
1. Conceitos
Ainda pouco difundida no país, a terapia transgeracional é uma abordagem dentro da terapia
integrativa e complementar que procura entender e cuidar dos padrões de comportamento,
crenças e emoções transmitidos através das gerações de uma família.
traumas transgeracionais
Franciany Madeira diz que o termo "trauma transgeracional" é usado para atribuir a
transmissão biológica ou psíquica de experiências vividas de forma traumática para as gerações
subsequentes: "As consequências podem afetar de forma individual, familiar e coletiva.
Em meados de 1960 surge um novo processo clínico que rompe com as antigas práticas
psicanalíticas, este novo que se constitui é a terapia familiar, com suas muitas e novas formas.
Entre as novas práticas, relatamos aqui a teoria de Murray Bowen que desenvolveu a hipótese
dos sistemas familiares por intermédio de um processo extensivo de observação de famílias em
várias circunstâncias.
De acordo com Nichols e Schwartz (2007), Bowen iniciou suas observações em pacientes com
esquizofrenia e como eles se comportavam emocionalmente em relação às suas mães, estendeu
suas observações para os demais membros da família, e depois ampliou a todas as famílias que
tinham problemas menos graves.
Isso o convenceu de que não há descontinuidade entre famílias normais e famílias perturbadas,
o que acontece é que todas as famílias variam ao longo de um contínuo que vai da fusão
emocional à diferenciação. (Nichols e Schwartz, 2007, p. 125).
Ao pesquisar Bowen, Nichols (2007) identifica que, para ele, o indivíduo não é autônomo
emocionalmente, é dependente e reativo em relação ao grupo familiar, que o funcionamento de
um indivíduo afetará aos outros. (Bowen, 1966) diz que a família é uma rede multigeracional de
relacionamentos, molda a interação entre individualidade e proximidade, a partir de alguns
conceitos interligados como a diferenciação do self, o processo de transmissão multigeracional,
o processo de projeção familiar e os triângulos emocionais.
Sobre o Conceito Diferenciação do Self, Nichols e Schwartz (2007) referem que é a base da
teoria boweniana, na qual há uma simultaneidade intrapsíquica e interpessoal, ou seja, é a
capacidade de o indivíduo pensar e refletir antes de agir, ele não reage automaticamente, mesmo
diante de uma ansiedade, existe o equilíbrio entre a razão e a emoção.
Uma pessoa diferenciada é capaz de equilibrar o pensamento e o sentimento, mesmo
vivenciando fortes emoções e sua espontaneidade resiste às pressões dos impulsos, consegue
refletir e tomar uma decisão considerando seus aprendizados. No contraponto estão os
indivíduos indiferenciados, que tendem a reagir sem refletir, de forma impulsiva. São facilmente
manipulados pelo meio e apresentam dificuldades de diferenciar emoção de razão. (NICHOLS
& SCHWARTZ, 2007)
A diferenciação é um processo que deverá ser buscado pelo indivíduo durante seu
desenvolvimento. Quando criança é natural que a pessoa absorva as formas de pensar e agir de
sua família, com o seu desenvolvimento. Diferenciar-se é construir seus próprios valores, é
pensar e agir independente do comportamento de sua família.
se caracteriza pela transmissão da indiferenciação dos pais para os filhos. Estes podem atingir
um grau mais ou menos elevado de diferenciação, entretanto, quando ocorre o processo de
projeção, a tendência é que ele atinja um grau ainda mais baixo dessa diferenciação dos pais.
Em uma família onde existam dois ou mais filhos, aquele que se tornou a válvula de escape da
ansiedade dos pais, geralmente o que é muito ligado a eles, chegando a ser favorecido em
detrimento dos outros filhos, terá seu desenvolvimento comprometido, com dificuldades de
atingir a maturidade e um saudável desenvolvimento emocional, enquanto o filho que se sente
preterido conseguirá evoluir mais rumo sua diferenciação. (NICHOLS & SCHWARTZ, 2007)
Um dos conceitos mais importantes de Bowen (1966) são os Triângulos Emocionais. Ele
denominou comoo processo de triangulação emocional o que se dá entre três indivíduos, dois
representam um relacionamento como um casal, e o terceiro será aquele que foi trazido para a
relação, com o objetivo de baixar o grau de ansiedade, ou seja, de resolver a dificuldade
enfrentada pelo casal, pois sozinhos não conseguem resolver.
Para Martins, Rabinovich e Silva (2008), este terceiro indivíduo dividirá com o casal a energia
do relacionamento, ou seja, uma cota que deveria ser dividida por dois, será dividida por três e,
consequentemente, se tornará mais leve para as partes. A triangulação prejudicará todos os lados
do triângulo, o casal, que perde a oportunidade de aprender a lidar com seus conflitos e
diferenças, e o terceiro, que perde sua independência, sua individualidade e a liberdade de lidar
com seus próprios aprendizados.
Uma mulher chateada com a distância do marido pode aumentar seu envolvimento com um dos
filhos. O que torna isso um triângulo é a dispersão da energia que, de outra forma, poderia ser
dirigida ao casamento. Se ela passar mais tempo com a filha, a pressão sobre o marido diminui,
e ele pode se sentir menos obrigado a fazer coisas que não tem vontade de fazer. Entretanto, isso
também diminui a probabilidade do marido e mulher aprenderem a desenvolver interesses
compartilhados e diminui a independência da filha. (Nichols e Schwartz, 2007, p. 125).
DENUNCIAR ESTE ANÚNCIO
Os triângulos podem estar ativados todo o tempo ou ressurgirem quando a ansiedade entre o
casal está insuportável. Assim, a triangulação constitui um mecanismo de resposta que acontece
nos processos relacionais perante situações estressantes. Os triângulos constituídos no núcleo
familiar podem sofrer influência da família extensa e de outros triângulos ali constituídos, são
considerados triângulos entrelaçados. (MARTINS, RABINOVICH & SILVA, 2008)
Compreender o processo de triangulação é compreender como o casal se comunica e o
momento em que se constitui a triangulação, possibilitando uma mudança de comportamento
que favorecerá o crescimento emocional dos envolvidos. O triângulo mais importante da família
é aquele que envolve o casal e, para reverter o processo, o terapeuta cria triângulo, um triângulo
terapêutico. Se o terapeuta permanece em contato com os parceiros e, ao mesmo tempo,
mantém-se emocionalmente neutro, eles podem começar o processo de destriangulação e
diferenciação que modificará de modo profundo e permanente todo o sistema familiar.
(NICHOLS & SCHWARTZ, 2007).
Os autores descrevem que a terapia familiar com indivíduos se baseia na premissa de que, se
uma pessoa da família conseguir um nível mais elevado de diferenciação, dará para que os
outros familiares também o alcancem. Os terapeutas ensinam às pessoas sobre triângulos e as
prepara para que voltem à família para reverter esta triangulação, pelo processo de
destriangulação, se tornando mais objetivos e com mais maturidade, conseguindo separar
pensamento de sentimento e o que é dele do que é do outro.
A transgeracionalidade é um fenômeno que diz respeito aos aspectos relacionados aos valores,
padrões, expectativas e demais construções do meio familiar ao longo das gerações e a forma
como estas referências interferem e moldam a identidade dos indivíduos das gerações seguintes.
Esse estudo propôs-se a realizar uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo
decompreender as características do processo da transgeracionalidade no que tange a constituição
do sujeito dentro do seu núcleo familiar, trazendo contribuições recentes e relevantes para a
construção de um entendimento mais contemporâneo acerca deste tema considerando sua
complexidade e importância no contexto da psicologia e repercussão ainda em várias outras áreas
de estudo. O procedimento de coleta de dados foi realizado através da pesquisa de estudos
disponibilizados na íntegra e a análise feita a partir da leitura destes materiais de forma que se
consiga uma melhor seleção e assimilação do assunto. Resultando na verificação da
transgeracionalidade como uma bagagem trazida a partir dos modelos familiares e sociais.
Considerando-se, entretanto, que este fenômeno envolve questões referentes a lealdades,
segredos, abdicação de desejos pessoais e individuais, criação e consolidação de laços, assim
como a sua desfeita. Desta forma cita-se a terapia sistêmica como recurso a estes indivíduos que
buscam ajustar as interações dos membros associados aos sistemas em que se inserem.
4. O fenô meno da transgeracionalidade no ciclo de vida
familiar: casal com filhos pequenos
No mesmo sentido, Groisman (2012) discorre que não é possível alguém viver sem
família ou alguma organização que a substitua. O autor esclarece que o ser humano
procura, desde o nascimento, caminhar para a sua independência e é, ao mesmo
tempo, um ser dependente e relacional, pois necessita ter um suporte para o seu
desenvolvimento.
Como previsto pelo fenômeno transgeracional, ao longo da vida, os membros mais
jovens de uma família serão atingidos por uma série de significados e valores
transmitidos pela história das gerações anteriores, o que decorre por meio das
memórias, dos eventos, das tradições sociais e rituais dos pais ou dos avós,
informando sobre relações e padrões de comunicação do passado. Portanto, a nova
família constituída, ainda que não perceba, irá repetir padrões familiares presentes
nas gerações anteriores (Wagner, 2014).
São esses importantes eventos vitais que integram o ciclo de vida familiar, um
modelo teórico que contempla a evolução da família como um processo dinâmico,
caracterizado por determinadas fases do desenvolvimento, que desencadeiam uma
mudança e uma reorganização do sistema familiar. Sob essa perspectiva, portanto,
o ciclo de vida familiar permite identificar a fase na qual a família está, bem como
avaliar a mudança e o processo de reorganização da família na transição de uma
etapa para outra. Consoante ao fenômeno da transgeracionalidade, nos períodos de
transições familiares, todo o sistema familiar é afetado pela pressão e carga de
uma transformação que abrange várias gerações (Andolfi, 2019).