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2023
LUIZ CARLOS GOMES DA SILVA
This study aimed to analyze and describe the existing bibliography on the main
pillars of child psychic development, and the importance of the family in the child's psychic
construction. We sought to evaluate critically and systematically, according to
psychoanalytical references, how affective relationships based on family relationships can
contribute to a healthy development of the child's personality and social behavior, inside
and outside the family context. Looking at the Brazilian family from its current context, built
by numerous transformations in its social psychic structure and in its daily functioning,
generating different family models, through religious, political, and social dynamism. In
view of this, it was possible to observe in this study that the absence of affective bonds in
family relationships, produces permanent negative effects in the construction of the child's
self-image and personality, a psychic disorganization that results in an antisocial behavior,
absent of values, consequently affecting the family and the society in which it operates.
INTRODUÇÃO
1. Apresentação
É fundamental frisar que a familia vem sendo apresentada no transcorrer dos anos
como um expressivo seguimento de socialização primária das crianças (Schenker e
Minayo, 2003). É a familia que estabelece formas e limites para as relações entre as
gerações (SIMIONATO-TOZO, 1998), anunciada inúmeras vezes e por diversos autores
como o primeiro grupo social em que a criança interage e constitui apego e
pertencimento. A grande maioria da população ocidental enxerga a família, como a célula
inicial e principal da sociedade (BIASOLI-ALVES, 2004). Assim a instituição familiar pode
exercer uma profunda e decisiva influência na construção do psiquismo infantil,
apresentando significativas possibilidades de desenvolvimento físico, cognitivo e
psicológico da criança.
2. METODOLOGIA
• Leitura Seletiva: faz-se a escolha dos textos mais condizentes com a pesquisa;
A pesquisa dos artigos para elaboração deste projeto se deu na base de dados
do “Google Acadêmico” e “Scielo” (Scientific Electronic Library Online), utilizando
palavras chaves referentes ao tema a ser desenvolvido no trabalho.
• Fase oral: caracteriza-se pela concentração da libido na região bucal. A boca vai se
tornando o centro do prazer através da alimentação, do contato com objetos como
chupeta, mordedor, da sucção dos lábios etc. Nessa fase, a criança só se interessa
pela gratificação de seu prazer de forma egocêntrica, constituindo o narcisismo
infantil. Essa fase desempenha papel importante na constituição da personalidade,
principalmente quanto à imagem que o indivíduo tem sobre si.
• Fase anal: na época em que a criança está aprendendo a controlar os esfíncteres, no
treino do banheiro, a energia libidinal se desloca para a região anal. Como a criança
já faz uma diferenciação entre ela e o mundo externo, ela utiliza a excreção (retendo
ou expelindo) como um ato dirigido ao “outro”. As exigências sociais, nesse período,
podem tornar essa fase conflituosa para criança, tendo repercussões na formação da
personalidade, especialmente nas vivências futuras de prazer e desprazer, de
organização e disciplina.
• Fase fálica: a fase posterior, denominada fálica (3 aos 5 anos), é o momento em que
a criança começa a perceber as diferenças sexuais anatômicas e a vivenciar o prazer
na manipulação dos órgãos genitais. Esta fase é também assim denominada pela
relevância que Freud concedeu às fantasias infantis inconscientes, com o órgão
genital masculino, nesse momento da vida da criança. É marcada também pelo
complexo de Édipo.
• Fase da latência: é o período em que a libido permanece voltada para atividades que
não tem um caráter sexual. É o que Freud denominou de sublimação. Deste modo,
brincadeiras, esportes, artes e atividades escolares ganham um papel de destaque
na vida da criança. Coincide com o ingresso da criança no ensino fundamental, no
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Nos anos 60, com o advento das tecnologias em obstetrícia, foi possível
potencializar os estudos do bebê ainda no útero, e tornou-se incontestável a evidência
fisiológica de que o feto ouve, tem sensações, faz experimentações, reage ao estresse,
defende-se, tem medo, sente-se vivo. Portanto, o bebê é um ser emocional, intelectual e
fisicamente mais capacitado do que imaginávamos. Com a confirmação dos estudos
psicanalíticos de Bion, Melanie Klein e outros autores contemporâneos, foi possível
verificar o surpreendente mundo uterino que o bebê está inserido. Sabemos que a
formação da personalidade requer uma mente, um aparelho psíquico, ainda que
rudimentar (em psicanálise chamamos de rudimentos de ego), que capacite o bebê a
entender os sentimentos e pensamentos da mãe, e não apenas captá-los pelo sensorial.
As pesquisas indicam que, por volta do 7º e 8º mês de gestação, esses rudimentos
começariam a existir no feto, quando os circuitos neuronais estariam prontos e o córtex
cerebral já amadureceu o suficiente para suportar uma mente, um psiquismo, sendo o
que é mais característico de um ser humano, o que o distinguirá dos demais animais, a
capacidade de pensar, sentir e lembrar. No 7º mês, por exemplo, testes de ondas
cerebrais captam um determinado ritmo característico do estado de sonho. Ele poderia
sonhar com seus pés, suas mãos, com os barulhos, ou quem sabe com o sonho da mãe,
de modo que o sonho da mãe fosse o seu sonho. Ficando claro que as sensações e a
existência de um estado primitivo de consciência, um psiquismo rudimentar já esteja
presente na vida intrauterina.
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Com a descoberta de que os anos iniciais de vida humana, são cruciais para o
desenvolvimento emocional posterior da criança, coloca o contexto familiar como um
lugar potencialmente produtor de pessoas saudáveis, emocionalmente estáveis, felizes
e equilibradas, ou como o núcleo gerador de inseguranças, desequilíbrios e toda a sorte
de desvios de comportamento (SZYMANSKY, 2000, p. 23).
O psicanalista Erik Erikson, (1980) ressalta a relevância dos anos iniciais para o
desenvolvimento da criança, buscando como principal foco o surgimento gradativo de um
senso de identidade que ocorre pela interação do sujeito com seu meio ambiente. Erikson
propõe oito estágios para o desenvolvimento psicossocial da criança. Estágios que
apresenta a crise de confiança básica versus desconfiança. O primeiro estágio expõe a
crise de confiança, em que a criança adquire ou não segurança e confiança em relação
a si próprio e ao mundo que o cerca de acordo com a relação que possui com a mãe, ou
seja, se a mãe não lhe der afeto e não responder às suas necessidades, a criança pode
desenvolver medos, receios, sentimentos de desconfiança que poderão vir a refletir-se
nas relações futuras. Mas diante de uma relação segura, afetiva que satisfaça suas
necessidades, a criança passa a ter melhor capacidade de adaptação às situações
futuras. É importante destacar que seja qual for a situação vivida pela criança, ela irá
carregar esse aspecto de identidade básica ao longo de seu desenvolvimento.
Assim como Erikson, Bowlby e outros teóricos acreditam que o vínculo afetivo, é o
primeiro relacionamento social do bebê, capaz de estabelecer bases seguras para os
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No ano de 1946, após a Segunda Guerra Mundial, a pediatra húngara chamada Emmi
Pikler fundou um orfanato para acolher bebês e crianças até três anos, que se
transformou em uma creche que tinha como objetivo oferecer um trabalho atencioso e
interativo entre as crianças, a partir do estímulo da autonomia e motricidade.
desenvolvendo assim, um conjunto de princípios direcionados à educação de bebês até
os 3 anos de idade, em que defende que os bebês e as crianças pequenas são capazes
de aprender a engatinhar e andar por si próprios sem que os adultos os induzam a essas
ações, respeitando o tempo de cada um, deixando-os brincar livremente.
A pediatra Maria Montessori nasceu em uma época anterior a de Emmi Pikler e, por
isso, quando Pikler começou a estudar, já tinha os subsídios necessários para que ela
pudesse fundamentar sua teoria. Portanto, é possível afirmar que a abordagem de Pikler
complementa a de Montessori, pois possuem propostas muito semelhantes.
§ Desenvolvimento Motor
§ Desenvolvimento Socioemocional
§ Desenvolvimento Cognitivo
§ Desenvolvimento da Linguagem
A primeira etapa motora que o bebê deve alcançar é o controle de cabeça até três
meses de vida. O rolar deve aparecer até os cinco meses e o sentar sozinho por volta
dos seis meses. Aos oito meses, a criança deve assumir a postura sentada sozinha e
aos nove meses deve engatinhar e se puxar para a postura de pé. Em torno de 12 meses
a criança começa a andar livremente. É importante lembrar que essas etapas não devem
ser seguidas como regra, pois é normal haver uma variação na idade de aparecimentos
de cada marco motor. Sinais que precisam ser investigados e estimulados pelos pais
desde o nascimento oferecendo a criança, seja no chão ou em um tatame; colocar a
criança de barriga para baixo quando ela estiver acordada e sob supervisão; brincar com
brinquedos próprios para a idade, como chocalhos e bichinhos de borracha; cantar
músicas infantis e ler histórias, proporcionado bons vínculos entre pais e bebês.
• Emocionais - saber lidar com as próprias emoções diante das diversas situações que
ocorrem no dia a dia, aprender com os erros e com os acertos, saber ganhar e perder,
desenvolver autoconfiança, senso de responsabilidade, autoavaliação e autocrítica.
• Sociais - aprender a partir das relações diárias com outras pessoas e com os
diferentes ambientes. saber manter as relações sociais de maneira saudável,
demonstrar capacidade de cooperação, colaboração, aderir as regras além de se
comunicar de maneira saudável buscando resoluções de conflitos.
• Éticas - aprender a agir pensando no bem comum, sempre com respeito, tolerância e
aceitação da diversidade.
Todos esses pilares estão interligados e não funcionam sozinhos em uma perspectiva
ao desenvolvimento socioemocional.
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Cole & Cole3 referem que, na medida em que aumenta a capacidade dos bebês
distinguirem e produzirem sinais linguísticos, também ocorre maior interação com as
pessoas e os objetos que os rodeiam.
desenvolver é preciso que a mãe se estabeleça como um continente. Muitos bebês olham
para o rosto da mãe de maneira significativa, principalmente quando são amamentados
(WINNICOTT, 1969/1994). De acordo com Winnicott, diferentes tipos de comunicação se
desenvolvem desde o início da vida de cada ser, independente do seu potencial. Na
medida que se constrói um ambiente acolhedor, provendo o suporte necessário para as
mais primitivas necessidades, a verbalização, no primeiro momento, perde todo o sentido
ou significado (WINNICOTT, 1968d/2006). Neste contexto, ela se constitui como uma
instância secundária, mas, na medida em que a sequência de cuidados ambientais são
integrados ao self do bebê por meio de sensações visuais, táteis, gustativas, auditivas e
olfativas, ou seja, por uma integração sensorial ou sensual (tanto proprioceptiva quanto
interoceptiva) irá constituir memórias corporais no curso de seu desenvolvimento
emocional da criança (FONTES, 2002).
Estudos mostram que uma a cada vinte crianças tem algum tipo de desorganização
no processamento sensorial. Inclusive, atualmente tem-se observado que o transtorno
do processamento sensorial é bastante comum entre as crianças do espectro autista.
Além de apresentar mudanças no comportamento infantil, em que algumas crianças
demonstram serem mais impulsivas, ansiosas, não gostar de ser tocadas, ter déficits nos
movimentos corporais, manifestar-se com hipo ou hipersensível a estímulos motores,
serem “desajeitadas” (incoordenadas), tropeçar facilmente, buscar excessivamente o
movimento, incomodar-se com texturas de roupas, além de ter déficit na concentração,
perturbar-se com ruídos e ter dificuldade de relacionar-se com crianças da mesma idade.
Comportamentos sensitivos que podem influenciar negativamente na capacidade de
aprendizagem da criança.
5.1. História:
O direito romano foi importante, por constituir princípios normativos na família, com
isso a família que até então, mantinha uma natureza baseada em costumes e crenças,
sem qualquer regra jurídica, passou a ter como alicerce o casamento, definindo-se que a
família somente seria possível, mediante o casamento.
Noronha e Parron (2007), ao termino de seus estudos conclui que a família passou
por significativas adaptações e alterações em sua estrutura jurídica, desde o antigo
Código de 1916, em que era constituída por um aspecto matrimonializado, patriarcal,
hierarquizado, heteroparental, biológico, que tinha como papel produzir e reproduzir, com
características institucionais. Situação que se reverteu com a Lex Fundamentallis de
1988, refletido também no Código Civil de 2002, tornando a família mais pluralizada,
democrática, substancialmente igualitária, hétero ou homoparental, biológica ou
socioafetiva, com unidade socioafetiva e de características instrumentais. Ampliações
que levou o Supremo Tribunal Federal a conceber as uniões entre homossexuais como
configuração familiar, podendo receber a mesma proteção do Estado destinada aos
casais unidos pelos vínculos da união estável. (LÔBO, 2004).
Família Anaparental: “De origem grega, o prefixo “ana” traduz a ideia de privação, se
organiza como uma subdivisão das Famílias parentais, se baseia no afeto familiar,
composta basicamente pela convivência entre parentes de uma mesma estrutura
organizacional e psicológica, unidas pelas necessidades financeiras ou mesmo
emocionais.
Família Eudemonista: Caracterizada pela convivência entre pessoas por laços afetivos
e solidariedade mútua. Aposta na qualidade de vida dos seus indivíduos, buscando uma
ação mais eficaz e atuante na sociedade. Publicada na Constituição Federal no artigo
226 § 8º - “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
A família que antes estava fixada sobre o casamento, agora está estabelecida na
afetividade, passando a ser analisada a partir dos seus vínculos afetivos. Essa nova
estruturação, se fundamenta no fato de se reconhecer que a composição familiar, mais
do que uma representação histórica e biológica, o que realmente a mantém forte e
indissolúvel é a representação de papéis e funções (funções materna, paterna etc.),
sendo, portanto, definidora para o desenvolvimento psíquico da criança no seio da
família. Tema muito bem elucidado por Rodrigo da Cunha Pereira.
Ela (a família) não se constitui apenas por homem, mulher e filhos. Ela é antes
uma estrutura psíquica, onde cada um de seus membros ocupa um lugar, uma função.
Lugar do pai, lugar da mãe, lugar dos filhos, sem, entretanto, estarem necessariamente
ligados biologicamente. Tanto é assim, uma questão de lugar, que um indivíduo pode
ocupar o lugar de pai sem que seja pai biológico. (PEREIRA, 2003, p.3).
Uma organização familiar que existe antes e acima do Direito, constituída de uma
estrutura psíquica em que seus membros ocupam funções que se fundamentam nos
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Nesse sentido, é possível dizer que, apesar das diversas transformações que vem
sofrendo, a família continua se mantendo como um fenômeno presente em todos os
modelos de sociedade, na medida em que pressupõe um “não anonimato” na relação
entre pais e filhos, na transmissão dos interditos necessários à cultura para que uma
família não se encerre em si mesma. Tornando-se uma estrutura descrita como um
sistema de parentesco que delimita lugares simbólicos e implica uma organização de
lugares. Lugares estruturalmente determinados, mas que necessitam de pessoas
“concretas” para ocupá-los (TANIS, 2001). Entretanto é importante destacar novamente,
que nem sempre essas pessoas coincidem necessariamente com pai e mãe biológicos.
em que vivemos nos dias de hoje, havendo inclusive, vários modelos em uma mesma
família. O Psiquiatra Içami Tiba (2005), especialista no atendimento aos jovens, descreve
a família de hoje como:
Içami Tiba (2005), ao apresentar a família típica moderna e suas mais variadas
composições, declara sobre a importância de essa família funcionar como uma equipe,
em que cada integrante possa assumir seus direitos e obrigações, previamente
combinados e estabelecidos em conformidade com os outros integrantes, não
importando sua posição na atual estrutura. Sendo fundamental cumprir a ética familiar,
quando o que for bom para um, não poderá ser ruim para o outro, pois somente assim
será possível amenizar os conflitos generalizados, reconhecendo que a equipe familiar é
uma minisociedade e deve fazer valer a cidadania familiar.
Diante dos estudos apresentados até o momento, é possível dizer que as relações
afetivas familiares são fundamentais para a existência humana, sem o devido afeto
podemos adoecer. Almeida (2004), em seu artigo sobre a “Importância das Relações
Afetivas no Desenvolvimento da Criança”, relata que, com o avanço da Neurociência,
estudos das áreas cerebrais relacionadas aos processos emocionais têm constatado que
falhas dos pais ou cuidadores em fornecer um ambiente afetivo adequado tem causado
perturbações graves na estruturação do sistema nervoso das crianças, podendo
ocasionar consequências desastrosas por toda a vida. Almeida (2004) também declara
que a Psicanálise vinha mostrando a importância das experiências emocionais para
desenvolvimento da infância. A Neurociência veio comprovar que tais experiências
modelam a estrutura e o funcionamento do cérebro.
Sob uma perspectiva histórica, o primeiro teórico moderno que busca destacar a
importância dos vínculos afetivos para o desenvolvimento emocional da criança foi
Sigmund Freud, em especial, a relação mãe-filho, que surge como referencial explicativo
para o aperfeiçoamento afetivo da criança, relatado em seu artigo “Instintos e suas
Vicissitudes”, escrito em 1915. Em que apresenta a busca da criança em atender suas
necessidades fisiológicas que serão alcançadas, sobretudo pelo alimento e conforto,
período em que a criança se interessa pela figura humana, especificamente a mãe, por
ser a fonte de sua satisfação.
Desde Freud, a relação mãe-filho, tem aparecido como referencial explicativo para
a composição emocional da criança. A descoberta de que os anos iniciais de vida são
cruciais para o desenvolvimento emocional posterior focalizou a família como o lugar
potencialmente produtor de pessoas saudáveis, emocionalmente estáveis, felizes e
equilibradas, ou como o núcleo gerador de inseguranças, desequilíbrios e toda a sorte
de desvios de comportamento (SZYMANSKY, 2000, p. 23).
John Bowlby (1990), em seus estudos voltados para o ramo da biologia, os quais
se atentam aos comportamentos adaptativos de diferentes espécies, ao apresentar sua
importante visão sobre os primeiros relacionamentos humanos, aponta que, devido à
pressão evolutiva da criança, os comportamentos como: abraço, sucção, choro e sorriso
favorecem o despertar dos cuidados de um adulto, significando que durante o curso da
evolução humana, esses comportamentos se tornaram parte da herança biológica do
bebê humano, e as reações que evocam nos adultos criaram um sistema interativo que
leva à formação do vínculo. Sendo que o vínculo afetivo de apego se desenvolve
gradualmente durante os primeiros meses após o nascimento, refletindo as habilidades
perceptivas e cognitivas crescentes do bebê. John Bowlby (1990) ao estudar o vínculo
entre mãe e filho, concluiu que as crianças que formam um vínculo de apego com um
adulto, ou seja, um relacionamento socioafetivo duradouro tem mais possibilidades de
sobreviver. Portanto essa ligação se torna parte de um sistema de comportamento que
serve para proteção da espécie, já que os bebês humanos são indefesos e incapazes de
sobreviver sozinhos por um longo período. Deste modo, o apego dos bebês às suas mães
ou cuidadores é o que possibilitaria a sobrevivência da espécie, o que revela a
necessidade de um relacionamento emocional forte com uma pessoa sensível, afetuosa,
que pode ser o pai, um dos avós ou alguém mais. (BOWLBY, 1990).
• Vínculo Seguro: pode ocorrer o choro ou não com a saída da mãe, mas, quando
retorna, quer ficar com ela e, se houver choro ele para. Entre 60 e 65% dos bebês
norte-americanos, desenvolvem vínculos seguros;
• Vínculo "Evitante": o bebê não se perturba com a saída da mãe e, quando ela
retorna, pode ignorá-la, olhando para ela ou desviando o olhar. Cerca de 20% dos
bebês norte-americanos desenvolvem vínculos "evitantes";
• Vínculo Resistente: o bebê fica aborrecido quando a mãe sai, continua aborrecido
ou mesmo irritado quando ela volta, e é difícil confortá-lo. Entre 10 e 15% dos bebês
norte-americanos desenvolvem vínculos resistentes;
• Vínculo Desorganizado: o bebê parece confuso no instante em que a mãe se retira
e, quando ela retoma, parece não entender realmente o que está acontecendo. De 5
a 10% dos bebês norte-americanos desenvolvem vínculos desorganizados.
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• Privação Parcial – acontece no instante em que a mãe, ainda que esteja no mesmo
espaço da criança, se afasta, negligenciando os devidos cuidados à criança ou
delegando ao outro, gerando privação de afeto. Para Bowlby (1981), este tipo de
privação trará angústia e sofrimento, um excessivo desejo de afeto e carinho, a
necessidade de afeto, intensos anseios de vingança e, consequentemente uma
importante sensação de culpa e depressão à criança. (BOWLBY, 1981, p. 14).
• Privação Quase Total - quando a criança é institucionalizada, dificultando a
participação de alguém que lhe ofereça segurança;
• Privação Total - quando há ruptura na relação materno-filial; morte da mãe ou
abandono da criança, a qual, não encontra alguém que substitua sua mãe e lhe
assegure os cuidados suficientemente bons e equilibrados. Para Bowlby (1981) viver
em um ambiente familiar adverso, vulnerável irá produzir nas crianças, aflições e
desânimos, podendo levá-las à depressão infantil. Na maioria das vezes que estas
situações de sofrimento emocional prematuro ocorrem, configuram-se evidências
específicas da “privação parcial” materna.
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Comportamentos ilícitos podem surgir por meio de uma desordem interna que,
emerge a partir do momento em que se desencadeia uma vivência conflituosa no âmbito
familiar. Assim muitos indivíduos que praticam delitos que prejudicam o bem-estar da
sociedade, expressam dificuldades na capacidade de constituir relações de vínculo
afetivo, devido a demandas afetivas não supridas, falhas na convivência com a família,
principalmente no período de construção psíquica da criança. Segundo Bowlby (1981),
muitos estudiosos têm certificado que, as crianças que se envolvem em diversos crimes,
não apresentam sentimentos pelo outro e relatam terem tido relacionamento
intensamente perturbador com suas mães nos primeiros anos de vida. (BOWLBY, 1981,
p. 35).
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sociedade atual encontramos famílias que cada vez mais envolvidas pela
cultura do descartável, permitindo o enfraquecimento dos vínculos e das relações
humanas. Relações que, têm sido impulsionadas pela máxima do consumismo que,
passo a passo, vem influenciando negativamente a qualidade dos vínculos familiares,
gerando um aumento gradativo de doenças psicossomáticas, medicação excessiva,
busca pelo alívio imediato do sofrimento psíquico, permitindo situações de caos social,
que contribuem para uma intensa quebra de valores e referenciais importantes para o
desenvolvimento dos vínculos familiares fundamentais para construção psíquica de cada
criança.
maturidade emocional, viabilizando sua transição entre o cuidado dos pais e sua vida
social. Winnicott (2011) vai afirmar que, somente é possível alcançar a maturidade
emocional dentro de um contexto familiar que, permita a transição da criança para a vida
social, que é uma extensão das funções familiares.
“devemos ter como certo que o individuo só possa atingir sua maturidade
emocional num contexto em que a família proporcione um caminho de
transição entre o cuidado dos pais (ou da mãe) e a vida social. E deve-se
ter presente que a vida social é em muitos aspectos uma extensão das
funções da família.” (WINNICOTT 2011, p. 136).
fundamental que os pais apresentem aos seus filhos um ambiente familiar integro,
marcado pela unidade e pelos vínculos afetivos, que permitirão a volta da criança ao lar,
mesmo em momentos de afastamento seja por incômodos perturbadores ou por rebeldia.
Como nos declara Winnicott (2011).
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